Epilogo



-EPÍLOGO-

Rony sentiu as suas pernas fraquejarem, ele caiu de joelhos no chão e começou a chorar. Ficou ali, sentindo frio por mais de quatro horas. Não ousava olhar para A ira dos Anjos, a Câmara estava vazia, havia perdido Tommy para sempre. Jamais o veria outra vez. Ele ficou sentado, abraçando os próprios joelhos, os olhos mirando um foco imaginário, gangorreava para frente e para trás... – Como fora estúpido a ponto de arriscar-se tanto! Ele ouviu alguém entrar na sala precisa, mas pouco se importou, queria morrer.

- Rony... – Hermione o chamou, mas ele não deu atenção, obrigando-a a Chamá-lo novamente.

- Desapareça da minha frente – ele resmungou, apontando a varinha para ela.

Hermione assustou-se. Aquilo tudo estava indo longe demais. Agora Rony já havia atingido um ponto muito crucial da insanidade. A visão dele era desesperadora, sua camisa estava manchada de sangue, o rosto abatido, com grandes olheiras. As expressões faciais denunciavam uma forte depressão por frustração que estava por vir.

- Eu vou buscar ajuda e já volto, tudo bem se você ficar sozinho por um instante? – Hermione perguntou, com uma voz calma, quase infantil, como se Rony fosse um débil mental.

- Eu o matei – Rony disse, por fim. Hermione que já estava perto da porta, parou de súbito e voltou-se para Rony.

- Matou a quem? – Ela quis saber.

- Tommy. Quis trazê-lo a vida, mas por fim, acabei acabando com as chances dele.

- Esta caixa de papelão atrás de você é a Ira dos Anjos? – Hermione estava incrédula – Você realmente tentou construir uma daquelas que viu no livro?

- Calma aí! – Rony interveio – Aquilo é uma magnífica maquina, não entendo porque você esta a chamando de caixa de papelão, segundo, como você sabe da Ira dos Anjos?

- Dumbledore mandou-me ficar de olho em você – Ela disse – mas isso não vem ao caso, e quanto a Ira dos Anjos, essa caixa de papelão não se parece nada com a engenhoca do livro do Sr Sebastian!

- Não piore as coisas, Hermione! – Rony gritou – Já não basta que eu perdi o Tommy e você ainda...

- Tommy? TOMMY? Já chega disso, Rony! – Ela o cortou – Esse tal de Tommy nunca existiu. Já olhei nos registros da escola, conversei com os antigos professores e com o diretor. Você esta precisando de ajuda, passou por um trauma.

- Mentira! – Rony berrou – Sua sangue-ruim imunda! – Ele berrava em plenos pulmões – Esta com ciúmes! Seu aborto...

Hermione tampou a boca com a mão, ficou completamente ofendida, seus olhos marejavam em lágrimas.

- Hermione, queira me deixar a sós com o Sr. Weasley – Dumbledore apareceu na porta da sala precisa. Ela se virou mais uma vez para olhar Rony, que insanamente a olhava com ódio.

O diretor fechou a porta atrás de si a ordenou que Rony se acalmasse.

- Escute, Rony, você esta precisando de ajuda. – Ele foi direto ao ponto – Infelizmente, você não foi capaz de superar a perda do seu amigo Harry, acredito que esta seja a razão pela qual criou um personagem imaginário.

Rony ficou de boca entreaberta. Afundou-se no puf que estava jogado no chão. Passou as mãos nervosamente pelo rosto e riu alto, de maneira que sua loucura ficou acentuada.

- Tommy existe. Sempre existiu. Ele me ama, eu amo a ele. Ninguém me prova o contrario.

- Acalme-se – Alvo Dumbledore estava pressentindo um acesso de raiva por parte do garoto. As coisas estavam sendo mais difíceis do que ele esperava – Olhe só, você passará um tempo em um lugar especial, onde poderá descansar por um tempo.

- Vai mandar-me para o Instituto Boreal? – Rony retrucou – Eu não estou louco! O Tommy existe, eu passei meses construindo A ira dos Anjos para que ele voltasse à vida!

- Esta falando daquela caixa de papelão? – Dumbledore perguntou, apontando para o canto da sala.

- Não é uma caixa de papelão! – Rony rugiu, nervoso – O que há de errado com vocês? É tudo uma piada, não é?

- O Escritor do livro de onde você tirou as informações sobre A ira dos Anjos não era uma pessoa em condições psicologicamente estável, alem do mais, morreu tentando provar a todos que não era louco...

- Bingo! – Rony falou – Viu só: Só porque ninguém acreditou em Sebastian, não significa que eu esteja pirando! Eu devo ter errado em algum calculo... Era para a maquina funcionar! Tinha ate a Pedra Filosofal!

Dumbledore ergueu as sobrancelhas – Pedra Filosofal? – ele perguntou – Mostre-me.
Satisfeito, Rony entrou na Ira dos Anjos (que para Dumbledore, ainda era uma caixa de papelão) e voltou em instantes, com a Pedra Filosofal em mãos. Ele a estendeu ao diretor, que muito zangado o fitou com pena.

- Qual é o problema? – Rony pressentiu que algo não ia bem.

- Já chega, é hora de irmos para o Instituto Boreal, seu pais já devem ter chegado no castelo.

- Você não vai me dizer nada a respeito da pedra filosofal? – Rony perguntou.

O diretor estourou o ovo podre que havia em sua mão direita e estendeu a gema para Rony. Naquele momento, foi como se um véu tivesse sido tirado do rosto do garoto. Ele conseguiu enxergar o ovo na sua frente. Assustado, olhou para onde estava À ira dos Anjos e só encontrou uma caixa de papelão. Na parede, haviam desenhos infantis, pintados por ele. Era o que ele achou que eram as pinturas que ele fazia de Tommy. Nos desenhos, havia um ridículo boneco de palitinhos e cabeça de bola.

- Não! Não pode ser... – Rony mal conseguia ver as coisas a sua volta, as lagrimas nos olhos o atrapalhava.

- Você é um bom garoto – Dumbledore disse – Nada de mal vai te acontecer, ficará apenas em repouso. Teve uma perda difícil, sim, eu compreendo. Às vezes, quando uma pessoa perde alguém querido, ela fica com traumas. Será uma questão de tempo até que você melhore.

Rony se abaixou mais uma vez, mas começou a vomitar violentamente. Quando terminou, levantou o rosto para Dumbledore – Me tire daqui! – Ele pediu – Quero ir embora...

***
Já fazia quase um ano que Rony estava internado no Instituto Boreal. O sanatório em Liverpool ficava afastado do contato com a Comunidade Bruxa. Aos poucos, depois de muitas seções de terapia, ele passou a aceitar que Tommy fora um fruto da sua imaginação. No próximo domingo de visitas, A Sra. Weasley apareceu sozinha, quebrando a rotina de sempre trazer Arthur, Gina e os Gêmeos.

- O Dr. Disse que em breve você voltara para casa, querido – ela dizia enquanto passeavam pelos jardins do sanatório, onde vários pacientes caminhavam, acompanhados de seus enfermeiros – Esta feliz?

- Sim, mamãe – Rony respondeu secamente. – Não vejo a hora de voltar pra Toca.

A Sra. Weasley ia dizer algo, mas parecia que havia mudo de idéia, então comentou casualmente – Filho, você pensa em voltar a Hogwarts?

- Não piso mais o pé naquela escola – Rony respondeu, sem olhar para Molly – Aquele lugar me trás muitas lembranças.

- Foi o que eu imaginei – Ela falou – Bom, já esta ficando tarde, vou-me embora. – Ela beijou a testa do filho e o acompanhou até o seu quarto privativo – Obedeça ao Dr, não deixe de tomar os remédios. Na quarta-feira, toda família estará na sala da recepção, aguardando você receber alta.

- Ate mais, mãe – Rony de despediu dela e trancou-se no quarto.

Esperou ate depois das onze da noite, quando tinha certeza que todo mundo, excerto os guardas de segurança, estavam dormindo. Sua porta foi fechada às dez horas. Depois foi até o espelho enfrente ao lavatório da suíte e ficou parado por alguns minutos. A imagem de Tommy apareceu no espelho, substituindo seu rosto, ele estava sorridente.

- Oi, loirinho – Rony o cumprimentou.

- Pronto para finalmente ficarmos juntos, eternamente? – Tommy perguntou.

O que Rony via no espelho, não era a sua imagem, mas sim a de Tommy, seu alter ego. Ele afirmou com a cabeça. Deu um soco no espelho, os cacos caíram no chão. Rony apanhou uma lamina do espelho e cortou os pulsos. O sangue jorrou no piso branco. Antes de perder as forças, passou a lamina também pelo pescoço. Em um dos fragmentos do espelho no chão, viu o reflexo de Tommy passar em um deles. Caiu de joelhos, seu corpo desabou por completo, morreu de olhos abertos, o rosto pálido e os lábios roxos.

Havia enganado os médicos em relação a sua progressão no tratamento, sua dupla personalidade ficava escondida no subconsciente, enquanto passava pelas consultas. Na manha seguinte, uma enfermeira residente encontrou o corpo de Rony no chão do banheiro, seus gritos de pavor se espalharam por todo o Instituto Boreal.

No azulejo do banheiro, com a ponta dos dedos, Rony havia escrito, quando estava agonizando, com seu próprio sangue, as perguntas que não saiam da sua mente:

“Porque minhas mãos ficam geladas quando o vejo?”.
“Porque tremo toda vez que ouço a sua voz?”.
“Porque eu me arrepio toda a vez que ele toca no meu corpo?”.

“Porque, DEUS, as rosas são vermelhas?”.

FIM

PS: Confira o final alternativo que sai daqui uma semana, veja também as considerações finais do autor.

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