Cruciu



Richard materializou-se diante do mestre. Algo na sua mente lhe dava a certeza de que não fora chamado para aquele encontro em vão. Em redor do mestre viam-se mais três devoradores, todos eles do grupo mais fiel e poderoso, ao qual ele próprio pertencia.

-Richard… Richard… - chamou lenta e cinicamente o Lord aproximando-se – o tempo está escorrendo por entre meus dedos… e tu… NÃO ME TRAZES NOVIDADE ALGUMA! – a última frase fora gritada num tom tão negro e feroz que Richard sentiu-se arrepiar e tremer, sentindo-se subitamente insignificante perante o mestre.

- Não posso trazer novidades que não tenho, mestre – comentou baixinho.

- Interessante essa tua teoria, mas… o tempo não brinca comigo, nem eu brinco contigo! Sei que és inteligente, rapaz, eu vou-te dizer isto uma vez: A Ordem da Fénix está ficando organizada demais para um ataque, e eu sei que não teremos outra chance como a que temos agora… a minha filha é a chave da nossa vitória! Quem iria desconfiar dela?! – olhou-o nos olhos – Responde!

- Ninguém, senhor.

O lord aproximou-se dele, fazendo-o absorver o seu olhar de fúria…

- Severus trouxe-me novidades interessantes sobre romancinhos em Hogwarts… estás a afastar-te de mim, Richard?

- Claro que não mestre! – assegurou sentindo pela primeira vez uma pequena dúvida em seu espírito em relação aquele assunto – Eu sou o seu mais fiel seguidor!

- Espero ver isso comprovado com mais do que palavras… Não se deixe dominar por sentimentos idiotas! Não passam de ilusões… - parou por segundos, como se quisesse deixa-lo ainda mais apavorado – Tens dois meses. – proferiu – Depois disso o professor de DCAT de Hogwarts vai ter um sumiço inexplicável.

Ele engoliu em seco. Sentiu na voz de Voldemort que aquilo era mais do que uma ameaça, era uma promessa.

- Não quero que se esqueça do aviso que lhe dei… - apontou-lhe a varinha proferindo : Cruciu!

Richard caiu gemendo. Todo o corpo parecia doer em espasmos que corriam desde a cabeça até aos pés, como se todo ele fosse espalmado contra uma parede espinhosa e depois esticado até que os seus membros se fragmentassem.

Gritou, sofrendo a dor, aumentada pela raiva do mestre, que insatisfeito com a falta de notícias e progressos do seu plano.
De repente, tudo terminou. O terminara a tortura, e Richard respirava ofegante tentando recuperar o fôlego que tão rapidamente havia perdido.

- Não vai esquecer? – perguntou o Lord colocando-lhe o pé sobre as costas.

-Não. – respondeu rouco.

-Não ouvi… não vai esquecer o aviso?

-Não! – gritou.

- Assim está melhor. – afirmou o outro rindo, à medida que Richard tentava levantar-se. – E… não volte a beijar a minha filha… não a merece. Cada vez que chegar perto dela, vai-se lembrar de mim… - Voldemort soltara uma gargalhada maldosa, fazendo cair sobre ele um feitiço que Richard não reconheceu, mas que aparentemente não fizera qualquer efeito.


* * * * * * *
Richard regressou ao castelo, ferido fisicamente e não só… fora humilhado diante de todos aqueles devoradores da morte, logo ele, que sempre fora tão fiel e eficaz! O mestre não tinha o direito…

Cláudia aguardava-o, infelizmente, no escritório, de perna cruzada, esperando ver aparecer seu amado, radiante e saudável…

Enganara-se. Richard chegara coxeando, gemendo, e completamente esgotado. Ajudou-o a deitar-se, descalçando-o ajeitando-lhe as almofadas sem pedir explicações… o estado em que ele aparecera fizera nascer-lhe o instinto materno ao invés da curiosidade.

Já mais tarde, depois de lhe levar o jantar, e vê-lo um pouco mais forte ela não resistiu a perguntar o que acontecera. Ele não conseguiu inventar qualquer tipo de desculpa, limitou-se a olha-la timidamente.

Ela reparou na sua relutância em falar, e optou por não insistir… talvez fosse melhor falar quando ele estivesse completamente recuperado. Decidiu que seria melhor deixa-lo descansar, e antes de sair, baixou-se para beija-lo.

Ele aceitou o beijo, implorando loucamente por aqueles lábios que eram a cura para todos os seus males… os lábios se tocaram, as línguas se procuraram e então… aconteceu algo que nunca havia acontecido.

-Ai! – gritou de dor.

A sua mão sangrava de uma ferida que lhe rasgara a pele e carne. Parou em vão que parasse, mas depressa ensopou o trapo com que a tapara. O sangue saía em jorros grossos e que para ele agora eram vitais… sentiu-se empalidecer, e esse reacção foi igualmente notada por Cláudia, que assustada, correu para buscar Madame Pomfrey.

Mal a porta se afastou e se fechou deixando-o sozinho no quarto… a hemorragia parou, não sarando completamente, deixando-lhe um fio vermelho de carne exposta, mas que já não mais sangrava…

Fechou os olhos inspirando fundo… entendera o recado.

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