Entre relatórios e fotografias



O perfume de sândalo envolvia todo o ambiente, e provinha dos muitos incensos que Parvati espalhara pelos tapetes de seu quarto. Ela estava deitada de bruços sobre o chão, seus cabelos estavam úmidos e espalhados pelas costas, de maneira que o aroma impregnar-se-ia por eles o dia todo.



“Então o Harry já tinha as pistas?”



Lilá Brown era a pessoa que mais freqüentava a casa depois da dona, de maneira que já era costume ela vir fazer seus trabalhos na casa da amiga. E lá estava ela, discutindo a recente função adquirida por Parvati.



“Isso mesmo. Só estava organizando uma estratégia de ação” disse Parvati, remexendo nos papéis no chão, entre os quais se encontravam várias fotos.



“Mas como vocês vão conseguir provar que ele era um Comensal?”



“Ainda não sei... terei que pesquisar muito”



“Você vai atrás dele?” Lilá perguntou meio receosa.



“É, vou.”



Lilá ergueu as sobrancelhas; viu que Parvati tinha em uma das mãos uma foto de Draco Malfoy.



“Você vai ter que ter cuidado” disse Lilá, a voz baixa e perceptivelmente maliciosa, tinha os olhos pregados na foto que Parvati segurava. “Já olhou bem para ele?”



“O quê?” grunhiu Parvati riscando algumas palavras de seu pergaminho, a cabeça baixa.



“Perguntei se já olhou bem para ele?” disse Lilá olhando da foto para Parvati.



“Ele quem?”



Lilá soltou um muxoxo. “Querida, na sua mão esquerda!”



Parvati olhou automaticamente para a foto de Malfoy. Era verdade, não tinha reparado bem nela, também não via porque fazer isso – ora, o Malfoy! – pois bem... Entrevia-se um gramado atrás dos ombros dele, o que poderia bem ser o jardim da Mansão dos Malfoy. A foto bem parecia ser de anos atrás, mas o Draco da foto poderia ser o Draco de agora...



Ele olhava diretamente para Parvati, seus olhos de cinza-gelo perfuravam-na com altivez e arrogância, ao passo que ele sorria. Um sorriso desdenhoso era verdade, mas que era o ponto crucial de toda a sua jovialidade. Os cabelos finos caíam com naturalidade sobre as têmporas, e era magnífico ver como a brancura láctea da pele dele contrastava com o negro intenso de suas vestes.



Apesar de todos os contratempos, era inegável afirmar que Draco Malfoy era um homem bonito.



“Tudo bem” disse Lilá. “Todos sabemos que ele era uma peste intragável, mas você vai concordar que...”



Parvati largou a foto. “Pode ser, mas eu me lembro dele na escola. Era tão metido que qualquer beleza que ele tivesse ficava abafada... Ah, e explique melhor essa história de cuidado, dona Lilá, ou você está só curtindo com a minha cara?”



Lilá riu gostosamente. “Francamente, amiga, qualquer uma teria que ter cuidado com esse aqui”



Ela pegou uma das fotos espalhadas no carpete.



“Veja, ele é um desses caras que você tem vontade de ficar olhando o tempo todo, mesmo que não seja um deus grego, mas por ter algo que prende a nossa atenção...” ela apontou o dedo indicador na testa de Malfoy, no que Parvati abaixou os olhos para ele. “Talvez os olhos, o jeito de sorrir...”



Lilá fitou o rosto de Parvati para ver se ela iria dizer alguma coisa, mas esta ficou em silêncio. Curvava os lábios enquanto que seus olhos fitavam fixamente a fotografia, parecendo intrigada e distante ao mesmo tempo.



Porém, de repente, ela sorriu.



“Oh, Lilá” fez ela balançando a cabeça. “Pelo jeito você vestiu a carapuça do próprio aviso”



Lilá fingiu-se indignada, mas riu junto com a amiga.



“Muito engraçado”



“Ai...” Parvati suspirou. “Puxa, como não reparamos antes, não é? Ou pior, quantos também deixamos de admirar só porque eram criaturas infames ou porque não eram da Grifinória?”



“Pois é... ainda que eu não concorde muito com a parte da Grifinória”



“Sim, mas bonitos ou não, a verdade é que nunca demos certo com nenhum garoto de Hogwarts” lamentou a morena, sacudindo a cabeça e voltando a escrever.



“É mesmo, o Simas foi o meu único recorde” falou Lilá suspirando. “Namoramos por um ano e oito meses”



“E eu nem isso, amiga” replicou Parvati. “Nem isso”



Lilá voltou a examinar a coleção de fotos no chão após alguns breves minutos de silêncio, cortados apenas pelo farfalhar de papéis que Parvati remexia.



“Lilazinha, querida, por que não leva uma pra casa logo de uma vez?” disse a morena em tom falsamente meloso, sorrindo de cabeça baixa. “Pode levar, eu deixo”



“Ah, sua engraçadinha!” replicou a outra, dando um cutucão no ombro da amiga. “Mas já que você falou, vou te confessar que gostei particularmente desta”



A foto era, como esperado, de Draco, e seu pai estava ao fundo. Estavam numa rua escura e sombria, no que lembrava muito a Travessa do Tranco.



“Humm, é concordo...” admitiu Parvati, esticando o pescoço para próximo do colo de Lilá, que estava sentada no chão. “Esse ângulo o deixou muito bonito”



“Bonito? Parvati, ele está praticamente perfeito”



CONTINUA...

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