Detenção na Floresta Proibida
Detenção na Floresta Proibida
Um Rony pesaroso mordia os lábios e suspirava, despedindo-se de Hermione e Harry naquela noite.
— Boa sorte, Harry, Mione... — disse. — E para você também Neville. Espero que voltem... — Hermione prendeu a respiração, imaginando que palavra ele acrescentaria ali: inteiros, vivos... — logo.
— Obrigada — respondeu Hermione, encarando o chão. Depois seguiu Harry e Neville para fora da sala comunal.
Era quase irresistível sentir pena de si mesma, Hermione refletia enquanto desciam as escadas em silêncio. Mas não sentia, continuava achando que merecia pagar devidamente por seu erro. Quando chegaram ao salão, Filch já estava lá, com um sorriso satisfeito. Draco Malfoy chegou em seguida, e Hermione deduziu que ele cumpriria a detenção com eles por também ter sido encontrado fora da cama.
— Por aqui — disse Filch simplesmente, e depois abriu a porta. Os cinco ganharam a rua escura, e começaram a se dirigir à Floresta Proibida. Enquanto caminhavam, Filch teorizava sobre os alunos infratores e os castigos que mereciam receber.
“O que será que ele fará conosco aqui?”, perguntou-se Hermione. Vez ou outra um arrepio forte lhe sacolejava o corpo, e ela não saberia dizer se era de frio ou de medo. Neville gemia angustiado, e ela sentia ímpetos de pedir que ele parasse. Os outros dois andavam quietos, aparentemente esperando saber ao certo o que lhes aconteceria antes de reagir.
Foi então que o coração de Hermione, que batia acelerado, em um solavanco desacelerou de alívio: estavam andando em direção à cabana de Hagrid, e o próprio os esperava em frente à porta.
— A partir daqui deixe comigo, Filch. Estou certo de que já se divertiu o bastante esta noite — disse Hagrid.
Filch retirou-se, e Malfoy reclamou:
— Não podemos entrar nesta floresta. Há coisas perigosíssimas aí dentro... Se meu pai soubesse...
— Seu pai lhe diria que Hogwarts funciona assim — interrompeu Hagrid. — Agora chega de conversa, sigam-me. Aliás, como estão vocês, Mione e Harry?
— Bem — disseram os dois juntos, não muito convictos da resposta.
Começaram a adentrar a floresta, ao som dos resmungos de Malfoy. Já Neville parara de choramingar, atitude esta que demonstrava seu absoluto pânico.
— Estão vendo aquela coisa brilhante no chão? — disse Hagrid, parando de andar. — É sangue de unicórnio. Alguma coisa os está machucando, encontrei um morto na semana passada. Se ali há uma poça de sangue de unicórnio, deve haver um unicórnio ferido por aí. É isso o que vamos fazer: procurá-lo. Vamos nos dividir.
Assim, Neville e Malfoy formaram um grupo com Canino, o cão covarde de Hagrid, e os outros três formaram o outro grupo. Hermione recapitulou mentalmente tudo o que sabia sobre unicórnios: eram criaturas mágicas muito fortes, não morriam facilmente. Além disso, eram praticamente sagrados; matar um unicórnio era um ato terrível, monstruoso. Dizia-se que o sangue de unicórnio era capaz de manter viva a pessoa que o bebesse, até que ela pudesse ser socorrida de outra forma. Porém, no momento em que a pessoa feria algo tão puro e inocente como um unicórnio com o propósito de beber seu sangue, era amaldiçoada e a vida que lhe seria fornecida daquele sangue seria terrível.
Uma sucessão de acontecimentos extraordinários deu-se a seguir. Encontraram centauros, mais poças de sangue de unicórnio, Malfoy deu um susto em Neville que o fez chamar Hagrid e por fim, o acontecimento mais aterrador: Harry, em um momento em que ficou sozinho, foi atacado por alguém ou alguma coisa que lhe causou uma dor imensa na cicatriz. Foi socorrido por Firenze, um dos centauros.
— Já chega por esta noite — disse Hagrid, pondo fim à detenção naquele momento.
— Voldemort. — disse Harry, a Hermione e Rony, meia hora mais tarde na sala comunal. Os três estavam sozinhos, Rony tinha adormecido ali esperando por eles. — Foi ele quem me atacou e quem atacou os unicórnios. Firenze me falou dos poderes do sangue de unicórnio. Ele está se mantendo vivo enquanto não pode beber o elixir da vida... Que Snape conseguirá para ele roubando a Pedra Filosofal!
Hermione e Rony entreolharam-se. Apesar de terrível, a história fazia sentido. Harry continuou: — Assim que Snape conseguir roubar a pedra... Voldemort virá e acabará comigo.
— Mas Harry — disse Hermione, aflita. — Todos dizem que o único bruxo a quem Você-Sabe-Quem temia era Dumbledore... Com ele por perto, você não precisa se preocupar.
O dia começou a clarear e os três decidiram ir se deitar, estavam exaustos.
No dia seguinte, encontraram-se na sala comunal e Harry tinha algo para mostrar. Era a capa da invisibilidade, alguém a tinha devolvido com um bilhete: “Por via das dúvidas.”
Os exames chegaram, e Hermione não tinha tempo de pensar em outra coisa. Além de suas revisões, ajudava Rony com as dele, pois ele não conseguia fazer sozinho. Harry parecia desligado de tudo aquilo, ainda estava muito preocupado com a Pedra Filosofal, Voldemort e Snape. Hermione também se preocupava, mas no momento os estudos eram a prioridade.
Depois do último exame, os três foram sentar-se debaixo de uma árvore para relaxar. Rony se esparramou no chão, com uma expressão de alegria extrema. Hermione encostou-se na árvore, repassando as provas na cabeça, na tentativa de calcular suas notas antes de recebê-las. Harry sentou-se, abraçando as próprias pernas, com o cenho franzido, visivelmente preocupado.
— O que você tem, Harry? — Hermione perguntou.
— Relaxe, Harry. As provas acabaram e o inverno também... Aproveite. — disse Rony.
— Não posso. Quero saber o que isso significa! — respondeu Harry, irritado, apontando a cicatriz. — Agora dói o tempo todo, parece um anúncio de que o perigo está aumentando.
Houve um silêncio longo. E então Harry pareceu lembrar-se de algo muito importante. — Venham — disse, com urgência. — Precisamos ver Hagrid agora.
E saiu, desabalado. Só restou aos outros dois segui-lo.
No caminho Harry explicou que acabara de compreender como era estranho que o que Hagrid mais quisesse era ter um dragão, e alguém de repente simplesmente lhe oferecesse um. Hagrid estava animado e descascava ervilhas quando os recebeu.
— Acabaram os exames, não é? Devem ter tempo para um chá então.
Rony já ia responder que sim, mas Harry interrompeu tudo com um gesto impaciente, e foi direto ao assunto:
— Quem lhe deu o ovo de dragão, Hagrid?
Hagrid franziu o cenho, surpreso. Pensou um pouco antes de responder:
— Não sei, ele não tirou o capuz.
Hermione, Harry e Rony se entreolharam, e Hagrid justificou-se. — Tem muita gente estranha no Cabeça de Javali. Encapuzados são os mais normais...
— E o que vocês conversaram? — Hermione perguntou.
— Não me lembro direito, ele não parava de pagar bebidas para mim... Ele me perguntou o que eu fazia e eu falei do meu emprego de guarda-caça... Falei que queria ter um dragão e ele me disse que tinha um ovo no bolso, e que podíamos apostá-lo num jogo de cartas. Mas antes quis ter certeza de que eu saberia cuidar bem dele, então contei a ele sobre o Fofo, para impressionar...
— O que você falou do Fofo? — perguntou Harry, apreensivo. Hermione já imaginava a resposta...
— Falei para ele que o Fofo é uma doçura se você souber acalmá-lo... Ele adormece se você tocar uma música e... — Hagrid calou-se, em pânico. — Esqueçam que eu disse isso!
Os três saíram correndo em disparada no mesmo momento: Snape sabia como passar pelo cachorro de três cabeças; não tardaria a roubar a Pedra Filosofal.
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