Surpresas de Aniversário
Harry respirou profundamente. Ele ainda estava meio zonzo, pois ainda não havia se adaptado muito bem com a aparatação. Antes mesmo de abrir o olho percebera que já havia deixado a casa dos tios. O cheiro de poluição e o barulho dos carros foram substituídos por cheiro de grama fresca e canto de pássaros. Harry abrira os olhos. Estava mais uma vez n’A Toca. Os jardins da Sra. Weasley continuavam tão verdes e bonitos como sempre, mas estavam diferentes. Estavam cheios de enfeites e flores brancas. Várias cadeiras espalhadas por todo o lugar:
- Mas o que é isso? – perguntou Harry, com sua testa franzida.
- Gui e Fleuma – disse Gina. – Vão casar aqui...
- Já falei para nunca mais a chamar assim! – repreendeu a Sra. Weasley. Gina fez uma imitação perfeita de sua mãe por trás de todos, menos Harry, Rony e Hermione, que puderam vê-la com as mãos na cintura e mexendo a boca para imitá-la. Os três abafaram os risos e continuaram a ouvir o que a Sra. Weasley estava falando – A Fleur decidiu se casar por aqui mesmo. Gui tentou convencê-la a irem para a França, mas ela recusou. Ela tem se mostrado uma ótima nora. Cuidou de Gui até os ferimentos de o seu rosto cicatrizarem e todo dia ela está me ajudando com os afazeres domésticos. Agora me convenci de que ela será uma ótima mulher para Gui!
- Quando será o casamento deles? – perguntou Harry
- Um dia antes das aulas de Hogwarts recomeçarem. Harry querido, estou tão feliz por você ter decidido voltar.
Harry deu um sorriso sem graça e continuou a caminhar para A Toca. Chegaram até a porta da casa.
- Ah não, está trancada! – A Sra. Weasley pegou sua varinha e fez um movimento com ela. A porta se abriu e todos puderam entrar. Harry nunca vira A Toca tão organizada. É claro que a Sra. Weasley, mesmo sozinha, nunca conseguiria deixar aquele lugar assim. A casa estava mais espaçosa do que nunca!
- Feitiço Expansivo – disse Rony, pegando um dos bolinhos que estavam em cima da mesa e dando uma mordida – O papai conseguiu a permissão no Ministério para o casamento do Gui e da Fleur. Mamãe está radiante. Pena que depois do casamento tudo volta ao normal.
Rony se jogou em uma das poltronas novas da Sra. Weasley e o mesmo fizeram Fred e Jorge.
- Sente-se, Harry querido. Você deve estar exausto e faminto. Quer um bolinho? – disse A Sra. Weasley, estendendo uma bandeja com quase dez bolinhos. Harry nunca conseguira dizer não as comidas maravilhosas da Sra. Weasley. Então pegou um bolinho e se jogou em uma poltrona também. Deu uma mordida no bolinho. Estava delicioso.
- Crianças, já está na hora de irem pra cama – disse o Sr. Weasley, olhando para o relógio de pulso.
- Arthur. Harry completou dezessete anos. Não é mais nenhuma criança. Ninguém aqui é. Deixe-os ficarem acordados o quanto quiserem por hoje. Tenho certeza que Harry está com saudades de todos, e acho que precisa colocar a conversa em dia. Não estou certa Harry?
Ele, que estava com a boca completamente cheia com o terceiro bolinho que comia, apenas concordou com a cabeça. Harry sentiu como se estivesse na sua própria casa. Não a casa de seus tios, mas sim a sua casa, a que ele sempre imaginou ter.
- Harry!
Harry reconheceu aquele sotaque. Ela Fleur. Pela primeira vez ele a ouvia pronunciar seu nome corretamente. Harry engoliu o bolinho de uma vez e se levantou para abraçá-la.
- Fleur... Que prazer te ver novamente – dizia Harry, com as bochechas levemente rosadas e as orelhas quentes, quando recebeu um beijo em cada bochecha. Fleur continuava tão linda como sempre foi. Seus cabelos estavam mais loiros do que nunca, sua pele estava lisa, seus olhos continuavam muito azuis.
- Estou aprrendendo a falarr seu idiôma com menos sotaquê – dizia Fleur, que realmente melhorara muito seu inglês. Mas seu sotaque francês, pensava Harry, era uma coisa da qual ela nunca iria se livrar – Minha irrmã Gabrriela está lá em cima. Desde o dia em que você a salvô daqueles serreianos ela nom fala em outrra coisa. É só Harry prra cá, Harry prra lá. Gabrriela! Harry Potterr chegar! – gritou Fleur olhando para as escadas. De cima delas uma esplêndida garota, tão bonita quanto Fleur, descia as escadas correndo para abraçar Harry. Ele não a via fazia três anos. Gabriella estava maravilhosa, ou assim pareceu para Harry. Ele sabia que parte da beleza delas era hipnótica, já que ambas eram descendentes de Veela. Gabriella abraçou Harry forte por muito tempo e depois falou:
- Harry, comment bon pour vous voir!
Harry franziu a testa. Não entendeu uma palavra do que Gabriella estava dizendo.
- Ela disse que está feliz em te verr – traduziu Fleur para Harry – Ella ainda nom aprrender inglês.
- Ah sim. Diga pra ela que ela está linda e que também estou muito feliz em vê-la – disse Harry, que continuava abraçado com Gabriella. Por cima dos ombros dela, Harry pôde ver a veia da têmpora de Gina subir igual a do seu Tio Válter. Harry largou Gabriella imediatamente, enquanto Fleur continuava traduzindo para francês o que ele havia dito.
- E então. Ninguém vem cumprimentar o Gui não? – disse Gui, que apareceu no andar de cima. Ele agora andava com uma bengala, pois um dos seus pés continuava muito machucado depois de todo o ocorrido, e mesmo depois de todo esse tempo transcorrido, fora uma das únicas partes do seu corpo que não se recuperara por completo. Fleur e a Sra. Weasley realmente fizeram um ótimo trabalho. As cicatrizes de Gui estavam absurdamente menores, mas mesmo assim transformaram seu rosto. Harry sempre lembrava de Olho-Tonto Moody quando olhava para o rosto de Gui. Ele correu, subiu as escadas e cumprimentou-o.
- Feliz aniversário Harry! – disse Gui, abraçando-o – Tome isso, um presentinho da família Weasley para você.
Gui estendeu um embrulho cor de laranja para Harry.
- Mas não...
- E não diga que não precisava! – disse Gui, antes que Harry pudesse falar.
Harry sorriu e abriu o pacote. Dentro dele havia uma caixinha, parecida com uma caixa de jóias, toda azul e revestida com um papel que mais parecia tecido. Harry abriu a caixinha. Dentro da caixinha, havia outra caixa igual a outra, só que esta era branca.
- Seu pai adorava o azul. Sua mãe o branco. Por que não colocarmos as duas caixas? – disse o Sr. Weasley, sorrindo.
Harry abriu a caixinha branca e dentro desta havia um pingente com um cordão dourado.
- Mas isso é ouro? Como vocês conseguiram dinheiro para comprar isso?
- Nós não compramos – disse a Sra. Weasley. – Seu padrinho nos deu pouco antes de morrer. Era da sua mãe. Ela deu isso à Sirius e pediu para ele lhe dar quando completasse dezessete anos. Sirius preferiu deixar com nós caso o pior acontecesse com ele. Nós agora estamos fazendo o que ele nos pediu.
Pela primeira vez, pensou Harry, falar em Sirius ou em seus pais não era doloroso. Harry estava mais feliz do que já estivera em toda a sua vida. Ele levantou o cordão com o pingente pendurado. Era todo feito de ouro, com uma pedra verde-esmeralda, da cor dos olhos de Harry, cravada no centro do pingente. Harry viu que o pingente podia ser aberto e assim o fez. Dentro, havia uma foto de Lílian, Thiago e Harry, ainda bebê, acenando para ele. Também havia um pequeno pedaço de papel (ele lembrou da Horcrux falsa) que Harry abriu e leu:
Harry,
Agora que você completou seus dezessete anos, quero que você seja a pessoa mais feliz desse mundo. Sei que nem eu nem seu pai estaremos aí quando estiver lendo isso, mas mesmo assim não se sinta triste nem culpado por nada. Que você tenha uma vida plena e feliz.
Lílian e Thiago
Harry leu o papelzinho três vezes antes de abrir um largo sorriso. Aquela carta. Era a carta que seus pais haviam escrito para ele. Aquilo o dava mais esperanças do que tivera a vida toda.
- O que é isso Harry? – perguntou Rony, subindo as escadas e olhando para as mãos do amigo.
- Uma carta... Dos meus pais.
Harry desceu as escadas correndo e mostrou para todos a carta que seus pais haviam lhe deixado.
- Meus pais não me esqueceram – dizia ele, correndo de um lado para o outro da casa correndo – Olha Gina, eles me deixaram uma carta! – Harry abraçou Gina e a beijou, ignorando os olhares do Sr. e Sra. Weasley.
- Eles estão... – perguntou a Sra. Weasley para Hermione. Ela apenas concordou com a cabeça. A Sra. Weasley sorriu – Não poderia encontrar ninguém melhor para ela.
Harry parou de beijar Gina. Todos estavam olhando para eles. Harry ficou vermelho. Foi quando que, para a surpresa dele, a Sra. Weasley deu um abraço apertado nele:
- Cuide bem da minha filha, está bem? Não vejo ninguém melhor no mundo para ela senão você – disse ela, radiante.
Harry sorriu mais uma vez.
-Vamos todos dormir. Amanhã teremos um dia cheio. – disse o Sr. Weasley.
- Eu tô morto! – disse Rony – Já vou dormir. Mãe, a Mione e o Harry vão ficar no meu quarto, não é?
- Sim. Harry, Hermione, vão para o quarto do Rony. Com esse Feitiço Expansivo conseguimos triplicar o tamanho do quarto dele! Acho que vocês três poderão se acomodar muito bem lá.
- Onde cabem três cabem quatro, não é mesmo mãe? – disse Gina – Vou dormir com eles também.
A Sra. Weasley ignorou os murmúrios de Rony e deixou Gina dormir junto com eles.
- Mas nada de namorar naquele quarto. Ouviram?
- Sim senhora – disseram Harry e Gina ao mesmo tempo. Harry não faria nada na casa dos Weasley.
Todos subiram para o quarto de Rony. Ele estava incrivelmente maior do que já estivera. Estava maior do que toda a sala de estar dos Dursley, pensou Harry. Hermione conjurou mais três camas para ela, Gina e Harry.
- Eu ainda não entendo como ela consegue fazer isso e eu não – disse Rony, deitando em uma das camas conjuradas por Hermione.
- Saia daí! Essa cama é do Harry! – disse Hermione, com um tom de voz parecido com o da Sra. Weasley.
- Mas essa é melhor que a minha!
Hermione fez uma cara de “saia daí agora ou senão...” que fez Rony pular imediatamente para a sua cama. Harry deitou na cama e se sentiu incrivelmente confortável. Não se lembrava de dormir em uma cama como aquela em nenhum outro momento da sua vida. Quando abriu os olhos para falar com Hermione e Rony, ou assim pareceu para Harry, já era de manhã. Os raios de luz penetravam o quarto de Rony. Ele estava lá sozinho. Todos já haviam descido para tomar café da manhã, pensou ele.
Harry levantou da cama e desceu as escadas correndo e gritando:
- Sra. Weasley? Sr. Weasley? Ron? Mione? – tentou chamar todos os que estavam na casa – Gina? Fred? Jorge? Tem alguém aí?
Ninguém lhe respondeu.
- Devem estar no jardim arrumando as coisas para o casamento – disse baixinho para si mesmo.
Harry abriu a porta d’A Toca e saiu para o jardim. O cheiro de grama recém-cortada entrava nas narinas de Harry com grande intensidade. Aquele cheiro era melhor do que qualquer perfume francês. Harry andou por entre as cadeiras e arbustos que enchiam o jardim, na esperança de encontrar alguém. Não teve sucesso. Harry começou a se desesperar. Aonde haviam ido todos? Ele correu para a horta da Sra. Weasley, mas ninguém estava lá. Harry foi para o mini campo de quadribol que os Weasley improvisaram para praticar, mas ninguém estava lá. Harry correu de volta para A Toca. Procurou pelo relógio que indicava onde os Weasley estavam. Todos estavam marcando “Perigo Mortal”. Harry se lembrou de que a Sra. Weasley disse que nesses tempos sombrios, todos sempre estavam em perigo mortal. Não sabia onde estavam. Harry começou a se desesperar. Foi quando ele viu pela janela. Lá estava ela. A caveira entrelaçada com a cobra que Harry jamais esquecera. A Marca Negra. O símbolo que Voldemort e seus Comensais deixavam depois de um assassinato. Mesmo com o céu muito azul e claro era possível enxergá-la nitidamente. Agora eles também estavam atacando de dia. Harry correu pelos cômodos d’A Toca para encontrar alguém. Estava três vezes mais difícil, já que o Feitiço Expansivo fez a casa ficar muito maior. Correu por todos os quartos, mas não encontrou ninguém. Harry entrou na cozinha e uma cena de pânico o corroeu. Lá estavam todos eles. Deitados com o rosto para cima, congelados, com cara de pânico, como Harry já vira Cedrico antes. Sr. e Sra. Weasley, Ron, Gina, Mione, Fred, Jorge e ele próprio estavam deitados no chão da cozinha d’A Toca. Harry pôde ver ele próprio, ao lado de Rony, com aquela expressão de pânico no rosto. Harry ajoelhou-se sobre seu próprio corpo e o sacudiu na tentativa de que acordasse. Aquilo não podia estar acontecendo. Ele olhou para o lado. Uma magnífica cobra estava posta ao lado de Mione, com seus olhos vermelhos observando tudo no mais completo silêncio. Foi quando Harry levantou-se novamente e viu um livro velho e coberto de sangue ao lado de Gina. A capa de couro estava furada:
- O diário de Riddle! – Harry ajoelhou-se sobre o corpo de Gina. Quando tentou pegar o diário, este sumiu. Quando Harry olhou novamente, ele estava lá de novo. Tentou pega-lo de novamente, numa tentativa frustrada.
Harry olhou para Fred. Do lado dele havia um grande anel com uma pedra quebrada no centro. Harry tentou pegá-lo, mas o objeto agiu do mesmo jeito que o diário. Foi então que Harry percebeu. Eram as Horcruxes! A cobra ao lado de Mione, o anel ao lado de Fred, o diário ao lado de Gina, o colar de Slyterin ao lado de Sra. Weasley, o troféu de Hufflepluf ao lado de Jorge. Harry contou. Só haviam cinco Horcruxes. Estava faltando uma. Não havia mais nada no chão. Só os corpos e os objetos. Foi quando ele voltou a realidade. Os corpos. Harry sentia mais raiva de Voldemort do que já sentira por toda a sua vida. Começou a chorar. As lágrimas caíam involuntariamente do seu rosto. Voldemort tirara todos que o amavam. Harry ajoelhou-se sobre o corpo de Rony e começou a sacudí-lo.
- Rony! Rony! Reage Rony! Você não pode morrer cara! Ainda não!
- Calma cara, você não vai se ver livre de mim assim tão fácil.
Harry abriu os olhos. Estava novamente no quarto de Rony, só que dessa vez o amigo estava lá, do seu lado, cutucando-o.
- Rony! Você tá vivo! Cadê todo mundo? Voldemort matou todos! Todos eles. Eu preciso me vingar!
Rony estremeceu ao ouvir aquele nome.
- Você por favor poderia parar de falar esse nome?
- Estão todos mortos. Eu os vi. Na cozinha. Foram amaldiçoados. ESTÃO TODOS MORTOS! – Harry começou a gritar
- Calma cara. Você só teve um pesadelo. Agora levanta. Mamãe fez um café da manhã especial para o aniversariante do dia. Por que ela nunca faz isso pra mim?
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!