Uma Partida Perfeita

Janeiro estava passando muito depressa, pelo menos era o que Cho Chang pensava. A partida decisiva contra a Sonserina se aproximava e ela sabia, mais do que qualquer um, que uma vitória seria muito difícil de se obter.Ela tinha consciência de que mesmo com a vantagem que a Corvinal obtivera na liderança da disputa pela taça de quadribol, após a vitória grandiosa sobre a Lufa-Lufa (320 a 130) em novembro, seria muito complicado brigar pelo título, mas se eles tivessem uma chance de ganhar da Sonserina, isso já seria incrível. A superioridade da Sonserina, com suas Nimbus 2001, e da Grifinória, com seus ótimos jogadores, era gritante. Porém, ela era a capitã e não podia demonstrar pessimismo. Por causa disso, ela intensificou os treinamentos do time, o que foi muito satisfatório, para a sua surpresa. Além disso, ela analisou as táticas usadas pelo adversário e bolou novas estratégias para neutralizar cada uma delas. O desempenho do time nos treinamentos foi tão bom que na véspera do jogo ela sentiu uma pontada de esperança. Ela sabia que eles teriam apenas uma chance para colocar a Sonserina em seu devido lugar. “E daí se não vencermos a Taça? Ganhar da Sonserina era uma grande vitória para os alunos da Corvinal”. Este era o pensamento de todos os jogadores na noite antes do jogo.  


A manhã do jogo foi como outra qualquer nas vésperas de uma partida de quadribol em Hogwarts. Provocações de ambos os lados, em especial por parte dos alunos da Sonserina, especialistas em ofender os demais. No entanto, as palavras de incentivo eram mais numerosas, pois tanto os alunos da Grifinória quanto os da Lufa-Lufa torciam para a derrota da Sonserina. Cho estava apreensiva e mal tocou no seu café-da-manhã. Aquele jogo poderia decidir o futuro da Corvinal na disputa pela taça. Uma vitória daria confiança para a partida diante da Grifinória dali a uns meses. Uma derrota os deixaria numa situação complicada, pois dependeriam de uma vitória, muito improvável, da Lufa-Lufa diante da Grifinória para terem alguma chance. No entanto, o jogo era aqui e agora. A taça era tão importante assim naquele momento? Uma derrota para a Sonserina seria muito injusta!


Cho foi, como sempre desde que tornara-se capitã, a primeira a chegar no vestiário. Olhou em volta, como se estivesse tentando passar boas vibrações com o olhar para cada uma das Cleansweep Sevens, usadas pelos demais jogadores. O olhar dela, no entanto, parou por muito tempo ao ver sua Comet 260. Para alguém que olhasse, pareceria que a garota estava conversando com a vassora. Uma conversa silenciosa, mas muito profunda e significativa. Cho percebeu a chegada dos demais jogadores e então sorriu. Seu discurso de capitã exaltou as qualidades de cada um dos jogadores e sua vontade de vencer. Embora ela estivesse presenciando um duelo interno entre esperança de uma vitória e medo de um massacre verde e prata, ela conseguiu passar uma imagem positiva para seu time. Era hora do jogo.


Madame Hooch lançou a Goles e a partida se iniciou frenética, veloz e terrível para a Corvinal. A Sonserina dominava as ações do jogo. Os artilheiros pareciam inspirados e marcaram três vezes em menos de sete minutos, trinta a zero. Com cerca de meia hora de jogo, a Sonserina vencia por setenta a vinte. Nada do que fora treinado estava dando certo e Cho começava a se desesperar. A velocidade daquelas Nimbus 2001 fazia toda a diferença. Seria um massacre. Uma hora e a Sonserina já vencia por cento e vinte a quarenta. Só o que restava a Cho era gritar palavras de incentivo ao time enquanto procurava desesperadamente o pomo-de-ouro. Algo dentro dela, queimava, gritava, não era hora de desistir! Ainda não era o fim, o jogo poderia mudar.  Sua esperança se prendia àquela pequena bolinha dourada. Nesse momento,como raramente em sua vida, se deixou guiar pela emoção e pela intuição a despeito da derrota iminente... e então: o pomo!


Foi muito rápido! Um risco dourado passou bem em frente aos olhos dela. Ela não pensou duas vezes e se lançou na direção do pomo. O apanhador da Sonserina, que a estava vigiando desde o início, se lançou atrás dela. Novamente a velocidade da vassoura dele fazia a diferença. O pomo continuava com sua trajetória retilínea, mas agora ia em direção a arquibancada. Os dois apanhadores iam atrás, lado a lado. O pomo não mudava de direção e eles iam, decididos, atrás. Esta era a chance, certamente a única chance que teriam para derrotar a Sonserina. Cho não ia desistir. Nada a assustava agora, nada se colocaria entre ela e o pomo, não, essa era a vez da Corvinal!


Quando a colisão parecia certa, o apanhador da Sonserina desistiu, fazendo um movimento arriscado para o lado. Cho, no entanto manteve-se firme. Esticou o braço o máximo que conseguiu e aumentou a velocidade. Com certa dificuldade e sem saber ao certo como fez aquilo, ela conseguiu fechar a mão ao mesmo tempo que fazia uma curvapara a direita, para evitar o choque. Não deu certo. Ela colidiu violentamente contra a arquibancada,  caindo de uma altura de dez metros. A dor era grande, mas a alegria era ainda maior. Ela pegara o pomo, ganhara o jogo! Lino Jordan divulgou o resultado final: “Vitória da Corvinal por 200 a 190!”. 


Ela deveria estar sentindo muita dor, mas tudo que sentia era o esforço inútil das asinhas do pomo em suas mãos. Ela foi dominada pela alegria e a torcida estava frenética. Os outros jogadores a carregavam numa louca comemoração e os alunos da Grifinária e da Lufa-Lufa vinham ao seu encontro... hoje seria um dia de muita festa! A visão de Madame Pomfrey, no entanto, lhe causou uma dor latente, o que a fez lembrar que colidira violentamente contra a arquibancada e deveria estar com alguns ossos quebrados.


“O que estão fazendo?” – perguntou a enfermeira – “Essa menina caiu de dez metros! Ela precisa ser levada para a área hospitalar, já!”


Em meio a toda aquela gritaria, Cho foi levada para a área hospitalar, onde receberia tratamento. Claro que todo o time foi visitá-la, o que não contribuiu muito com a alegria de Madame Pomfrey, para comemorarem a vitória histórica diante da Sonserina! A garota não sabia se existia alguma chance de vencer a Grifinória de Harry Potter, mas de uma coisa ela tinha certeza: ela não desistiria. A Corvinal tinha uma chance. Ela tinha outra certeza: ela jamais esqueceria aquela partida perfeita.

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