Música, comida e... Desastres

Música, comida e... Desastres



N/A: Puxa vida, que incrível! É a primeira vez que vou responder comentários!! Uau, que emocionante... Mas como todos pediram a mesma coisa, basicamente ( atualize logo ) então resposta geral:

Viram como eu atualizei rapidinho? Nossa, eu estou sendo muito boa com vocês... devia demorar umas cinco semanas para postar cada capítulo, aí sim, ia deixar todas morrendo de curiosidade... não, brincadeira... mas que bom que vocês estão gostando, estou super feliz com os coments, obrigada mesmo! E, podem deixar, que eu mando um e-mail pra vocês quando for atualizar.
Beijos,
Espero que gostem do capítulo!


Cap. 4 – Música, comida e... Desastres

Havia luz incomodando seus olhos. E um farfalhar irritante de folhas, que pareciam bem próximos. Sentiu o calor do lençol sobre o corpo, e isso também a irritou. Onde será que estava? Estava com preguiça de abrir os olhos.

Era uma cama, com certeza – mesmo que não a cama de quem ela gostaria que fosse. Mas ela não se lembrava de ter dormido em cama alguma. Recordava, em sua última lembrança da noite anterior, de estar na sala dos Black, e alguma coisa sobre um relógio que devia estar quebrado, pois os ponteiros andavam devagar demais. E, obviamente, ele estava envolvido, embora ela não tivesse certeza de onde, exatamente, ele entrava naquela história toda.

Ela afundou o rosto no travesseiro, enquanto tentava, apenas com chutes e pontapés, desenrolar-se do lençol. O efeito instantâneo foi cair dolorosamente no chão do seu quarto e, consequentemente, abrir os olhos. A luz da manhã cegou-a por alguns instantes, e então ela conseguiu visualizar a cena perfeitamente.

Olhando através da janela via-se uma grande árvore provavelmente uma macieira. Ela nunca tinha parado para observar e também não entendia muito de plantas. De qualquer forma, havia passarinhos por ali, que cantavam e chacoalhavam os galhos. Era isso que causava o barulho da folhagem. Mas seu olhar se voltou para dentro do aposento.

Havia duas calças jeans, ambas rasgadas propositalmente, uma capa preta, um par de tênis e três camisetas coloridas atiradas no chão e na mesa, onde também havia incontáveis rolos de pergaminhos e também um tinteiro aberto que, ela notou, arruinara total e permanentemente uma de suas blusas favoritas. Ufa. Era apenas seu quarto.

Mas quem a levara até lá? E, que droga, por que não fechara as cortinas? Ela podia ter dormido por mais, no mínimo, uma hora se todo aquele sol não a tivesse acordado. Nossa, ela estava mesmo de mau-humor...

Levantou devagar, tentando descobrir se quebrara alguma parte do corpo, mas parecia estar inteira. Então, como não havia modo de voltar a dormir com todo aquele barulho, foi tomar um banho e se arrumar. Havia outro dia cheio pela frente.

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- Aonde vamos? – ela perguntou pela milésima vez.

- Você vai ver – ele respondeu pela milésima vez – Espere mais um pouco, já estamos chegando.

- Não devia fazer tanto suspense! Quer dizer, com uma pessoa curiosa como eu, bem... Eu posso mesmo morrer de curiosidade, sabia?

- Acho que não está correndo risco de vida – disse ele sorrindo – Não se preocupe.

Eles não puderam aparatar, afinal ela era menor de idade, e vassouras não eram lá muito “românticas”. Resolveram ir andando, afinal, a noite estava linda. Estavam lado a lado e ele parecia um pouco apreensivo, mas ela o pegava olhando-a pelo canto do olho o tempo todo, sorrindo levemente.

E seria simplesmente por estar apaixonada, mas as flores tinham um perfume melhor? E as estrelas estavam tão brilhantes! E a brisa tão agradável! Ela sentiu caminhar cada vez mais perto dela e por fim segurar sua mão. Ela segurou mais firme, como se mostrando a ele que estava adorando, e que não havia ido longe demais. Na verdade, pensou ela, ele que fosse bem mais longe! Ela adoraria.

Ouviu uma música animada vinda de uma construção mais adiante. Logo descobriu ser um restaurante! E com uma música era ótima. Era um lugar especialmente para bruxos, então ficariam bem à vontade. Entraram e viram uma sala ampla com incontáveis mesas, todas para dois, cobertas de toalhas vermelhas e um pequeno vaso de flores, como enfeite. Era tudo tão... perfeito! Ao centro, uma área desocupada, a pista de dança. Havia apenas três casais ali, e dançavam animados. Eram jovens e isso a livrou do medo de se sentir deslocada.

- Surpresa – ele sussurrou em sue ouvido, fazendo-a se arrepiar – Tomara que goste.

- Vou gostar – garantiu.

Eles sentaram em uma das pequenas mesas e ela olhou ao redor, interessada. Obviamente pedir meramente uma água ali sairia uma nota, então como ele pretendia pagar o jantar? Ela trouxera dinheiro, por precaução, mas não tinha tanto. E ele, certamente, também não. Mas alegrou-a saber que ele estava disposto a gastar tanto com ela.

A comida era maravilhosa. Ela mastigava com grande prazer cada mordida, sentindo o sabor especialmente. Mas, de qualquer forma, não conseguia tirar os olhos dele. Dos olhos dele. O mesmo parecia estar acontecendo com ele, além de ambos sorrirem discretamente vez ou outra, apenas por que o momento era bom demais para não sorrir.

Depois de comerem ela pôde finalmente notar uma música animada que tocava na pista de dança. Agora havia muita gente lá. Queria convidá-lo para dançar, mas e se isso quebrasse o encanto de tudo? Daquela noite maravilhosa? Tinham falado tão pouco até então e tudo se baseava em olhares, toques, gestos, sorrisos. Não haviam conversado durante o jantar, e não estava certa de que poderiam falar agora.

- Ei – chamou hesitante – você não gostaria de, hum, dançar um pouco?

- Não tenho certeza de que sei dançar – falou ele, sorrindo, o que encorajou-a a se descontrair.

- Bem, não consigo pensar em um meio melhor de aprender... – ela se levantou e segurou sua mão, levando-o até a pista com ela – do que tentando.

O que aconteceu a seguir foi uma seqüência desajeitada de passos, que ela tentava em vão ensinar a ele. As músicas eram rápidas e igualmente agitada era a coreografia que ela tentava passar a ele. Mas tinha que admitir que, ao final de mais ou menos meia hora, ele já estava muito bem. Depois de alguns tropeções, cambaleios e as doloridas pisadas nos pés de outros clientes, ele finalmente aprendera.

Perderam a noção do tempo dançando. Com certeza Andrômeda não se preocuparia, a filha costumava voltar tarde, e ela não tinha a mínima vontade de saber. As horas, dizia, só nos fazem incomodar. Temos a vida toda, e uma hora a mais uma a menos não fazem diferença. É só mais um jeito que inventaram para complicar as coisas. Estava se divertindo, era o que importava.

Até que a música animada foi substituída por uma lenta. Droga. Ela não sabia dançar música lenta. E, mesmo que soubesse, quem lhe garantia que ele não pediria para ir se sentar agora? Eles não eram exatamente um casal. Bom, não oficialmente.

- Desculpe – sorriu – Acho que não posso te ensinar essa.

- Eu posso te ensinar essa – ele sussurrou trazendo-a para perto de si, os braços em torno de sua cintura.

Ela colocou os braços ao redor de seu pescoço. Passado algum tempo relaxou um pouco e aproximou-se mais. Deitou a cabeça em seu ombro. Ele pôde sentir seu perfume, inebriante, fazendo-o parecer mais leve, mais feliz, como se nada daquilo fosse mesmo real, como se estivesse assistindo a tudo em um filme, em um sonho...

Ela só tem dezesseis anos, lembrou a si mesmo. Ela é uma criança. Saia daí enquanto ainda tem controle sobre você. E imagine a reação de Andrômeda se descobrisse! Ela nunca fora muito antiquada com aquele tipo de coisa, mas ainda era uma mãe, e ele ainda era doze anos mais velho que Tonks. Com certeza teria um ataque.

- Aaaaaai!!!!!!!!!!!!

Aconteceu em uma fração de segundo. Ela tropeçara nos próprios pés, e perdeu o equilíbrio. Ele, desavisado, perdido em pensamentos e tentando manter o autocontrole, não conseguiu segura-la e, em sua fracassada tentativa, acabou caindo também. Bateram os dois na mesa mais próxima, fazendo um punhado de massa cair nos cabelos de Tonks, enquanto o molho pingava pateticamente dos cabelos de Remus. O casal que ocupava a tal mesa observava os dois com visível irritação. Todas as outras pessoas haviam parado o que estavam fazendo para olhar o que causara a confusão. Tonks caíra sobre ele, então se apoiou no chão erguendo-se alguns centímetros e sentou-se ao seu lado. Ele encarou, por um milésimo de segundo, seus olhos brilhantes.

E, inexplicavelmente, os dois só puderam rir. Riam às gargalhadas, como se nada pudesse ser mais engraçado do que ter comida caindo pelos cabelos, caídos um quase em cima do outro, em meio a um restaurante lotado. Talvez fosse preocupante, mas ele não pôde evitar. O riso dela era contagiante. E quando ele olhou para seus olhos negros cheios de lágrimas provocadas pelas gargalhadas, deixou-se levar e uma gostosa gargalhada, como a muito não dava, lhe escapou dos lábios.

- O que está acontecendo aqui?

Um homem baixinho e gordo, de andar atarracado e um farto bigode vinha correndo em sua direção. Parecia furioso. Eles se puseram de pé e tentaram sufocar o riso diante do olhar zangado, como alunos levando uma bronca do professor rabugento por fazerem piadas de sua aula. Era incrível que se sentisse assim. Normalmente ficaria mortalmente envergonhado, mas aquela garota fazia tudo parecer tão simples e divertido.

- Quem são vocês? O que pensam que estão fazendo?

- Somos... somos clientes – ofegou Remus entre gargalhadas.

- Mil perdoes – disse Tonks para o casal que iria comer a massa que agora cobria seus cabelos – Sinto muito, ele estava me ensinando a dançar... – e uma nova onde de risos começou, impedindo-a de continuar – Desculpe, mesmo – ofegou.

- Os dois para fora, AGORA! – berrou o homem – Não quero saber de baderneiros em meu restaurante! Saiam agora, já, JÁ! – falou empurrando-os para a saída.

E foram jogados para fora do restaurante em segundos. A noite continuava bela e agradável, e ela sorriu para ele.

- Com certeza vamos descobrir que molho de carne faz muito bem para o cabelo, não se preocupe – disse debochada.

- Oh, claro – falou no mesmo tom sarcástico – Por que é claro que macarronada nos cabelos é a última moda. Eu devo estar mesmo por fora.

- Haha, muito engraçado... Mas você podia fazer o favor de tirar isso de mim? Sabe que não posso fazer magia fora da escola, e está realmente começando a ficar meio incômodo...

Com um breve aceno de varinha eles estavam limpos outra vez.

- E então, aonde vamos agora?

- Aonde quer ir?

- Acho que para casa... já é meio tarde, minha mãe vai ficar preocupada...além do mais, um mico por dia já está bom para mim, para você não? Quer sair para derrubar ou quebrar mais alguma coisa?

- Não, obrigada – riu – Como você mesma disse, só um por dia...

- Bem, não foi tão ruim! Aprendemos a dançar!

- Eu aprendi a dançar. Você caiu e nos fez ser expulsos do lugar. Acho que tem uma considerável diferença. Mas, sabe... – ele passou o braço ao redor de sua cintura novamente, andando abraçados –... Foi mesmo muito divertido.

Eles caminharam em silêncio, juntos, felizes. O futuro era incerto, mas quem precisava de certezas? Era tudo uma grande aventura, e ela estava disposta a continuar seu caminho de incertezas, aproveitando apenas o momento. Qual era o problema disso? Viver o presente sem se preocupar com nada?

Viu que chegavam a sua casa. A luz de uma janela do segundo andar – o quarto de sua mãe – continuava acesa. Pararam mais uma vez em frente à porta, de frente um para o outro.

- Me diverti muito – ela disse em voz baixa, afinal ele estava tão perto – Foi tudo maravilhoso. Podemos combinar de sair outra vez...

Ele assentiu, embora continuasse dizendo a si mesmo que não deveria fazê-lo. Ali, iluminada apenas pelas luzes fracas dos lampiões da rua, seus olhos negros brilhavam como se cada um deles contivesse um universo repleto de estrelas. Os lábios rosados pareciam tão macios, tão doces, tão convidativos... Era impossível se controlar, ele precisava beijá-la. Mas ainda lhe restava um pouco de bom senso.

- Eu já vou indo – ele disse e beijou-a a face suavemente. Virou-se para sair, mas ela pôs a mão delicadamente em seu braço, detendo-o.

- Remus – ele se virou – eu quero um beijo de verdade – falou sorrindo.

Como poderia resistir agora? Lá estava ela, a sua frente, pedindo por um beijo que ele queria mais do que tudo dar. Sentiu as mãos dela tremerem quase imperceptivelmente ao tocarem seu peito, enquanto ele tomava seu rosto entre as mãos. Ele acariciou seu rosto lentamente, e aproximou-se. Separavam-se agora por milímetros. Ele estaria muito surpreso se ela não fosse capaz de ouvir seu coração batendo acelerado no peito, enquanto encostava seus lábios nos dela, entreabertos. Ouviu um suspiro de prazer lhe escapar dos lábios quando aprofundava o beijo. Agora não podia mais mentir. Precisava admitir para si mesmo: ela o conquistara.

---

- Aluado!

Remus levantou os olhos de sua xícara de chá e olhou para a direção da voz, desanimadamente. Estivera há tempos imerso em pensamentos, e notou que a bebida já esfriara.

- Ah, olá Almofadinhas. Tudo bem?

- Temos um problema.

- Uma emergência da Ordem? – perguntou alarmado.

- Não. Uma emergência do coração.

- Do que está falando?

- Eu te conheço há muitos anos, meu caro Aluado. Sei como fica quando a lua cheia está próxima, sei quando está chateado, quando está animado, mas agora, posso afirmar com absoluta certeza – e aqui ele riu maliciosamente – que você está apaixonado. Só me resta descobrir quem é o alvo. Embora eu possa ter uma boa idéia de quem seja, é claro – disse e seus olhos brilharam, enquanto seu sorriso aumentava. Remus voltou a contemplar o conteúdo da xícara como se considerasse se afogar lá dentro.

Aquele beijo ocupara sua mente por anos. O primeiro beijo, quando ele viu que aquela garota tinha algo que ele nunca encontrara antes, que ele nunca sentira com ninguém mais. Não era mais apenas desejo, não era uma simples atração por uma pessoa tão diferente, tão animada, tão viva. Mas será que era... bem, poderia ser amor? Amor de verdade? Com que idade as paixões se transformam em amor verdadeiro? Como se sabe quando se encontra o amor de sua vida?

As perguntas o atormentavam desde aquela noite. Desde o fatídico beijo em que ele simplesmente esqueceu as regras. Ele, um homem adulto, um homem com uma maldição, pobre, com um futuro incerto e difícil que nunca poderia fazê-la realmente feliz. Ela, uma garota cheia de animação e alegria, sem grandes preocupações, que achava que nada passava de uma grande aventura, uma grande brincadeira, que podia conseguir alguém muito melhor para si. Simplesmente não estava certo. Devia ir contra todas as regras, se realmente houvesse regras escritas a respeito de relacionamentos.

Se houvesse o manual de relações amorosas, com certeza lá constaria: “não se envolva com alguém que é tão diferente, tão maravilhoso a ponto de tudo o que você ter não ter valor nenhum. Você não poderá dar nada que a faça feliz neste caso. Desista.” Tinha que haver algo assim em algum lugar. Aquilo era uma completa loucura. E ele sabia disso, mesmo enquanto a beijava, naquela noite, há tantos anos. Em algum lugar de seu cérebro, continuava sabendo que não devia, que estava perdendo o controle. Mas ele resolvera ignorar a voz e agora arcava com as conseqüências.

- Sirius, estamos em meio a uma guerra – ele disse sensatamente – Não tenho tempo nem para dormir, quanto mais para me apaixonar por alguém. Nem tenho idade para isso.

- Você acha que somos tão velhos assim? – ele riu, aquela risada semelhante a um latido – Ora, por favor, podemos estar um pouco mais, hum, vividos – ele disse – mas, quanto a mim, estou em ótima forma. Só é uma pena não poder sair desta maldita casa – considerou amargamente, depois.

- Bom dia – disse uma voz feminina seguida de um longo bocejo.

A porta se abriu de repente. Ali, os cabelos ruivos até as costas, os olhos verdes, os jeans rasgados e uma expressão de sono no rosto, Tonks entrou na cozinha, ignorando-os e pegou uma xícara de chá para si. Tomou-a em silêncio, enquanto os homens ao seu lado iniciavam uma conversa insignificante sobre a posição dos gnomos na guerra.

Terminou de beber e levantou-se.

- Remus eu preciso falar com você – disse em um fôlego só, temendo perder a coragem.

Ele virou o rosto para ela e várias expressões passaram por seu rosto em apenas um segundo: surpresa, entendimento, medo, vergonha, e, tentando em vão fugir daquilo, súplica. Mas ela se decidira. E ele, de qualquer forma, sabia que logo aquilo ia acontecer. Sempre soubera, desde que ela se mudara para lá.

- Sirius, pode nos dar licença? – ela perguntou.

- Oh, claro – ele saiu, ainda com um riso maroto nos lábios. Ele sabia mesmo ser irritante, pensou Remus, enquanto a porta se fechava atrás do amigo.

- Muito bem, então – ela disse, com as mãos nos quadris, os olhos faiscando – Acho que precisamos conversar.
















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