A Pergunta
Ela estava numa varanda branca de madeira de frente para uma praia tropical, olhando as ondas. Respirando fundo, ela puxou o roupão para mais perto de si, seu nariz enchendo-se com o fresco ar salgado. Ela podia sentir o sol nascente esquentando seu rosto. Uma suave brisa oceânica batia em seus cabelos, os fazendo flutuar atrás dela. O ritmo musical das ondas quebrando na praia completava esse momento perfeito, onde ela se sentia em paz com o mundo e com si mesma. Então era essa a sensação de se sentir perfeitamente contente. Ela sorriu, sentindo uma lágrima de felicidade se formar no canto de seu olho esquerdo.
- Hermione, querida? O que está fazendo aí fora, amor? - Harry chamou de dentro da casa de praia. Ele vinha em sua direção.
Ela continuou a olhar o mar. -Eu só estou tentando acreditar nisso tudo, torcendo que não seja um sonho - ela o respondeu, projetando um pouco sua voz pra que ele pudesse ouvi-la por cima do vento e das ondas. Nesse instante, ela se sentia a bruxa mais sortuda do mundo.
Ela ouviu a porta se abrir e se virou, e o viu parado lá, sorrindo, usando um roupão combinando com o dela. Seus cabelos negros estavam mais bagunçados que o de costume e seus óculos estavam um pouco tortos. Ele estava com uma garrafa de suco de laranja em uma mão e equilibrava dois copos pequenos sob o braço.
Ela avançou para ajudá-lo, mas ele conseguiu colocá-los numa mesinha próxima e foi ao encontro dela.
- Juro que não é um sonho - ele murmurou, colocando seus braços ao redor dela e tirando os cabelos dos olhos dela para que pudesse olhá-los bem. Ela encarou aqueles olhos verdes, aqueles olhos que ela conhecia e amava por quase toda sua vida. Ela às vezes achava que eles eram mágicos, porque o feitiço que colocaram nela foi irresistível.
Ele inclinou sua cabeça para frente enquanto ela respirou fundo, preparando-se pra o beijo. Os lábios dele eram macios e carinhosos; ela se perdeu no beijo instantaneamente. Ela envolveu seus braços ao redor dele mais forte e percebeu que ele havia desfeito o nó de seu roupão e estava movendo suas mãos sobre sua pele nua. Ela inclinou a cabeça para trás de prazer, quando ele beijou seu pescoço, suavemente no início e depois com mais intensidade. Os dois começaram a ofegar, gemendo com o prazer compartilhado.
- Bem, não seria uma lua de mel se não fizéssemos amor no mínimo sete vezes ao dia - ele falou, carregando-a nos braços e levando-a para dentro - É melhor começarmos logo, enquanto o dia ainda está novo.
- Por favor, me diga que não é um sonho, Harry. Por favor diga que estamos realmente casados e que vamos fazer amor - Ela murmurou suavemente em seu ouvido enquanto era carregada para o quarto.
Ele a deitou gentilmente sobre a cama, e rastejou sedutoramente sobre ela. Ele colocou seus lábios perto da orelha dela. - Estamos casados e realmente vamos fazer amor - ele sussurrou - Você pode sentir o quanto te amo? É tão real, tão palpável; não pode ser um sonho. Você não sabe, meu amor, que eu fui feito pra você e você foi feita pra mim? Antes do tempo ser o tempo nosso amor estava escrito nas estrelas.
Com lágrimas de alegria escorrendo de seus olhos, Hermione se rendeu ao delicioso prazer de estar com seu marido, seu amante, seu melhor amigo.
Dormindo na cama da ala hospitalar, os olhos fechados de Hermione brilharam e ela suspirou.
Depois do café, Harry foi até o corujal com uma pena e um pergaminho nas mãos. Desde o retorno de Voldermort no ano anterior, eles concordaram que Harry mandaria um coruja por semana para Sirius, informando o que acontecia em Hogwarts. Geralmente o bilhete era um resumo simples de brigas envolvendo filhos dos comensais da morte, como as aulas estavam difíceis com a preparação dos NOMs ou um relato de cada jogado da última partida que Harry jogou. Dessa vez Harry escreveu principalmente sobre sua preocupação com Hermione.
Caro Sirius,
Nenhuma notícia dos comensais da morte. Estranhamente não houve brigas recentemente. Parece que Draco está perdendo o jeito.
Estou preocupado ultimamente porque algo estranho aconteceu com Hermione. Ela está desmaiada na ala hospitalar e pela cara de Madame Pomfrey quando eu e Rony a levamos lá, parece bem sério. Você já ouviu falar de uma garota inconsciente e dormindo com um sorriso pacífico nos lábios? Quando madame Pomfrey passou a varinha pelo corpo dela, ficou branca, depois vermelha e depois azul claro. O que isso quer dizer? Rony e eu planejamos pesquisar sobre isso na biblioteca, talvez achemos algo.
Espero que esteja bem. Diga oi ao Professor Lupin por mim.
Harry.
Harry assinou a carta enquanto Edwiges pousava em seu ombro, piando. Ele amarrou o bilhete na sua perna esticada e alisou as penas de sua cabeça.
- Aqui vai a coruja semanal para Sirius - disse a ela. Ela voou de seu ombro, cortando o brilho da manhã de inverno. Harry olhou enquanto ela voava para o longe, mas a perdeu de vista no brilho do chão coberto e neve.
- Já devia saber que não acharíamos nada na maldita biblioteca - Rony falou em tom agitado enquanto ele e Harry entravam no salão comunal da Grifinória.
Harry não disse nada. Foi um longo dia. Depois de mandar o bilhete para Sirius, ele foi para as aulas com Rony, tentando não pensar muito em Hermione deitada sozinha numa cama da ala hospitalar. Depois do jantar, Rony e Harry foram para biblioteca para pesquisar sobre a doença dela, mas nada encontraram. Isso não foi surpresa para Harry porque eles não estavam pesquisando baseados em todos os fatos – ele ainda estava escondendo a verdade sobre o que aconteceu antes dela desmaiar. O stress de enganar Rony continuamente e de se preocupar com Hermione era exaustivo, e Harry estava feliz que finalmente era hora de dormir.
Quando eles chegaram no dormitório, Rony virou-se para Harry com uma expressão muito preocupada - Você acha que ela vai ficar bem? - ele perguntou, a voz um pouco abalada.
- Acho que sim - Harry lhe respondeu, tentando parecer convincente. - Se ela estivesse realmente em perigo, eles iam avisar aos pais dela, não é?
- É, acho que você está certo - Rony respondeu, suas sobrancelhas que estavam enrugadas de preocupação, relaxaram um pouco. Ele bocejou. - Estou exausto. Deve ser o cheiro da biblioteca – sempre me derruba!
Harry apenas fez que sim com a cabeça e bocejou, se espreguiçando e depois vestindo a pijama para dormir.
Quando ele abriu as cortinas da cama para deitar, ele encontrou Edwiges lá, com um bilhete para ele. Sem esperar corujas, ele deixou escapar uma exclamação quando a viu. Rony abriu as cortinas de sua cama, uma expressão de curiosidade em seu rosto.
- Uma coruja? O que acha que pode ser? - Rony perguntou.
- Não faço idéia - Harry respondeu, desamarrando a carta da perna de Edwiges. Ela imediatamente saiu voando do dormitório.
Harry desenrolou o pequeno pedaço de pergaminho e leu a mensagem extremamente pequena:
Você a beijou?
Sirius
Harry soltou um suspiro audível e rapidamente amassou o pergaminho. Ele olhou para Rony, sentindo suas bochechas esquentarem e seu coração bater mais rápido.
- Bem, o que foi? - Rony perguntou, impaciente.
Harry parou um momento para pensar em uma resposta segura. Ele estava muito chateado para pensar, mas não tinha tempo para se acalmar. Ele olhou para o vazio na direção de Rony.
- Vamos lá Harry. O que foi? Você está igual ao dia que seu nome saiu do cálice de fogo.
-Não é nada - mentiu Harry. -Sirius queria me desejar sorte no jogo contra Corvinal esse fim-de-semana.
- Não parece que foi nada - Rony falou desconfiado. -Tem certeza que é só isso?
- Tenho. Devo estar mais nervoso com a partida do que pensei. Estava tão distraído com o que aconteceu com Hermione que nem pensei em quadribol - Harry explicou, habilmente. Ele estava melhorando em mentir, ele pensou com raiva de si mesmo. Você vai longe, Harry.
- Bem, como você disse, ela provavelmente vai melhorar logo e vai estar lá para torcer por você como sempre.
- É. Espero que sim.
Rony fechou as cortinas e Harry foi para cama, fazendo o mesmo. Ele desamassou o papel e releu. Ele pegou a varinha embaixo do travesseiro (ele começou a guardá-la embaixo do travesseiro desde o retorno de Voldermort) e colocou fogo no bilhete. Ele o colocou na mesinha de cabeceira e ficou olhando-o queimar.
O bilhete de Sirius foi a gota d’água. Confirmou a suspeita que Harry sempre teve – que o beijo que deu em Hermione tinha algo a ver com o fato dela estar inconsciente neste momento.
Ele não conseguia pensar em nada agora além de ir vê-la. Além do fato dele desesperadamente querer estar com ela, ele queria testar uma teoria. Ele esperou um pouco, até que pudesse ouvir as respirações constantes que indicavam que seus colegas de quarto estavam dormindo. Ele saiu silenciosamente da cama, vestiu a capa de invisibilidade e saiu.
Ele podia sentir o cheiro do cabelo de Hermione e o cheiro apimentado, persistente do beijo deles, enquanto ele andava sob a capa. O corpo dele respondeu quando ele se lembrou da experiência inesquecível que tivera na sala de Astronomia Avançada. Ele respirou fundo. Tinha que tirar esses pensamentos de sua cabeça, pois precisava se concentrar em passar com sucesso pelos corredores até a ala hospitalar.
Ele chegou lá sem nenhum incidente. Foi até o lado da cama de Hermione e olhou para ela, seus olhos procurando algum sinal de consciência no rosto dela. Ele passou mais um tempo apenas olhando-a, dominado por seus pensamentos e emoções.
Ele queria tanto que ela estivesse acordada. Ela estava inconsciente a menos de vinte e quatro horas. Ele queria conversar com ela sobre o que acontecera entre eles na noite anterior. Ele queria lhe dizer que a amava mais que qualquer coisa no mundo todo. Ele queria lhe dizer que a amava mais que qualquer coisa no mundo todo. Ele queria lhe dizer que a amava mais que qualquer coisa no mundo todo.
A porta bateu, ecoando distante no corredor de fora da ala hospitalar, abruptamente, fazendo Harry voltar a realidade. Agora era a hora de testar sua teoria. Depois de uma pausa para se certificar que ninguém estava olhando, ele se curvou e beijou suavemente seus lábios. Uma fração de segundos antes que fizesse contato, ele foi empurrado por uma força invisível. Ele caiu de costas, a uns dois metros da cama, derrubando seus óculos.
Ele ficou completamente atordoado pelo golpe. Antes de se levantar, checou os danos. Além da dor de cabeça que conseguiu, parecia que os cotovelos eram as únicas coisas acidentadas. Ele estava grato que o golpe não o tivesse desacordado ou ele teria muito o quê explicar a Madame Pomfrey quando ela o achasse ali.
Harry sentou-se e tateou procurando seus óculos. Ele os achou e colocou, seu cérebro trabalhando a ritmo total, tentando descobrir o que aconteceu. Foi a imaginação dele? Tinha mais alguém na ala hospitalar que o empurrara? Ele deveria tentar beija-la de novo pra ver se mesma coisa aconteceria?
Ele se levantou e olhou a sua volta, mas não viu ninguém. Ele foi até Hermione e olhou de perto pra verificar se o beijo fizera diferença. Não havia mudanças em seu semblante e ela continuava a dormir, sem saber do que ocorria ao seu redor. Talvez ele devesse tentar de novo, só para confirmar.
Reunindo sua coragem, ele se inclinou para beijá-la, dessa vez na testa. Foi arremessado novamente, dessa vez com uma força mais intensa. Ele se levantou rápido, cambaleando em suas pernas machucadas, esfregando as costas. Isso era o bastante. Definitivamente havia alguma força mágica envolvida nisso e ele precisa investigar até o fim. Harry decidiu que iria até a biblioteca no dia seguinte para pesquisar ciente de todos os fatos, não apenas os fatos nos quais ele e Rony haviam se concentrado mais cedo.
Harry parou para olhar Hermione antes de sair. Ela suspirou, o que atraiu a atenção dele, e ele pôde ouvi-la murmurar algo que parecia “estrelas”. Com o que ela sonhava? Desesperado para beijá-la de novo, mas sem querer testar o poder da força invisível ao redor dela, ele se virou para deixar a ala hospitalar, a caminho da biblioteca.
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