# cinco.



-O que diabos você esta fazendo aqui Sirius? – perguntou Lene ainda incrédula de que o rapaz realmente estivesse ali.




-Você me convidou para a festa, esqueceu?




-Mas você disse que tinha outros planos para essa noite. – acusou ironicamente.




-Tinha, mas como vi que a locadora estava fechada, me deixado sem chances nenhuma de alugar filmes, meus planos foram por água abaixo. – Sirius se sentou na espreguiçadeira ao lado da garota.




-Francamente Sirius! Seus planos para uma noite de sexta era ficar em casa assistindo filmes? – Lene não conseguia disfarçar a incredulidade na voz. – E eu aqui imaginado...




-Você imaginando, o que? – Sirius incentivou a garota a continuar.




-Imaginando que você seria incapaz de fazer um programa caseiro, isso não faz seu estilo.




A reposta verdadeira seria “E eu aqui imaginando em qual lugarzinho podre, você estaria com uma dessas garotas ridículas que se jogam aos seus pés”, mas Lene achou melhor deixar o pensamento só para ela mesma.




-Eu posso te surpreender de várias maneiras, Marlene – disse Sirius com uma voz incrivelmente sexy.




“Garota, se segure, deve ser apenas o efeito da tequila. É por causa dela que você esta com uma incrível vontade de experimentar o gosto desses lábios.”




-Quem sabe um dia, você me surpreenda, não é? – Lene tentava disfarçar o nervosismo.




-Como se eu já não tivesse feito isso.




-Ok. Você me surpreendeu, vindo aqui. Nada mais que isso. – E logo olhou para baixo a procura da garrafa novamente. Quando achou, viu que o liquido já estava no fim e logo teria que voltar a festa para pegar mais.




-Hey, vai com calma Lene, isso é forte, sabia? – disse Sirius tirando a garrafa das mãos da garota.




-Cala a boca e me devolve isso já! – Lene começava a se irritar.




-Pelo visto, você já bebeu bastante disso aqui. – Sirius analisava a pequena quantidade de tequila que ainda restava na garrafa.




-Não me enche. – e se levantou rapidamente, na intenção de voltar para a festa para pegar algo mais para beber, porém novamente perdeu o equilíbrio.




Lene xingou-se mentalmente enquanto sentia os joelhos cederem, mas de repente sentiu braços fortes a segurando.




-Caramba Lene, porque bebeu tanto? – a voz de Sirius tinha um misto de divertimento e irritação.




-Não sei – foi só o que Lene conseguiu pronunciar quando percebeu que estava abraçado com Sirius. Este encarava seus olhos duramente, deixando a garota sem fôlego. Com muito esforço, conseguiu desviar seu olhar, porem este parou nos lábios do rapaz, que estavam a centímetros dos seus.




-Lene – como era maravilhoso escutar seu nome naquela voz macia.




-Por que você faz isso comigo, Sirius? – Lene estava em transe, não conseguia desviar o olhar do rosto do rapaz.




-Isso o que? Te segurar pra você não se espatifar no chão? – e deu uma risada rouca.




Como se aquela risada a desperta-se, Lene fechou os olhos por longos segundos e se livrou dos braços de Sirius.




-Acho melhor te levar para casa – Sirius quebrou o longo silencio que se instalara ali.




-Ok. – Lene não tinha mais forças para contradizer nada – Só preciso pegar minha bolsa la dentro. Me espere aqui.




Sem olhar para Sirius, Lene se dirigiu a casa. Tinha apenas que pegar sua bolsa, que largara em qualquer poltrona, e avisar Lily que não precisaria de carona. Quando entrou na casa, se dirigiu para o sofá e pegou a bolsa. Foi ate a cozinha, procurar Lily, porem no corredor, encontrou a amiga em uma conversa animada com James, apenas fez um sinal de adeus, já sabendo que iria acordar no dia seguinte com o telefone tocando e a ruiva bombardeando-a de perguntas sobre sua saída repentina.




Poderia ate procurar Emme, para se despedir, mas não agüentava mais ficar dentro da casa. Quando já estava nos jardins, avistou o carro de Sirius parado e o rapaz vinha em sua direção.




-Para a casa, madame?




-É o que eu mais quero. - disse com uma voz suplicante.




O caminho ate o carro foi silencioso. Quando entrou, Lene viu sob o banco, o papel em que horas atrás havia escrito o endereço da casa de Emme. Sentou-se, jogando a cabeça para trás e deixando tudo o que estivesse ao seu redor girar.






-Hey, já chegamos. – a voz de Sirius estava muito distante.




-Que? – Lene abria os olhos lentamente.




-Você dormiu o caminho inteiro. – Lene viu que já estavam parados na garagem de sua casa.




-Eu desmaiei aqui, você quer dizer. – a garota podia sentir sua voz saído lenta. – Olha Sirius, me desculpe, não queria ser um transtorno pra você essa noite.




-E não foi. – Sirius se aproximou lentamente. Passou a mão pelo rosto da garota lentamente. Lene apenas fechou os olhos apreciando o toque do rapaz. Com a outra mão, ele segurou o queixo da garota, levantando seu rosto, obrigando a encarar os olhos azuis. – Hoje, quando você me perguntou, por que eu fazia isso com você, a que você se referia Lene?




-Eu me referia – respirou fundo, buscando coragem – a porque você me deixa sem atitude. Por que você consegue quebrar todas as barreiras e chegar a mim de um modo que ninguém faz?




-Gostaria de ter essa resposta também – Sirius mais uma vez avançou, seu lábios estavam perigosamente perto. Lene podia sentir a respiração do rapaz e tinha certeza que ele também podia sentir a sua. Sirius roçou seus lábios nos de Lene, e lentamente foi descendo ate a base do seu pescoço.




-Para Sirius – a voz de Lene saiu dura, e para sua surpresa começava a sentir lagrimas em seus olhos – Isso tem que parar – disse antes de sair do carro, sem olhar para trás.






*             *            *




Os raios de sol entrava pela janela do quarto de Lene, mas a garota se recusava a se levantar. Queria passar o dia inteiro na cama. Não queria encarar ninguém. Não queria encarar ele.




Ficou na cama um bom tempo, para ver se conseguia voltar a dormir, porém de nada adiantou. Levantou-se e foi tomar banho, a água quente escorria seu corpo e a garota nem ligava, tentava afastar a noite passada de sua mente. Depois que saiu correndo do carro, entrou no seu quarto chorando, e ficou assim ate conseguir dormir.




Sirius não tinha o direito de fazer aquilo com ela. Se ela se entregasse aquele beijo, sofreria muito mais quando ele fosse embora de sua casa e certamente nunca voltaria para vê-la. Era melhor reprimir qualquer tipo de sentimento. Mesmo que ele fosse forte demais para ser reprimido.




Vestiu-se e novamente ficou sentada em sua cama. Pensou em falar para sua mãe que não estava se sentindo bem, mas sabia que ele não iria acreditar nisso. Mas e se ele não quisesse mais falar com ela? Se tivesse achado aquela atitude idiota e infantil? O coração de Lene começou a bater desesperadamente, como se não fosse agüentar aquilo.




Lene estava tão concentrada em sua dor que levou um susto ao ouvir o celular tocar. Nem precisava atender para saber quem era.




-Oi Lily.




-Marlene McKinnon, o que foi aquilo ontem na festa? Você foi embora de repente. O que houve? E como quem você foi embora? Por favor não vai me fazer ficar com peso na consciência por ter deixado você ir embora com qualquer um.


 


-Calma Lils, uma pergunta de cada vez ok? Eu fui embora com o Sirius ontem, ele apareceu e me levou para a casa por que eu não estava me sentindo muito bem, acho que exagerei na tequila, sorte que não estou de ressaca – “é pior que isso” pensou – Foi só isso.




-Certeza que foi só isso? – era nítida a preocupação na voz da ruiva.


 


-Não da pra esconder nada de você né?




-Amiga, com essa voz de velório, não da pra esconder de ninguém.


 


-Esta bem, eu e o Sirius quase nos beijamos ontem, mas eu fugi, me tranquei no meu quarto e chorei ate dormir, ok?




-Uau, simples e direta hien? Mas por que você fugiu?


 


-Como assim por que – Lene deitou na cama e começou a falar tudo que já tinha passado mentalmente mil vezes – Quando ele for embora de casa, eu nunca mais vou ver ele, isso não é obvio? Para ele, eu sou mais uma. Ele não vai se dar ao trabalho de voltar aqui para me ver, sem chances. E eu não quero ficar chorando por ma historia que não teve final.


 


-Melhor chorar por uma historia sem final, do que por uma sem começo! Você não pode sofrer por antecipação, eu já te disse isso mil vezes.


 


-Não é sofrer antecipação, é apenas não criar falsas expectativas, só isso.




-OK. De o nome que você quiser para isso, mas depois não fique imaginando o que poderia ter acontecido e você não deixou acontecer.


 


-Eu vou me lembrar disso Lils. – E logo Lene se lembrou do que tinha visto na festa  - Mas vamos parar de falar de mim, eu vi você e o Jay ontem conversando. Conversinha animada hien?




-Não é nada disso que você esta pensando Lene – Lene sentia a amiga ficando nervosa do outro lado da linha. – Nos apenas conversamos, ele foi muito simpático comigo, e...


 


-E o que criatura?




-Ele me chamou para ir ao cinema hoje a noite e eu aceitei! – por mais que Lily quisesse disfarçar a empolgação, não conseguia nem um pouco.


 


-Eu não acredito – Lene tinha se sentando na cama, de tamanha era a sua empolgação – Você vai sair com James Potter!




-Como amigos, Lene!


 


-Você chama isso de amigos? Na minha terra isso tem outro nome.




-Pode parar de graça, tenho que desligar agora, te ligo amanha para dizer como foi o filme.


 


-Se você assistir algum pedaço do filme né?




-Tchau Marlene! – e Lily desligou o telefone.




Aquilo sim, tinha sido uma grande surpresa. Lily Evans e James Potter. Eles faziam um belo par. Lene reuniu toda coragem que ainda restava e desceu para tomar café, já era tarde e provavelmente sua mãe e a Sra. Black já tinham tomado, agora era só torcer pra que Sirius já tivesse tomado também.




-Bom dia Alberto. – disse Lene abrindo a porta da sala de jantar.




-Bom dia senhorita, o que gostaria de tomar hoje?




-Suco de laranja e croissant, pode ser? – perguntou falsamente animada.




-Claro que sim. – e o criado se virou em direção a cozinha.




-Hey, Alberto – a garota chamou antes que ele pudesse sair – o Sirius já tomou café.




-O Sr. Black ainda esta no seu quarto.




-Obrigada.




No café da manha, Lene teve muito medo de que Sirius aparecesse, mas isso uma hora ou outra iria acontecer. Enquanto subia para seu quarto, Lene pensava no que fazer para ocupar seu tempo, sua próxima prova seria apenas na terça feira e ainda era sábado, mas se estivesse estudando, não iria pensar em Sirius.




Foi até seu quarto e pegou seus livros e foi até a biblioteca, costumava estudar em seu quarto, mas a proximidade com o quarto de Sirius a deixava inquieta.




Jogou tudo na velha mesinha da biblioteca. Sua mãe raramente ia ali, então na havia perigo de ser incomodada. A próxima prova era de Literatura, pré-modernismo. Desejando mais que tudo, esquecer a noite anterior, Lene começou a estudar.




A garota esqueceu do tempo e quando olhou no relógio já passava da hora do almoço. Não fazia importância, almoçava depois.




-Mas que novidade! Você esta estudando. – disse Sirius em tom sarcástico entrando na biblioteca de repente.




Lene levantou a cabeça encarou o rapaz. A garota tinha pensando nisso boa parte do dia, na hora em que se reencontrariam. Pensou que haveria magoa, fúria em seus olhos, mas eles estavam limpos e calmos, como se nada tivesse acontecido, e seu sorriso passava segurança para Lene mais do que nunca. Como num passe de mágica, a tensão se dissipou.




-Você perdeu o almoço, então resolvi te procurar – Sirius falou quando percebeu o silêncio de Lene – Te procurei pela casa inteira, tava quase desistindo quando lembrei da biblioteca.




-Tava afim de mudar de cenário um pouco. – disse Lene soltando o livro e se espreguiçando na cadeira.




-Mudou o cenário, mas não mudou o roteiro – disse enquanto examinava a pilha de livros – Literatura?




-É, pré-modernismo, a primeira fase.




-Eu gosto – disse Sirius para a surpresa de Lene – Gosto de clássicos. Falando disso, o que vai fazer hoje a noite?




-Sirius o que os clássicos tem a haver com o meu sábado a noite? – perguntou Lene confusa.




-Tudo, Lene querida, absolutamente tudo – Sirius sorria com todos os dentes – mas você ainda não respondeu minha pergunta?




-Bem – Lene jogou a cabeça para trá, pensativa – já que a Lily vai no cinema com o James, e a Emme não ligou até agora, provavelmente vou ficar em casa.




-Ok, então é certeza, você vai ficar em casa – Sirius dava um de seus melhores sorrisos.




-Fazendo? – Lene sentia seu estomago dar cambalhotas.




-Você verá – Sirius se levantou rapidamente e saiu antes que Lene pudesse fazer qualquer outra pergunta.




-E agora senhora Marlene – disse a garota para si mesma – o que nos aguarda essa noite?




A garota sabia que não conseguiria mais estudar, deu uma rápida olhada no relógio e viu que já passava das três. Era melhor ir almoçar. Largou todas as coisas na biblioteca e foi até a sala de jantar.




A tarde passou estupidamente lerda. Lene demorou ao maximo que pode no almoço, e fez o mesmo no banho. Até arrumou algumas coisas de seu quarto para ver se a hora passava. Quando não havia nada mais a ser feito, a garota consultou o relógio novamente. Já era sete horas. Um incrível cheiro de chocolate invadiu seu quarto. Lene vestiu seu jeans preferido e uma blusa branca qualquer que achou no armário e desceu apressadamente para ver da onde vinha o cheiro.




Quando descia as escadas, Lene não acreditava no que via. A mesa de centro da sala estava repleta de doces e chocolates e Sirius estava largado no sofá, quando percebeu a aproximação de Lene, pegou algo que estava em seu lado e que a garota não tinha identificado, mas logo viu, eram DVDs.




-Pronta para uma rodada de filmes clássicos? – perguntou Sirius com um brilho intenso em seus olhos incrivelmente azuis.

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