O Portal dos Mundos
O segundo urso levantou-se e se pôs a observar Amy, rodeando-lhe.
- O... senhor... sabe como me mandar de volta para meu mundo? - perguntou Amy
- Por favor... Senhor está no céu! Meu nome é Doção! Quanto a te levar de volta para seu mundo, tenho uma idéia. Mas não tenho certeza. Guardei isto comigo desde tempos imemoriais - Doção dirigiu-se a um baú, ao lado do tronco em que estava deitado, e tirou de lá uma caixinha - Eu o recebi de meu pai, que os recebeu de meu avô, que os recebeu do próprio Aslam, que por sua vez recebeu do professor maluco que os inventou.
O urso abriu a caixinha, e dentro desta Amy viu dois anéis: um verde e um amarelo.
- Agora preste atenção no que vou lhe dizer, menina. Esses anéis são portais para o nosso mundo e o seu, muito provavelmente. Quando encostar no anel amarelo, você será conduzida a um lugar que não tenho conhecimento, mas que é o centro de todos os mundos existentes. Você deve, depois, colocar o anel verde, segundo instruções do próprio Aslam, está entendendo?
- Sim.
- Então pegue os anéis.
Amy já estava com os dedos acima do anel amarelo, quando Doção gritou:
- NÃO! Primeiro o verde.
O urso sabia que se Amy tocasse abtes no anel amarelo, seria conduzida ao portal sem o anel verde, e não teria como voltar. Amy pegou, então, o anel verde e o colocou no bolso.
- Adeus, querida. Volte logo! - disse Mel, antes que Amy encostasse no anel amarelo. De fato, como previra Doção, Amy desapareceu subitamente.
A garota foi envolvida por uma escuridão profunda, que aos poucos foi clareando, até se tornar um verde-esmeralda. Amy sentiu que estava boiando. Acima de sua cabeça viu uma luz trêmula, e percebeu que logo ultrapassaria o topo da escuridão.
E assim mesmo aconteceu. Amy se viu saindo de um lago. É por issoque boiava! No entanto, sua roupa estava seca.
Amy olhou à sua volta. Estava numa floresta, mas desta vez as árvores não estavam envoltas em neve. Tudo estava muito calmo. Tão calmo quanto o silêncio de um manhã de domingo (claro que esta colocação não serve para as grandes cidades, omde se acorda com o barulho de sirenes e buzinas de carro). Até mesmo o sol parecia não ter vida. Era tão pálido quanto a pele de um enfermo. Amy olhou para o lago de onde havia saído. Haviam milhares de outros laguinhos, no decorrer daquele lugar. Os lagos eram passagens que levavam de um mundo ao outro, mas Amy não sabia disso, assim como Doção não imaginaria que haveriam tantos portais.
Amy estava ficando nervosa (se é que naquele lugar tão calmo e tão sem vida era possível se ficar nervoso) quando se lembrou do anel verde. Colocou a mão no bolso para tateá-lo. Tirou-o para fora e o colocou no dedo. Mas nada aconteceu.
A menina sentiu que ia chorar, quando se desequilibrou, tropeçou na raiz de uma das árvores e caiu em um outro lago, próximo ao lago que a tinha trazido de Nárnia.
A mesma coisa aconteceu, só que inversamente: A garota estava sendo conduzida lago abaixo, mas ainda podia respirar, e parecia não estar se molhando. A mesma escuridão de antes tomava conta de Amy, mas, como da outra vez, logo foi tudo clareando novamente.
"O anel verde só funciona quando se entra em um dos lagos...", pensou a menina, com razão.
Aos poucos, Amy foi percebendo que estava num vasto relvado, um pouco abaixo de uma pequena encosta íngreme. Subiu por ela, para poder observar melhor, e pôde ver duas construções, opostas, que pareciam estar muito distantes. De um lado,k a garota viu um alto muro rodeando um pequeno sobrado. Do outro lado, um riacho rodeava também muros muito altos, e a porta gigantesca servia como ponte para se atravessar este riacho. Lembrava a Amy a porta dos castelos que havia lido nos contos de fadas da Branca de Neve e Cinderela, mas o lugar, na verdade, era o mercado da região, uma espécie de povoado.
Agora que já sabia que não estava sonhando, Amy teve receio de sair por aí bisbilhotando o lugar. O sol já estava se pondo, e Amy não se decidia.
Um barulho, de repente, despertou-a do que parecia ser um pesadelo: era a porta do povoado, que servira de ponte durante o dia, que estava se fechando. Amy ouviu também o uivo de um lobo, e neste exato momento duas caveiras se materializaram em frente a ela. Era estranho, porque essas caveiras eram do seu tamanho, e o crânio das criaturas não era normal, parecia um crânio de dinossauro. A esta altura a noite já havia caído dobre aquele mundo.
Quando Amy estava apavorada, quando parecia que nada mais daria certo, quando já pensava em se entregar, ouviu um barulho de passos correndo em sua direção. Cerrou os olhos e viu um menino vestido de verde, empunhando uma espada e um escudo de madeira, avançar sobre as criaturas, desferindo-lhes golpes que as cortaram ao meio. Depois da vitória sobre as caveiras, o menino, loirinho, com orelhas pontiagudas, olhou para Amy.
- O que fazes aqui, à noite? Por acaso não sabeis que as criaturas maléficas peregrinam por este lugar depois que o sol se põe?!
- Não, eu...
- Não digas nada agora. Venha, vamos para um lugar seguro, aqui corremos risco. Siga-me!
Amy obedeceu o menino, que se dirigia ao sobrado rodeado pelo grande muro, já mencionado.
Entraram por uma abertura no muro, e Amy agora via perfeitamente bem o sobrado, e à frente do sobrado um pequeno estábulo. No alto, perto do lugar onde haviam entrado, Amy pôde ler a inscrição "Rancho Lon Lon".
- Eles já devem estar dormindo - sussurrou o garoto.
Ficaram de frente à porta do sobrado, e o menino a abriu.
- Eles sempre esquecem de trancá-la.
Entraram numa sala, onde só se viam galinhas cacarejando e pulando em cima de um senhor barrigudo, que tinha um bigode e usava macacão, deitado entre uma mesa de madeira e uma escada.
- Olhe só como ele baba! Ha ha! - exclamou o menino - Vamos, vamos subir esta escada, em silêncio para não acordá-lo.
Amy obedeceu e seguiu o garoto, silenciosamente, escada acima. Abriram uma porta e entraram num pequeno quarto, aconchegante, com uma cama e uma mesa.
- Pronto! Espero que aqui fiques segura até amanhã.
- Até agora segui suas ordens e tudo mais, mas ainda não sei seu nome.
- Oh, quanta descortesia! É que realmente tudo fica muito perigoso em Hyrule durante a noite, e então não tive tempo de me apresentar. Permita-me. Chamo-me Link.
- Link? Belo nome! E o que é Hyrule? O nome desta terra?
- Sim, exatamente. Bem, por enquanto. Pelo menos até que Ganondorff alcance seus desígnios.
- Ganondorff? Quem é Ganondorff?
- Receio que tenha falado demais. Não devia ter dito isto. Quem sabe numa outra ocasião eu possa lhe explicar... Mas agora quem não sabe vosso nome sou eu!
- Ah, me desculpe! Meu nome é Amy Lee. Mas pode me chamar só de Amy!
- Fico encantado, Amy! E, agora, acho que devo lhe perguntar... De onde você vem? É que essas roupas não são muito normais por aqui...
- Possa jurar que suas roupas também me são estranhas...
Link e Amy soltaram uma risadinha.
- ...Mas, na verdade, venho de um outro mundo, chamado Planeta Terra. Peguei um livro e quando o abri apareci em Nárnia, e então me deram um anel que me fez aparecer em uma floresta, e aí eu caí num lago, e quando dei por mim estava aqui, em Hyrule.
Link ficou aturdido. Seu rosto apresentava uma mistura de pena e descrença.
- Você não está acreditando em mim?
- Acho que é tarde, e deves dormir, Amy. Amanhã, então, nos falaremos.
Link deixou Amy sozinha no quarto, envolta em suas preocupações e pensamentos.
Na manhã seguinte, Amy acordou com o barulho das galinhas no andar de baixo. Depois de se espreguiçar, abriu a portinha e desceu a escada. O senhor barrigudo ainda estava lá, só que agora fazia seu desjejum, que era constituído por uma garrafa de leite e um ovo frito.
- Er... Olá! - disse Amy, devagar. Imediatamente o rapaz virou-se, cumprimentando Amy, com seu bigode sujo de gema de ovo:
- Oi, garotinha! He he! Link me falou de você antes de sair! Muito prazer, meu nome é Talon!
- O prazer é todo meu! Meu nome é Amy.
- Suponho que você esteja com fome. Espere só um momento! Vou até o estábulo buscar um pouco de Leite Lon Lon pra você, é o melhor leite da região, e... e... er, espere um pouquinho!
Talon saiu pela porta e deixou Amy a observar as galinhas. Um instante depois bateram na porta. Amy imaginou que fosse Talon com o leite.
- Entre! - gritou a menina. Mas quem abriu a porta foi uma garotinha, mais ou menos do tamanho de Amy, que se pôs a olhar deslumbrada para ela.
- Quando Link me falou eu não acreditei! - disse a menina que havia acabado de entrar - Mas, sim! Você... você... Sabe, eu tenho umas coisas pra te falar. Eu sei o que você veio fazer aqui!
- Sabe?!
- Sim! Oh, desculpe-me, entrei tão afobada que nem me apresentei! Eu me chamo Malon, sou filha do Talon, que acho que você já conheceu!
- Sim, eu... conheci.
A porta abriu-se novamente.
- Prontinho, aqui está o Leite Lon Lon, o melhor da região! Vocês já se conheceram? Que bom, acho que serão muito amigas!
- Sim, papai! Assim que Amy terminar seu desjejum quero conversar com ela. Pode ser, Amy?
- Claro!
- Então está combinado! Estarei te esperando no cercado onde ficam os cavalos!
Malon saiu da salinha, deixando Amy com seu café da manhã. Talon pegou um ovo de uma das galinhas, fritou-o numa panelinha acima de um fogo brando, perto das palhas onde ficavam as galinhas, e colocou numa tigela de barro, ao lado de uma garrafa de leite, em cima da mesa de madeira.
- Muito obrigada, sr. Talon!
- Ora, não há de quê! Precisando de mim, estarei no estábulo, cuidando de Epona, um potrinho que nasceu há pouco tempo. Entrou o graveto em sua pata e... e... Bem, até logo!
- Até logo, sr. Talon!
Amy bebeu o que parecia ser o leite mais saboroso que já experimentara, e comeu o ovo frito, que também estava muito bom. Depois disso, saiu da sala para falar com Malon. O sol invadia aquele mundo, e percebia-se que era um sol mais forte e mais cheio de vida que o que iluminava Little Rock, cidade em que morava atualmente no Planeta Terra.
Virou à esquerda e entrou num imenso campo, provavelmente para treinar os cavalos, e dirigiu-se ao cercado onde estavam os cavalos e Malon, que cantarolava uma bela canção.
- Amy, que bom que veio!
- É, você disse que era uma conversa importante.
- E é mesmo. Diz respeito ao futuro de Hyrule. O fato é que Link me falou que você esteve em Nárnia.
- Sim, é verdade.
- Ele não acredita nisso, mas eu sei que este mundo realmente existe. Já me falaram de Aslam e de todo seu poder, e sei o que está acontecendo lá, atualmente, com a Feiticeira Branca. Se você esteve lá, é porque é a escolhida da profecia para libertar Nárnia. E, se você pode com o poder de Jadis, com certeza também poderá nos livrar de Ganondorff.
- Link falou de Ganondorff, mas não quis me dizer quem é.
- Na verdade, aqui também existe uma profecia: "O mal tomará conta de Hyrule e somente o Herói do Tempo poderá nos libertar". Essa profecia já se iniciou. Ganondorff era um ladrão, que aprendeu muito a Magia das Trevas em suas viagens. Ele de repente apareceu no reinado, cheio de bajulações com o rei, que estpa cedendo a seus caprichos. Eu acho que ele fez uso da magia para transformar dessa forma os pensamentos do rei. A princesa Zelda, que tem conhecimento da profecia, descobriu os planos de Ganondorff, em seus passeios noturnos pelos corredores do castelo. Ela sabe que o que dizem não está muito longe de se cumprir. Sabendo disso, ela pediu ajuda a Link. Ela pensa que ele é o Herói do Tempo, porque, segundo a lenda, o Herói do Tempo possuiria uma coragem sem igual, e ele demonstrou ser corajoso ao atravessar, escondido, um monte de guardas no castelo para falar com ela, a mando da Grande Árvore Deku, que é a regente da Floresta Kokiri, de onde Link vem. Mas creio que quem deve fazer isso é você, você é a Heroína do Tempo, até porque você pode variar no tempo mudando de mundos. Você já passou por três mundos!
- Não, eu com certeza não sou quem você pensa, eu não sou tão corajosa, e...
- Não sou eu quem penso. Você está presa à profecia de dois mundos. Você é a profecia, não pode ter aparecido em Hyrule do nada por acaso. Link não é o Herói do Tempo.
- E onde é que Link está?
- Foi ao povoado. Ele anda enfiado no Templo do Tempo. Acho melhor você ir para lá. Talvez haja alguma coisa relacionada ao "Herói do Tempo".
- Mas eu não posso! Tenho que voltar para casa! Minha mãe...
- E vai permitir que Ganondorff destrua vidas inocentes?
- Eu...
- Tudo depende de você... Por favor!
Amy se lembrou dos contos de fadas, onde toda a pessoa que se naga a arcar com seus deveres e responsabilidades sempre se dá mal no final da história.
- Tá certo! Eu vou! Mas assim que descobrir o que devo fazer, voltarei a meu mundo, e depois volto com reforços, assim como farei com Nárnia.
- Combinado! Agora vá! Vá, antes que seja tarde demais!
- Amy virou-se e, correndo, saiu do Rancho Lon Lon, em direção ao povoado, para o Templo do Tempo, em direção a seu destino, fosse ele qual fosse...
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