Willian, Matthew e Allison
Já era passado da meia-noite quando uma mulher entrou em uma casa em ruínas segurando um monte de trapos nos braços.
Willian aproximou-se da janela, e conseguiu distinguir três pessoas entre os móveis escuros.
_Ele está atrás de mim. _ a mulher abraçou fortemente o monte de trapos e, soluçando, o entregou para uma das pessoas.
Ela ainda resmungou mais algumas coisas entre lágrimas e saiu da casa tentando não olhar para trás. Logo uma das pessoas que ficaram também saiu.
O garoto forçou os olhos e percebeu que a pessoa que tinha ficado era uma mulher. Ela se aproximou da janela balançando um monte de cobertores, e ele ouviu um choramingo de uma criança pequena. O que a outra mulher havia trazido era um bebê, e agora, com ela se aproximando da janela, ele pode ver seu rosto. O pânico se apossou dele. Se afastou sem poder desviar o olhar do rosto da mulher. Ofegante, tentou correr e acabou caindo.
Ele caia em um lugar escuro e logo a imagem de uma ponte surgiu. Agora ele estava dentro de um carro segurando seu urso, e não podia gritar. O impacto do carro na água o fez acordar gritando. Olhou para os lados e viu seu amigo, que também tinha acordado, olhando-o intrigado.
_O que houve Willian? Está passando mal?
_Não Kenny... Foi só um pesadelo... De novo...
_O mesmo?
_Aham...
_Nossa... porque você não conta pra alguém do seu mundo? Eles devem saber interpretar sonhos...
_Claro que não! Foi só um pesadelo. Nada de mais... Vou lavar o rosto...
Willian levantou-se da cama em um pulo. Estava num daqueles dias quentes de verão e ele não conseguia nem dormir direito. Kenny era o único amigo dele que não se assustava com a magia. Desde pequenos moravam no orfanato e eram muito amigos.
O banheiro estava deserto. Ele ligou a luz e foi até a pia, jogando água no rosto. E encarando o espelho, viu dois olhos castanhos olhando diretamente para ele, dois olhos que não sabiam de onde vieram.
Começou a lembrar quando recebera a carta de Hogwarts. Teve um acesso de riso quando a Srta. Rebecca Stillwalter, diretora do orfanato, contou também surpresa que ele era um bruxo. Somente depois de muitas explicações, é que ele entendera que foi convocado para estudar em uma escola de magia. Descobriu que alguém havia o matriculado há muito tempo, mas nunca encontrou qualquer pista sobre essa pessoas.
Secou seu rosto e voltou para o quarto. Kenny ainda estava acordado, esperando ele voltar.
_Eu estou bem Kenny, não precisa ficar preocupado. Vou despachar uma coruja para o Matthew contando tudo. Está satisfeito?
_OK, então. _ com um suspiro ele virou-se para o outro lado e em poucos minutos já havia adormecido.
Willian não sabia o que escrever, então voltou para a sua cama. Afinal, só falara aquilo para tranqüilizar Kenny, na verdade ele não estava nem um pouco preocupado com seu pesadelo. Pensou em Hogwarts... era simplesmente maravilhosa. Ia começar o sexto ano lá e ele pertencia a casa da Sonserina. Apesar da má fama da casa, ele gostava dela. Ele lembrava-se sempre da cara de Matthew a primeira vez que se viram, já selecionados.
Logo depois dele ser selecionado, Matthew foi chamado, um menino ruivo e cheio de sardas no rosto. Sua mãe, a profa. Granger, professora de Feitiços estava com os olhos atentos para o filho. Quando o chapéu gritou Sonserina, Willian achou que a mulher ia ter um ataque. Matthew olhou para a mãe e ela retribuiu o olhar espantada. Ele tremia da cabeça aos pés quando sentou-se na mesa da sua casa ao lado de Willian.
_O que houve? Não gostou da decisão do chapéeu?
Ele sorriu nervosamente e olhou para a mesa dos professores:
_ Não é isso. É que... eu tinha certeza de que... meus pais, meus tios, meus avós são da Grifinória eu achei que eu também iria ser.
_ Sonserina não deve ser tão ruim assim, não acha?
_ Meu pai sempre falou que é a pior das casas.
_ Ora, você se considera pior que os outros?
Ele hesitou por um momento, mas já sem tremer, respondeu decidido:
_ Clar que não.
_ Então para nós essa deve ser a melhor casa que tem, certo?
_ Sim. _ ele riu.
_ E se você veio para cá, mesmo com toda a sua família pertencendo a outra casa, você deveria estar feliz! Afinal, você vai ser o primeiro a seguir uma caminho diferente e nunca vai estar na sombra de nenhum dos seus parentes.
_ Você tem razão. E não iria gostar de ter uma das minhas primas pegando no meu pé durante todo o ano! Desculpe seu nome é?
Assim os dois tornaram-se grandes amigos. Matthew ainda não tinha muita confiança nele mesmo, o que o ajudou a se meter em muitos acidentes no seu primeiro ano. Foi em um desses acidentes que eles conheceram a Allison E. Snape. Uma menina de longos cabelos pretos e lhos azulados.
No final da segunda aula do ano de poções, Matthew tropeçou em seu próprio caldeirão e seu braço atingido pela poção, e inchou até ficar de uma tamanho quatro vezes maior que o normal. O professor pediu para Allison o acompanhar até a enfermaria. Assim acabaram descobrindo que ela era filha da meia irmã do professor e, apesar disso, odiava poções e era bem diferente do Snape tio.
Willian suspirou olhando para o teto do quarto do orfanato. Quando ele estava ali, o mundo de Hogwarts parecia tão distante... Será que ele deveria mesmo escrever para Matthew e contar que teve mais uma vez o mesmo sonho? Ele olhou para Kenny, que já estava no décimo sono. Decidiu não escrever nada e, pensando bem, Kenny nunca saberia se ele tinha mandado ou não.
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Logo cedo, no café da manhã. A diretora do orfanato lhe trouxe uma carta de Matthew o convidando para o seu aniversário.
Oi Will!
E aí? Como está as férias? As minhas foram até legais... Ah! Sábado é meu aniversario, e você sabe como é minha avó, sempre querendo paparicar o filho mais velho de seu filho caçula! Ela vai fazer um bolo pra mim e eu estou te convidando... e não se preocupe em como vir, mamãe já acertou tudo com sra. Stillwalter... Allison também vai vir! Bom! Nos vemos sábado então! E não adianta dizer que não quer vir!
Matthew
Willian sorriu para a carta... Faltava uma semana para começarem as aulas e ele estava agitadíssimo... Ainda mais com a perspectiva de passar seus últimos dias de férias em Hogsmeade...
_ É... tomara que essa semana passe rápido _ ele pensou comendo um grande pedaço de torrada.
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A casa de Matthew, nos arredores de Hogsmeade, era pequena por fora, mas tão grande quanto o orfanato por dentro; apesar de serem só em quatro na família dele. Geralmente, os irmãos do pai do Matthew reuniam-se na casa dele nos dias de alguma comemoração (fora o Natal que era tradição reunir toda a família na casa dos avós).
Como era sábado, Hosmeade estava cheia, com milhares de pessoas andando de um lado para o outro. Matthew foi atender um chamado da mãe e Willian aproveitou para falar com a Allison sem o amigo saber o assunto.
_Allison... vem cá... _ ele chamou discretamente.
_Que foi?
_Me ajuda a comprar um presente para o Matthew?
_ Que tal algo da Zonko's? O tio dele é dono de lá.
_Vamos lá comigo? A gente avisa a mãe dele...
E os dois saíram no movimentado povoado, conseguindo entrar na Zonko' s a tempo.
_Bem-vindos a ... _ o rosto do tio de Matthew, Fred, se iluminou _ Ah! São vocês! Vieram para o aniversário do Matthew certo? E se não me engano... está o procurando o presente ideal para ele! Que tal esse super molho de abóboras malvadas?
E ele continuou apresentando as mais diversas coisas para os dois, até que ele se decidiu em levar uns doces de sabor gelado. Pra não ficar só nisso, eles foram até a Dervixes e Bangues e ele comprou um livro sobre quadribol.
No time da escola, Matthew era o apanhador pela Sonserina, enquanto Willian era um dos batedores. Allison entrara no time há um ano e ocupava o cargo de artilheira. Matthew era realmente um bom apanhador. Alguns alunos diziam que ele era bom por não importar-se em quebrar um braço para pegar o pomo. Mas Willian achava que ele realmente tinha talento e se ele machucava-se quando jogava era porque era desastrado mesmo.
Eles saíram da loja e quando chegaram, a casa estava toda enfeitada com balõezinhos flutuantes recobertos de pós brilhantes de fadas.
_ Ele vai ficar furioso com esses balões! _ riu-se Allison e subiu para se arrumar para a festa.
Willian seguiu o exemplo, já que tinha mais gente andando na sala que em Hosmeade.
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Algumas horas mais tarde, os parentes de Matthew começaram a chegar. A fam\ília Weasley era extremamente grande. O tio mais velho, Carlinhos, havia se casado com uma romena, morava na Romênia e tinha gêmeos. Gui casara-se com uma francesa e estava na Grécia, com uma menina. Os dois não poderiam vir por causa do trabalho. Matthew olhou pela janela e se aproximou de Willian com uma cara de nojo.
_Por Merlin! Aquela idiota veio!
Willian ia perguntar qual idiota, mas logo entendeu o que Matthew quis dizer: Fred, e sua mulher Parvati tinham acabado de entrar na sala. Parvati fez o maior escândalo e apertou tanto as bochechas de Matthew que Willian se segurou para não rir. Allison se escondeu atrés da mesa para que ele não a visse rindo. Suzie Lory, com oito anos, entrou atrás dos pais e foi logo conversar com o irmão de Matthew, Jonh. Logo depois, Jorge, o outro irmão gêmeo, entrou com sua mulher, Mary Rosmerta. Ela havia herdado o Três Vassouras assim que sua mãe morreu e eles se casaram e estavam administrando o lugar. Os filhos deles, Vanessa de dez anos e Marty, no segundo ano de Hogwarts, entraram logo depois. Matthew conseguiu se livrar da tia Parvati e correu para o lado de Allison e Willian.
_Agora só faltam meus avós e meu tio Percy... meu irmão é idêntico a ele, fico imaginando se minha vida vai ser que nem a do meu pai... com um irmão chato metido a sabe-tudo. Esse ano meu irmão entra pra Hogwarts também. Recebeu a carta e tudo...
_E então Sonseriano? _ uma vozinha fina interrompeu Matthew.
_Que foi Suzie? _ perguntou Matthew revirando os olhos.
_Nada... estou só relembrando que você é o ùnico da família que não é da Grifinória.
_É que ainda você não foi selecionada, sabe... _ retrucou ele calmamente _ Quem sabe o dragão que seleciona a gente coma você...
_Ainda é melhor que ser da Sonserina...
_Some daqui ô tampinha! _ e virou-se para Willian vendo a garota sair empinando o nariz_ É todo ano isso...
Molly Weasley logo chegou. Depois de dar um abraço apertado em Matthew, Willian e Allison, ela foi até a mesa e colocou o bolo em cima dela. Estava escrito Parabéns Matthew! e mais embaixo, balões mexiam e seus olhinhos piscavam. Depois de cantarem parabéns e de estarem satisfeitos, o pai de Matthew chegou, juntamente com o avô dele, Arthur Weasley.
_Olá a todos! Desculpem o atraso... mas a Ordem estava uma loucura hoje! Não é pai?
O sr. Weasley concordou.
Mal ele terminou de falar, o Prof. Potter apareceu atrás dele. Os Weasley em alvoroço o cumprimentaram, e Allison quase desmaiou quando o professor mandou-lhe um aceno com a cabeça.
Willian nunca gostou desse professor. Não sabia porque, mas ele o incomodava. Na verdade, ele sentia muito mais que isso. Sentia raiva. Willian olhou para Rony, que puxou a esposa para um canto.
_Harry vai ficar aqui Mione, pelo menos até eu detalhar o que está acontecendo.
_Será que ele volta?
_Talvez... mas eu estou morrendo de fome! Onde está o nosso mini-Percy?
_ Rony!
_ Desculpa. Eu não o vi ainda...
E eles saíram para a cozinha. A casa estava recheada de cabelos ruivos. A maioria dos primos de Matthew tinha cabelos ruivos como toda a família. Apenas as esposas tinham cabelos de cor diferentes, e se destacavam.
Era quase uma hora quando a professora Weasley mandou todos para a cama e depois de meia hora de arrumação, a casa ficou em silêncio. Willian estava no quarto de Matthew e os dois ficaram conversando sobre a festa e alguns minutos depois que apagaram a luz, ele caiu num sono tranqüilo e, dessa vez, sem sonhos.
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