Mais uma Vítima



Luzes produziam rápidos flashes coloridos. Era só um torneio comum, e dois times de quadribol disputavam a taça. Times gritavam...
Harry acordou repentinamente no meio da noite. Gina gritara, ele tinha certeza que era ela!
Rony já se encontrava de pé, apesar de estar meio zonzo. Parecia procurar algo, ou se certificar de que não havia nada de estranho acontecendo. Não, ele realmente estava procurando algo, pois pegou sua varinha – que estava em algum lugar no chão.
Harry deu um pulo, e Rony o mirou com a varinha. O garoto sardento sussurrou “Lumus!” e uma luz forte quase deixou Harry cego. Na verdade, a pupila de Harry se fechara por valiosos momentos, os quais não puderam ser aproveitados para procurar a varinha dele.
Harry sentiu algo cutucar sua perna, e só então reconheceu sua varinha. Ficou aliviado ao perceber que, mesmo esquecendo de tirá-la da cintura, ela não se encontrava partida.
Rony tirou a varinha do rosto de Harry, e, aos poucos, a visão dele foi voltando ao normal.
— Me dê cobertura — sibilou Rony. Ele já ia saindo do quarto enquanto Harry se equilibrou muito bem apesar do sono e seguiu o outro. Na metade do caminho até o quarto de Gina, eles repararam que a porta estava aberta e que o sr. Weasley vinha apressado pelo corredor, com a varinha na mão. Apesar da alta velocidade – Harry chegou a suspeitar que ele estivesse usando algum feitiço – ele não produzia nenhum barulho. Parou bruscamente ao lado da porta de Gina. Fez um curto gesto de “espere” para Harry e Rony e entrou no quarto. Liberou um grito abafado. Harry pulou para dentro enquanto gritava “Protego!”. Foi uma sorte, pois alguém que estava esgueirando-se sobre Gina (que estava imóvel na cama) lançou um feitiço perigoso sobre o sr. Weasley. O escudo protegeu o pai de Gina, que lançou um feitiço meio décimo após sua proteção se desmanchar.
O feitiço do sr. Weasley produziu fundos cortes na barriga do intruso, que gemeu e caiu no chão. Não era hora de piedade. Ele ergueu lentamente sua varinha – decerto estava com esperanças de matar quem havia lhe ferido, mas Harry foi mais rápido e o petrificou sem pronunciar nenhuma palavra.
O sr. Weasley se aproximou da cama de Gina, ao lado da qual estava o Comensal que duelara contra Harry e o sr. Weasley. Este último simplesmente chutou a pedra que era agora seu inimigo e observou Gina. Sentou-se desesperadamente na cama da garota e percebeu que ela estava sem respirar. Tentou reanimá-la com o feitiço “Enervate”, mas nada aconteceu. Tentou, ainda, um outro feitiço que Harry não conhecia, mas a garota nem dava sinais de vida.
Não restava escolha. O sr. Weasley a abraçou fortemente. Harry achou que era uma despedida, mas um segundo após Gina e seu pai desaparecerem ele entendeu: St. Mungus.
Não fazia sentido ir até o hospital. Não havia nada em que Harry pudesse ajudar. A não ser que permanecesse n’A Toca e lutasse. Era muito provável que houvesse mais Comensais. Eles eram covardes e nunca matariam sozinhos.
Esse raciocínio estava correto. Em alguns instantes ouviu-se o grito raivoso da sra. Weasley informando que havia Comensais no sótão.
Harry e Rony aparataram imediatamente para lá. Chegaram bem em tempo de ver Fred e Jorge aparatando também. Não tinham mais a expressão cômica de sempre; agora, uma máscara sombria se encontrava por trás da face jovem deles. Já empunhavam a varinha e avançavam.
Havia três Comensais batalhando contra a sra. Weasley, que parecia se defender muito bem. Jorge lançou bolas de fogo contra um dos Comensais, que parou abruptamente de atacar a sra. Weasley. Um dos Comensais voltou sua atenção para Jorge e começou a atacá-lo. Fred protegeu o irmão, que ainda tentava tirar o Comensal que atacava sua mãe de perto dela. O que acabou fazendo foi desarmar sua mãe, que foi atingida por um feitiço particularmente agitado, e desmaiou – ou pior.
Jorge gemeu e lançou o mesmo feitiço novamente, mas o Comensal da Morte se defendeu bastante bem, revidando. Jorge não conseguiu se esquivar, e sofreu mutações terríveis que só seriam descritas num livro de terror. Como você deve estar se roendo de curiosidade, posso dizer que seus olhos tiveram um pequeno problema com relação à pressão interna – e problemas desse tipo sempre resultam em explosões – e sua pele derreteu até que os dedos dele se grudaram em sua varinha e seus lábios foram... lacrados.
Seu gêmeo também foi atingido e desmaiou. Não sofreu ferimentos aparentes e até parecia estar simplesmente dormindo.
Dois contra dois. Isso era ruim, pois os Comensais tinham melhor preparo que Harry e Rony.
Rony parecia meio assustado para lutar, mas logo ergueu a varinha e observou os adversários. Um dos Comensais lançou um feitiço contra Harry, que se defendeu com um “Protego” silencioso. Rony disse bobamente “Alorromora”, e foi só então que Harry se deu conta do que acontecera.
Ao perceber a expressão de Harry, um dos Comensais riu alto. Parecia muito satisfeito com o feitiço de confusão mental que produzira em Rony. Esse feitiço não produzia luzes nem sons, o que fez com que Harry não percebesse Rony ser atingido.
Rony cambaleou e caiu inconsciente quando outro feitiço o atingiu. A situação não era nada boa.
Certo. Agora estava pior. Dois contra um.
— Espere, Hawk! — disse um deles quando o outro produzia um feitiço. — Lembre-se do que o mestre disse! Incapacitar e levar!
“Ótimo”, pensou sarcasticamente Harry. O alvo era ele. Brandiu violentamente a varinha, e nem tinha noção do que fazia, mas produzia efeitos. Seus adversários se retorciam e gemiam; Harry não sabia disso, mas os Comensais sentiam dores terríveis, como se agulhas de um centímetro de diâmetro os espetasse no corpo todo ao mesmo tempo.
Nenhum dos Comensais parecia ser capaz de produzir feitiços, então Harry parou com os gestos.
Havia uma grande janela atrás dos Comensais. E Harry não reparou que alguma coisa se aproximava voando da janela. Só teve noção do que acontecia quando a janela se espatifou. Um vulto vestido de preto estava voando com uma vassoura excelente, de última geração, e parou a menos de um metro de Harry.
O vulto usava uma máscara, e Harry não conseguia identificar quem estava por baixo de toda aquela roupa.
Mas parecia familiar.
O vulto desceu da vassoura, que ainda flutuava levemente, e caminhou ruidosamente até os dois Comensais que ainda gemiam no chão. Chutou a barriga de cada um deles, sibilando fracassados, e matou um por um com a Maldição da Morte.
Aquilo era demais. Não poderia ser amigo, ou não iria tão longe. Em Hogwarts se ensinava a ferir, não a matar.
O vulto se voltou para Harry. Deu alguns passos em direção ao garoto. Levou a mão ao rosto. Harry viu que ele iria retirar a máscara.
Um mau pressentimento fez o intestino de Harry se apertar um pouco. E então, quando a máscara finalmente caiu, Harry reprimiu um grito de surpresa ao fitar o rosto sardento à sua frente.
Percy Weasley. Ele teria muito o que explicar a seu pai e sua mãe.
— Percy?! — perguntou, incrédulo, Harry.
— Uhum. Eu mesmo. Não achei justo te matar sem que você identificasse seu assassino.
Percy levantou a varinha, apontando diretamente para o pescoço de Harry. Começou a sussurrar a Maldição da Morte.
Harry não teve escolha além de se defender. Sibilou “Protego!”, e sentiu o peso do escudo mágico que acabara de produzir.
Percy parou de produzir o feitiço. Sabia que havia uma pequena – mas existente – chance de a maldição ricochetear nele e o Mestre ficaria muito decepcionado.
— Por que...? — Harry não conseguia organizar corretamente as idéias.
— Vi onde estava realmente o poder, Harry. O Ministério é fraco. Não havia glória para ninguém lá dentro. — ele pareceu refletir por um momento. — Isso não é importante para você, muito menos agora. Impedimenta!
— Protego! — gritou Harry. Percy poderia ter mais estudo que ele, ou mais prática, talvez, mas não era poderoso. Não era forte. Seria facilmente vencido.
Mas não era daquele jeito. Comensais não eram corajosos e nunca agiam sozinhos. Sempre tinha mais um para garantir proteção. Um grande grupo vinha voando, Harry conseguia ver pela janela, e Percy sorria largamente.
— Vamos esperar eles chegarem ou vamos continuar nosso duelo normalmente? — perguntou Percy.
— Me parece mais sensato lutarmos, seu covarde! Por que não veio sozinho? Um contra um seria justo! Essa é a glória que o Lorde das Mer*** propõe? A covardia?!
Percy se irritou ao perceber que o Lorde fora ofendido. Aquilo não duraria muito. Ergueu a varinha e sibilou vários feitiços de ataque contra Harry, que se defendeu bastante bem. Algumas vezes se esquivava, outras produzia o escudo, e outras Percy errava. Porém, Harry não tinha chances de atacar.
Mas tinha um cérebro. Um bom cérebro. Esperou Percy lançar mais um feitiço e então aparatou para trás do Weasley traidor.
— Impedimenta! — gritou Harry. Percy não moveu nem mais um músculo, e Harry chutou as costas dele, fazendo-o cair dolorosamente no chão.
Harry ainda não estava a salvo. Havia Comensais vindo. Harry não tinha muitas opções além de duelar voando. Correu para pegar a vassoura que Percy usara e a montou. Disparou para fora da janela quebrada e só então notou os riscos.
Os riscos luminosos que cruzavam o céu em alta velocidade em direção aos Comensais. Havia um grande grupo voando atrás do reforço que Percy chamara.
Logo Harry percebeu que eram aurores do Ministério da Magia, e que todos estavam armados. Harry só não conseguiu entender porque eles haviam vindo voando; o Ministério poderia mandar alguém aparatando, não podia?
Os Comensais pousaram rapidamente, o que deu mais tempo para que os aurores chegassem até o lugar em que Harry estava. Os Comensais pareciam não se dar conta de que um esquadrão inteiro do Ministério estava atrás dele empunhando varinhas.
Alguns dos Comensais davam risadas. Um deles olhou distraidamente para o céu, sabe-se lá porque, mas então ele viu os aurores montando as vassouras, e avisou os colegas.
A atenção dos Comensais se voltou imediatamente para seus inimigos, e a batalha começou. Havia uma grande vantagem em montar vassouras – o movimento constante - , mas também a desvantagem – se alguém fosse atingido, cairia de uma grande altura.
Dois Comensais foram estuporados logo de início – e pareceu a Harry que eram iniciantes. O garoto ainda se encontrava voando, o que, talvez fez com que se salvasse por um breve momento.
Um dos aurores caiu de sua vassoura, sofrendo o impacto de uma queda de pouco menos de dez metros. Provavelmente estivesse morto.
A batalha chegou a seu ápice. Todos disparavam, inclusive Harry, que notou que imobilizara um Comensal.
Finalmente, restava doze aurores contra um Comensal, que montou sua vassoura e ziguezagueou em direção a Harry. Os aurores nada podiam fazer, pois poderiam acertar Harry com um feitiço se tentassem incapacitar o Comensal.
O Comensal preparou um feitiço.
Harry ergueu a varinha.
O Comensal lançou o feitiço.
Harry conjurou um escudo.
“Um pouco tarde demais”, pensou Harry enquanto sua consciência se esvaía.

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