Conselhos



Ao terminar o café, Rony viu Gina aparecer na cozinha. Passou a mão rapidamente pelo rosto e se virou para irmã.
- E aí, maninha, acordou tarde hein?
- Na verdade estou acordada há bastante tempo. Estava escrevendo para Mione.
- Sério? E já mandou a coruja? – disse Rony pensando em aproveitar a viagem dela para escrever alguma coisa também.
- Já mandei, Ron. – e então o observou com atenção. Os olhos dele estava vermelhos.
- Por que estava chorando Ron?
- Eu, chorando? Eu hein Gina. Eu não estava chorando. Por que estaria?
- Sei lá. Se eu soubesse não estaria perguntando. É por causa dela?
- Dela quem?
- Ronald, deixa de ser bobo! Não vê que todo mundo já percebeu que você é louco por uma menina de cabelos castanhos e olhos cor de mel?
Ele baixou a cabeça e disse corado:
- É tão óbvio assim?
- Para todos! Talvez não para Hermione, que ainda deve estar no mundo da Luna Lovegood para não perceber as “dicas” que você já deu.
- Dicas? Eu nunca dei a entender que...
- Ah, vamos Ron. Você sempre quer matar o Malfoy quando ele a chama de sangue-ruim. Você morreu de ciúmes dela no Baile de Inverno do seu 4º ano. Você ficou possesso quando soube que ela ainda se correspondia com o Krum. E quando eu contei que eles haviam se beijado? Você ficou louco da vida e acabou perdendo uma grande oportunidade de ficar com ela na Festa do Slughorn, preferindo ficar pendurado na boca da Lilá Brown. Lembra? Além de outros deslizes por aí.
- Ah, droga, não fale assim. Não tem “dica” nenhuma aí. Qualquer amigo dela gostaria de matar o Malfoy por ele chamá-la de sangue-ruim. Aliás, qualquer pessoa sã gostaria de matar o Malfoy, por qualquer motivo que seja. No Baile, eu fiquei preocupado com ela. O Krum era o primeiro garoto com quem ela estava tendo um encontro, digamos assim, e como ele era mais velho, poderia tomar liberdades com ela. Era proteção de irmão. Em relação às cartas, eu achei que ele era meio abusado, afinal ela já havia dito que não tinham nada. E a minha raiva quando você falou do beijo, não era pelo beijo em si, mas você me provocou, praticamente dizendo que eu não tinha competência para arrumar alguém, por isso eu fiquei com a Lilá.
- E se arrependeu né, meu irmão?
- É, confesso que sim.
- E agora? Afinal estava chorando por quê?
- Já lhe disse que não estava chorando.
- Ah tá Ron, para cima de mim? Eu conheço você!
- Ok, ok. Eu estou triste pela morte do Dumbledore.
Gina não pôde segurar uma gargalhada.
- Dumbledore que me perdoe pela gargalhada, mas essa foi de lascar, maninho.
- Gina, por favor, não conte para ninguém que me viu chorando por causa de uma garota. Nem para os nossos pais, nunca para Fred e Jorge, porque eles me perseguiriam com isso pelo resto da vida e – baixou a cabeça – acima de tudo, não conte para Mione.
- Ron, por que você mesmo não conta?
- Que eu estava chorando por causa dela? Você enlouqueceu?
- Não Ron, por que você não conta o que sente por ela?
Para surpresa de Gina, novamente brotaram lágrimas nos olhos do irmão.
- Ron... – ela chegou mais perto e o abraçou.
- Desculpe Gina, mas é que eu nunca senti isso na minha vida. Está me matando pensar nela, sonhar com ela todas as noites e não saber como me aproximar, como falar disso para ela. E sabe o porquê? Porque eu não sei qual será a reação dela. E se ela me esnobar? E se ela rir na minha cara? Eu não vou agüentar, Gina. Do mesmo jeito que eu morreria por ela, eu morreria se ela não me quisesse. Talvez por isso eu me sinta mais seguro amando ela em silêncio.
- Ron, como você pode querer advinhar a reação dela? Infelizmente ninguém da nossa família nasceu com este Dom. Só falando para ela você poderá saber.
- Droga! Eu sou um otário mesmo. Imagina se alguém da Sonserina me pegasse chorando por mulher. Eu iria ser o alvo de chacota pelo resto do ano.
- Pára com isso. Enxuga isso aí e pensa no que eu disse. Mas pensa logo, porque eu pedi a Hermione para vir para cá o quanto antes.


Hermione resolveu responder a carta de Gina primeiro. Ela começou a escrever.

“Gina,

Não deixe que isso atormente seu coração. Você sabe como são os rapazes. Sabe melhor do que eu, pois já namorou alguns, enquanto a boba aqui, não. Eles são insensíveis, idiotas, safados e tudo o mais, mas são rapazes e, por mais que a gente às vezes os odeie, não conseguimos ficar sem pensar neles. É natural. Amor e ódio sempre se confundem nessas horas. Você só tem que pesar o que é mais forte e, tenho certeza que o sentimento que você carrega pelo Harry, aí no seu coração, é amor. Nunca duvide disso. Você já me revelou todos os seus segredos em relação a isso e não vai ser uma bobagem daquela do Harry que vai abater você. Pense na situação que ele estava vivendo naquele momento. A raiva que ele sentia por dentro. Imagina a angústia que ele sentiu ao ter que dizer a você o que ele disse? O Harry quis protegê-la sim, lá à maneira dele, mas foi na melhor das intenções. Tenho certeza que ele falou tudo aquilo sem refletir as conseqüências. Acho que nem teve tempo para isso, ele só pensou em livrar você do “peso” de ser a namorada dele, pois isso a colocaria em risco. Na cabeça dele, naquele momento, você poderia ser o próximo alvo de Voldemort. Apenas tente se colocar no lugar dele. Não pense que estou defendendo o Harry, pois eu também achei aquilo precipitado da parte dele, mas estou tentando entendê-lo. Dê tempo ao tempo, pois ele pode mudar de idéia. O casamento do Gui está chegando e ele vai estar aí. Com a cabeça mais fresca, vocês poderão conversar melhor e, quem sabe, se acertarem. Torço para isto, amiga. Não se esqueça que ele ama você, da mesma forma que você o ama, então deixa de bobagem e aproveite a oportunidade quando ela surgir e, acredite, vai surgir. É o meu sexto sentido bruxo se manifestando.
Acho que vou aceitar o seu convite e ir logo para aí.

Um beijo,
Hermione”

P.S.: Como está o Ronald?

Não deixaria de perguntar isso. Estava curiosa em saber o que ele andava fazendo, pensando, etc. Uma perguntinha boba para não dar margem a nenhuma interpretação diferente. Releu a carta e achou que ficara razoável. Não quis contar sobre a carta do Harry, nem o que ele dizia, apenas insinuou coisas para alegrá-la.
Pegou outro pergaminho e começou a escrever para Harry.

“Amigo,

Fico alegre em saber que está afastando maus pensamentos da cabeça. Realmente você deve desanuviá-la um pouco e pensar em outras coisas. Porém fico triste em saber que, mesmo assim, algo o tortura. Você pediu meus conselhos e eu vou tentar lhe ajudar.
Arrependimento é uma coisa que nos faz sentir mal, eu sei, pois eu mesma já me arrependi de muitas coisas. Algumas dessas coisas não podemos mais recuperar, mas outras, e quando digo outras, estou me referindo a você e Gina, são plenamente recuperáveis. Vocês se amam e isto supera qualquer coisa, Harry. Você está certo quando disse que magoou a Gina. Sei que, no seu pensamento, você achou que aquilo era o correto. Não lhe disse isso antes, mas eu achei que você não deveria ter terminado com ela. Seus impulsos de nobreza superaram seus sentimentos naquela hora. Voldemort vai atrás de qualquer pessoa que se ponha no caminho dele e isto inclui qualquer um a sua volta, pois ele já percebeu que seus amigos são fiéis a você e não vão abandoná-lo, portanto, nesta linha de raciocínio, você deveria se isolar e romper relações comigo, com o Rony, com o pessoal da Ordem, com todos que o conhecem e prezam por você, porque todos nós também seremos alvo dele. É isso o que eu acho e, tenho certeza, a Gina acha também. Não pense que ela é tão forte assim. Ela se finge de forte e eu conheço ela bem. Meu conselho é: Abra seu coração para ela. Fale tudo que está preso aí no seu peito. Diga que se arrependeu e que a ama. Qualquer garota gosta de ouvir isso: que alguém nos ama. Pode acreditar. Não se envergonhe de haver se arrependido e peça desculpas. Meu amigo, tenho certeza que você ficará bem melhor depois de colocar tudo para fora.
Espero, de coração, que você siga meu conselho e fique com ela logo.
P.S.: Talvez eu vá para Toca mais cedo que eu imaginei. Vejo você lá.

Beijocas,
Mione”

Hermione prendeu os pergaminhos em Edwiges e Errol, com cuidado para não trocar as corujas. Não gostaria que a carta do Harry fosse parar na Toca, ou que a carta da Gina aterrissasse na Rua dos Alfeneiros. Despachou as corujas e ficou as olhando até sumirem de vista. Pensou no amor entre Harry e Gina e imaginou que o seu pudesse ser correspondido com a mesma intensidade. “O seu? O que está havendo, Hermione? Amor?” Será que era isso que estava sentindo? Procurou afastar essa idéia, se trocou e desceu para, finalmente, tomar seu café da manhã.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.