Tom Riddle



Olá, meu nome é Clear Manchester. Eu sou de uma família tradicional de puros-sangues, e todos os meus ancestrais pertenceram à Sonserina. Minha família sempre teve a mesma opinião de Slytherin, a de que deveríamos expulsar todos os nascidos trouxas do mundo mágico. A maior parte da minha família vem casando entre si nos últimos tempos, para manter a linhagem dos Manchester. Acho isso um exagero.
Meus pais vivem falando que quando eu me casasse teria de ser com um Sonserino, de preferência muito rico, ou, ainda melhor, um herdeiro de Slytherin. E como os casamentos na minha família são arranjados, eu provavelmente não faria idéia de quantos anos tinha, onde morava, ou como era... até o dia do casamento.
Eu estava andando pela estação de King’s Cross, com meus pais ao meu lado, reclamando de como o lugar era cheio de trouxas e mestiços, e isso me irritava, e muito. Não atravessaram a barreira comigo, então me abraçaram em frente às plataformas nove e dez e saíram de lá o mais rápido possível. Eu realmente não me importei, queria mesmo que fossem embora. Eles têm o dom de me fazer sentir deslocada, como se pertencesse à outra família...
Atravessei a barreira e dei de cara com minhas queridas colegas de infância. Digo isso por que, se nossas famílias não fossem amigas, eu com certeza nunca teria falado com elas. Tudo o que elas faziam era fofocar dia e noite, e o assunto se tornava particularmente melhor, se fosse para falar mal de alguém. Elas eram cruéis.
Elas eram gêmeas, mas não eram muito parecidas fisicamente. Brenda era loira e tinha olhos azuis, e era a mais encrenqueira. A irmã, Cíntia, tinha os cabelos castanhos e olhos verdes. Era quinze segundos mais velha, mas, incrivelmente, sempre fazia tudo o que Brenda mandava, não importava a encrenca em que iria se meter.
- Está cedo, achamos que teríamos que esperar mais por você – disse Brenda, desdenhosa. Ah, sim, quando não se tratava de falar da vida alheia, ela era extremamente grossa.
-Deixei vocês esperando muito? – perguntei sem me importar com a resposta.
-Não. Acabamos de chegar – respondeu Cíntia olhando para o trem – É melhor irmos, senão teremos que dividir a cabine com mais alguém.
Sem responder, entrei no trem atrás delas e nos sentamos na última cabine. Uma garota ruiva do primeiro ano entrou e perguntou se poderia sentar, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa Brenda já a expulsara de lá. Quando o trem finalmente partiu, elas estavam totalmente absortas em uma conversa cujo tema principal era as roupas da tal ruiva. Aquela ia ser uma longa viagem...
Desembarcamos em um povoado chamado Hogsmeade, e uma mulher bonita que se apresentou como professora Merrythought nos levou de barco até o castelo. Apenas quatro em cada barco. Eu e as gêmeas vimos um garoto que estava saindo sozinho em um barco.
- Ei, você! – chamei – Quatro em cada barco, não ouviu?
- Ouvi – respondeu indiferente, sem sequer me encarar – E daí?
- Bem, pelo que posso ver você é um e não quatro – disse sarcástica.
Ele levantou os olhos. Era muito bonito. Os cabelos negros caíam por seu rosto, e ele tinha uma expressão de desafio nos olhos quando me encarou. Por fim disse:
- Gosto de andar sozinho.
- Bem, terá que ficar sozinho conosco – disse já entrando no barco e me sentando – Por que este é o último barco.
Ele me olhou parecendo estar entre a irritação e a surpresa, mas não disse nada. Fizemos o trajeto em silêncio até chegarmos a um pequeno cais, onde desembarcamos e seguimos por uma escada até grandes portas, na entrada do castelo. Um homem alto e magro, de cabelos e barbas acaju, e olhos azuis faiscantes por trás de óculos de meia lua, olhou para nós e sorriu.
- Eu vou entrar, Alvo – disse a professora Merrythought – Eles ficam por sua conta agora.
- Bem-vindos alunos. Eu sou Alvo Dumbledore. Ao passar por essa porta vocês irão ser selecionados para uma das quatro casas, Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal ou Sonserina – ele disse com a voz calma – Enquanto estiverem em Hogwarts, os seus acertos irão render pontos, e os erros os farão perder. A casa que tiver mais pontos no final do ano irá receber a Taça das Casas. - ele olhou para trás então se virou para nós novamente – Por favor, sigam-me.
Entramos no Salão Principal. Era o lugar mais incrível que eu já tinha visto! O teto era enfeitiçado para parecer o céu lá fora, e eu olhava tudo com atenção. Pelo menos olhei até Cíntia me cutucar e apontar para o garoto com quem havíamos dividido o barco. Não parecia nervoso como a maioria de nós. Havia uma expressão voraz em seu rosto que o deixava ainda mais bonito, ele tinha visivelmente aquela vontade de provar que era o melhor, era absolutamente visível. Eu não desviei os olhos dele até o professor Dumbledore chamar meu nome.
Não estava com medo. Eu obviamente iria para a Sonserina, como o resto da família. Mas foi um choque quando eu coloquei o chapéu na cabeça e ele gritou “Grifinória!”. Eu pude ver as caras surpresas de Brenda e Cíntia, e meu olhar cruzou rapidamente com o do garoto. Não consegui decifrar sua expressão. Parecia me avaliar...
Eu me dirigi para a mesa da Grifinória e esperei. Estava muito atenta por que nem sequer sabia o nome dele, não podia me distrair. Então Dumbledore chamou:
- Tom Riddle!
Ele foi até o banquinho e sentou-se, colocando o chapéu. Eu esperava que fosse Grifinória, mas um segundo depois o chapéu exclamou:
- SONSERINA!

Com a escolha dele para a Sonserina eu só o via durante algumas aulas, e por mais que eu o procurasse pelos corredores – não sei bem o porquê, mas eu tinha tanta necessidade de fazê-lo me notar! – eu nunca o encontrava.
Até que um dia eu fui até a biblioteca fazer um trabalho para história da Magia, e encontrei-o lendo um livro sobre bruxos e bruxas famosos. Ele folheava as páginas rapidamente, parecendo frustrado.
- Oi – disse me aproximando – Posso me sentar?
Ele fez um gesto de impaciência com a mão que eu tomei por um sim.
- Procurando alguém?
-Como você sabe?- ele perguntou levantando o rosto para me encarar, meio que impressionado. Eu sorri e apontei para o livro e ele soltou uma exclamação de decepção.
- Achou que eu estava lendo sua mente? – perguntei achando graça.
Ele me encarou por mais um segundo e então disse.
- Você é uma Grifinória, não devia estar aqui falando comigo! Aliás, eu nem deveria estar aqui com você! – e se levantando, ele foi embora.
Eu fiquei um tanto decepcionada, mas ele estava certo. Alunos da Grifinória e da Sonserina nunca se misturavam. Mas eu falara com ele, ele sabia que eu existia, afinal... já era um bom começo.

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