Flocoos de neve

Flocoos de neve

 


  O Natal estava chegando. Flocos de neve, caíam lentamente sobre o beiral da janela de uma casinha com formato modesto. O único filho dos Snapes, encontrava-se debrucado na janela, observando a neve que pairava sombriamente pela sua rua, encobrindo o céu azul e as nuvens brancas pelo clima frio do lado de fora. A neve cubrira todo seu jardim, as chaminés das casas e tudo o que havia de mais colorido na Rua da Fiacão, deixando esta, deserta com um ar bastante sombrio.



A rua já não estava mais deserta. A figura de uma pequena menina, com cabelos acaju e olhos verde-esmeraldas tomou a atencão de Severus. A garota sentou-se na neve gelada e levou suas mãos aos olhos. O pequeno Snape observava a cena de sua janela, e não demorou muito para ele apanhar seu casaco e ir ao encontro da jovem.

Ele caminhava lentamente ao encontro dela. A neve caía sobre os cabelos da garota, que ainda estava sentada na neve com expressão chorosa. Severo se aproximava cada vez mais da ruiva. Sentia o perfume dela a cada passo dado. Sentia seu coracão bater mais forte cada vez que aproximava-se dela. Ele não sabia o que isso significava, mas estava ciente de que ela era especial.

- Lily... - disse o moreno calmamente, sentando-se na neve ao lado da garota, levando sua mão direita ao ombro dela. - O que você está fazendo aqui fora? Nesse frio? - a voz de Severus era suave e doce.

- Sev, foi a Túnia, a Túnia. Ela me chamou de esquisita... outra vez. Eu não aguentou mais isso, Sev. - choramingava a pequena, debrucando a cabeca no ombro de Snape, que não demorou a consolá-la.

- Lily, não fique assim. Isso é inveja da Petúnia. Por que você não bate nela logo de uma vez? - ele disse inocente, acarenciando o cabelo da Evans.

- Não Sev! - indgnou-se, afastando-se rapidamente do moreno. - Ela é minha irmã.

O garoto de cabelos olesos e nariz curvo, entristeceu-se. Não gostava de vê-la assim. Não gostava de ver sua pequena tristonha. Quando Lily ficava sem rumo, ele também sentia-se assim. Ela era o motivo de sua felicidade. Somente ela. O que será que isso significava?

- Não fique assim, Lily. - pediu com a docura de uma crianca, olhando fixamente para os olhos da menina, que brilhavam itensamente. Pelas Barbas de Merlim! Por que ele sentia-se assim perto desta garota? Será que um sentimento adulto estava tomando o coracão do pobre Severus? Não. Esse sentimento, já havia o tomado por inteiro. - Não gosto de te ver assim. Amigos não gostam de ver outros amigos assim... tristes. - as palavras adultas saíram da boca infantil do menino, que observava a amiga tentar abrir um sorriso forcado. A confianca na voz de Snape, demonstrava sensacão de seguranca para a pequena Evans.

- Ainda bem que nós somos amigos, Sev. E espero que seja sempre assim. E sempre vai ser, né? - falou gentilmente, encarando o olhar sereno do menino.

Ele sorriu. Aliás, ele sempre se pegava sorrindo, quando Lily sorria. Era instantâneo. O coracão do moreno pulsava toda vez que estava na presenca da garota. Tão doce, tão delicada... ela era única que não o discriminava pela sua aparência, pelo seu jeito. Era impossível alguém não amá-la. Era impossível que ele não a amasse, mesmo sendo uma crianca que ainda estava descobrindo a vida.

- Sim, always.

Ela o abracou. Calafrios tomaram conta do corpo do moreno, que imediatamente retribuiu o gesto carinhoso da ruiva. O frio cessara, pois o que o aquecia naquele momento era o calor de sua pequena amiga.

Ela afastou-se dele, ainda sorrindo. Já Severus, tirou seu casaco, e ofereceu a menina.

- Não, Sev, obrigada. - agradeceu serenamente.

- Insisto. Vai que você pega uma gripe, e com isso, você não poderá ir a Hogwarts? - brincou o moreno.

Lily não hesitou. E aceitou o casaco do amigo, que a observava atentamente a vestir o traje.

- Ah, Lily... eu tenho uma coisa.. é bem... - disse o menino, ao observar que a Evans já havia terminado de vestir o casaco. - bem... eu queria... - disse sem jeito, um pouco tímido. - Toma! - e tirou dos bolsos, uma pequena corrente delicada banhada a ouro branco.

Entregou a Lily de olhos fechados, achando que fosse o pior é presente do mundo. Como aquele garoto \\\'\\\'estranho\\\'\\\', ousava a entregar aquele colar de merda, aquela menina doce e amada por todos? Era essa pergunta que não saía do pensamento do pequeno. Ele se achava pouco para ela. Muito pouco. Provavelmente ela não iria gostar daquele lixo, mas, obviamente não falaria pois era muito educada. A garota mais educada que Severus conhecia, aliás, a única, pois ele não conhecia muitas meninas... por que elas o achavam estranho.

- Olha, eu sei que é uma porcaria... e... - disse timidamente, olhando para abaixo, observando a neve no chão. - Eu sei que você vai achar um lixo e...

Os olhos de Lily brilhavam admirando a correntinha.

- Sev...

Lily passou o dedo pelo pigente de floco de neve ricamente trabalhado.

- Pode jogar no lixo... eu sei que você...

- Sev, é o presente mais lindo que já ganhei na minha vida.

Snape congelou. Ficara tentado em falar: \\\'\\\'o que\\\'\\\', porém, estava emocionado demais para dizer algo. Aquela simples correntinha, conseguiu arrancar o sorriso da pequena. Aquela simples correntinha, que foi comprada pelo estranho Severus! Eram essas atitudes que ele apreciava em Lily, na verdade, ele apreciava tudo nela.

- Sev, mas... eu nem comprei nada pra você de natal... nenhum presente...

Ele sorriu.

- Você já está sorrindo. Não há presente maior que esse.

Ela estava encantada com o pequeno colar de floco de neve. Olhava-o com carinho. Severus não se continha. Aquela correntinha comprada com tanto afeto e carinho, havia proporcionado felicidade aquela menina que tanto o encantava.

- Obrigada, Sev. - disse serenamento, colando a corrente em seu pescoco. - Eu já disse que é lindo, né?

- Acho que sim. - respondeu timidamende, olhando o pingente brilhar no pescoco da pequena.

- Você é tão bom, Sev. - murmurou passando a mão levemente no rosto do moreno. O coracão dele batia forte, pulsava rapidamente. Aquela menina tinha alguma coisa. - Bem, então... vamos brincar!

- Mas está nevando, Lily.

- E daí? Assim que é melhor, bobinho. Está nevando forte. Vamos ver quem faz o maior boneco de neve? - e assim, ela tornou-se a ajoelhar na neve, com a felicidade e a inocência de uma crianca.

- Vamos. - ele concordou, observando a ingenuidade infantil no rosto dela.

Ele era feliz por causa dela. Aquela menina tão simples de cabelos acaju, o deixava bobo. Perto dela ele não sentia-se estranho. Era como se Lily fosse a forca que ele precisava para ser feliz. Severus faria tudo por ela. Tudo para ela. Não sabia exatamente o que sentia pela menina, mas, de uma coisa ele tinha certeza: faria tudo para protegê-la, e para vê-la feliz.

- Olha o meu, Sev! - ela ria serenamente.

Ela fazia pequenas bolinhas de neve que pouco a pouco tomava a forma de um círculo, onde seria o corpo do boneco. Já Severus, ainda não havia comecado. Ele nunca havia brincado na neve antes, pois, crianca nenhuma gostava de brincar com ele... tampouco na neve. Porém, poderia usar um pouco de sua magia para fazer o mais belo e bonito boneco de neve. Mas não. Não ousaria tirar o sorriso de Lily.

Afinal, ela era sua Lily, sua pequena e de mais ninguém.

I was thinkin about her, thinkin about me
Eu estava pensando nela, pensando em mim

Thinkin about us, what we gonna be?
Pensando em nós, o que vai ser?

Open my eyes, yeah; it was only just a dream
Abro os olhos, sim, era só um sonho


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O corredor estava deserto. Era possível escutar claramente o choro desesperado de um bebê. James Potter encontrava-se deitado no chão, jorrando sangue, com os olhos entreabertos. Severus ignorou o homem. E continuou andando até avistar a porta escancarada no final deste mesmo corredor.

Ele entrou no quarto. O bebê estava no berco chorando desesperadamente, com uma pequena cicatriz na testa. Mas isso não interessava Snape, que olhou para o canto isolado do quarto. Havia uma mulher com aparência pálida e de olhos fechados. Estava morta.

- Lily? - ele a reconheceu. Estava previsto.

As lágrimas jorraram estantâneamente do rosto de Severus. Ele ajoelhou-se e agarrou Lily nos bracos. Ela estava gelada, seu cabelo estava baguncado, e também jorrava sangue. Ele não podia acreditar... sua pequena... morta?

- Lily... acorde... foi só um sonho ruim... - guaguejava, chorando sobre o corpo morto da amada.

As lágrimas jorravam sem parar dos olhos do moreno. Não queria acreditar. Sua Lily não poderia estar morta... ela era a razão de sua vida. A razão de tudo. A única pessoa que ele amou, a pessoa que ele daria a vida se pudesse...

Mas algo chamou a atencão dele. Um brilho. Um brilho que partia do pescoco da mulher. Ele percebeu o que era: a corrente com o pingente de floco de neve. Severus segurou o pingente em sua mão, e observou-o por algum tempo. \\\'\\\'Poderia ser tudo diferente... tudo. Você não estaria aqui, assim... morta. Lily Evans, a garota mais amada de Hogwarts. Amada por todos. Até mesmo pelo Ranhoso. Pena que nunca percebeu. E agora o que farei? Nunca mais poderei vê-la... nem de longe. Nunca mais poderei ouvir a sua voz doce... Que tolo eu sou! Ela morreu sem saber a verdade, sem saber o sentimento... que estava depositado nesse pequeno pingente.\\\'\\\'

Ainda chorando, tirou o cordão do pescoco dela, e guardou-o no bolso de suas vestes. O que ele faria agora? Estava sem rumo. Ainda não acreditava que ela havia morrido. Nunca mais veria seus cabelos brilhantes contra o vento, nem seus olhos verdes-esmeraldas que trazia para ele, a mais pura paz. Ele ainda a sentia dentro de si. Poderia ainda ouvir: \\\'\\\'Sev, vamos ser amigos para sempre\\\'\\\'. Ainda poderia sentir suas mãos na dela... Mas tudo se foi. Todos os sonhos, as expectativas... mas o amor, nunca iria embora.

- Professor Snape! Nunca pensei que encontraria o senhor aqui!

Uma voz o surpreendeu. Logo, deixou o corpo de Lily no chão, ao ver quem era:

- Hagrid. - a voz seca e fria de Snape ecoava pelo quarto. - Dumbledore mandou você pegar o garoto?

- Sim. - Rúbeo choramingou. - Pobre Harry! - ele olhou o corpo de Lily no chão. - Pobre Lily! Era uma bruxa excepcional... ela e James! Formavam um ótimo casal...

- Não acho. - Snape retrucou secamente. As lágrimas já haviam cessado de seu rosto, mas seu coracão ainda estava partido.

Hagrid não se admirou com as palavras de Severus, pois, estava ocupado demais examinando o corpo de Lily Potter.

Snape aproveitou a situacão, e partiu, deixando o guardião das chaves de Hogwarts confuso. Afinal, o que Severus Snape estava fazendo lá?

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Passado alguns dias, Severus estava no cemitério, enfrente ao túmulo de Lily. Estava frio. Estava deserto. Ele olhou para o céu, e percebeu que estava comecando a nevar.

O túmulo dela era branco, e causava sensacão de paz. Snape abriu a tampa do caixão. O corpo ainda estava lá, ainda não havia sido decomposto. Severus passou lentamente a mão pelo rosto de sua amada. Ela estava pálida, estava gelada. Mas ainda continuava sendo sua Lily, a mulher de sua vida.

Snape chorava silenciosamente, desejando estar com ela. Ele retirou a pequena corrente do pingente de floco de neve do seu bolso, e colocou sobre as mãos geladas e pálidas de Lily.

\\\'\\\' Você disse que seria pra sempre...\\\'\\\'

Ele pensava tristonho. Como isso fora acontece? Queria sua Lily de volta. O seu amor era tão forte, que nada o destruiria.

Ele fechou o caixão e afastou-se do túmulo. O futuro de Severus Snape seria fazer que o sacrifício de Lily não fosse em vão. Ele cuidaria do pequeno Harry Potter.

So I travel back, down that road
Então eu viajo de volta por esse mesmo caminho

Will she come back? No one knows
Ela vai voltar? Ninguém sabe

I realize, yeah, it was only just a dream
Eu percebo, sim, que era apenas um sonho

E Harry Potter cresceu...




 

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