Indecisões



Sentou-se, mirou os lençóis da cama, brancos e amassados. Não lembrava deles estarem ali quando se deitou. Voltou-se para o jovem que dormia ao seu lado e sorriu internamente, haviam passado tanto tempo separados que mal se lembrava de como seu cheiro era bom.

Como se sentisse que ela o contemplava, ele acordou.



- Não queria acorda-lo, desculpe.

- Abrir os olhos e ver você assim é o melhor jeito de acordar – ele respondeu, a voz rouca e um sorriso malicioso nos lábios.



Só então ela se deu conta de que estava nua. Não se deu ao trabalho de puxar os lençóis para esconder o corpo, não era a primeira vez que ele a via, e provavelmente não seria a ultima. Gostava do jeito cobiçoso com que os olhos dele corriam por seu corpo, sempre desejosos e cheios de paixão.



- Tão linda. Você sempre foi linda, dês de pequena, os mesmos cabelos, os mesmos olhos, mas agora é uma mulher – ele se sentou e puxou-a para perto de si, as mãos envolvendo o rosto dela – é a minha mulher – e a beijou longamente.

- Nickolas, não fale assim – ela o afastou um tempo depois, esfregando as costas das mãos na boca, o rosto levemente contraído.

- O que foi Sophia? – perguntou, desconcertado, ela estava estranha.

- Não é nada – ela pulou da cama e começou a caminhar em direção ao banheiro – vou tomar um banho.

- Espere! – ele disse quando ela já se aproximava da porta

- O que? – virou-se para encara-lo. Ele soltou um longo suspiro antes de falar, como se pensasse meticulosamente se deveria ou não dizer, até mesmo o que deveria dizer, Sophia sabia o que viria a seguir.

- As toalhas estão dentro do armário – os dois sabiam que não era aquilo que ele pretendia dizer.



Deixou que a água fria caísse por seus cabelos, de olhos fechados a sensação era ótima. E por alguns segundos esqueceu-se de onde estava e o porque. Tudo tinha sido tão rápido, tão confuso, não teve tempo de pensar o que seria melhor, simplesmente olhou nos olhos dele e viu o mesmo menino que conhecera dês dos 11 anos. Foi forte de mais para contestar.



Já fazia um certo tempo, mesmo assim era impossível se esquecer dele. Até nos braços de Nickolas no meio da noite, a sensação de que poderia estar com ele persistia. De que o beijo dele era mais macio, seus olhos mais carinhosos, de que as coisas com ele fossem diferentes.



Desligou o chuveiro, e estendeu a mão para fora do box, a procura da toalha que havia deixado pendurada. Mexeu a mão varias vezes, mas não a tocou. Já sem paciência, abriu o vidro bufando. Ela não estava lá.



- Nickolas, devolva a minha toalha! – gritou levemente irritada.

- Eu não entrei ai, deve ter caído no chão! – ele gritou de volta.

- Não, ela não esta aqui! – respondeu depois de examinar o chão do banheiro.

- Já levo outra!



Ele entrou e lhe estendeu uma toalha branca, vestia somente as roupas de baixo. Quando lhe deu as costas para voltar para o quarto, Sophia notou em suas costas uma pequena marca que não deveria estar lá.



- Nickolas, por que você tem a Marca Negra nas costas? – perguntou, irada.

- Não é nada Sophia, deixa pra lá – e saiu rápido. Ela se enrolou na toalha e foi atrás dele, aquilo não estava certo.

- Não, eu não vou deixar pra lá, por que você tem a Marca Negra?! – gritou.

- Eu...eu – ele sentou-se na beirada da cama, com ar exausto, não conseguia esconder nada dela – sou um Comensal, Sophia.

- O que!? – exclamou, surpresa.

- Um Comensal da Morte, você ouviu bem.

- Ele virá atrás de você – disse depois de um longo silêncio – e eu não vou ficar aqui pra ver, sinto muito.

- Você vai embora?

- Vou! – começou a jogar suas roupas dentro da mala que jazia sobre a poltrona.

- E quem mais você acha que daria a própria vida por você do jeito que eu fiz? – raiva, ódio, rancor, todos e mais alguns sentimentos ruins podiam ser vistos nos olhos azuis dele, quando gritou aquela frase – você sabe tão bem quanto eu Sophia, que me tornei Comensal pra descobrir onde você estava, e trai Voldemort tentando te salvar, o que mais eu preciso fazer? Será que isso não foi bastante para merecer o seu amor de volta! Será que nas noites que passamos nessa cama você se lembrou por um instante se quer do que éramos antes de tudo isso acontecer!

- Essa não é a questão, Nickolas!

- Então é ele não é, vai voltar pra Hogwarts, é isso que você vai fazer!

- Vou! – ela gritou enquanto se vestia e terminava de fechar a mala, ele apenas a encarava se uma lagrima se quer, era tão frio quando queria, capas de renunciar a qualquer sentimento bom apenas para intimida-la.

- Não importa quão feliz vocês tentem ser, quando beija-lo, vai lembrar que o meu beijo era mais doce e cheio de desejo, quando dormir com ele, vai lembrar que estar nos meus braços era mais prazeroso, toda a vês que olhar para trás e lembrar de nós, vai se arrepender de ter me deixado aqui!

- Pode praguejar todas as maldições que quiser Nickolas, isso não vai mudar a minha decisão.

- Então é isso!

- É.

- Você vai fugir, fugir por ter medo de que Voldemort a encontre?

- Não, vou fugir porque tenho medo de que você me apunhale no meio da noite, ou de acordar e vê-lo morto ao meu lado, vou fugir porque a simples visão dessa...dessa marca me faz sentir nojo de você! Vou fugir porque enquanto esse homem estive ligado a você de alguma forma, nós nunca seremos felizes!

- Eu fiz isso por você, me tornei um Comensal, por você!

- É exatamente isso que me assusta Nickolas – disse séria, sabia que ele estava mentindo.

- Não seja tola Sophia. Você vai voltar, eu sei que vai. Você sempre volta! – ele gritou, ela já se encontrava próxima a porta, a mala nas mãos, pronta para ir embora.

- Espere pra ver.

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