Paradoxos



Gênero: Romance
Classificação:K
Formato: Ficlet
Item: Comensal da morte




Paradoxos


Sorria, mesmo que tristemente. Era sempre assim. Ele preferia não sorrir a sorrir amargo. Ela sempre sorria, mas forçadamente. Se ela não sorrisse, o que restava? Mas ela sabia que sorrir da desgraça e da angústia mórbida faziam deles dois falsos. Sorrir perdia o sentido quando se faz às bordas do desespero e na queda da angústia.


Subiu seu olhar até a cadeira de madeira já carcomida pelos cupins. Estavam numa velha cabana atrás da escola, onde costumavam se encontrar e cultivar aquele amor proibido. Dali onde estava, na cama, ela podia ver o motivo disso.


Uma capa negra e uma máscara. Uma marca no antebraço esquerdo dele.


E ela sentia vontade de matar todos aqueles que a possuíssem. Seria ela, pois, uma hipócrita ao não desejar nem leve mal perto dele? Seria ela uma falsa heroína ao amar aquele que é, em toda a sua essência, seu mais cruel inimigo?


E seria ele um falso Comensal ao amar e desejar tão desesperadamente uma sangue sujo a ponto de dar por ela a própria vida?


- Será que alguém está fazendo o mesmo que nós agora? – perguntara ele ao beijá-la com todo o amor que trazia em si. Todo o desespero de amá-la tão intensamente como se não houvesse mais nenhum alvorecer.


- Espero que sim. Senão, pelo que estamos lutando? – a voz dela saíra baixa, mas com a certeza de que, por mais paradoxais que fossem, jamais deixaria de amá-lo.


E amar Draco Malfoy, um Comensal, não parecia errado quando se tinha apenas os dois. Sem mundos a enfrentar ou abismos de preconceitos a transpor. E amar Hermione Granger, uma sangue ruim, nunca parecera tão certo a ele quanto naquele instante de enlace de almas.


Porque existem muitos modos de amar. O modo pouco importa. O importante é que saiba amar.¹


 




¹ - frase de Machado de Assis, obg.

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