Cartas na mesa
Capítulo IV – Cartas na mesa... “Decisões, revelações e apostas...”
— Melinda! — Disse Nohara tacando um travesseiro na amiga, rindo, depois de ouvir os relatos da noite anterior, junto com Alice e Lily que também riam. — Você é má!
— Eeeeu!? — Melinda ria junto com as amigas fazendo cara de inocente e desentendida.
— É! Quem mais? Tadinho do Sirius... Deve estar subindo paredes... Você nem gostava daquela presilha! — Nohara tentava entender a cabeça de Melinda. Sem muito sucesso.
— Mas... Melinda...? Esclareça-nos uma dúvida... Se você ia fazer isso com o Sirius... Por que aceitou ir para Hogsmeade? — Lily perguntou, encarando-a desconfiada. A amiga nunca tinha feito nada parecido... Ela era a do tipo que fazia tudo o que queria sem se importar com nada... Mas também não fazia nada que não quisesse. Normalmente, numa situação como esta, ela simplesmente diria um ‘NÃO’ bem grande na cara do Sirius quando ele a convidou para ir para o povoado. Não perdia tempo com esse tipo de “joguinho”.
— Ah... Sei lá... Quando o pelúcio ‘voou’ na minha cabeça, e eu vi a cara de bobo do Almofadinhas... Lá sentado na grama... Me deu vontade de sacanear ele... Só isso...
“Ela gosta dele!” Foi a conclusão definitiva de Alice. Nenhuma das amigas entendeu porque ela bateu na própria testa ao ouvir a explicação de Mel.
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— O pior da história é que, quando eu finalmente consegui pegar o bicho (“Teria sido muito mais fácil se a Melinda tivesse me deixado enfeitiçar aquela praguinha peluda”), além de eu estar pra lá de cansado, tive que vir para o castelo POR HOGSMEAD!!! Atravessar aquela estrada IMENÇA com a birosca da passagem do Salgueiro DO MEU LADO!!! Do jeito que essa Melinda é... Era só eu mostrar a passagem, para ela ir nos fazer uma visitinha na lua cheia... Pronto! Foi só isso! Agora vocês já podem rir da desgraça alheia. — Sirius se jogou na cama, olhando para o teto. É claro que muito antes de Sirius dar essa permissão, os outros três (Pedro já tinha saído do banho) já estavam rolando de rir da cara de injuria de Almofadinhas.
— Tah... — Começou Tiago tentando se concentrar e parar de rir. Segurava a barriga que doía e enxugava os olhos marejados de tanto rir. — Se foi assim tão ruim... Porque você chegou sorrindo ontem?
— Bom... Pelo menos ela me deu um beijo de boa noite... — Um sorrisinho enviesado começava a se formar no seu rosto novamente.
— Sirius Black! Que cara é essa? Tá assim por causa de um beijo? — Disse Pedro descrente.
— Ahn... Não foi beeem um beijo... Foi como uma promessa... — Disse alargando o sorriso.
— Como ela poderia te prometer alguma coisa te beijando, Sirius? — Questionou Pedro, como se Sirius estivesse falando bobagem.
— Não me obrigue a te mostrar como Pedro... — Disse Remus fazendo uma cara de nojo no que todos caíram na gargalhada (Pedro demorou uns 3 segundos, primeiro para entender como alguém poderia “prometer” alguma coisa em um beijo, e segundo como isso poderia ser mostrado a ele).
(...)
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Salão Principal
Hogwarts
08:13h, 02/09
Os garotos desceram para tomar café algum tempo depois de ouvir a narração da fatídica noite do Sirius. Esse já havia se conformado de que seria alvo de muitas piadinhas dos amigos, afinal de contas, não é todo dia que Sirius Black é passado para trás por um pelúcio.
Quando entraram pelo Salão Principal, Remus logo localizou onde as meninas estavam, sentadas à mesa da Grifinória. Ao contrario do esperado, tentou disfarçar e arrastar os amigos para o mais longe possível.
Durante a “narração” de Sirius, momento em que Tiago se distraiu e o deixou em paz, tomara uma decisão: Tentaria se manter o mais distante possível de Nohara... Queria fazê-la acreditar que ele não estava nem aí para ela, para ver se assim ela o esquecia. Para ele mesmo poder se esquecer dela... As aulas estavam começando, e logo teria as rondas da monitoria e a Biblioteca para poder usar como desculpa para se afastar, mas havia se esquecido de uma coisa... Uma coisa essencial... As refeições.
“Droga!” Foi a única coisa que conseguiu pensar antes que Tiago achasse os cabelos rubros de Lily no meio da multidão. “Por que essa garota tinha que nascer com os cabelos tão vermelhos? Não podia ser um castanho sem graça, que passasse despercebido até por alguém como o Tiago?”
— Ali! As garotas! — Disse Sirius já acompanhando o olhar dos amigos. — Onde você está indo Aluado? A mesa é por aqui! — “Pronto...” Não tinha mais jeito... Agora que Sirius estava saindo com Melinda (ainda mais depois da noite de ontem, Almofadinhas não sairia dessa de mãos vazias), seria impossível convencê-lo a se sentarem longe das garotas, até porque Tiago não perderia uma desculpa tão boa de ficar perto da sua Florzinha... Seu plano teria que esperar mais essa refeição... Se simplesmente virasse e saísse (como ponderara fazer), reacenderia a insistência de Tiago de dizer que ele estava apaixonado por Nohara. Ter os marotos na sua cola agora não ajudaria muito.
Acompanhou os amigos até onde elas estavam. Quando se sentaram, Lily se incomodou um pouco. Pareceu que estava pronta para armar aquela gritaria costumeira, por causa da presença de Tiago, mas desistiu, antes que pudesse sair uma palavrinha de sua boca. Apenas a abriu e tornou a fechar, segundos depois.
— Bom dia garotas! — Tiago e Sirius disseram em uníssono, animados.
— Bom dia para vocês também. — Respondeu Nohara sozinha. Alice estava distraída, com os olhos fixos em algum lugar na mesa da Corvinal, mais especificamente em Frank Longbottom. Lily fingiu nem notar a presença de Tiago, apenas acenando com a cabeça, para Sirius. Melinda apenas puxou Sirius pela capa, lhe dando um selinho de bom dia.
Não foi lá uma refeição muito animada. Melinda e Sirius se sentaram lado a lado. Ele parecia bem interessado em ficar o mais próximo dela possível. Nohara e Alice começaram a conversar displicentes sobre As Esquisitonas, um grupinho de garotos (que havia acabado de passar por eles na mesa) que tinham uma bandinha desde o quarto ano. Lily, assim como Remus, ficou totalmente concentrada no seu chá, como se tomá-lo exigisse sua total atenção, não levantando a cabeça para nada. Tiago apenas a observava, perdido nos próprios pensamentos, decidindo o que faria agora, que Lily estava mais esquiva do que fora durante todos esses anos. “Eu gosto mais até quando ela grita comigo...” Pedro não disse uma palavra sequer o café inteiro.
Lily terminou o seu café e se levantou murmurando um “Vamos garotas” para as meninas. Todas se levantaram e a seguiram, pelo humor dela, era melhor não contrariar. Os garotos só as acompanharam quando Melinda chamou Sirius. Depois que se levantaram, rumo à primeira aula do primeiro dia em Hogwarts, o clima melhorou um pouco. Nohara, Melinda e Tiago começaram a contar para Sirius o que tinha acontecido com o braço de Abelhinha por causa da pulseira de Cinira (Remus fingiu que não, mas prestou atenção em tudo o que eles diziam). Todos agora, já tinham uma boa opinião sobre o novo professor de DCAT. O que havia parecido uma tragédia, à pouco, agora rendia umas boas risadas à eles. Quer dizer, não por muito tempo... O clima divertido durou apenas o tempo que eles levaram para atravessar o Salão Principal. Quando se aproximaram das escadas de mármore...
— Ora! Que surpresa agradável! — Com sua postura elegante, olhar superior e ar pedante, Narcissa Black, a priminha “querida” do Sirius, barrava a passagem deles. Seus “amigos”, puxa-sacos sonserinos interessados no pouco de glamour e poder que a menina Black aspirava, cercavam-na como cães de guarda (dentre eles, Malfoy, Snape e Rabastan Lestrange). — Vejo que fez bom uso do meu presentinho, não Lane? — Disse lançando um olhar indiferente ao braço enfaixado de Nohara e depois ao pescoço de Lily. Remus apertou a varinha, discretamente, por dentro da capa.
— Ora sua...! — Sirius avançou para cima da prima, já com a varinha em punho, mas foi impedido por Nohara, que, estranhamente, sustentava um olhar um tanto sombrio em Narcissa. Essa não se abalou meramente. Nem com a reação de Sirius nem com o olhar de Nohara. Ao contrário, aparentava, apesar do seu jeito indiferente e soberbo, estar se divertindo bastante com aquela situação.
— Acalme-se Almofadinhas. — Disse Nohara, não deixando Sirius tomar sua frente, mas sem virar-se para ele, mantendo o olhar em Narcissa. — Você não faz idéia de onde se meteu, não é Black? Você cresceu numa casa tão impregnada de magia negra que não pode enxergar um limite para os seus atos. Olhe à sua volta... Você acaba de confessar na frente de dois monitores que tentou me matar. — Nohara nunca usava esse tom de voz ou essa seriedade. Em geral era simpática e animada, às vezes um pouco petulante e impertinente. Dessa vez falava sério. Todos tiveram certeza disso. — Você está ferrada Black!
— Eu? Tentei te matar? Ora, vamos! Por que eu faria uma coisa dessas? — Dizia cinicamente, fingindo inocência. — Você está levando a sério de mais essa rivalidade Grifinória com a minha nobre casa... Imaturo... Inventar uma historinha assim... Francamente... Admita, Lane. Você não tem como provar nada! — Seu rosto se iluminava em um sorriso discreto. — Vai me fazer tomar Veritaserum? — Soltou um risinho debochado. — Mesmo que vocês resolvam apelar para o velhaco senil... Dumbledore não pode fazer nada frente à importância da casa dos Black!
Nessa hora, e pela primeira vez desde que saiu da sala do Prof. Cardfield, Lily esboça alguma reação ao que acontece a sua volta. Ergueu a varinha na altura dos olhos de Narcissa encarando-a, indignada.
— Abaixe essa varinha, sua sangue-ruim asquerosa! — Narcissa serrava os olhos, encarando Lily friamente. Tiago não suportou ouvi-la chamar Lily assim. Tudo aconteceu muito rápido. Ele disparou um feitiço na direção de Narcissa, mas Lucius Malfoy o desviou com um feitiço escudo. Vários alunos menores que passavam perto saíram correndo com medo de serem acertados, ou chegaram mais perto, para assistir ao duelo. Nohara e Narcissa sacam as varinhas ao mesmo tempo, mas Bustter Crabbe, um dos capangas de Narcissa e Lucius, o casal real da Sonserina, teria acertado Abelhinha com um feitiço que acabou abrindo um buraco no chão, se não tivesse sido estuporado por alguém atrás da garota. A maioria pensou que tivesse sido ela própria. Nohara olhou para trás para ver quem fora. Remus.
— Que confusão é essa? — Minerva Mcgonagall, diretora da casa da Grifinória, com seu ar severo, tinha se levantado da mesa dos professores no Salão para acabar com a confusão no Saguão de Entrada. Parecia muito nervosa com o estardalhaço. — Um duelo no meio do castelo... Mas que cena deplorável... Quatro monitores, dois da minha própria casa, envolvidos numa bagunça dessa... Decepcionante. Todos cumpriram detenções! — Uma expressão de cansaço tomou a face de Lily. Uma detenção no primeiro dia de aula... DE MANHÃ! Era tudo o que precisava para abrir o ano dos NIEM’s... Narcissa olhou para Minerva com visível asco.
— Mas Minnie...! — Nohara adiantou-se. Sabia o peso dessa detenção para Lily, que em sete anos não se envolvera em nenhuma de suas armações, e por isso tinha a ficha tão limpa quanto a pelagem de um unicórnio. — Nem todo mundo se envolveu nessa!
— Professora Mcgonagall, Srta. Lane! — Disse com a voz ríspida, reprovando Nohara por chamá-la daquela forma tão desrespeitosa. Mas pareceu repensar a decisão. — Está bem... Menos CEM pontos para cada casa e detenção para o Srs. Potter, Lestrange, Snape, Black — Esses, mesmo na presença da vice-diretora e professora, ainda se encaravam com as varinhas em punho — e para Srta. por azarar o Sr. Crabbe. Quero vocês na minha sala na quinta às 20h.
— Mas nã... — Remus começou.
— Mas o que Sr. Lupin? Quer uma detenção também?
— Mas nada professora. — Nohara falou alto para não deixá-lo prosseguir. — Nós concordamos com a sua decisão.
— Agora, todos se encaminhem para suas aulas! Ou vou ter que distribuir mais detenções?
O grupinho em volta, que assistia à confusão, foi se dissolvendo. Mcgonagall encarou Nohara e Tiago com uma cara decepcionada (pois conhecia os pais de ambos a bastante tempo e tinha certa simpatia pelo trabalho bem feito que andavam fazendo no quadribol) e virou-se, indo de volta para o Salão Principal.
Nohara esperou que Minerva alcançasse uma boa distância e então voltou-se para Narcissa:
— Isso não vai ficar assim Black. — Encarou desafiadoramente. — Ah! Da próxima vez que você for tentar me matar, vê se faz o serviço direito! A sua pulseirinha, como pode ver, só me causou uma dor muscular.
— Você acha mesmo que eu mexeria com magia tão poderosa se não soubesse fazê-lo? — Retribuiu o olhar desafiador, com um toque de maldade. — Isso foi só um aviso, Lane... Uma pequena demonstração do que eu posso... Não brinque mais comigo. Porque, se você quiser entrar no jogo... Eu vou jogar como gente grande! — Virou-se e saiu, seguida pelo noivo e seus capangas.
Nohara ficou sem ação... Agora que ligara uma coisa à outra... Ela armava tantas para cima dos sonserinos, e não levava isso muito à sério, por isso, num primeiro momento, nem chegou à entender o motivo pelo qual Narcissa poderia querer prejudicá-la.
— Merlin! Essa garota é maluca! Ela não tem senso de humor? — Nohara arregalou os olhos, quando a ficha finalmente caiu.
— Nohara... Você vai me desculpar, mas eu acho que se alguém colocasse uma poção no meu suco de dente-de-leão que me fizesse “soltar a franga” daquele jeito, eu não ia levar na esportiva não... — Alice disse, não conseguindo conter um risinho, ao lembrar da cena hilária de uma Narcissa Black em cima da mesa da Sonserina, no jantar de encerramento do ano letivo, dançando e fazendo um Strip Tease para Severus Snape. Todos pareceram se recordar da cena por um instante, em que se seguiu uma sessão de risadas reprimidas. Continuaram o seu caminho em direção à aula de feitiços.
— Tá... Tudo bem. Eu posso ter pegado um pouquinho pesado... Mas daí a me mandar uma pulseira de Cinira!? Cara, se ela fosse uma pessoa normal ela juntaria aquela turminha dela e me azararia... Eu admito que teria merecido... Mas magia negra? — Disse Nohara ainda meio chocada.
— O que você não entende Nohara, é que a Narcissa não é uma pessoa normal — disse Sirius um pouco sério de mais do que o de costume. — Eles não são pessoas normais — por “eles” referia-se á sua “amada família” — Para ela, não foi só o orgulho ferido de ter sido passada para trás por você... O problema é que isso mexeu com a imagem dela. Ela expressava um certo medo em algumas pessoas. Ainda mais depois que ficou clara a “amizade” da minha “priminha querida” Bellatrix com Voldemort. A Narcissa gosta de poder. Até mais do que Bellatrix, que transpira maldade. E dar um showzinho daqueles, ainda mais na presença dos herdeiros de muitos homens do Lorde Psicopata, que temem Bellatrix, com apenas 22 anos, à fez perder um pouco da influência dela sobre as pessoas. Ela é fria. E você a tira de controle.
— Céus... Que paranóia... — Disse por fim Nohara, só agora percebendo a complexidade da mente de alguém como Narcissa.
(...)
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Salão Principal
Hogwarts
13:09h, 02/09
Já era hora do almoço, Alice e Nohara voltavam das estufas, depois da aula de Herbologia. Melinda, Sirius e Tiago tinham horário vago, Pedro, aulas de reforço em feitiços, e Lily e Remus, aula de Aritmancia. Nohara só fazia Herbologia porque, no inicio do sexto ano, onde resolvera abandonar todas as aulas “inúteis” (como ela diria), estava brigada com Melinda (Nohara só se intrometeu na vida amorosa de Melinda 2 vezes, e em uma delas elas brigaram feio) então, não querendo se encontrar muito com ela, havia preenchido todos os horários vagos que tinham juntas com qualquer matéria em que tivesse NOM’s suficientes. Aliás, um excelente critério para se escolher as matérias que vão decidir o seu futuro profissional...
Mas, voltando ao almoço... Alice e Nohara subiam o terreno, rumo ao castelo, conversando sobre o jeito estranho em que Lily estava. Alice era bastante maternal com as amigas... Já estava preocupada com Melinda, por causa de Sirius, e agora se preocupava também com Lily. Quando elas entraram no Salão Principal, e viram a amiga, quieta no canto mais afastado da mesa, dirigiram-se para lá.
— Oi Lil! — Disse Nohara sentando ao lado da amiga. — Eu e a Alice estávamos comentando... (“Ai Alice! Para de me chutar! Isso dói!”) ... Comentando o tanto que você está estranha... (“Pára!”) Você nem gritou na aula de poções quando o Tiago ficou te mandando aqueles bilhetinhos... Parece que ele voltou à velha tática... — Seja lá o que Alice pretendesse fazer para falar com Lily sobre a estranheza dela, certamente não incluía mencionar Tiago. Quando ouviu o comentário de Nohara, uma ruguinha saltou na têmpora da ruiva, que respondeu num tom formal de mais para se usar entre amigas:
— Não é nada. Vocês estão se preocupando desnecessariamente. — E levou o garfo à boca tranqüilamente, como se “não fosse nada” mesmo. Pela segunda vez naquele dia, calou-se e começou a se concentrar somente na comida, como se ela merecesse mais consideração do que as amigas. Faltava enfiar a cara no Rosbife, de tão inclinada que estava à prestar atenção nele.
— Oi minha Florzinha de Liz! — Tiago chegou e se sentou ao lado de Lily, sem pedir permissão, com o sorriso maroto de volta no rosto. — Nossa... Não sabia que você gostava tanto assim de Rosbife à ponto de querer ficar tão perto assim dele! — A vontade de Lily de fazer um escândalo aumentava à cada silaba que o maroto pronunciava. Mas ela não podia mais se comportar como uma criança... Até por que isso não vinha dando resultado desde o quarto ano. Respirou fundo e começou, pela primeira vez, á tentar usar as técnicas de autocontrole que Alice vinha tentando lhe ensinar desde o primeiro fora (e que fora...) que deu em Tiago. — Se você quisesse sair comigo... Eu poderia te mostrar um lado meu que você ainda não conhece. — Como um sorriso de canto de boca, passando a mão no cabelo, fazendo com que Lily apertasse o garfo com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos. Respirou fundo mais uma vez para não enfiar o garfo, como toda a força, na mão dele. Não demonstraria à ele a menor reação à suas palavras. — Além de charmoso e um ótimo jogador de quadribol... O Rosbife que eu faço é o melhor da Grã-Bretanha! Pelo menos é o que a sua sogra diz! — “Boçal!”
Ao contrario do que Tiago achou que aconteceria a seguir, Lily encarou-o nos olhos com o olhar mais cortante que conseguiu, levantou-se e saiu à passos firmes pelo Salão, sem dizer uma palavra se quer. Tiago acompanhou-a com os olhos, sem acreditar no que havia acontecido. Ela estava muito estranha...
— Essa garota me odeia... Não sei o que eu ainda faço correndo atrás dela... — Disse mais para si mesmo do que para as meninas, passando a mão no cabelo nervosamente, deixando-o mais desarrumado do que o normal.
— Você sempre diz isso Tiago... — Nohara chegava mais perto dele, dando batidinhas de solidariedade no ombro do amigo. — Você sabe que não vai desistir... E você já conhece a minha opinião quanto à parte da Lily “te odiar”...
— Talvez você esteja certa... — Tiago fingiu que estava mais animado, embora não tenha convencido Abelhinha, e começou a se servir, porque não estava com humor suficiente para agüentar as brincadeirinhas de Sirius por causa do seu zilhonézimo fracasso com “A Evans”. Melinda, Sirius e Pedro se juntaram á eles na mesa.
— Cadê o Aluado? — Perguntou Tiago, quando não viu o amigo chegar com os outros. Foi a vez de Nohara suspirar desanimada. Remus... Tinha horas em que parecia querer falar com ela, e horas em que desviava o caminho para não encará-la.
— O Aluado ‘tá muito estranho cara... — Disse Sirius já enchendo o prato de batatas assadas. — Nós nem terminamos o primeiro dia de aula e ele já correu para Biblioteca... Só ele mesmo... Disse para mim que vinha comer depois. — E lançou um olhar estranho para
Nohara. Sabia bem o que ele pretendia indo para a Biblioteca...
(...)
Todos se dirigiam para a aula de Runas Antigas, depois de um almoço sem Lily nem Remus. Nohara ficou para trás, pois foi parada pelo irmão, que queria pedir o seu violão emprestado. Ela caminhava pelos corredores do terceiro andar, rumo à sala de Scarllat, quando viu Remus cruzar um corredor de acesso. Correu até ele e barrou sua passagem. Queria saber porque ele estava tão estranho. Se ele queria falar alguma coisa para ela. E também agradecer por ele ter atacado o Crabbe por causa dela. Dessa vez ele não teria como fugir.
— Rem... — Começou ela, com ar decidido.
— Porque você fez aquilo? — Cortou-a antes que pudesse continuar.
— Aquilo o quê?
— Por que você aceitou aquela detenção se a culpa foi minha? — Encarou-a pela primeira vez.
— Você fez aquilo porque ele ia me atacar! Você acha o quê? Que eu ia deixar você se ferrar com a Mcgonagall por causa disso?
— Não precisava interferir. Sei lidar com as conseqüências dos meus atos. — Disse rude, tentando parecer aborrecido (outra tática para afastá-la dele). Fez menção de continuar o seu caminho para a aula, mas Nohara o impediu.
— E você não precisa falar assim comigo, Lupin! Fiz aquilo porque achei que te devia uma! Você me salvou! Foi um agradecimento!— Nohara estava quase aos berros. — Agora, se uma detenção for tão importante assim para você, você pode usar a mesma varinha que usou para estuporar o Crabbe para me azarar. Sinta-se a vontade. — Disse irônica e saiu, deixando-o para trás. Lupin a afetava bastante. Poderia até dizer que estava apaixonada, mas ainda assim continuava sendo Nohara, e não levaria um desaforo para casa. Em seu estado de espírito, se fosse Melinda, estaria se esvaindo em lágrimas. Mas como não era, a única coisa que Nohara queria era dormir e só acordar no final de semana.
“Conseguiu o que queria Remus Lupin?” Perguntou ele, para si mesmo, esfregando o rosto irritado, antes de também seguir para a aula.
(...)
Runas Antigas era uma matéria meio sacal. Nenhum deles, exceto Lily e Remus, teria a escolhido se tivesse tido a oportunidade de ter uma “aula experimental”. Melinda escolheu por que achou o nome bonitinho, Alice se interessou pelo assunto quando leu um livro sobre magia ancestral, Nohara, Tiago, Sirius e Pedro só se matricularam em Runas por que Scarllat, uma megera de mais ou menos uns 40 anos, metida à puritana, falsa moralista, esnobe e tendenciosa, só perdia a pose e a superioridade quando eles estavam por perto. Chegaram á conclusão de que seria muito divertido vê-la perder o controle na frente de sua turma. Só não desistiram da matéria, por que parecia ser isso mesmo que ela queria que fizessem.
Todos já estavam sentados em seus lugares quando a Profª Scarllat Hendrickson, diretora da casa de Corvinal, entrou na sala batendo os saltos finos dos sapatos de verniz, seguida de perto por Stacy, sua filha, que carregava a bolsa e os materiais da mãe. A garota tinha o queixo tão erguido que parecia que à qualquer momento sua cabeça se descolaria do pescoço e sairia rolando pela sala.
— Que saco! Essa garota não se manca não? — Disse Nohara irritada, enterrando a cabeça entre os braços cruzados sobre a mesa, em um gesto cansado, dirigindo-se à Melinda, que dividia a carteira com ela. Completou, então, com o rosto escondido, a voz abafada — Já não basta a mãe e o filho... Agente ainda tem que agüentar essa toupeira loira.
— Calem-se — Scarllat lançou um olhar cortante à Nohara. Ouvira o último comentário da garota, sobre sua filha. — Abram os livros na pagina 23. Vocês tem 30 minutos para traduzir as runas das fotos. Depois discutiremos a interpretação de cada um... — Encarou Nohara, com os olhos cerrados, por mais alguns segundos e sentou-se à sua escrivaninha, no que foi acompanhada pela filha.
Scarllat tinha dois filhos, ambos monitores da Corvinal. Stacy, do sexto ano e Stephen, do sétimo ano.
Rapidamente, todos pegaram seus livros e começaram a fazer os seus deveres, ou pelo menos fingir que os fazia. Nohara foliava o livro rápida e violentamente, sem prestar atenção real. Precisava descontar sua frustração consigo mesma e com Remus em algum lugar. Antes nas páginas de “Simbologia e Runas – O Poder de um passado” do que na cabeça loira de Stacy, que lançava olhares desdenhosos e superiores à Nohara e as amigas, por cima da O Semanário das Bruxas.
— Calma Nohara! Já chega! — Disse Melinda arrancando o livro das mãos da amiga, que estava quase esfrangalhando-o — Você tá muito estressada...
— Claro que eu não estou estressada! — Retrucou, puxando o livro de volta.
— Ah, não... Claro que não está... Você só não está mais estranha que o Remus. Olha lá, ele está dormindo na aula! Tinha que tirar uma foto! Eu achava mais fácil a Lily dormir do que ele... — Melinda falava divertida, até Nohara voltar a enterrar o rosto entre os braços. Mel as vezes era um pouquinho lenta para entender as coisas. — Ai! — Disse mordendo o lábio inferior e fazendo uma careta de dor. — Desculpa Nô... Se você quiser me contar o que houve...
— Ah... Não foi nada... É só que ele foi grosso comigo e eu com ele... Deixa para lá...
(...)
Faltavam 15 minutos para o fim do prazo de tempo dado pela Profª Hendrickson, para a entrega das traduções, e Lily e Alice estavam concentradas na leitura do livro de Runas, quando uma borboleta de papel azul voa sobre a cabeça das duas e pousa na mão de Alice.
— Deve ser do Tiago. — Sem dar atenção Alice passa o origame para a amiga com que compartilhava a carteira que ficava à frente da ocupada por Nohara e Melinda.
Também sem ligar para a borboleta, Lily amassa o papel e o joga na pilha de papeizinhos amassados que havia usado como rascunho. Cinco segundos depois, a borboletinha se reconstitui, voa sobre as cabeças das amigas e volta a pousar na frente de Alice, que a empurra para Lily, sem tirar os olhos do livro. Mais uma vez Lily amassa e dispensa o bilhete, que volta a repetir a cena, parando em cima do trabalho de Alice.
— Lê logo isso Lily! — Alice passa novamente o papelzinho para a ruiva que, irritada, desfaz a dobradura.
— Hey! — Lily começa divertida, intrigando Alice e alertando Melinda e Nohara. — Não é do Potter não... E nem é para mim! É para você mesma Alice! Lê aí! De quem é?
Corando levemente, Alice pega o bilhete que Lily estendia.
“Srta. Licie Brady,
Perdoe a minha impertinência,
Mas creio que não poderei suportar
Esperar até outubro (primeiro passeio a Hogsmead)
Para vê-la.
Conceda-me, humildemente, a sua ilustre
Companhia?
(Traduz-se: Quer estudar junto comigo, no domingo, à tarde? )
Frank”
Com um sorrisinho, Alice passa o bilhete para uma Lily curiosa e rabisca em um pedaço de pergaminho um “Tá legal”. Com um aceno de varinha, o pergaminho dobrado voa na direção da mesa de Longbottom. Nohara e Melinda, à essa altura, já estavam disputando quem leria o bilhete primeiro. Isso, é claro, depois de Nohara arrancar o papel das mãos de Lily.
Em um canto mais afastado da sala, quatro garotos inquietos seguravam um riso que pretendia virar uma gargalhada escandalosa. Quer dizer, não os quatro. Dois na verdade. Um, com a cabeça descansada sobre os braços, estava tão absorto em pensamentos platônicos e conformados, que parecia estar dormindo de tão afundado na carteira. O outro, olhando feio para os dois que riam, parecia ser o alvo das risadas.
— Ah! Vai se ferrar Pontas! — Disse Sirius, empurrando Tiago pela cabeça, que já estava chorando, devido ao esforço que fazia para conter o riso.
— Almofadinhas, meu caro... Você acha mesmo que depois de anos agüentando você me esculachar por conta da Lily, eu ia deixar de tirar uma com a sua cara quando o seu “charme” falhasse? Você acha que eu não vi você olhando estranho para a Melinda?
— Pontas... — Pedro, rindo, limpava os olhos com as costas das mãos gordinhas — É que correr atrás de um pelúcio à noite toda não foi o suficiente para “descarregar as energias” do Almofadinhas! Se você me entende... — Disse Pedro com um sorriso maroto (N/A: por mais que eu não goste de admitir... O Pedro foi um maroto... [ouviu Mª Helena?]). Foi a gota d’água. Quando Sirius lançou-lhes um olhar maligno (que o fez parecer assustadoramente com Bellatrix), Tiago e Pedro não agüentaram mais e caíram na gargalhada, sem o menor pudor, chamando não só a atenção de toda a platéia feminina do sétimo ano (exceto Lily, que revirou os olhos), como também a atenção de Scarllat, que estava organizando os livros de uma estante no fundo da sala.
— Olha... Mas que interessante... — Disse Scarllat caminhado lentamente até onde os marotos estavam. — Parece que os senhores já terminaram suas traduções... Quem sabe o Sr. Potter não possa lê-la e explicá-la para nós... Vamos. Comece! — Disse olhando com deboche para o pergaminho de Tiago onde haviam duas palavras escritas.
— Mas, professora! — Nohara, recebendo o olhar de Tiago pedindo ajuda, com um sorrisinho amarelo. — Ainda faltam 5 minutos para a entrega das traduções. E a Sra. não mencionou nada quanto à uma interpretação. Nós estamos no primeiro dia de aulas! Nunca trabalhamos com esse tipo de texto...
—Bom... Se a Srta. se acha competente para me dizer o que devo ou não exigir dos meus alunos... — Continuou caminhando até onde ela estava sentada, olhou-a questionadora e prosseguiu, andando como um general — Talvez você possa vir até aqui à frente e nos dar aulas. — disse a professora, encarando-a e se sentando à escrivaninha. Nohara apenas retribuiu o olhar, com a feição serena, mas desafiadora. — Bom, já que a Srta. Lane não se manifesta... Menos 50 pontos para a Grifinória, pela petulância e indisciplina dos Srs. — Risadinhas debochadas foram ouvidas, vindas de alguns alunos da Corvinal (Stephen e Stacy entre eles), os dois únicos alunos da Sonserina que estavam ali (Narcissa e Snape) e um da Lufa-lufa (um garoto de aparecia enjoada chamado... como é mesmo o nome...? Ah! Gideroy Lockhart).
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Sala Comunal da Grifinória
Hogwarts
20:13h, 02/09
Nohara estava acomodada em uma mesa, na sala comunal da Grifinória, perto da lareira. Tentava fazer o dever gigante de Runas (30 cm de pergaminho, para ela, Tiago, Pedro e Sirius, sobre a cultura Celta e seu modo de interpretar as Runas, para ver se eles entendiam como se fazia isso). Tinha, já no primeiro dia do 7º ano, toneladas de tarefas à serem entregues ainda naquela semana. Não que pretendesse fazer alguma... Digo, só a de Runas que, se não fizesse, lhe custaria o direito de jogar no primeiro jogo da temporada de Quadribol. Mas ela não estava conseguindo sair da terceira linha. Seu dia fora péssimo. Definitivamente. Fora um erro ter se levantado essa manhã. Não que tivesse tido opção de escolha (até porque se não tivesse acordado teria matado Lily).
“Magnífico! Um excelente começo de trimestre... Quase Morrer. Quase matar. Detenção. Levar um fora (não exatamente). Tarefa extra... Beleza de Dia...” Não... Ela não conseguiria fazer o dever. Se alguém pudesse ajudá-la ... Mas nem valia a pena procurar Lily. Tiago continuava enchendo o saco dela, e ela à tratá-lo com indiferença. Mas todos os gritos que ela estava poupando aos ouvidos de Tiago, estava descarregando nas amigas. Se Nohara fosse procurá-la no dormitório, provavelmente receberia uma maldição imperdoável de boas-vindas, tão irritadiça que a monitora estava. Havia cinco minutos, passara, bufando, pela sala, sem sequer responder ao “Boa Noite” de Nohara.
Desanimada, Nohara amassou o pergaminho e atirou na lareira. Levantou da mesa e se jogou, cansada, numa poltrona, fitando as chamas avermelhadas. Tiago, que voltava do jantar, caminhou até lá e também se atirou numa poltrona próximo à amiga, soltando um longo suspiro, pondo-se a observar a lareira.
— O que foi? — Perguntou Nohara, sem tirar os olhos da lareira.
— Ah... O de sempre... Mas ela não grita mais comigo... — respondeu, também encarando o fogo — Fica sem graça irritar ela... Mas e com você?
— Seu amiguinho... — disse ela, ainda sem encará-lo.
— Como assim? — Tiago virou-se para Nohara com uma sobrancelha arqueada.
— Já até comentei alguma coisa sobre isso com você... É Claro que você sabe que eu... Bem... Apaixonada é uma palavra um tanto forte... Mas eu confesso que o Lupin me faz sentir alguma coisa... — Tiago sorriu discreto, o que ela não percebeu. — Mas ele não gosta nem um tiquinho de mim... Ele me acha patética... Eu estou sendo patética...!
— Tudo bem que patética você é mesmo. — Disse ele divertido, arrancando o primeiro sorriso da menina, que lhe esbofeteou com uma almofada. — Brincadeirinha... Você sabe que eu te amo, neh? — Sorriu brincalhão, levantando as mãos em gesto de rendição antes de ser acertado pela almofada de novo. — Eu não sei se posso interferir... Afinal, vocês dois são meus amigos... E isso é estranho... Mas eu acho que você está tendo uma idéia muito errada disso tudo...
— Não... Eu fico me convencendo de que ele é um cara complicado... Que tem uma saúde frágil —“Saúde frágil... Sei...” Pensou Tiago — E que eu deveria entender e tal... Mas a verdade é que ele não está nem aí para mim e não suporta nem a minha companhia... Fica fugindo... Eu tô bancando a sentimental...Tô até parecendo a Mel... Cara... Eu acho que vou deixar ele para lá e...
— Olha, eu vou te dizer uma coisa que você me diz desde o início do ano passado: “Que desistir da Lily o que!!! Eu tenho certeza de que você ainda vai se surpreender com a Lily!” — Disse Tiago fazendo uma imitação muito malfeita da voz de Nohara. Os dois riram juntos. — É sério! Eu nunca vi você desistir de nada Abelhinha, e acho que seria uma péssima jogada você desistir dessa vez... O Remus gost... bom... — Passou a mão no cabelo — Eu já disse o que poderia te dizer... acho que já vou subir e dormir... Não foi um dia lá muito tranqüilo... e nem divertido... quer dizer, o Sirius nos rendeu boas risadas...Você sabe o que faz... Mas pensa no que eu disse. — Ele se levantou, deu um beijo no rosto da amiga e foi para o seu dormitório.
Alguns poucos minutos depois, Alice e Melinda entraram na sala comunal e foram se sentar com a amiga.
— Oi Nô — disseram em uníssono. Alice continuou — Terminou o trabalho?
— Nem comecei — Respondeu Nohara fazendo cara de tédio.
— Então ficou fazendo o que aqui esse tempo todo? — Perguntou Mel.
— O Pontas estava aqui... A gente estava conversando...
— Nô... Eu acho que não é muito seguro mexer com a Lily hoje não.
— Não, não era sobre a Lily não... Eu estava falando com ele... Acho que vou parar de investir no Remus... Eu nem me reconheço mais... Ele só sabe fugir...Ele não suporta nem que eu chegue perto... Mas o Tiago não acha que eu deva desistir... Diz que não é bem assim como eu acho...
— Sei lá... Ele é esquisito... Mas eu também acho que não é assim como você está falando. Eu já peguei ele te secando algumas vezes... Ele parece ter um certo “carinho” por você... Eu concordo com o Tiago. E acho que ele conhece o Remus melhor do que nós. — Ponderou Alice.
— Mas por que, então, ele foi tão rude comigo hoje!? Por que ele não quis me beijar? — Melinda olhou confusa para as amigas. Essa parte da história tinha sido contada no dormitório, na noite anterior, enquanto Melinda corria atrás de um pelúcio.
— Ontem, no expresso... — Disse Nohara desanimada. — Mas... Olhando por outro lado... Foi ele que quase me beijou... E não eu que quase beijei ele!
— Que confusão... — Foi Alice que comentou.
— Tive uma idéia! — Disse Melinda se ajeitando na poltrona, animada.
— Ih... Isso é o que ela sempre diz antes de quebrar a cara... — Disse Alice fingindo uma cara de desespero, para Nohara. Melinda fez uma careta de quem diz “engraçadinha...” para ela e prosseguiu:
— Não! Dessa vez é uma boa idéia!
— Não Alice... Isso é o que ela sempre diz antes de quebrar a cara. — Corrigiu Nohara, dirigindo-se à Alice, como se Mel nem estivesse ali.
— Hey, vocês duas! Eu tô tentando ajudar! Dá para parar de me encher e ouvir? — Levantou a sobrancelha, desafiadora. — Se ‘tá assim tão difícil de saber qual é a do Remus... Por que você não testa ele?
— Como assim? — Perguntaram Alice e Nohara, juntas, com ar de desconfiança.
— Ai Merlin... Depois eu é que sou lerda... Beija algum garoto na frente dele e vê qual a reação que ele tem, oras? — Disse ela como se fosse óbvio. Sirius desceu do dormitório e foi até onde elas estavam. Chegou um segundo depois de Melinda ter “exposto sua opinião”, ainda ouvindo o “oras” dela.
— Boa noite garotas! — Disse ele com aquele sorriso que fazia todas as garotas se derreterem. Então abraçou Melinda, com o encosto da poltrona os separando, lhe dando um beijo no pescoço. — Posso saber o que as srtas. estavam conversando? — Disse, guiando Melinda pela mão à se levantar, sentando no lugar dela e puxando-a para seu colo. Ela murmurou um “Seu folgado!” com as mãos na cintura, mas sorriu e começo a beijá-lo. Tinha sido assim grande parte daquele dia. Nos intervalos entre as aulas, os dois ficavam na maior agarração.
— Hey! Vocês dois! — Ralhou Nohara. — Será que não dava para vocês arrumarem um outro lugar para fazer isso não? Nós não somos obrigadas a assistir vocês se agarrando, não! — Rindo Melinda e Sirius se levantaram e foram para um canto mais afastado da sala. Alice acompanhou-os com o olhar, depois virou-se para Nohara:
— Nô... Eu tô preocupada com a Mel... Eu ia falar isso para a Lily... Mas ela está impossível hoje...
— Que é que foi? — Nohara pareceu preocupada.
— É o Sirius... Eu acho que ela está envolvida de mais com ele... Acho que ela está apaixonada por ele...
— Qual o problema Licie... A Mel vive se apaixonando... Ela já se apaixonou pelo Stephen... Até por aquele babaca sonserino!
— Não... Eu acho que ela está mesmo apaixonada pelo Sirius... A Mel ‘tá agindo muito estranho... Eu venho percebendo isso desde o ano passado. Ela está saindo com ele a mais de 24 horas e ainda não saiu gritando que está apaixonada! O problema é que a Mel é muito impulsiva... E, vamos combinar, o Almofadinhas não é o cara mais “competente” para levar um relacionamento a sério... Daqui à pouco ele se cansa dela e ela vai ficar chorando e enchendo as nossas paciências... Se ela já ficou assim com gente por conta do Stephen... Imagina se ela estiver realmente apaixonada por ele?
— Tah... Mas por que você não fala isso para ela?
— Ela não me ouve.
— De tanto você encher o saco dela...
— Que seja... Mais você fala com ela para mim?
— Tah bom... Deixa só eles se divertirem mais um pouquinho que eu vou lá encher o saco dela... — Alice riu do comentário da amiga.
— Então... Boa noite e boa sorte... Vou lá ver se eu converso com a Lil...
— Boa sorte para você! — Nohara arregalou os olhos. — Vai precisar mais do que eu...
(...)
Alguns minutos depois, que Nohara usou para chegar pelo menos na décima linha do trabalho de Runas, ela resolveu que já estava com sono e, se não falasse com Melinda ainda hoje, Alice ficaria torrando sua paciência daquele jeito calmo dela, que irritava mais do que os gritos da Lily e as crises chorosas da Melinda. Levantou-se e foi até onde a Mel e o Sirius estavam.
— Oi amores da minha vida! — Disse Nohara pulando em um sofá próximo à poltrona que os dois dividiam.
— Oi Nohara... — Disse Melinda olhando torto para amiga, que apenas sorriu divertida. Adorava cortar o barato dos amigos.
— Sirius, será que você poderia me devolver a minha amiga um pouquinho?
— Tudo bem Abelhinha... Eu já ‘tava subindo mesmo... — Disse ele fazendo biquinho e sacudindo os ombros, semelhante à uma criancinha que diz “Não doeu mesmo”, quando apanha. As meninas riram, junto com ele. Sirius deu um beijo de despedida em Mel, desejou boa noite as duas, e subiu.
— E aí Nohara... Que queres falar comigo de tão importante? — Disse Mel, que visivelmente, não gostara de ser interrompida.
— Simples... Você está apaixonada pelo Sirius. — Disse Nohara como se estivesse comentando que ia chover hoje.
— Q-quê? — Disse Melinda arregalando os olhos involuntariamente. — Aposto que isso é coisa da Alice... Deve ter achado que usar a Lily para isso não estava mais surtindo efeito.
— Na verdade... É porque a Lily ‘tá com a macaca mesmo... — Disse ela, rindo, na maior cara de pau. Para Nohara não existia um meio termo. E ela falava sem papas na língua e sem rodeios. — Então? Você assume?
— Que absurdo... Vocês estão viajando... Eu só quero curtir um pouco... — Disse ela evitando o olhar da amiga, encarando as unhas.
— Melinda... Como uma mentirosa, você é uma ótima freira... — Disse Nohara se esticando e dando umas palmadinhas de apoio no ombro da amiga. — Você pode enganar o enjoado do seu pai lá na Escócia... Mas para cima de mim não. Antes da Alice falar, eu não estava nem me tocando para isso... Mas agora pensando bem... É obvio! Você está caidinha como nunca esteve! Está bobamente apaixonada, na verdade.
— Aff...
— Para com isso... Já nos basta a Lily para fazer esse papel! Eu aposto o frasco de Felix Felicis que eu ganhei do Slug no ano passado que você vai dormir pensando nele... E pior! Aposto que já até se imaginou trocando fraldas dos filhos dele!
— AH... Você aposta, é? — Nô tocou num dos pontos fracos de Melinda. A ultra-competitividade dela (N/B:parece alguém q eu conheço. N/A:Acho q tmb conheço, neh Helen?). — Pois eu te provo que não.
— Duvido... Se você tivesse ele nas suas mãos você jamais dispensaria ele, como vive fazendo com os outros!
— Pois vai ser exatamente isso que eu vou fazer! Eu tenho meus métodos, e vou usar todos eles para fazer ele lamber o chão que eu piso e depois eu chuto ele!
— Há! Acho que eu vou me dar bem nessa... Se... Se não... Quando você perder essa aposta... Eu vou pegar para mim aquela blusa rosa que você, e eu, amamos...
— Mas... — Melinda não gostou da idéia de perder sua blusa favorita. Mas foi só por um segundo. De repente, ao ver um olhar triunfante se formar no rosto de Nohara, lembrou-se de que ia ganhar, então disse com convicção: — Tudo bem... Da blusa você não vai ver nem a cor, por que eu vou levar essa. — Levantou-se e estendeu a mão para selar a aposta. Nohara também se levantou, encarou-a com um sorriso (também não rejeitava uma boa competição) e disse apertando e balançando a mão da amiga:
— Se você está tão confiante... Tem dez dias para conquistar e dispensar Sirius Black. — Nohara alargou o sorriso, apreciando o efeito que aquele nome causava, ainda mais usado na mesma frase que: “conquistar” e “dispensar”.
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N/A: Gente... Quem estiver lendo a fic... Desculpe a demora...
Eu passei por um período de crise de inspiração e meu Pc deu problema...
Mas, enfim, está aqui.
Eu vou dar uma sumida agora nas férias, mas eu COM CERTEZA vou continuar com a fic, até por que a Maria Helena me mata se eu parar... Depois das férias eu vou atualizar de semana em semana!
Helen... Teve GRAAANDE participação nesse cap... Bjux miga!
Para os autores que leêm a fic e que eu acompanho... Não se desesperem! Eu vou ler tudo que estiver atrasado e vou deixar para cada um um coment bem grandão nas fics de vocês!
Bjitchus especiais para o Bobo Zip, para a Lara Evans, para a Tarí, para a Tata Potter, para a "Maria" Lolinha (q não comentou aqui mas eu sei que está lendo, graças ao jeitinho "discreto" da Helen), para a "Maria" Morgan (que também não comentou mas tem lido a fic impressa pela Maria Helena) e para todos os outros que comentaram, ou não, mas tiveram paciência comigo e estão lendo, neste momento, as divagações de uma doida.
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