INVASÃO NA RUA DOS ALFENEIROS



Harry estava sentado em sua cama observando, apático, o crepúsculo no horizonte. Seus olhos estavam vidrados procurando algum lugar inexistente lá fora. Ele queria que tudo voltasse ao normal. Não queria mais ser bruxo, não queria mais ser nada. Não desejava nem ter nascido. Era demais para ele, primeiro os pais, depois Cedrico, depois seu padrinho e por fim, para coroar sua existência profética, Dumbledore, de longe a pessoa a quem ele mais admirava e agradecia. Tudo isso aconteceu por um único fato: ele. Se não fosse por ele, todos estariam vivos ainda. Era como, não, era um karma. Harry continuava apático, catatônico, ainda procurava um lugar utópico no horizonte, seus olhos continuavam vidrados, desfalecidos. De repente, dois cristaizinhos, desfocadas águas tremeluzindo em um fundo escuro, rolaram pelo seu rosto magro e sofrido dando, finalmente, um sinal de vida no olhar do garoto. Desajeitado limpou as lagrimas e botou seus óculos.
Levantou, observou seu quarto, estava uma zona, desde que chegara de Hogwarts ficou a maioria dos dias sentado na cama ou bolando algum modo de descobrir onde estavam, e quais eram as outras horcruxes. Papeis de bala espalhados no chão, roupas por todo cômodo, cama desarrumada e com os lençóis sujos, a gaiola de Edwiges suja e fedendo, livros de feitiços e defesa contra as artes das trevas jogados pelo carpete de madeira, pergaminhos amassados com anotações inúteis com planos infantis se misturavam na baderna: esse era o estado do quarto do garoto. Ainda fitando cada canto do cômodo viu um pergaminho amassado no chão logo aos seus pés, pegou-o, e leu:

Horcruxes = Parte da alma de uma pessoa presa a terra
Voldemort = 7 Horcruxes:
-1° medalhão Slitherin (falso) – quem roubou? Quem é R.A.B?
-2° diário de Tom – Destruído
-3° Anel de Servolo – Destruído
-4º Taça Hufflepuff – Onde esta?
-5° Item Ravenclaw – O que é? Onde está?
-6° Nagini? – Será?
-7º Gaita? Dedal? – Não sei

Como destruí-las? Onde estão?

- To perdido – disse.
E realmente estava. O único que podia ajudá-lo e tinha capacidade para achar algo estava morto. Esse pensamento levava Harry pensar se o diretor tinha deixado alguma informação para ajudá-lo. Será? Se isso fosse verdade implicaria a volta dele a Hogwarts para poder ter acesso a essas informações.
- Droga! – reclamou – Não voltarei pra lá! De jeito nenhum.
Sentou novamente em sua cama. Pensou por um momento, até que teve uma luz: iria mandar uma carta para a Profª. McGonagall. Pegou um pergaminho limpo e não amassado, molhou a pena no tinteiro e escreveu:
Profª. McGonagall,

Como vai? Espero que tudo esteja nos conformes. Estou te mandando esta carta, pois gostaria de saber se o Prof. Dumbledore deixou alguma coisa para mim, alguma carta ou sei lá. Por favor, preciso que você me responda o mais breve professora, pois se há algo destinado a mim eu preciso que a senhora me mande, entenda, é de extrema importância.

Cordialmente, do seu aluno.

Harry Potter

Ao terminar de escrever foi até a gaiola da Edwiges, abriu-a, e tirou a coruja de dentro. Acariciou as macias penas brancas dela, enrolou a carta, deu pra ela e disse:
- Aqui, leve para Profª.McGonagall, você lembra dela não é? Preciso que você voe o mais rápido possível, ok?
A bela coruja piou em um gesto de aceitação, deu uma bicada carinhosa nos dedos do garoto e com um pulo saiu voando sendo engolida pela escuridão que já tinha tomado todo céu.
Agora ele estava sozinho, não tinha mais nada a fazer, se não esperar pela resposta da nova diretora. Começou, então, a andar em círculos pelo quarto, seu cérebro estava sobrecarregado de pensamentos cruciais e ao mesmo tempo tolos. Deu umas batidas violentas em sua testa para tentar esvaziar um pouco sua mente, em vão. Olhou para o relógio, eram oito horas. Cansado de pensar se jogou deitado em sua cama. Olhou para o teto e se lembrou.
- Amanhã é meu aniversário!
Ele tinha se esquecido completamente de seu aniversário. Isso significava pelo menos algo de bom: iria ir embora, para sempre, da casa que um dia ele foi obrigado a chamar de lar. Iria acordar cedo e arrumar suas coisas, e deixar o quarto bem desarrumado como um presente aos Dursleys. Finalmente estava, de certo modo, feliz. Virou de lado, fitou pela janela a Rua dos Alfeneiros, e percebeu que essa seria a ultima vez que veria essa rua tomada pela noite e iluminada pelas janelas das casas de famílias aparentemente normais. Dentro de sua mente sobrecarregada começou a pensar em uma lista de coisas que teria de fazer logo no dia seguinte, e repetia elas sussurrando.
- Arrumar minhas coisas, agradecer Sra. Figg. Ah! Terei de ficar nessa casa até amanha a noite para pegar o Noitibus Andante! Bem, não tem problema! Arrumar minhas coisas, agradecer Sra.Figg, infernar a vida dos Dursleys, esperar até ficar noite, pegar o Noitibus, ir para o Caldeirão Furado, alugar um quarto, começar uma nova vida – deu um longo e gostoso bocejo – mandar uma carta a Rony e uma a Hermione avisando a eles que mudei de casa! - deu outro bocejo e , quando se deu por conta, já estava dormindo.
CRACK!

Harry acordou assustado, ele conhecia esse barulho: esse era o som de uma aparatação. Alguém acabara de aparatar na Rua dos Alfeneiros. Levantou da cama com um pulo, foi até a janela, a rua estava um breu, na verdade, ele não conseguia vê-la, será que era um dementador? O garoto começou a entrar em desespero, mas ele não estava sentindo frio ou algum tipo de sensação estranha, então era improvável que fosse um dementador. Começou a se acalmar, afinal poderia ser apenas um simples apagão, provavelmente o transformador da rua deve ter estourado e isso que causou o barulho que ouvira. Olhou para o relógio, eram dez para meia noite, Harry estava com sono, mas alerta, apesar de estar mais calmo, algo ainda dizia que deveria ficar na defensiva. Pegou sua varinha e colocou-a debaixo do travesseiro e deitou novamente.
Virou de lado na tentativa de continuar seu sono, fechou os olhos, estava com sono, começou a sentir que iria adormecer de novo.

BAM!

Alguma porta acabara de ser arrombada.

- AAAAA! Manhêêêêêê! - a voz suína de seu primo Duda ecoou pela casa – Tem um ladrão em casa!!!

BAM!

Outra porta fora arrombada.

- Válteeeeeeeeeeeeeer!! – era a voz fina e irritante de sua tia Petúnia – Válter! Chame a policia!
- Por favor! Não nos machuque! Leve qualquer coisa! – era a voz de seu tio.
Harry ficou sentado na cama de frente para porta de seu quarto totalmente paralisado de pânico. Tinha certeza de que não era um ladrão alguém estava lá a sua procura e esse alguém, com certeza, não era da Ordem. Harry empunhou sua varinha, ouviu passos pesados e agressivos virem em direção do seu quarto. Estava quase quebrando sua varinha tamanha a força que a segurava. Quando de repente:

BAM!

A porta de seu quarto cedera, um homem alto, de sobretudo, cheirando fortemente cigarro estava empunhando uma varinha, mas não estava apontando para ele. Era sua chance, apontou a varinha para o homem na tentativa de lançar um feitiço estuporante, porém tudo em vão, com um simples movimento da varinha o estranho desarmou-o e fez com que a varinha de Harry fosse voando de encontro a suas mãos.
- Que maneira mais indelicada de receber visitas, Harry – falou suavemente o homem.












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