Mostrando uma relação estável.
Cap. 8: Mostrando uma relação estável.
A biblioteca (sim, porque aquilo era grande demais para ser considerado apenas um escritório!) era maravilhosa! Havia tantos livros de pesquisa avançada, muitas coisas as quais Hermione jamais ouvira falar. Poderia passar um dia ali sem pestanejar, apenas absorvendo importantes informações, mas algo parecia não cooperar para a concentração da mulher.
Jogou o sexto livro na pequena pilha que já se formava em cima da secretária de madeira polida, mais uma vez sua concentração estava sendo deturpada pela imagem de um Harry decepcionado adentrando o quarto.
Hermione chegou d’A Toca e seguiu diretamente para seus aposentos; ela e Harry não vinham se falando desde o incidente mais cedo. Ruborizou ao imaginar que provavelmente havia sido ele quem trocara suas vestes na noite anterior.
Foi estranho sentir falta dos mimos de Harry em tão pouco tempo, mas a mulher imaginou que isso se devia apenas ao fato de estar carente devido o fim do namoro com Rony. Entrou no closet para se despir. Vestiu uma bermuda folgada e uma blusinha branca de algodão; calçando um par de chinelos simples.
Parou de frente a muralha de sapatos que havia ali. Em outra hora ela vasculharia aquele lugar até a morte, devido sua tara por calçados; mas agora apenas os olhava de maneira deslocada, como se não houvesse nada ali.
Seu pensamento estava perdido em como Harry era bonito e carinhoso. Chegando a conclusão de que não seria problema nenhum se apaixonar por alguém como ele. Mas o problema era que ela era ‘apenas, pura e simplesmente Hermione-CDF-Granger, a quem Harry recorria quando tinha problemas, e apaixonada por Ronald Weasley’! Harry havia até ajudado a que ela e Rony ficassem juntos!
Uma pontinha de tristeza trespassou o peito da mulher com um gostinho ácido que lhe chegava a boca ao chegar à conclusão de que, além de estar apaixonada por outra pessoa que não seu marido, esse provavelmente ainda deveria ser apaixonado por Gina.
Lembrou-se de como havia sido triste o fim do romance dos dois, pois Harry não queria que Voldemort machucasse Gina, e como deveria ter sido romântico quando a guerra acabou e eles puderam finalmente voltar um pros braços do outro.
Pensando bem, Hermione não lembrava de ter visto o casal se amassando em lugar algum pelo castelo; muito pelo contrário, se lembrava de Harry sozinho acompanhando ela e Rony a todo e qualquer lugar. A mulher soltou um risinho mínimo; o título de “vela”, com o qual ele mesmo havia se balizado começando a tomar sentido em sua cabeça.
“De um jeito ou de outro, Harry e Gina eram um casal apaixonado! Eram apenas discretos demais para ficar se agarrando frente a todo mundo”.
O barulho de trinco e passos ecoando pelo quarto a fizeram acordar de seus devaneios. Hermione teve tempo o suficiente para encarar os olhos de Harry e ver decepção neles, antes de se decidir em sair daquele cômodo.
A mulher seguiu pelas escadas em direção a mine-biblioteca. Seu coração pareceu descer uns vinte centímetros em direção ao estômago, se contraindo junto ao mesmo, lhe causando uma sensação nova e, definitivamente, ruim. Tudo isso ao constatar que sua teoria estava realmente correta: Harry com certeza tinha se arrependido de ter casado com ela. Estava decepcionado. “Aposto que ele queria está com aquelazinha!”, não se atreveu nem a pronunciar o nome de Gina em pensamento, tamanha sua raiva.
Triiiim
Hermione arregalou os olhos. Tinha se perdido em lembranças estúpidas com Harry novamente.
Triiiim
Olhou ao redor, buscando de onde vinha o irritante barulho que a havia tirado de suas divagações, e encontrou um compacto aparelho telefônico na mesa onde estava.
Triiiim
Estendeu a mão e pegou o aparelho. Parou alguns instantes na dúvida se deveria atendê-lo, depois o levando ao ouvido disse:
- Hermione falando!
- Filha?! Que voz estranha! Mas tudo bem.
- MÃE?! – arregalou tanto os olhos que pareceram sair ligeiramente de órbita.
- Sim, sim. É claro que sou eu! Por quem estava esperando, papai-noel? – e deu uma risadinha com a própria piada. Sua mãe não havia mudado em nada. – Bem, eu liguei para saber se você está livre para vir hoje aqui. Sabe aquela sua prima italiana? Marijoel? A que arrancava as cabeças de suas bonecas quando a gente ia lá...
- Sim, mamãe. É claro que eu sei que ela é! – respondeu meio emburrada. Nunca havia gostado nenhum pouco dessa prima em especial.
-... Bem, ela chegou hoje de manhã aqui! – continuou como se não tivesse sido interrompida - Pensei então: “Por que não convidar você e Harry para virem aqui?” Um jantar em família, entendeu? Apenas para lhe dar boas vindas.
- Hum... Então para isso eu tenho que falar com harry.
- Óbvio! Então está tudo marcado! Eu sabia que você aceitaria sem confusão! Mas me diga, como estão as coisas com vocês?
-Ah! Eh... Tudo bem, mãe... – Hermione estava meio sem graça. Era bom poder falar com sua mãe, mas estas circunstâncias eram um pouco diferentes.
Ela queria muito saber como os pais estavam, ter notícias deles, talvez isso até a ajudasse a entender o que estava acontecendo. Mas, mesmo sem saber o porquê, não se sentia nada confortável com essa história de reencontrar a prima.
Hermione ainda falou algum tempo com sua mãe, tentando apenas não demonstrar o que lhe estava ocorrendo. Depois olhou pela janela e viu que já escurecia.
- Mamãe, você quer que a gente chegue por ai a que horas mesmo?
- Ah, querida! Umas sete é o suficiente. A gente quer dá uma olhada em você. Espero que esses enjôos não estejam te acabando! – isso fez Hermione passar a mão automaticamente no ventre. Havia esquecido completamente que estava grávida! – Também espero que não tenha engordado muito desde a última vez que te vi.
- Mamãe! – retrucou indignada.
Do outro lado da linha uma risada amistosa ecoou.
- Estou apenas brincando, querida! Você sabe que tem um corpo maravilhoso! Aposto que Harry agradece todas as manhãs a Deus por ter conseguido se casar com uma mulher como você.
Hermione não pôde deixar de sorrir com a afirmação da outra mulher. Era muito reconfortante ouvir isso! As duas se despediram rapidamente e ela seguiu procurando Harry. Se quisessem chegar no horário marcado teriam de se apressar.
Passou pela sala novamente e não encontrou ninguém. Sentiu um calafrio ao se imaginar sozinha naquele lugar, sem o... “Rony, Hermione! Rony!”, repreendeu-se. Entrou na cozinha, depois de olhar o Hall de entrada também, e encontrou Yerly, o outro elfo da casa. Sentiu seu estômago reclamar, então pegou uma maçã e foi comendo enquanto subia as escadas.
Constatou que tanto seu quarto e quanto o banheiro se encontravam na mesma situação: vazios. Voltou ao quarto e se sentou na grande cama, que agora se encontrava semidesarrumada. “Harry esteve aqui!”, constatou sentindo uma leve brisa gelada lhe lamber a pele; olhando instintivamente para o local de onde ele vinha.
A porta da varando estava aberta, então Hermione seguiu para lá. Encontrou um lugar lindo e grandioso; perfeito. Havia lá delicados bancos de madeira com flores por todos os lados(“A varanda dos meus sonhos.”, não pôde evitar de pensar), e também a visão panorâmica de toda a parte leste do jardim. Há uns cinqüenta metros mais a frente existiam outras casas, também em estilo colonial.
Harry estava encostado contra o parapeito, observando o céu praticamente escuro, incrustado de diamantes brilhantes.
A visão dele ali, apenas com suas costas iluminadas pela luz do quarto e seus cabelos rebeldes perdidos na negritude da noite fizeram a mulher se arrepiar. Ele era lindo em demasia, tinha que admitir isso.
Hermione fechou os olhos e se permitiu uma risadinha silenciosa. Estava se acostumando tão rápido a idéia de ser esposa de Harry que já o estava achando bonito. “Bonito não! Lindo!”, uma vozinha retrucou no interior de sua mente. Abriu os olhos e seguiu em direção ao seu marido silenciosamente.
Encostou-se também no parapeito, ao lado de Harry, e se pôs a admirar as estrelas. Ele não se deu ao trabalho de cumprimentá-la, nem ao menos se deu o trabalho de olhá-la.
- Eu sei que você tem evitado falar comigo – Hermione sentiu novamente como se o ácido lhe corroesse as veias ao pronunciar isso -, mas...
- Como assim eu não quero falar com você? – a voz de Harry era incrédula, e a mulher não pôde deixar de se sentir meio abobalhada ou meio constrangida quando os grandes orbes verdes, carregados de curiosidade, a encararam.
Ela levantou as sobrancelhas de modo questionador, e Harry pareceu entender que nada sairia de sua boca, por isso continuou, reformulando a questão:
- Não fui eu que deixei de falar com você. Apenas pensei que não quisesse mais falar comigo depois do... incidente mais cedo. Fiquei chateado, claro. Pensei que não me queria por perto. Não me entenda mal! Eu não queria te forçar...
Hermione sentiu o alívio invadir seu corpo numa velocidade vertiginosa; comparada ao tempo que uma bala levaria para atravessar uma folha de papel. Isso teve uma reação indescritível em seu interior, fazendo todos os seus músculos relaxarem de uma vez só. Não menos do que de repente viu-se atirando nos braços de Harry, num abraço ao qual ela pagaria com a própria vida, sem pestanejar, para ter novamente.
Ao perceber onde seus atos a levaram soltou Harry, afinal ele era seu amigo. Que tipo de amiga seria ela que apenas com um abraço conseguia juntar um milhão de cenas comprometedoras que poderiam estar fazendo ao invés disso? Hermione se repreendeu. Não poderia se aproveitar de Harry desta maneira, mesmo eles se encontrando numa situação tão bizarra ainda eram amigos.
- Mamãe ligou convidando a gente para jantar lá essa noite. Parece que uma prima minha veio passar uma temporada na Inglaterra.
- Prima? Certo! Jantar em família, então. – resmungou – A que horas sua mãe quer que a gente apareça por lá?
- Sete!
Harry olhou seu relógio de pulso e constatou: - É melhor a gente se apressar!
Hermione agora vestia um belo vestido rosa de seda, onde seu busto alvo ficava a mostra devido a tomara-que-caia; ele era bem justo em sua cintura para moldá-la melhor, já que uma leve saliência poderia ser notada devido à gravidez está em seu estado inicial, com a parte inferior indo até seus joelhos de modo folgado, balançando de acordo com o vento. Em seus pés quase desnudos reluzia uma sandalhinha de salto alto branca cravejada de brilhantes.Seus cabelos lhe caiam em cascatas cacheadas sobre os ombros, presos de lado por uma delicada presilha de brilhantes.
Ela deu o último retoque em sua leve maquiagem e depois piscou para sua própria imagem refletida no espelho, em sinal de aprovação. Só então saiu do quarto em direção as escadas.
De repente sentiu a expectativa lhe encher as veias, fazendo o coração bater mais rápido. Lembrou-se do Baile do Tornei Tribruxo no quarto ano, onde havia se arrumado, tentando mostrar aos seus amigos que não era mais apenas uma garotinha estudiosa, e sim uma mulher já adulta. E se sentiu boba ao pensar em quão triste ficaria se Harry não lhe aprovasse as vestes.
Atingiu o topo das escadas. Harry a esperava lá embaixo, assim como ela o havia pedido. Inspirou, tomando coragem, apoiou a mão no corrimão, e desceu.
Ele estava encostado à parede, provavelmente cansado de esperar. Seus olhos fitando o teto como se houvesse algo de muito interessante lá, deixando aquele desejoso pescoço a mostra. “Desejoso?”, Hermione parou estática na metade dos degraus da escada, se perguntando se realmente havia pensado o que achava que havia.
Ele estava vestido de modo simples, apenas uma camisa branca de botões e mangas longas, com calça e sapatos negros. Mesmo assim estava perfeito!
Harry se deu conta da presença de Hermione, ela estava ao pé da escada. Olhou-a demoradamente enquanto Hermione segurava a respiração, a observou hipnotizado desde a unha do pé até o último fiu de cabelo. Expectativa era a palavra que traduzia exatamente aquele momento.
Hermione observou o movimento dos lábios do homem a sua frente, quando este os molhou com a própria língua, e relaxou soltando o ar de seus pulmões, inconsciente de que o havia prendido. Harry tinha aprovado seu figurino!
- São nessas horas que eu realmente me arrependo de ter casado com você! – disse pegando na mão dela. Ao olhar surpreso de Hermione ele sorriu – Você deveria prestar mais atenção em mim quando pego outros homens te olhando com luxúria!
- Há! Há! Há! – Hermione fingiu um riso de ironia, embora estivesse ardendo em uma alegria que ela não sabia de onde vinha – Até parece que alguém vai perder tempo secando Hermione-CDF-Granger, a traça de livros mais persistente que Hogwarts já viu.
Harry riu enquanto meneava a cabeça: - Você é impossível! Mas vamos logo embora antes que eu perca mais uma discussão contra vossa senhoria. – disse resignado.
- Tantas horas perdidas entre livros empoeirados só poderiam terminar por me deixar um gênio, não é mesmo Senhor Potter? – ela se gabou.
Harry postou um beijo carinhoso nos lábios de Hermione: - Sim, Senhora Potter. Tudo o que quiser! – Ela talvez nunca entendesse as palavras implícitas ali.
E juntos seguiram para o carro.
Continua...
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