O beijo
Capítulo três: O beijo
Eles estavam andando pelos corredores em direção à sala de Flitwick quando ouviram Pirraça.
- Oh, não!- Sussurrou Hermione nervosa, vendo-o sair de uma sala. -Espero que ele não esbarre na gente.
- Shhh- sussurrou Harry. Ele não queria dizer nada a Hermione, mas parecia que Pirraça iria bem ao encontro deles, se não saíssem do caminho. Ele tinha que agir rápido.
Sem pensar duas vezes, Harry agarrou Hermione pelo braço e rapidamente a puxou para parede do corredor. Ele pressionou suas costas contra a parede e a puxou contra ele. Ele deixou seu braço firme ao redor dela, para que ela não se movesse e a capa caísse. Ele a sentiu colocar a cabeça contra o ombro dele. Eles nem respiravam, esperando Pirraça passar.
Normalmente, eles iriam passar por Pirraça, Harry fazendo sua imitação do Barão Sangrento. Mas dessa vez, Pirraça estava ricocheteando contra as paredes. Eles não queriam arriscar perder pontos ou manchar o status de Hermione de monitora, sendo pegos fora da cama alta horas. Então eles esperaram. E esperaram. Ele não ia embora.
Enquanto isso, Harry se sentia muito nervoso por estar segurando Hermione daquele jeito. Ele já havia dado muitos abraços nela nesses quase cinco anos de amizade. Por que ele não notara antes que seu cabelo tinha um cheiro de canela? Ele definitivamente estava ficando excitado e estava com medo de ela estar perto o suficiente para notar. Seu coração batia tão forte que era capaz de Pirraça escutar. Harry abaixou o olhar e viu que os olhos de Hermione estavam cheios de ansiedade.
Então eles ouviram uma voz enfurecida gritar: -Pirraça!- Filch tinha chegado com Madame Nor-r -ra. Agora a festa estava completa. Quem disse que nada acontecia em Hogwarts às 2 da manhã?
- Eu tive uma idéia- Hermione sussurrou.
- Que bom que um de nós teve- Harry sussurrou de volta.
- Vamos para aquela sala ali. Talvez ninguém note se fecharmos a porta devagar. Depois podemos esperar mais seguros que todos se vão.
- Bom plano. Vamos logo- Harry murmurou rápido.
Hermione guiou o caminho, tateando o corredor que levava até a porta que estava próxima do lugar onde foram encurralados. Eles entraram na ponta dos pés e começaram a fechar a porta. Ela rangeu um pouco. Hermione puxou sua varinha, apontou para porta e murmurou, -Quietamora-. Foi o suficiente. Eles puderam fechar a porta sem fazer barulho algum. Harry olhou para ela, cheio de admiração – ela sempre conseguia impressioná-lo. Ela deu os ombros. Os dois suspiraram aliviados.
- Devemos ficar embaixo da capa, para o caso de um dos dois abrir a porta- Hermione sussurrou.
- É, você provavelmente está certa. Mas está ficando meio quente aqui embaixo, não acha?- Harry respondeu.
- É talvez um pouco. Provavelmente por que estamos estressados por quase sermos pegos. Meu coração ainda está batendo forte por causa do susto.
- Provavelmente é isso- disse Harry, tentando parecer que concordava com o que ela disse, apesar dele saber a verdadeira razão porque estava calor. -Vamos sentar ali- ele disse olhando a sala e achando um banco contra a parede. Eles foram até lá e se sentaram.
Pelo que Harry notou na sala, parecia ser dedicada ao estudo de astronomia avançada. O teto era encantado para mostrar as constelações mais claramente, para serem vistas a olho nu. Havia vários globos transparentes em pedestais ao redor da sala com o que parecia réplicas em miniatura do sistema solar girando dentro deles. Nenhum dos dois estivera ali antes, mas Harry tinha ouvido Jorge e Fred falarem sobre ela como sendo um ótimo lugar pra namorar, na torre de Astronomia que era muito difícil de achar.
- Harry?- Hermione sussurrou.
- Sim?
- Você sabe que sala é essa?
- Sei sim. É uma das salas de Astronomia, não é?- ele respondeu.
- É, é verdade. Mas também... bem... também é onde... hã...- Parecia que Hermione não conseguia encontrar as palavras certas, algo que raramente acontecia.
- Onde os casais namoram?- Harry terminou por ela.
- Sim. Exato.- Hermione disse, parecendo bem constrangida agora. Então ela fez uma cara de surpresa de brincadeira e falou- Harry James Potter, não me diga que já esteve aqui!
- Não! Jorge e Fred me contaram sobre ela.
- Ah.
- E você, Srta. Granger? Parece que você sabe bem o que o acontece aqui- Harry falou, sorrindo e dando uma cotovelada nas costelas de Hermione.
- Não sei, não. Eu também nunca estive aqui. Ai. Eu ouvi Pavarti e Lilá falando sobre ela no dormitório – e pare de me cotovelar, está começando a fazer cócegas e eu posso rir alto e entregar nosso esconderijo.
- Ah, vamos lá Hermione- Harry disse, sorrindo. A montanha russa de emoções que ele passou na noite estava fazendo-o sentir-se como bêbado e ele só queria se divertir. Ele só tinha que tomar cuidado para não se descontrolar. -Você não tem cócegas de verdade, ou tem?
Ela lançou um olhar de aviso- É melhor você não tentar nada, Harry. Vamos ser pegos!
- Tentar algo? O quê? Só estou tentando me divertir um pouco. Do jeito que você fala parece que eu estou tentando te beijar ou algo assim.
- É, queria eu- Hermione disse, sem pensar. Ela inspirou rapidamente, percebendo o que havia dito e cobriu sua boca com as mãos, chocada, olhando para ele. Ela tirou as mãos da boca- Quer dizer, eu queria, eu queria... eu queria que a gente saísse daqui- gaguejou ela- Nós vamos levar uma bronca se Filch...
Mas ela não conseguiu terminar. Harry tinha gentilmente pressionado seus lábios contra os dela, não conseguindo mais resistir a seus impulsos. Ele tinha perdido o controle e agora seus hormônios de adolescentes o guiavam.
O beijo começou bem gentil. Logo no início, Hermione ficou um pouco chocada com o gesto dele e se afastou um pouco. Depois, Harry pôde sentir o corpo dela vindo em direção ao seu, enquanto ela correspondia ao beijo. Ela passou seus braços sobre os ombros dele, unindo suas mãos atrás do pescoço dele. Ele teve a impressão de ouvi-la suspirar, mas não pôde ter certeza pois seus suspiros pareciam ressoar. Ele colocou seus braços ao redor da cintura dela. Seus narizes se bateram desajeitados algumas vezes, fazendo-os rir entre os beijos, que ficavam cada vez mais intenso.
Harry nunca beijara uma garota antes. Verdade que ele pensava muito sobre isso. E sonhava com isso freqüentemente, mas nenhum sonho poderia tê-lo preparado para essa experiência. Parecia que todo seu corpo estava em chamas. Ele percebeu que não estava respirando muito e começava a ficar tonto – e estava adorando cada momento disso. A sala girava num turbilhão de emoções que lhe davam uma quantia tremenda de prazer: o cheiro do cabelo dela, o gosto de sua boca quente e molhada, a sensação de seu corpo junto ao dela.
Eles começaram a perder o controle. Harry não sabia o que deu nele, mas tentou usar sua língua no beijo e o efeito foi instantâneo. Hermione suspirou alto. Eles pressionaram seus corpos juntos intensamente, se beijando assim várias vezes. Os dois estavam respirando ofegantes agora e estavam se beijando tão vorazmente que o queixo de Harry estava começando a doer. Ele notou que Hermione movera suas mãos de detrás de seu pescoço para suas costas. Ele podia sentir suas unhas entrando nele, e espera que fosse porque ela estivesse sentindo extremo prazer também.
Foi Hermione que finalmente puxou o freio. Ela se separou dele um pouco e respirou fundo. Ele tentou beijá-la de novo, mas ela tirou seus braços dele e sentou. Os lábios dela estavam inchados e seus olhos estavam úmidos, mas ela sorria.
- É melhor a gente parar, Harry- ela sussurrou, quando ele tentou beijá-la de novo e ela se retraiu. Ele a soltou.
- O quê? Por quê?- ele disse, numa voz que quase não parecia com a dele, que soava intensa e quase rouca.
- Somos muito novos para... você SABE!- ela disse, olhando para ele séria.
- Você sabe o QUÊ?
- Fazer isso. Isso leva a outras coisas para as quais ainda não estamos prontos.
- Eu não ia... a gente não ia...- ele disse, sem jeito. O sangue tinha saído de seu cérebro? Ele não conseguia falar ou pensar direito.
- Mas e se não tivéssemos parado agora?- Hermione perguntou ansiosa. -Poderíamos ter deixado as coisas irem muito longe. Eu estava começando a achar que não conseguiria parar.
- Hum hum- foi tudo que Harry conseguiu dizer. Ele tinha que se recompor. Ele precisava esfriar, pensar em algo pra distraí-lo das sensações que ainda sentia. Que tal quadribol? Cara, eles ganharam o último jogo contra lufa-lufa por pouco. Não. Não estava funcionando. Hora de pensar em Snape de novo.
Harry se endireitou e olhou para Hermione. Quando ele olhou para ela, percebeu que algo dentro dele que estava se agitando nas últimas semanas agora tinha sido completamente despertado. Ele agora tinha certeza de uma coisa: ele não queria mais nada além de estar com ela, tomar conta dela, fazê-la feliz. Ele foi atingido por uma onda de emoções tão fortes que ele teve que respirar fundo pra não engasgar. Ela era sua melhor amiga e agora era muito mais. Era assim o amor? Ele esperava desesperadamente que ela sentisse a mesma coisa.
- Eu estou com medo, Harry- Hermione sussurrou.
Harry colocou os braços ao redor dela. - De que está com medo? Filch? Ele logo vai embora. Só temos que esperar mais um pouco.
- Não, não é isso- ela disse, sua voz tremendo de emoção- Nós nos beijamos Harry. E não foi um beijo qualquer. Quer dizer, nós realmente nos entregamos ao beijo. Estou com medo por ter perdido o controle daquele jeito. Estou com medo do que isso quer dizer. Estou com medo de como as coisas podem mudar entre a gente. Estou com medo do tanto que sinto por você. Estou apenas... com medo.- Ela começou a chorar, afundando sua cabeça no ombro dele.
Harry a abraçou mais forte e disse- Hermione, eu estou muito feliz com o que aconteceu. Eu tenho pensado em você de um jeito diferente já faz um tempo. E sei o que quer dizer com estar com medo de tudo isso, e eu também tenho medo. Mas é uma coisa boa, não acha? Quer dizer, isso parece tão certo.
Ela tirou a cabeça do ombro dele, seu rosto molhado de lágrimas, seus olhos inchados e sussurrou- Eu acho que te amo, Harry- ela olhou para cima e seus olhos encontraram os dele.
- Céus, Hermione- ele se forçou a falar – sua garganta estava começando a se fechar. - Eu... eu acho que também te amo.- Ele se inclinou e deu um beijo doce e meigo nos seus lábios. Eles juntaram as testas e sorriram. Parecia que não precisavam mais de palavras. Eles descobriram a doce e delicada bênção que o primeiro amor entrega. Sentados no banco, ainda cobertos pela capa, ouvindo as suas respirações, estavam perdidos no momento.
CRASH!
Pirraça entrou. Filch o seguiu, gritando e acenando sua bengala no ar, Madame Nor-r-ra atrás dele. Harry que tinha se virado pela surpresa do distúrbio, voltou seu foco para Hermione. Ele ia tentar sair sorrateiro da sala com ela quando notou os olhos dela revirando. O corpo dela estava amolecendo.
Harry a segurou mais forte e se apoiou para que eles não caíssem do banco enquanto ele a segurava. Ela agora estava completamente desmaiada em seus braços! Ela não havia dado nenhum sinal, nenhuma indicação que não estava se sentindo bem. O que estava errado com ela? Ela ia ficar bem? Foi a surpresa da entrada de Pirraça que tinha feito ela desmaiar?
Harry tentou acordá-la, sem fazer barulho. Primeiro, ele tentou balançá-la e sussurrar em seu ouvido. Não funcionou. Com um pouco de dificuldade, devido ao fato dela estar quase em cima dele, ele pegou sua varinha. Ele apontou para ela e murmurou, “Enervate” Isso também não funcionou. Ele estava começando a ficar frenético. Ele estava preso embaixo da capa, segurando Hermione desmaiada e torcendo desesperado que ela estivesse bem. Ele precisava levá-la de volta para o salão comunal da Grifinória para poder observá-la melhor na luz.
Ele formulou um plano. Não era um muito bom, mas depois do que passou, seu cérebro ainda não estava funcionando na capacidade máxima. Ele ia esperar até que Pirraça e Filch fossem embora, torcendo que eles não o achassem sentado no banco. Depois, ele iria levitá-la até acima de sua cabeça coberta pela capa até que eles chegassem ao salão comunal. Se ele ouvisse alguém vindo, ele iria segurá-la e se esconder contra a parede do corredor. Ele queria estar com o mapa do maroto – tinha sido confiscado numa faxina que ocorreu depois dos eventos do Torneio tribruxo.
Ele sentou e esperou pelo que pareceu uma eternidade, depois começou a executar seu plano.
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