# tres.







Após dez minutos, eles chegaram. Quando estavam no carro, Marlene pensou em todos os lugares possíveis em que Sirius poderia ir quando estivesse nervoso, menos aquele.


 


Era um parquinho. Um parquinho muito antigo, estava mal cuidado, grande parte dos brinquedos já estava enferrujada, mas não havia como negar, o lugar tinha certo charme.


 


O local era afastado da cidade, não havia o constante barulho de carros e de suas buzinas. Era possível ouvir alguns pássaros cantando ao longe. O lugar transmitia paz. Lene não se lembrava da ultima vez que se sentira assim.


 


-Gostava de vir aqui quando era pequeno, e hoje de manhã, passei aqui. Precisava saber se ainda não tinham retirado tudo daqui. – disse Sirius quebrando o silêncio.


 


-É um belo lugar, nunca tinha vindo aqui antes.


 


-Acho que poucos já vieram aqui antes, Lene.


 


-Como você achou esse lugar?


 


Sirius se dirigiu ate um velho balanço, passou as mãos pelas correntes, certificando de que elas ainda possuíam alguma resistência e se sentou.


 


-Meu pai costumava me trazer aqui quando eu era pequeno, havia várias crianças aqui brincando naquela época, mas mesmo assim aqui era o meu lugar. Meu e do meu pai. – Sirius encarava um velho carvalho que ficava próximo ao escorregador, mas Lene podia ter certeza que sua mente estava a anos de distancia.


 


-O que houve com ele, Sirius?


 


-Um acidente. Tava chovendo muito naquele dia, o carro tava em alta velocidade – Sirius deu um leve sorriso – ele adorava correr. Mas então ele perdeu o controle do carro. Minha mãe estava na frente junto com ele, eu estava atrás. O carro saiu da pista e bateu em um murro de uma fábrica que havia ali. Ele jogou o carro pro lado dele, nunca iria se perdoa se acontecesse alguma coisa a minha mãe e a mim por imprudência dele. Nos tivemos alguns arranhões, já ele não teve a mesma sorte.


 


Lene caminhou em silencio até o balanço que estava ao lado de Sirius, e sentou-se sem se preocupar se a corrente agüentava seu peso.


 


-Costumava vir aqui todas as semanas após o enterro, era como se ele estivesse aqui comigo. Logo depois minha mãe decidiu que seria melhor ir para Londres, onde ela tinha alguns parentes, e com onze anos eu fui embora.


 


-Nossa Sirius, sinceramente eu não sei o que falar – Lene não conseguia imaginar como era sentir uma dor dessas, perder quem você mais ama.


 


-Tudo bem Lene – Sirius a encarava com seus incríveis olhos azuis. Era uma resposta sincera. Havia saudade no seu olhar, não mais tristeza. – Aqui é um bom lugar pra pensar. Por isso que te trouxe aqui.


 


-Eu fui estúpida com você na sorveteria, me desculpe.


 


-Desculpas aceitas. Podemos ficar aqui o tempo que você quiser. Não temos pressa.


 


-Temos sim. – Lene apressou-se em dizer – Prova amanhã, esqueceu? Tenho que estudar ainda e ...


 


-Lene – Sirius segurou o rosto da garota, forçando-a olhar para ele – Você já estudou ontem, estudou hoje com a sua amiga depois da aula, já chega ok? Você não precisa estudar tanto assim. Quando vai aprender a confiar mais em você mesa?


 


-Ah Sirius de novo essa história não, por favor. Por hoje não.


 


-Ok, mas saiba que você ainda vai ter que enfrentar isso.


 


-Tá, Ta bom. – Revirou os olhos, impaciente.


 


-Você pareceu uma criança teimosa, sabia? – Sirius a encarava divertindo-se


 


-E você um mandão. – Lene, em um impulso, mostrou a língua para Sirius.


 


-Quanta maturidade. – Levantou do balanço e foi até Lene. Lentamente começou a empurrar o balanço da garota.


 


-Cuidado Sirius, isso não esta nas melhores condições.


 


-Calma Lene, a corrente não ta tão enferrujada assim.


 


-Se isso estourar e eu cair, você vai ver Black.


 


-Uhhul. Devo considerar isso como uma ameaça?


 


-Será que é tão difícil entender? – Lene fechou os olhos enquanto ria debochadamente de Sirius. Apenas deixava se levar pelo balanço do brinquedo. Sentindo a ventos que batia em seu rosto, todos os problemas sumiam. Nada mais importava.


 


 


 


*            *            *


 


 


-Menos uma – disse Lene aos berros enquanto atravessava o hall de entrada de sua casa.


 


Agora só faltavam duas provas e depois seriam as merecidas férias. Era sexta feira e a próxima prova, seria apenas na terça-feira, teria tempo de descansar um pouco.


 


-Como foi na prova querida? – perguntou sua mãe enquanto sentava-se na mesa para almoçar.


 


-Bem mãe, a próxima é Literatura. – o olhar de Lene percorreu a mesa – e onde estão nossos hospedes?


 


-Foram visitar algumas casas. Mas querida, o que esta achando deles?


 


Ok. Traduzindo aquela frase seria: “Então filha o que achou do Sirius?”. Por que sua mãe ainda teimava em querer que ela namora-se alguém conhecido, de boa família, e essas coisas todas?


 


-Eles são muito simpáticos mamãe.


 


-Ah que bom que gostou deles Lene – sua mãe tentara disfarçar a decepção na voz, porque sabia que Lene não falaria mais nada.


 


 


 


Lene estava jogada em sua cama, escutando musica. Após o almoço, sua mãe saiu e a garota não ouviu mais barulho na casa. Até aquele momento.


 


-Te falei que você ia bem na prova. – disse Sirius entrando no quarto sem a menor cerimônia.


 


-Boa tarde para você também Black – Lene passava as mãos pelos longos cabelos negros para não demonstrar o susto que levara com a entrada repentina do rapaz.


 


-Olá Lene querida – disse Sirius sinicamente, sentando-se na poltrona, ficando de frente para a cama de Lene.. – Estava falando com a sua mãe na garagem, ela me disse que você foi bem na prova.


 


-Minha mãe adora falar né? –disse mais para si mesma do que pra Sirius – Alias, ela saiu já faz mais de uma hora e eu não ouvi você passando no corredor. – Lene teria escutado os passos do rapaz indo para o quarto.


 


-O carro da sua mãe quebrou, e eu estava chegando. Ela pegou um taxi e eu estava arrumando o carro. Simples assim.


 


-E desde quando você entende de carros?


 


-Entendo de muitas coisas das quais você nem imagina McKinnon. – Sirius estava largado na poltrona e encarava Lene com um brilho estranho no olhar.


 


Lene sentiu-se incomodada com a intensidade do olhar mas não quis desviar os olhos. Continuou olhando Sirius apesar de parecer que seu sangue tinha congelado em suas veias.


-Quem sabe um dia eu descubro Black.


 


-Enquanto você tenta descobrir, eu espero. O que vai fazer agora à tarde? – Sirius se levantava da poltrona e Lene podia perceber grandes marcas pretas em sua blusa branca. Graxa, provavelmente, já que o garoto estava consertando o carro de sua mãe.


 


-Nada. Por quê?


 


-Vou sair. Tenho que comprar umas coisas, afinal não se pode trazer tudo da Inglaterra para cá e não estou a fim de ir sozinho.


 


Marlene sentiu um enorme impulso de pular da cama, colocar o primeiro sapato que achasse e sair com Sirius.


 


“Se controla Marlene” Se repreendeu a garota.


 


-E a sua mãe?


 


-A gente foi ver umas casas e ela fico na casa de uma amiga. E eu não to afim de sair com ela. –Sirius chegou bem perto de Lene, fazendo a respiração da garota descompassar – Então, a senhorita esta afim de ir comigo ou terei que ir sozinho?


 


Diante da cara de cachorro abandonado na chuva, que Sirius fazia era impossível negar qualquer coisa.


 


-Tudo bem, eu vou. Mas só porque também tenho que comprar algumas coisas – Lene apressou-se em dizer.


 


-Como você preferir, princesa – passou a mão delicadamente no rosto da garota, desde sua têmpora ate a curva de seu queixo.


 


Lene ficou paralisada com a atitude de Sirius, que apenas deu um sorriso divertido com a reação da garota.


 


-Te vejo daqui a pouco – Sirius disse, deixando Lene perplexa no quarto.


 


Quando escutou o barulho da porta batendo, Lene atirou seu travesseiro no chão. A raiva tomou conta da garota. Não acreditava que tivesse sido tão boba ao ponto de ficar sem reação.


 


“Idiota! Ta pensando que é quem pra ficar fazendo gracinhas comigo?”


 


Lene trocou de roupa rápido, seu ódio era tão grande que não estava nem ligando para a roupa que estaria vestindo. Foi para o banheiro escovar os dentes, enquanto lavava o rosto, a raiva começava a desaparecer e dar lugar a vergonha.


 


Agora provavelmente Sirius estaria pensando que Lene caira em seus truques baratos e se apaixonara por ele. Ridículo.


 


Precisava mostrar a ele que estava errado. Que não havia caído em truque algum.


Sem pensar, Lene saiu disparada pelo corredor até o quarto de Sirius. Nem sabia o que iria dizer, apena sabia que tinha que dizer algo para acabar com aquele clima.


 


A porta do quarto dele estava fechada, mas para que bater? Ele tinha entrado em seu quarto, escancarando a porta.


 


-Sirius, eu... – mas as palavras morreram na garganta da garota assim que ela entrou no quarto.


 


Sirius estava parado no meio do quarto, apenas com uma toalha enrolada na cintura. Mesmo Lene querendo explicar o que tinha acontecido , era impossível falar vendo o peitoral definido de Sirius, ainda estava molhado por causa do banho e era incrivelmente irresistível. Seus cabelos estava molhados, ficando mais negros ainda, fazendo contraste com seus olhos azuis.


 


-Eu ... – Lene começou a falar, mas as palavras morreram novamente.


 


-Fala Lene – Sirius não parecia nem um pouco envergonhado por estar apenas de toalha.


 


-Me desculpe por ter entrado assim. Deveria ter batido.


 


-Nenhum problema. Queria falar comigo?


 


-Depois eu falo, melhor você se vestir agora. – e sem dar tempo para nenhuma resposta, Lene saiu do quarto sentindo as faces pegarem fogo.


 


 


 


-Vamos Lene? – Sirius estava parado em frente ao carro.


 


-Vamos – Lene evitava ao maximo encarar o garoto.Sentia-se totalmente envergonhada por ter visto Sirius apenas de toalha.


 


Após 10 longos minutos, Sirius quebrou o silencio.


 


-O que houve Lene?


 


-Nada Sirius. – respondeu secamente.


 


-Não me diga que todo esse seu silencio tem alguma coisa a ver com você ter me visto de toalha.


 


Lene apenas continuou em silencio.


 


-Ah Lene que bobagem! Acredite, tem garotas que já me viram pior, e não ficaram nem um pouco constrangidas. – disse Sirius com um sorriso malicioso.


 


-Cala a boca Sirius – Lene deu um leve soco no ombro do rapaz e riu, fazendo com que o gelo que havia se estalado entre eles quebrasse totalmente.


 


Algumas horas depois, ambos já tinham comprado tudo o que necessitavam, e já tinham dado milhares de voltas no shopping.


 


-Agora a gente já pode ir embora né Lene? Meu tempo maximo de permanência em shopping já excedeu.


 


-Nem pensar. A idéia de vir aqui foi sua, e alem do mais eu estou faminta. Vamos comer agora.


 


-A gente come em casa – disse Sirius fazendo a cara de cachorro molhado de novo.


 


-Eu poderia ate cair nessa, mas minha fome agora esta falando mais alto do que essa sua carinha de manhoso.


 


Sirius fiz bico, fazendo manha por ter sido contrariado.


 


-Ah criança, não faça essa cara – Lene deu um forte aperto na bochecha do rapaz – depois a tia compra um pirulito pra você.


 


-Vou cobrar meu pirulito ta?


 


-Vamos comer logo Sirius.


-Ta bom,
tia.



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Oii gentee, como foi o carnaval ?? Espero que bom =D. Ta ai mais um capitulo, e desculpem pela demora, prometo que o proximo vem mais rapido. Espero que vocês gostem desse e continuem comentando. Obrigada pelos comentarios. Beijos.  

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