Azar no Jogo, Sorte no Amor?
(The Best Day Of My Life, Jesse Mccartney)
“I get a rush when I'm with you
-- Eu me torno impulsivo quando estou com você --”
(Noise Ratchet)
Um mês se passou desde o encerramento da festa de Halloween, e tudo parecia estar correndo tranqüilamente. Sirius e Ashley voltaram a ser amigos, como sempre foram, Tiago e Lílian pareciam se aproximar cada vez mais, e Remo e Mel estavam a um passo de começarem a se envolver.
Novembro ia chegando ao fim, e à medida que os dias passavam, o clima fresco do outono ia se despedindo, dando lugar ao frio típico do indício de inverno.
Mas aquela manhã não seria como as que a antecederam, e muito menos pacata. Finalmente o campeonato de Quadribol dava início, e com uma estréia nada singela: o maior clássico de Hogwarts, Grifinória x Sonserina. O capitão da Grifinória, que faria sua primeira partida ocupando o cargo, não havia feito muitos treinos com o time, mas mostrava-se muito seguro de si, o que dava bastante confiança para seu time.
O tempo, porém, não parecia querer concordar muito com a importância do jogo; chovia demasiadamente forte nos arredores do castelo, com trovões e raios volta e meia assustando os mais distraídos. Mas, independente do que acontecesse, fazendo sol ou chuva, o jogo não seria adiado, e muito menos cancelado: essa era uma das regras mais claras do Quadribol.
Os marotos, por uma rara exceção, tinham acordado cedo. Ficaram cerca de uma hora sentados, cada um em sua cama, apenas conversando e fazendo especulações sobre o jogo que aconteceria em poucas horas. Depois de um certo tempo, porém, Sirius sugeriu que descessem, pois se tinha uma coisa boa naquela tensão antes de uma partida, era a atenção redobrada que os jogadores ganhavam, além daquela euforia que sempre se instalava pelo castelo.
Os quatro foram então descendo calmamente as escadas, ainda conversando animados. Assim que adentraram o salão comunal, Tiago e Sirius foram puxados para o meio do aglomerado de estudantes da Grifinória que faziam uma espécie de “corrente-pré-jogo”.
- Calma pessoal, tem Sirius para todo mundo! – comentou Sirius, em meio a gritos exaltados de meninas e a palavras de incentivo dos rapazes.
- Vou ali e já volto. – Tiago falou imediatamente para o amigo, olhando para um sofá onde um grupo de meninas conversava, enquanto se afastava da aglomeração de grifinórios.
Sirius olhou na mesma direção que o amigo, para ver com quem ele pretendia falar. Avistou sua amiga, Lílian, conversando com outras garotas, e revirou os olhos quase que inconscientemente.
- Tiago, você não vai falar com o pessoal? – perguntou Sirius, apontando todos que o envolviam com palpites para o jogo.
Mas seu amigo não pareceu ouvi-lo – ou fingiu não ouvir. Andou em direção ao sofá em que as meninas se encontravam, aproximando-se de uma delas por trás, sem que ela pudesse vê-lo.
- Bom dia, Lily! – ele cumprimentou, dando um beijo estalado na bochecha da garota.
Lílian sobressaltou-se e olhou para Tiago, que já sentava entre ela e Melissa.
- Bom dia, Tiago. – ela disse, sorrindo para o rapaz. – Ansioso para a partida?
- Ansioso para a vitória. – ele respondeu, com seu costumeiro jeito seguro de si.
- Sabe, Tiago, não quero ser chata, mas... – Ash, que estava sentada numa poltrona em frente a eles, começou. – Você sabe que não treinamos quase nada, não sabe?!
- O que sei é que tenho um grande trunfo no meu time: a melhor artilheira de Hogwarts! – Tiago disse, sorrindo. – Anda, vamos nos juntar ao resto do time antes que o Sirius tenha uma síncope. – falou, brincalhão, enquanto puxava a amiga do sofá e caminhava abraçado a ela até onde os outros se reuniam.
- O que deu nesse garoto hoje? – Lily perguntou, observando os dois se afastarem. – Tudo bem que ele nunca foi nenhum trasgo, mas não me lembro do Tiago carinhoso desse jeito.
- Tiago nunca foi nenhum trasgo?! Definitivamente, não era isso que você falava dele ano passado! Talvez ele só esteja tentando impressionar uma certa ruiva... – Mel falou, risonha, enquanto se levantava do sofá. – E, pelo visto, está conseguindo. Vem Lily, vamos tomar café que estou morta de fome! – completou, puxando a amiga pelo braço, enquanto Lílian revirava os olhos com seu comentário.
E, assim, as duas amigas foram para o Salão Principal, onde a expectativa para o primeiro jogo de Quadribol do ano não era nem um pouco menor que a que reinava no salão comunal da Grifinória; muito pelo contrário.
Lílian e Melissa ficaram um tempo aproveitando o delicioso café da manhã preparado pelos elfos domésticos de Hogwarts, até que o time da Sonserina adentrou, todo cheio de si, o Salão. Foi recebido com gritos eufóricos de sua respectiva casa – e só dela. Os alunos da Corvinal e da Lufa-Lufa praticamente não se manifestaram, já que a grande maioria, mesmo que sem demonstrar muito, torcia um pouco mais para a casa adversária. Mas a Grifinória por si só já compensou pelas outras; assim que os sonserinos se aproximaram mais um pouco, os grifinórios trataram de vaiar o máximo que puderam, e só resolveram parar quando seus próprios jogadores adentraram o Salão, e eles preocuparam-se mais em aplaudi-los e gritar frases de incentivo.
Após cerca de uma hora com praticamente todos os estudantes de Hogwarts concentrados no Salão Principal, o horário do jogo finalmente se aproximava, e todos começaram a se encaminhar para os portões do castelo, e dali para as arquibancadas que cercavam o campo de Quadribol.
O time da Grifinória não tardou a também se encaminhar para os jardins, pois Tiago queria fazer uma pequena concentração no vestiário um certo tempo antes, mas antes que os setes jogadores pudessem sair do castelo, foram abordados pelo time da Sonserina, que vinha logo atrás.
- Preparado para uma estréia com derrota, Potter? – o maroto ouviu a voz estridente de um deles soar arrogante às suas costas.
- Não – Tiago respondeu, virando-se para encarar o sonserino. –, porque não é isso que vai acontecer.
- Se você tem tanta certeza no que diz – Malfoy, que estava ao lado do sonserino que mexera com Tiago, se pronunciou. –, porque não fazemos uma pequena aposta?
- Porque temos mais o que fazer, barbie. – sentenciou Sirius, postando-se ao lado do amigo.
- Não se meta, Black. – Lúcio retrucou, exibindo um sorriso debochado de triunfo. – Ou a sua mamãe pode te mandar um berrador de novo. – completou, relembrando o fato que acontecera há duas semanas, quando Walburga, a mãe de Sirius, ficou sabendo por Narcisa que o filho andava saindo com uma sangue-ruim da Corvinal.
Sirius fechou imediatamente os punhos, esquecendo por completo o fato de poder usar sua varinha, e preparava-se para acertar o rosto de Malfoy, sem medir qualquer conseqüência que isso poderia acarretar para seu time. Ele detestava que mencionassem qualquer coisa relacionada a sua família, e o mais irritante é que o sonserino parecia saber exatamente que este era o ponto que mais o irritava.
Mas, antes que Sirius pudesse fazer qualquer coisa, assustou-se com alguém postando-se entre ele e Tiago, enquanto erguia sua varinha.
- Inflatus! – Ashley exclamou, fazendo um movimento com a varinha.
Não que sua atitude tivesse sido muito mais coerente ou racional do que a que Sirius estava prestes a tomar, mas definitivamente havia sido muito mais engraçada.
Com o feitiço que a morena lançou em Malfoy, ele começou a inflar de um modo assombroso, flutuando logo em seguida, enquanto todo do time grifinório gargalhava ao redor, e Ashley sorria triunfante para os sonserinos.
- Senhorita Carter! – todos ouviram o berro estridente da professora McGonagall soar ali por perto. – O que pensa que está fazendo?
A professora de Transfiguração, com os saltos inconfundíveis de seus sapatos ressonando pelo chão, aproximou-se exaltada dos dois times, enquanto murmurava um contra-feitiço para fazer Malfoy voltar ao normal.
- Uma semana de detenção, senhorita-encrenca! – sentenciou, puxando a garota pelo braço para longe dos outros.
- O quê?! – Ash exclamou, indignada. – Professora, foi só uma brincadeira, implicâncias de pré-jogo! – ela argumentou, tentando aliviar para o seu lado.
- Mocinha, só vou deixar você voltar lá agora porque a Grifinória tem um jogo para vencer, e a senhorita certamente faria falta. – falou McGonagall, com a expressão séria. – Mas que isso não se repita, porque na próxima vez minhas atitudes não serão tão brandas. – ela avisou, virando-se e começando a se afastar dali; quando percebeu que Ashley abrira a boca para reclamar, tratou logo de cortá-la. – Uma semana de detenção sim, senhorita, e se dê por satisfeita!
Ashley bufou, irritada, enquanto Tiago e Sirius aproximavam-se da amiga.
- Belo feitiço, “senhorita-encrenca”. – comentou Tiago, brincalhão.
Ash riu, enquanto os três se encaminhavam para fora do castelo, onde a maioria dos estudantes já se encontrava, aguardando o início da partida.
- Eu poderia ter me defendido sozinho. – Sirius disse, um tanto prepotente.
- E quem disse que a minha intenção foi te defender? – rebateu Ashley, sorrindo de um jeito debochado para o maroto.
Tiago riu da expressão de Sirius, que mostrava claramente o amigo procurando o que responder, e os três entraram, enfim, no vestiário da Grifinória.
- Mandou bem com o Malfoy, Ashley! – o goleiro do time comentou, observando-os se aproximar.
- Não foi nada – a garota respondeu, abraçando Sirius ironicamente pelas costas, enquanto piscava para o goleiro. –, só ajudei um amigo a se defender.
Sirius a encarou, incrédulo, enquanto a garota o soltava, exibindo um sorriso no canto de seus lábios.
- É feio mentir, Carter. – ele sussurrou em seu ouvido, brincalhão, enquanto o time se reunia ao redor de Tiago para a corrente momentos antes de o jogo começar.
- É feio se achar demais, Black. – respondeu Ash, piscando para o amigo.
- Muito bem, pessoal, quero a atenção de todos agora. – pediu Tiago, olhando um por um de seus jogadores. – O jogo está prestes a começar, e nós temos um time para vencer! Sei que não treinamos muito, e que essa chuva também não está ajudando, mas confio no potencial de cada um, e sei que nós podemos, se dermos o melhor de nós, vencer este jogo! Então, – ele disse, estendo o braço à sua frente. – vamos entrar naquele campo agora e acabar com a Sonserina!
Ao término das palavras incentivadoras de Tiago, todos uniram suas mãos as do capitão, e exclamaram palavras e frases entusiasmadas. Antes que qualquer um pudesse dizer mais alguma coisa, o time da Grifinória foi anunciado e, um a um, os sete jogares foram para o campo, sendo recebidos com muitos aplausos e vaias.
Os corações dos que estavam ali, prestes a iniciar a partida, disparavam de um jeito angustiante e maravilhoso ao mesmo tempo – um tipo de sensação que só quem vivencia de perto as emoções que o Quadribol lhes proporciona é capaz conhecer.
Depois de feitas as devidas apresentações, Madame Hooch, a professora de Quadribol, adiantou-se no campo e ordenou que os capitães, Potter e Teague, apertassem as mãos.
- Quando eu apitar! – Madame Hooch avisou, segurando seu apito com uma das mãos. – Três... dois... um....
Mal terminara de falar, e os quatorze jogadores subiram em direção ao céu praticamente negro. A chuva parecia ter esperado o início do jogo para despencar de vez, e a cada segundo que passava, o tempo piorava.
Tiago tentava enxergar o pequeno pomo dourado em meio às grossas gotas de água que caíam, o que só dificultava sua tarefa. Percorreu o campo inúmeras vezes, semicerrando os olhos na tentativa de avistar o pomo, mas tudo o que conseguia ver, e mesmo assim com muita dificuldade, era o apanhador sonserino sobrevoando perto dele.
Depois de muitos minutos voando sem achar nada, Tiago deixou-se distrair quando virou para ver como o jogo estava.
Ashley voava com a goles presa em seu braço, em direção ao gol adversário, quando os dois batedores sonserinos a espremeram com força, fazendo com que ela soltasse a goles e quase caísse de sua vassoura. Sirius reclamou com Madame Hooch logo em seguida, mas a professora parecia ignorá-lo.
Logo um artilheiro sonserino recuperou a goles para seu time, e o capitão, também artilheiro, posicionou-se ao lado dele, junto com um terceiro.
- Ataque Cabeça-de-Falcão! – Teague ordenou para os outros dois artilheiros.
Imediatamente, os três formaram um V no ar, e voaram juntos em direção às balizas. Com a extrema habilidade que apresentaram, nem Sirius e nem o outro batedor grifinório conseguiu acertá-los com os balaços, e os três artilheiros começaram a passar a goles entre si, confundindo o goleiro, até que um deles arremessou, sem dar a menor chance de defesa.
“E a Sonserina faz mais um gol, 70 a 10!” – Tiago ouviu o narrador corvinal exclamar. – “É pessoal, acho que a casa da cobra não parece estar para brincadeiras hoje! E o que aconteceu com a coragem do leão grifinório? Não vai reagir?!”
Tiago bufou, irritado, quando ouviu Sirius exclamar para ele se preocupar em capturar o pomo, não em assistir a partida. Antes que o maroto pudesse responder, porém, Sirius disparou habilmente com sua vassoura na direção de Ashley, rebatendo um balaço que com certeza a acertaria, no último segundo.
- Te devo essa! – a morena exclamou, passando a mão no rosto para tirar a água que continuava caindo sem piedade.
- Então pague fazendo gols! – berrou Sirius, voando para o outro lado do campo, a fim de tentar rebater outro balaço em cima do artilheiro sonserino que tinha a posse da goles, mas acabou errando por pouco.
Teague, o capitão do time adversário, berrou então a outra formação de ataque: Ardil Porskoff.
Os outros dois artilheiros imediatamente obedeceram, e quando Malfoy recebeu a goles de Teague, voou bem alto, enganando a marcação grifinória, que achava que o sonserino tinha feito esta manobra para se livrar da marcação e poder arremessar com mais facilidade às balizas. Mas quando os jogadores grifinórios foram marcá-lo, Malfoy fez um belo passe para Teague que, com apenas o goleiro à sua frente, marcou o gol.
Sonserina disparava no placar como há muito tempo não se via em Hogwarts, e o time da Grifinória parecia estar completamente perdido em campo. Os jogadores não demonstravam a menor sintonia, o menor preparo, e a cada gol sofrido, pareciam se desestruturar ainda mais.
Tiago assistia a derrota que seu time até então sofria, e se desesperava a cada instante. Começava a se arrepender por não ter levado os treinos à sério como deveria, mas agora já era tarde demais. Se perdesse, ainda mais daquela forma catastrófica, ele seria o maior culpado, e toda a revolta de sua casa cairia sobre ele. Precisava capturar o pomo imediatamente, era a única chance que ainda tinham de vencer.
Enquanto sobrevoava o campo, avistou o apanhador sonserino, Jewkes, ajeitar-se em sua vassoura e disparar em direção ao chão. Tiago percebeu, então, que ele tinha avistado o pomo, e mergulhou com a maior velocidade que foi capaz na direção do sonserino. Com sua habilidade na vassoura, conseguiu emparelhar com Jewkes quando estavam quase colidindo com o chão. Tiago estava com o coração acelerado, precisando mais do nunca capturar aquele pomo antes do apanhador adversário, e semicerrou os olhos para tentar avistar algum brilho dourado. Foi então que, percebendo o modo como Jewkes deslocou brutalmente sua vassoura, Tiago se deu conta de que aquilo havia sido uma armadilha, e que na verdade o apanhador sonserino não avistara pomo algum. Quase se chocando com o chão, o maroto teve que fazer uma manobra rápida e desajeitada, quase caindo de sua vassoura, enquanto Jewkes recomeçava sua busca pelo campo. Porém, antes que Tiago pudesse se quer se recompor, Jewkes já disparava novamente, desta vez para o alto, e logo depois sobrevoou mais baixo, trazendo o pomo de ouro fechado em suas mãos, e o sorriso vitorioso estampado em seu rosto encharcado pela chuva.
Todos os jogadores grifinórios se entreolharam, parecendo não acreditar no que estava acontecendo, enquanto a arquibancada explodia em gritos e aplausos. Malfoy passou eufórico por eles, vibrando em sua vassoura, e deu um esbarrão proposital em Sirius antes de colocar novamente os pés no chão.
O time da Grifinória, depois de um bom tempo em estado de choque no ar, finalmente desceu também, e desmontou de suas vassouras. Bem próximo a eles, estava a parte da arquibancada dominada pelos estudantes de sua casa, e tudo o que eles ouviam eram vaias e inúmeras reclamações. Tiago olhou novamente para o seu time, sentindo aquele insuportável sentimento de derrota no ar, e não conseguiu dizer uma palavra. Abriu a boca várias vezes, tentando achar uma explicação ou algo para dizer, mas não conseguiu pensar em nada.
- Me desculpem. – foi o que ele disse por fim, encarando o chão.
Mas aquelas foram as palavras mais sinceras que ele poderia ter dito; percebeu que errou, que deveria ter se dedicado mais, e atribui, mesmo que inconscientemente, toda a culpa da derrota a ele próprio. Estava se sentindo péssimo, como se tivesse desapontado o seu time, todos os alunos da Grifinória que contavam com uma estréia vitoriosa. Mas, agora, teria de se contentar com constantes zoações dos sonserinos a todo o instante – e o pior é que não poderia fazer absolutamente nada.
Ninguém o respondeu, todos apenas olhavam cabisbaixos para o chão, enquanto ouviam os gritos eufóricos do time adversário bem próximos, até que Ashley deu alguns passos na direção de Tiago, abraçando-o com força logo em seguida.
- Vamos voltar para o vestiário. – ela falou, para acabar com aquele clima pesado.
Todos atenderam o pedido da menina, e foram se encaminhando para a saída do campo.
- Talvez você fosse uma capitã melhor do que eu, Ash. – Tiago disse, com a cabeça recostada no ombro da amiga.
- Não, Tiago. – ela parou, encarando-o nos olhos. – Você é o nosso capitão, e não poderíamos ter outro melhor!
- Não é porque perdemos o primeiro jogo, que perdemos a Taça também. – Sirius se intrometeu, dando tapinhas nas costas do amigo. – Nós vamos dar a volta por cima, é só nos dedicarmos mais nas horas dos treinos; o nosso time tem potencial, e você sabe disso. Agora pare de agir como se estivéssemos em um velório! – finalizou, empurrando Tiago para dentro do vestiário e bagunçando os cabelos do amigo.
Tiago sorriu, por fim, e começou a guardar os acessórios de Quadribol.
Todos guardaram suas coisas no mais completo silêncio, provavelmente ainda remoendo a recém-derrota, e começaram a deixar o vestiário, rumo ao castelo.
Quando Tiago ia também passando pela porta, porém, percebeu que Sirius ainda continuava sentado em um dos bancos, e não parecia estar prestes a sair.
- Você não vem? – ele perguntou, olhando para o maroto.
- Vou, só um segundo. – o outro respondeu, tirando a blusa e arremessando-a no canto do banco, tentando livrar-se do calor que sentia, apesar do frio que fazia lá fora com a chegada do entardecer.
Sirius observou o amigo, o último do time, sair pela porta do vestiário, e largou-se no banco frio, lamentando-se. Detestava perder no Quadribol, principalmente para a Sonserina, ainda mais tendo que ouvir depois as indiretas do Malfoy.
O maroto ficou ali no escuro um pouco, repassando mentalmente o jogo, tentando encontrar os erros que cometeu, para melhorar na próxima partida.
Enquanto isso, Ashley caminhava amargurada pelo jardim, culpando-se por achar que não havia feito uma boa partida. Uma brisa fria passou pelo seu corpo, fazendo seus cabelos negros esvoaçarem e sua pele arrepiar-se.
- Droga, esqueci o meu casaco. – murmurou, xingando-se mentalmente e voltando ao vestiário para buscá-lo, caso contrário congelaria ali mesmo.
Sirius ouviu o barulho da porta abrindo levemente, e sentou para observar quem entrava. Seus olhos azul-acinzentados mergulhados no escuro logo pousaram em uma morena encolhendo-se do frio.
- Veio me fazer companhia, Ash? – ele perguntou, com seu típico jeito galanteador.
- O que você ainda está fazendo aqui? – a menina respondeu com outra pergunta, surpresa por encontrá-lo.
Sirius apenas deu de ombros, sorrindo. Ashley gesticulou com a mão em um movimento impaciente e começou a andar pelo vestiário, a procura de seu casaco.
- Esqueceu alguma coisa? – Sirius perguntou, levantando e se aproximando dela.
- Sim... o meu casaco. – disse a menina, percorrendo os olhos por cada canto, e depois pousando-os no peitoral descoberto de Sirius. – Você... não está com frio?
- Não. – ele respondeu, seu sorriso malicioso brilhando em seus lábios. – E você, está?
Ashley o encarou por alguns instantes, levando seu olhar do corpo de Sirius para seus olhos azuis inúmeras vezes, até que sacudiu a cabeça para tentar afastar os pensamentos que insistiam em invadir sua mente. Mas Sirius não parecia querer afastar nada, muito pelo contrário. Em uma atitude rápida e impensada, encostou a garota na parede oposta do vestiário, colando seus corpos.
Aquela mesma respiração acelerada que os possuiu na última vez que ficaram tão próximos se mostrou presente novamente, o ar ao redor dos dois parecia tenso e quente ao mesmo tempo. Ashley o encarou nos olhos, sustentando aquele olhar desafiador por uns instantes, observando depois os lábios extremamente convidativos do maroto muito próximos ao dela. Sem mais suportar aquela pouca distância que ainda existia, aproximou seu rosto ao de Sirius, a fim de concluir o que os dois estavam prestes a fazer, mas o garoto inclinou-se para atrás.
Ela o encarou novamente, incrédula. Quer dizer, ele a encurralava na parede daquele jeito, colando seus corpos, e agora dava para trás? Mas o sorriso malicioso que Sirius abriu logo em seguida, explicou tudo. Ele queria brincar.
- Com pressa, Ashley?! – ele perguntou, irônico.
- Nem um pouco. – a morena respondeu, empurrando-o até a parede oposta novamente, enquanto o corpo do maroto causava um baque surdo ao bater com força na parede gélida.
Ash passou seus braços pelo pescoço de Sirius, como que tomando o controle da situação, e começou a beijar seu rosto, traçando lentamente um caminho em direção aos seus lábios. Quando estava prestes a beijá-lo, porém, levou sua boca ao ouvido de Sirius.
- Você quer jogar? – ela sussurrou, fazendo-o sentir um arrepio diferente percorrer todo o seu corpo. – Então vamos jogar.
Os dois se encaram novamente, com Ashley agora exibindo o sorriso desafiador que Sirius havia mostrado momentos antes, e os dois começaram a procurar os lábios um do outro, aproximando e afastando no último segundo, enquanto inclinavam a cabeça de um lado para o outro. Ash, para completar, ainda deslizava sua mão pelo peitoral descoberto do maroto, arranhando-o levemente com suas unhas, e fazendo-o estremecer.
Depois de uns instantes naquele joguinho, Sirius não suportou mais a pequena proximidade que insistia em existir; já havia agüentado muito tempo para o normal dele, e realmente ficar àquela distância praticamente insignificante de uma garota tão bonita como Ashley era difícil – quase impossível, ele arriscaria dizer.
Então, para fazer o que passou pela mente dos dois desde o instante que se viram tão perto um do outro, Sirius colocou as duas mãos na cintura fina de Ash, e começou um beijo intenso e rápido, o qual a garota não fez objeção em corresponder. Era como se o chão do vestiário tivesse desaparecido, como se a derrota que tinham acabado de sofrer nem tivesse acontecido, como se eles tivessem se beijado muitas vezes antes, tamanha era a sintonia daquele beijo, daqueles movimentos combinados e ao mesmo tempo inesperados. Dois inconseqüentes unidos pelo calor e atração que emanavam daqueles corpos, era o que eles eram.
O tempo que ficaram ali, envolvidos naquele momento único e cheio de desejos, nenhum dos dois saberia dizer depois. Mas o fato é que, após alguns momentos que viriam a se tornar inesquecíveis, Ashley parou o beijo, afastando-se de Sirius. Não por achar errado – isso era a última coisa que passaria por sua cabeça naquele instante –, ter se arrependido ou algo do tipo, mas por não querer dar a Sirius o gostinho de achar que ele sempre controlaria a situação, e que ela sempre acabaria se rendendo aos seus encantos.
- Nunca comece um jogo, quando não for capaz de vencê-lo. – falou Ashley, sorrindo de um jeito provocante e desafiador ao mesmo tempo.
Virou de costas para Sirius, abrindo em seguida a porta do vestiário e sumindo pelos jardins que levariam ao castelo. O maroto ficou observando-a, quase não acreditando no que ela havia acabado de fazer.
Quando ele resolveu enfim sair do vestiário, Ashley já alcançava o castelo. Sacudiu a cabeça levemente, enquanto relembrava a loucura que havia acabado de acontecer, e o que ela tinha prometido a si mesma que jamais faria novamente. Quando adentrou o Salão Principal, porém, percebeu que não trazia o que havia voltado para buscar, seu casaco. Mas seguiu em frente, porque não voltaria para onde Sirius estava agora por nada no mundo.
N/A: Tá, dessa vez eu me desculpei dignamente com vocês, porque atualizei beeem rápido!
Não fiquem com raiva por eu ter feito a Grifinória perder, era preciso para o andamento da fic :x
O feitiço que a Ashley lançou não foi inventado por mim, ele realmente existe, assim como as táticas usadas pelo capitão da Sonserina no jogo. Aliás, espero que a narração do jogo de Quadribol não tenha ficado tão ruim, já que foi a minha primeira.
O vídeo (para quem não conseguiu ver por aqui: http://s89.photobucket.com/albums/k210/FeBlack/?action=view¤t=Era-Cap10.flv ) dessa vez foi bem curtinho, era só para retratar o momento do beijo deles mesmo (e poder ver o Tom Welling sem camisa, haha), mas mesmo assim espero que vocês tenham achado legal! ;)
Ah, cada capítulo da fic agora está com uma foto, e será assim daqui por diante!
Espero sinceramente que vocês comentem sobre este capítulo, porque é realmente muito chato vir toda querida postar e não fazer idéia da opinião de vocês sobre o que eu escrevi. Então sejam queridos comentando, que faço o possível para atualizar mais rápido, haha =D
Beeeijos!
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