O remédio dos deuses



Enquanto isso, em Hogwarts, todos esperavam ansiosos a chegada de Tonks. Ninguém conseguia se concentrar e a maior parte das atividades foi deixada de lado.
Harry não conseguiu comer, conversar nem mesmo ficar com Gina. O que ele precisava era de um pouco de solidão. Sem que os amigos percebessem, dirigiu-se à sala de Dumbledore. A gárgula, já acostumada a presença do rapaz, saiu do caminho e ele passou.
A sala continuava do mesmo jeito. A lareira, acesa por Dobby, conservava o calor do ambiente. Harry se sentou na cadeira do diretor e ajeitou uma almofada deixada por Hermione.
Por alguma razão, nenhum dos quadros se mexia. Não faziam barulho nenhum. Aos poucos, aquele calor aconchegante, junto com o silêncio, fizeram Harry adormecer.
Já fazia uns cinco minutos que ele tinha pegado no sono, e o quadro de Dumbledore falou:
_ Obrigado, meus amigos. O jovem aqui precisa de um bom descanso. A hora dele está quase chegando.
Harry dormia profundamente. Um sono pesado, reparador. Coisa que há muito tempo ele desconhecia. Mas o sono, que a princípio seria reparador foi um verdadeiro tormento.
O rapaz começou a se agitar na cadeira. Ele queria acordar, mas não conseguia. Debatia-se e murmurava coisas sem sentido.
Ele andava por um longo corredor, escuro e frio. Não sabia onde estava, mas sentia que precisava correr. Ia cada vez mais depressa, tão depressa que parecia voar. O corredor ficou mais largo e logo ele viu uma porta.
Esticou o braço, girou a maçaneta e parou assustado.
Ali estava ele, Harry James Potter, com um ano de idade, aconchegado nos braços de sua mãe. Ela parecia preocupada.
Ele ouviu um forte estrondo e a porta se abriu novamente. E um Voldemort bem mais humano entrou no quarto. Lílian segurava Harry com muita força.
Voldemort se adiantou e disse qualquer coisa. Harry não conseguia entender as palavras, mas dentro dele tudo fazia sentido. Lílian discutiu com Voldemort e ele tirou sua varinha.
_É agora – pensou Harry.
Mas Voldemort apontou a varinha pra si mesmo. Lílian se assustou e entrou na frente de Harry. A cena escureceu e só voltou a clarear quando Lílian saiu da frente mais uma vez e tentou argumentar com Voldemort.
O Lorde das trevas riu sarcasticamente. Olhou para ela com desdém, mas mudou sua expressão imediatamente.
Os olhos de Lílian fixavam um ponto atrás dele. Ele se virou e não entendeu para onde aquela jovem bruxa estava olhando. Só Harry sabia. Sua mãe olhava para ele ali parado, presenciando toda a cena.
Nesse momento, algo ainda mais estranho aconteceu. Harry se sentiu puxado, como se fosse aparatar. Passou através de Voldemort e foi “sugado” pelos olhos de sua mãe. Agora ele via toda a cena pela perspectiva de Lílian. Sentia o coração disparado, mas não conseguia identificar se era o seu ou de sua mãe.
Voldemort decidiu que já era hora de acabar com toda aquela história e se preparou para atacar a criança. Lílian, ao contrário do que muitos sempre pensaram, se colocou calmamente entre Harry e Voldemort. Os olhos de Lílian, então, brilharam além do normal e uma luz os envolveu.
Harry, através dos olhos de Lílian, viu Voldemort recuar. Ele deu uns passos para trás e virou o rosto. Suspirou, como se procurasse forças e empunhou novamente a varinha.
Um raio verde saiu de sua varinha e atingiu Lílian bem no peito. Harry foi jogado para fora do corpo de sua mãe. Ele percebeu que ela não gritou. Não foi arremessada longe. Apenas caiu de joelhos, com a cabeça voltada para seu assassino e os olhos ainda abertos.
A luz não sumira e Voldemort agora avançava para Harry. Mais uma vez ele apontou a varinha para si mesmo e depois murmurou alguma coisa e apontou para o bebê.
Desta vez não foi um jato de luz verde que saiu da varinha. Mas uma fumaça branca e espessa. O olhar de Tom Riddle parecia muito mais doentio. E assim que a “fumaça” atingiu o garoto, uma nova explosão aconteceu.
Outro brilho esverdeado se espalhou por todo o quarto e Voldemort deixou de existir.
O jovem bebê Potter continuava no berço. A explosão o fizera chorar e a cicatriz sangrava. Harry observava a criança machucada e sentia sua cicatriz doer e sangrar.
A vontade de chorar era grande. No entanto não havia ninguém para cuidar da criança ali no berço.
_ Eu sei que isso é só um sonho – disse a si mesmo enquanto se adiantava para a criança.
Mas ele nem chegou a pegar a criança no colo, pois ela havia parado de chorar e pegado no sono. Harry então se ajoelhou ao lado da mãe. Era estranho ver que ela continuava com os olhos abertos, e aquela luz continuava a dar um brilho estranho ao ambiente.
O rosto de Lílian estava tranqüilo. Não demonstrava medo, rancor ou qualquer sentimento ruim.
Harry ouviu barulhos vindo do corredor e quando se pôs de pé para ver quem entraria ali descobriu que estava novamente na sala de Dumbledore. Rostos assustados olhavam para ele, inclusive os quadros que momentos antes estavam silenciosos.
_ O que aconteceu? – perguntou Rony.
_ Você está bem? – quis saber Gina.
_ Estou bem sim. Mas, o que vocês fazem aqui e por tem tanta gente? – perguntou Harry percebendo a presença de Hermione, da diretora, de um elfo, dos Weasley e de Hagrid, além de Lupin e Ada.
_ Os quadros ficaram assustados, Harry – começou a explicar Lupin – e foram nos chamar para vir socorrer você.
_ Me socorrer? Mas eu não estava em perigo! – falou o rapaz.
_ Mas também não estava normal. Quando chegamos aqui você estava agachado, segurando alguma coisa e chorando. Quando Gina pôs as mãos em você, sua reação foi se colocar de pé e pronto para atacar, como se estivesse de varinha em punho. – respondeu-lhe a diretora Minerva.
O rapaz ficou ainda mais atordoado.
_ Foi só um sonho... um sonho bobo... – disse o jovem bruxo.
_ Tem certeza que foi um sonho bobo? Não tem nada de especial nele? – perguntou Lupin que conhecia bem o conteúdo das coisas que Harry costumava sonhar.
_ Tenho, dessa vez eu tenho certeza! – disse com a voz mais firme que conseguiu fazer.
O resto do dia foi tenso. O pior, para Harry, não era lembrar o sonho, mas sim a sensação de ver através dos olhos de sua mãe. De, por um breve instante, não sentir seu costumeiro ódio por Voldemort.
Quando lembrava disso, seu coração balançava entre a raiva, o ódio, o desejo de vingar a morte dos pais e uma piedade profunda daquele ser que há muito deixara de ser humano.
Tonks voltou ao castelo e informou que até ali tudo saíra como o planejado. Ela conseguiu descobrir como chegar até a fortaleza, mas disse que só um comensal conseguiria entrar, por causa da identificação da marca.
Agora, a única coisa que podiam fazer era esperar Lucius voltar com boas notícias.
Já era noite, quando Mione comentou:
_ Ele está demorando muito, vocês não acham?
_ Sei lá – respondeu Rony – não deve ser tão simples entrar na Fortaleza. Ainda mais ocultando tantas informações como Lucius está fazendo.
_Bom, eu não agüento mais ficar aqui sem fazer nada – reclamou Harry – Vou dar uma volta no acampamento dos anões e ver como andam as coisas.
_ Vou com você – disse Rony.
_ E vocês? Também vêm? – perguntou Harry a Gina, Mione e Luna.
_ Não, vamos até a ala hospitalar visitar Fleur. Coitada, cada dia está mais pálida. – respondeu Gina.
_ Eu vou aproveitar e contar ao Neville sobre os Ungrelbeers que meu pai vai trazer semana que vem – falou Luna.
Eles se entreolharam, deram de ombros e cada um foi fazer o que tinha falado.
Harry e Rony andavam de uma barraca a outra no acampamento dos anões, observando tudo com atenção. Em uma delas havia uma pilha de armaduras bem leves e resistentes. Em outra eram forjadas espadas e pontas para flechas e lanças.
Os anões estavam sempre animados. Trabalhavam cantando e bebendo vinho, e alguns tentavam ensinar seu idioma para os bruxos.
Os dois jovens bruxos se preparavam para voltar ao castelo quando Rony parou de repente.
_ Ron – chamou Harry – está tudo bem?
Mas Rony não respondeu. Apenas se ajoelhou no chão e começou a apertar as têmporas com as mãos. De seus olhos brotavam grossas lágrimas e ele soluçava.
Todos que estavam de fora do castelo foram ver o que estava acontecendo. Harry não sabia como agir. Tentou levantar o amigo para levá-lo a ala hospitalar, mas não conseguia. Nos últimos anos Rony cresceu tanto e ganhou músculos bem mais que Harry, de modo que ficava pesado demais para ser carregado pelo amigo.
_ Me ajudem aqui – gritou desesperado.
Três anões fortes correram na direção dos dois e revelaram o quanto eram fortes. Carregaram Rony para dentro e, guiado por Harry, chegaram a ala hospitalar.
_ Mas o que aconteceu desta vez? – perguntou Madame Pomfrey.
_ Não sei – respondeu Harry – ele não disse nada. Apenas ajoelhou e começou a chorar e gemer.
_ Vamos, coloquem o rapaz aqui nesta cama – disse a enfermeira apontando para uma cama ao lado de uma grande mesa cheia de frascos e vidros.
Mione, Gina, Luna e Neville já estavam lá quando eles chegaram e tentavam ajudar de alguma maneira.
Rony não conseguia falar nada, apenas bebeu a poção que Madame Pomfrey ofereceu e aos poucos a dor foi sumindo e ele se rendeu ao sono.
_ Eu acho que ele teve outra crise – falou Harry.
_ É bem provável – comentou Mione que não deixava de ficar preocupada, apesar de saber que era normal.
_ Mas ele não falou nada? – perguntou Neville.
_ Não... isso é o mais frustrante – respondeu Harry.
Eles continuaram ali conversando em voz baixa, na expectativa que Rony acordasse a qualquer momento.
Harry se jogou em uma cadeira e enfiou as mãos nos bolsos do casaco. Só então se lembrou do que carregava ali e tirou de dentro dele o cantil que Hagrid lhe dera.
_ O que é isso? – perguntou Mione.
_ Ah, lembra daquela história da cabra? Então, o Hagrid me deu isso. Disse que fortalece...
Ia continuar a explicar, mas Draco entrou na enfermaria naquele exato momento. Cumprimentou a todos com sua anormal cordialidade, em especial Mione, a quem ele continuava a chamar de “anjo da guarda” e foi falar com Madame Pomfrey.
_ Boa noite, minha senhora. Onde estão os remédios que devo tomar esta noite?
_ Ah querido, boa noite pra você também. Estão ali, naquela mesa ao lado do Weasley.
Draco foi até lá, pegou um frasco e deu uma golada. Colocou o frasco novamente na mesa e já estava se despedindo de todos quando começou a gritar.
_ Parem, por favor parem! Não foi culpa minha, vocês sabem disso. Crabbe, presta atenção, a gente é amigo esqueceu?
Harry correu para o garoto, os olhos dele estavam vidrados, como se estivesse em transe. Por mais que o sacudia, Malfoy continuava a berrar.
Madame Pomfrey tentou fazê-lo parar, mas ele continuava a se debater, gritar e chorar.
_ Não coloquem essa coisa em mim de novo, eu não agüento mais. Eu faço qualquer coisa, o que ele quiser. Mas parem com essa tortura. Eu estou com sede, com fome e sinto dores terríveis! Crabbe, me ajuda....
Malfoy desmaiou antes de terminar a frase. Todos ajudaram a colocá-lo em uma cama. Harry afrouxou a gola do pijama do rapaz enquanto Madame Pomfrey foi buscar sais para tentar reanimá-lo.
Passou o frasco próximo ao nariz do garoto que acordou imediatamente ainda agitado.
_ Parem, parem, Crabbe o que... – e parou de falar assim que abriu os olhos e deparou com Madame Pomfrey ali na sua frente.
Olhou ao redor e fixou os olhos em Hermione.
_ Granger? O que faz aqui? – perguntou um tanto irritado.
_ Você, você sabe quem eu sou? – perguntou a jovem bruxa.
_ Claro que sei. Agüento você há sete anos! Como não poderia saber quem é a senhora sabe tudo? – só então se deu conta de que estava novamente em Hogwarts.
Ninguém falou nada. Harry se aproximou e Draco se agitou novamente.
_ Potter, você também? Isso é um pesadelo?
_ Não, Draco! – respondeu Harry – Agora você vai ficar bem. Pesadelo foi o que passou naquele lugar.
Draco ia retrucar, mas reparou nas marcas que tinha nos braços.
_ Então, aquilo tudo... Aquilo tudo realmente aconteceu?
Todos acenaram que sim.
_ Uau! – falou num sussurro – E o Crabbe? O que aconteceu com ele?
Eles se entreolharam e foi Mione quem respondeu:
_ Não vimos Crabbe lá, Draco. Provavelmente foi levado para outro lugar.
Uma nuvem de ódio cobriu o olhar do rapaz e ele respondeu:
_ Não foi levado para lugar nenhum. Era ele quem me amarrava todos os dias e me fazia beber coisas horríveis. Crabbe virou um monstro. Foi transformado em uma espécie de dementador e não reconhecia mais ninguém.
Eles se lembraram do jovem dementador mestiço que haviam matado para salvar Draco.
_ Então, ele foi destruído, Draco – explicou Gina – quando fomos buscar você.
Um silêncio constrangedor tomou conta do lugar e só foi quebrado quando Madame Pomfrey perguntou, quase aos berros:
_ Muito bem, quem foi o engraçadinho que trocou os remédios do Malfoy?
Todos se viraram e perceberam que ela segurava o cantil de Harry.
_ Ninguém fez isso, é só que eu tirei do meu bolso esse cantil e não imaginei que se o colocasse ali alguém ia bebê-lo – foi se explicando Harry.
Madame Pomfrey ainda gastou uns 10 minutos falando o quão perigoso aquilo poderia ser e só então os deixou a sós de novo.
Harry guardou o cantil novamente e voltou para perto dos amigos. Hermione contava para Draco como o tinham tirado de dentro do laboratório e porque ele havia sido trazido para Hogwarts.
Ele ouvia tudo atento, apesar de ter recuperado o ar arrogante de antes.
_ E onde está meu pai agora? – quis saber ao fim da narrativa.
_ Está na Fortaleza. Para nos ajudar a resolver essa história de uma vez.
Ele deitou a cabeça no travesseiro e não falou mais nada. Os outros entenderam que ele queria descansar e começaram a sair.
Estavam na porta quando ele falou novamente:
_ Er... obrigado, por tudo! – e virou de lado procurando dormir.
A notícia de que Draco recobrara a sanidade espalhou rapidamente pelo castelo. Alguns professores vieram visitá-lo e logo ele estava sabendo quase tudo quanto era possível saber sobre os acontecimentos daquele ano.
O que todos queriam saber, mas ninguém conseguia explicar era como Draco melhorara tão repentinamente.
_ Eu tenho uma suspeita – ponderou Mione no dia seguinte, quando foram visitar Rony.
_ E qual é? – quis saber Gina.
_ Parece que ele bebeu aquele negócio que o Hagrid deu a Harry. E se aquilo tiver poderes curativos? – disse em voz baixa.
_ Faz um certo sentido. Mas a gente nunca vai descobrir isso, Mione. – resmungou Harry.
_ E por que não? – questionou ela.
_ Por que não ninguém em quem a gente possa testar – rebateu Harry.
_ Há sim – disse uma voz atrás deles.
Eles se viraram e deram com Neville parado na porta da ala hospitalar.
_ Eu ouvi a conversa de vocês e concordo com o que a Mione disse. – afirmou com convicção Longbottom – E se precisam de alguém para testar, eu me ofereço.
Todos ficaram atônitos. Ninguém sabia o que responder. Foi o próprio Neville que quebrou o silêncio.
_ Pelo que eu ouvi, o que tem aí nesse cantil é leite. E nunca ouvi falar que leite faz mal. A recuperação de Draco é animadora e talvez esta seja a chance que eu espero há anos. Por favor, me deixem tentar.
O pedido do rapaz foi tão singelo, que Harry não teve coragem de negar. Passou o cantil para as mãos dele e o acompanhou até a ala em que estavam os pais do garoto. Mione ficou com Rony, que ainda se recusava a falar.
Neville entrou no quarto dos pais, falou qualquer coisa com eles e pegou dois copos. Colocou uma dose generosa do leite em cada copo e ofereceu aos dois.
Eles beberam devagar, devolveram os copos ao garoto e voltaram ao seu estado de prostração.
_ É, parece que foi coincidência – suspirou o jovem.
Junto com Harry, ele deixou o quarto e foi em direção a Mione e Rony. Gina cuidava de Fleur e Luna devia estar entretida com alguma de suas idéias estranhas.
Um barulho forte invadiu o local. Parecia que muitas coisas estavam sendo quebradas e logo gritos de dor e desespero cortaram o ar. Por uns instantes todos se desesperaram e puxaram suas varinhas, mas logo identificaram que o som vinha do quarto dos pais de Neville.
Correram para lá e encontraram tudo revirado. O Sr° e a Srª Longbottom estavam caídos no chão, arfando, com o olhar no teto.
_ “Alice”? – chamou o Sr° Longbottom.
O coração de Neville disparou, aquele era seu pai falando, depois de tantos anos. Ele fezforça para não chorar e esperou um pouco mais, para ver se sua mãe respondia.
_ Sim querido, o que foi? – falou uma voz cansada de mulher.
_ Você está bem? – ele quis saber.
_ Estou um pouco cansada, e sinto algumas dores e você?
_ Estou bem. Não se preocupe, tudo vai ficar bem agora – respondeu tentando tranqüilizá-la.
Harry assistia tudo muito emocionado. Daria qualquer coisa para estar no lugar de Neville, que recuperara os pais e agora poderia ter uma família de verdade.
Invejava o amigo, mas ficava muito feliz por ele. Alguém ameaçou dizer alguma coisa, mas Harry se virou e fez um gesto pedindo silêncio.
Neville se adiantou e disse, com a voz embargada:
_ Mãe, pai? Sou eu, Neville.
O casal Longbottom se levantou do chão. Alice olhou para o rapaz e seus olhos finalmente voltaram a brilhar. Ela correu e abraçou o jovem, que agora chorava feito uma criança. O pai de Neville abraçou os dois e eles ficaram ali, por muito, muito tempo.

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