capítulo três.
Capítulo três.
Você não acreditaria.
“Se você soubesse quem você é. Até onde vai a sua fé. O que você faria? Pagaria pra ver.” PR.5.
- Falar com o Poltergeist foi a pior idéia que você já teve em toda a sua vida, eu já te disse isso? – Sirius cochichava baixo.
O corredor estava muito silencioso, talvez porque não fossem horas de se estar ali. Mas aquela era uma ótima maneira de encontrar Pirraça.
- Eu não sei se você esqueceu, mas ele me odeia. Oh, e odeia você também! Mas é claro, ele tem um bom coração, vai nos ajudar!
- Quer calar a boca, Sirius?
Os dois riram baixinho, e uns quadros pediram silêncio de um jeito arrogante. Sirius teve a idéia de falar com algum deles depois, mas sabia que só cooperariam durante a luz do dia. De noite, era como se quisessem voltar a ser humanos e simplesmente pegar no sono.
Eles viraram um corredor, e Sirius ainda olhava para os homens bem vestidos nos quadros quando trombou com Remo, que tinha estancado bem ali.
- Auch, Remo! Que mer... Que merda é essa?
Remo havia estancado porque havia duas pessoas no meio do corredor; não que essas duas pessoas fossem realmente importantes para ele, mas uma delas era para Sirius. Sirius viu os braços de Marlene deslizarem devagar da nuca de Taylor Campbell, o olhar surpreso dela ao encontrá-los, os lábios vermelhos inchados levemente, as bochechas rosadas. Taylor era um corvinal, e pareceu bem desafiador quando os viu, mantendo os braços na cintura da garota.
- Remo! – ela finalmente disse alguma coisa – Sirius! O que fazem por aqui essa hora?
- Ah, nós só estávamos... Eh... – Remo começou a dizer, mas não conseguiu pensar em nada muito rápido, e cutucou Sirius.
O rosto de Sirius estava ardendo em brasa, vermelho, de raiva e frustração. Afinal, ele não podia voar no pescoço daquele garoto, como estava segurando-se de uma maneira que não pensou que fosse capaz para não fazer; porque ele não tinha mais nada com Marlene. Ela podia fazer o que bem entender, porque ele a havia machucado e estragado tudo. E o fato de não se lembrar de nada só tornava as coisas piores.
- Estávamos passando – a voz de Sirius saiu atrasada e rouca, mas pareceu satisfazer Taylor, que começou a olhar para os lados se perguntando o que é que eles ainda faziam ali.
- Já vamos indo – Remo continuou – boa noite.
- É, uma ótima noite. – Sirius falou, sentindo a voz sair mais desdenhosa do que havia planejado.
Que se danasse. Taylor Campbell ficaria com Marlene pelo resto da noite.
Os dois responderam os cumprimentos. Por um instante, Sirius encontrou os olhos de Marlene, doces e um pouco aflitos, e depois encontrou os de Taylor. Perguntou-se se quando ela sorria, podia iluminar o mundo dele, também. Até que Remo agarrou-o pela manga da blusa e o puxou para o corredor.
- Cara, eu vou te falar – Aluado começou a falar quando já haviam percorrido boa parte do corredor – eu não estava acreditando muito nessa história, sabe, quer dizer, parte de mim não queria acreditar. Fala sério, você não lembrar de nada que aconteceu em um mês? Mas depois do jeito que você olhou aquele cara e enlouqueceu por causa da Lene, as duas partes de mim acreditam.
- Espero que você só seja dividido em dois – falou o outro, passando as mãos nervosamente pelos cabelos.
- Ainda estou descobrindo isso. – riu Remo – a questão é: esqueça dela por enquanto, ok?
- É claro que sim, eu a machuquei. De uma maneira ou de outra, ela não vai voltar pra mim. O que mais eu posso fazer? – Sirius respondeu um pouco rude.
Remo ficou alguns segundos compridos mastigando aquela resposta, e os únicos sons foram dos passos apressados deles pelo corredor.
- Cara, me desculpe, é só que...
E ele parou no meio do corredor.
- Eu não pensava que pudesse ser tão forte assim.
Remo parou também, e esperou, compreensivo.
- O que eu sinto por ela. Como eu fui... Capaz?
O outro ergueu as sobrancelhas e crispou os lábios. Depois, Sirius bufou, e ia continuar a caminhar pelo corredor quando percebeu que uma idéia passou pela cabeça do outro, pois sua expressão mudou muito rapidamente, e seus olhos se desviaram para o nada.
- Espera aí – Remo falou – você disse que esse cara, o tal do gênio. Ele te concedeu todos os seus desejos?
- Foi o que ele disse.
- E então, te largou no futuro?
- É o que parece.
- Mas... você desejou machucar a Marlene?
Sirius refletiu por um instante. Malditos gênios do mau tempo.
- Não. Eu sonhei que ficava com várias garotas diferentes, lembra?
- Então ele não te concedeu os seus desejos, e sim os seus sonhos.
- Eu estou repetindo isso pra você há dois dias, está com problemas de audição?
- Cara, isso muda tudo. Tudo mesmo.
Sirius observou enquanto a linha de pensamento de Remo ia se desenvolvendo, muito longe, e ele não focava seus olhos em lugar nenhum. Uma brasinha de esperança de acendeu dentro dele, tão pequena em meio à uma enorme fogueira. Remo finalmente havia colocado sua mente brilhante para trabalhar: ele tinha alguma idéia. Comparado à quem não sabia ao certo nem que dia era, aquilo foi fantástico. De repente, o outro segurou-o pelo pulso.
- Vamos agora falar com o poltergeist.
---
- Heeeeeeeeeeeeeeeeey, cara! – Remo gritava, e sua voz ecoava por todo o corredor.
- Pirraciiinhaaaaaaaaaaaaaa, amigo! – o garoto que estava com ele também o fez, colocando a mão envolta da boca para o eco ser maior.
- Se o Filch nos pegar, ele vai usar as suas técnicas antepassadas de algemas e chicotes de tão furioso – riu Remo – isso é tão a sua cara.
- Eu sei, isso é o máximo.
- Ah, que novidade – uma vozinha os assustou.
Era uma voz que não parecia vir do dono que estava flutuando logo atrás deles, e sim de algum lugar muito, muito longe, e mesmo assim era irritante e zombeteira, mas tinha um quê de preocupação pelo fato de estar lidando com Sirius Black e Remo Lupin.
- Olá, amiguinho – Sirius sorriu abertamente para ele – estávamos justamente procurando por você.
- Sabe, eu não gosto muito quando me procuram, prefiro quando eu os acho.
- As coisas sempre mudam, não é? – falou Remo.
- Odeio mudanças. – Pirraça respondeu, e sua voz foi mais fantasmagórica que nunca.
- Você não nos assusta, Pirra.
- Ah, merda. Qual é o seu problema, Black? Onde estão seus remédios?
- Preciso de uma ajuda.
O poltergeist parou de flutuar para cima e para baixo e de olhar para os lados e fixou o olhar e o corpo voltado para os dois. Interessado. Então gargalhou, bem alto, e foi como se mil pessoas dessem risada ao mesmo tempo, mil risadinhas finas e forçadas que ecoava pelo corredor.
- Isso não foi exatamente... engraçado. – falou Remo, coçando a cabeça de um modo desconfortável.
- Ok. Sirius Black, em que o seu mero e pobre mordomo pode servir?
- Na verdade, só vim em busca de algumas informações, sabe? Você é desse mundo estranho e não-humano, talvez pudesse me dizer onde eu posso...
- Encontrar alguém? Algum fantasma? É isso que quer?
- Não é exatamente um fantasma, Pirraça, é um cara que...
- Ok, então, uma criatura? Deste mundo? Eu vou te falar, a maioria é muito mais perigosa do que você pode pensar.
- Pode, por favor, me deixar falar?
- É que você é muito previsível.
- Então preveja o que eu quero te pedir, engraçadinho!
Pirraça cessou o riso de escárnio no canto dos lábios que o acompanhou durante as falas rápidas. Encarou Sirius intensamente, parecendo olhar através de suas roupas. Então seus olhos escuros se arregalaram.
- Não, não, não. Não me meto, não me meto.
- Quê? Pirraça, nós... – Remo começou, percebendo que o fantasma começava a voltar pelo corredor e que parte de seu corpo já estava desaparecendo.
- Não me meto com gênios, amigo. Pode ficar com eles se quiser, inteiramente.
- São mais de um, nessa escola? – Sirius aproveitou a deixa.
- Não! Graças a Deus, nã... ah, droga, eu não me meto! Está ouvindo? Me deixem em paz!
Pirraça estava quase inteiramente invisível. Só sua cabeça, de costas, com uma expressão aflita, podia ser vista. Sirius teve que pensar rápido. Fuçou nos bolsos, e achou um chocolate da janta que havia fanado e tacou na cabeça dele. É claro que transpassou, mas ele ficou visível novamente e até sólido para poder pegar o doce. Seus pés caíram levemente no chão, e ele virou-se com o pacote nas mãos e um sorriso. Começou a abrir enquanto falava:
- Oh, adoro subornos. Posso te dizer que gênios são perigosos, muito perigosos, do tipo que não se deve mexer na vida deles por nada na nossa vida. – e deu uma mordida, sujando a boca.
- Então, eles vão atrás das pessoas?
- Você encontrou um? – ele olhou meio incrédulo para Sirius, e depois gargalhou com a boca cheia de chocolate – você é mesmo um azarado, Sirius Black! O que te aconteceu?
- Nem te conto, meu amigo.
- Também não exagere, não sou seu amigo, sou seu subordinado. – ele limpou a mão nas vestes e depois lambeu os beiços.
- Ok, Pirraça, precisamos saber como encontrar esse gênio.
Os olhos do poltergeist brilharam, como se fossem humanos, e ele os olhou esperançosos por alguns segundos. Sirius fuçou nos próprios bolsos, mas só havia pegado um chocolate. Para sua surpresa, Remo tacou um chocolate para ele, que pegou-o no ar com agilidade e um sorriso torto.
- Bem, isso é difícil de responder, Sirius Black. Gênios não são realmente... Receptivos – o poltergeist abriu com um puxão só o pacote e começou a comê-lo – eles não saem dando seus endereços para as listas feletônicas.
Antes que Remo perguntasse o que era uma lista feletônica, Sirius lançou outra pergunta, percebendo que ele estava comendo o chocolate rápido demais:
- Pirra, você acha que eles podem ir embora de algum lugar? Quer dizer, eles podem se mudar?
- Hummm... – Pirraça lambeu os beiços sujos de chocolate – isso eu não sei. Às vezes. Ah, não, com certeza não. Bem, quem sabe?
- Fale algo que faça sentido! – pediu Remo.
- Eles não podem se mudar, não. O seu amigo disse que se mudaria, Sirius Black?
- Ele disse que talvez se libertasse dessa escola e...
O poltergeist soltou uma risada alta – e foi como se chocalhos cintilassem levemente no ar –, segurando a barriga e inclinando-se para trás, melecando a própria roupa com o chocolate.
- Liberdade? Não seria bem ele que teria que se libertar da escola, e sim ela teria que se libertar dele.
Remo franziu a testa para Sirius, preocupado. O último suspirou, pelo menos um pouco aliviado, agora que tinha certeza de que aquele papo de conceder-lhe sonhos para se libertar de uma maldição de uma bruxinha era uma outra maneira de convencê-lo a dizer sim.
- Não tem nenhuma idéia de onde esse tal gênio possa estar? – Remo quis saber.
O poltergeist pigarreou com uma expressão de interrogação e nenhum chocolate nas mãos.
Sirius fez um gesto desolado para a criaturinha na sua frente.
- Eu? Eu não me meto, não!
E foi a última coisa que ouviram antes que o poltergeist tornasse a virar fantasma e desaparecesse como fumaça no ar.
- Ótimo, estou frito.
- Como era a aparência do gênio?
- Um homem baixinho, gordinho, não me pareceu nada ameaçador, sabe. Mais do tipo criador de confusões, não perigoso.
- Temos que achá-lo. – Remo estalou os dedos.
Eles tornaram a caminhar de volta para o corredor, em silêncio. Vez ou outra ouviam uma risadinha distante, algo como a sombra da que Pirraça havia dado tempos atrás. A brasa acesa dentro de Sirius estava quase apagando quando ele ouviu passos apressados vindo na direção deles, e puxou Remo para trás de uma armadura com rapidez. O outro concentrou-se, esperando.
É claro que eles não podiam ter idéia de que seria Marlene que passaria por eles, e até daria uma olhada na armadura e uma risadinha debochada para eles, amontoados atrás dela. Ela continuou andando pelo corredor, os punhos fechados com força dos lados do corpo. Sirius olhou curiosamente para Remo, que deu de ombros.
- Eu não te aconselharia a ir atrás dela...
- Você não tem idéia de como eu quero fazer isso.
- ... Mas a vida sempre é sua.
- É claro, por isso eu vou arriscar.
E ele saiu desabalado atrás dela, deixando Remo na armadura.
Marlene não se virou quando Sirius a chamou pela primeira vez, apenas fez um gesto impaciente. Ela parecia estar irritada.
- Lene?
- Pode parar de me chamar assim? – ela finalmente parou de andar, e ele chegou na sua frente.
Ela estava realmente irritada, com a respiração apressada e o rosto corado. Sirius tentou não pensar no quanto ela ficava linda daquele jeito, e sim em como dizer à ela.
- Querida, isso não são maneiras de começar uma conversa.
- Isso não é uma conversa! – ela exclamou, ficando mais vermelha ainda – e não me chame de querida.
- Por que está tão irritada?
- Ah, Sirius Black, eu realmente acho que não te interesse!
- Não quer falar comigo? Tudo bem! Mas não precisa ser tão agressiva! – ele finalmente se irritou, e sentiu o rosto corar.
Passou as mãos pelos cabelos nervosamente. Ah, brigar com Marlene não ajudava em nada. Mas o que ele podia fazer? Era a única maneira de ficar perto dela. Ela cruzou os braços e deu um riso debochado, olhando para o fim do corredor como se tivesse alguém lá, e depois voltou-se para ele:
- Tem razão, eu não quero falar com você. Eu não quero sequer lembrar que você existe, Black.
- Porque está fazendo isso? – ela não tinha noção do que ele estava sentindo – eu não fiz nada pra você!
Pela maneira como ele exclamou, meio inclinado para frente, bem perto dela, até ele acreditou na sorte.
- Ou fiz. – ele continuou sabendo que era impossível tentar convencê-la de qualquer coisa.
Foi aí que ele percebeu. Não havia mais motivos pra insistir naquilo e muito menos para ficar irritado – mesmo que ele fosse continuar irritado. Marlene não voltaria de repente à mesma de um mês atrás, pudera acreditar no que estava acontecendo.
Sirius fechou os olhos, tornou a passar a mão pelos cabelos e depois saiu andando pelo corredor, calmo. Tinha que relaxar. Aquilo simplesmente não adiantava... nada.
- O que? – ela estava indo atrás dele.
Os braços dela ainda estavam cruzados e ela caminhou de um modo que não andasse do lado dele.
- Porque está falando desse jeito sério, como se realmente não tivesse feito nada?
- Ah, Marlene... Se eu te contasse, você não ia acreditar.
- Eu quero saber, Sirius!
- Quer saber o quê? – Sirius se virou para ela, e seu rosto ardeu novamente.
- Quero saber qual é o seu problema.
- Eu não tenho nenhum problema.
Ela fitou-o em silêncio, sem acreditar.
- Eu conheço você. – disse, depois, a voz mais doce.
- É engraçado, porque eu estou realmente com problemas. Se quer saber, todos os problemas do mundo estão zunindo na minha cabeça! Está satisfeita?
- Porque eu estaria?
Sirius olhou para o teto, passou as mãos nos cabelos e suspirou. Seus nervos se acalmaram, assim como os dela haviam feito.
- E porque você está tão interessada? – ele perguntou, como se esse não fosse exatamente o único motivo pelo qual não estava gritando.
Marlene não respondeu, mas seu rosto tornou a corar.
- Você e o Taylor terminaram? Por isso está tão irritada? Porque ia voltar tão cedo pra cama, Marlene? – ele provocou.
- Se quer realmente saber, nós terminamos, sim!
- Eu sempre soube que corvinais não são bons, sabe, na pegada. Deixam a desejar.
- Não tente me confundir, Sirius, eu não vou te contar porque terminamos.
- Você costumava ser melhor quando escolhia os caras. Eu, por exemplo.
- Ah, sim, o mais safado de todos os tempos. Ótima escolha – ela ironizou.
Sirius estava abrindo a boca para responder, mas ela foi mais rápida:
- Eu sabia que não era possível você estar diferente.
E começou a andar, com a intenção de passar por Sirius e ir para o dormitório, as sobrancelhas finas franzidas. Mas ele segurou-a pelo braço, ligeiro, e a puxou para perto. Tão perto que o cheiro do cabelo dela o embriagou completamente, e ele fechou os olhos para inspirá-lo.
- O que foi? – ela murmurou, mais delicada.
- Lene, se eu te contasse... se eu só... – ele começou, os olhos ainda fechados, e então encostou a testa na dela.
Quando ela suspirou, seu hálito o deixou zonzo. E ele pensou que tudo bem se ela achasse que ele estava louco. Se parasse de falar, ela se afastaria e sua voz se elevaria vários graus além dos sussurros que estavam sendo agora. E aquilo o acalmava, muito.
- Eu preciso que acredite em mim.
- Isso é bem difícil.
- Pode só escutar.
Marlene se calou e ele entendeu que era a sua vez de falar.
- Se lembre de quando... de quando acabou aquele jogo, contra a Sonserina. Aquele que a gente foi pro vestiário depois no meio da chuva.
A testa dela franziu contra a dele.
- O jeito como nós dois estávamos... sabe, juntos.
- Sei.
- Você se lembra como éramos pirados um pelo outro?
Ela deu outro suspiro e ele pôde ouvir seus batimentos se acelerando.
- Claro que sim.
Se antes uma brasa de esperança de acendera no peito de Sirius, aquilo estava mais para uma chama inteira. E ele precisava atiçá-la para acender a fogueira.
- Se eu te contar que aquela é a última noite que eu me lembro, você acreditaria?
A respiração dela falhou. Marlene afastou o corpo de Sirius alguns centímetros e ele abriu os olhos, encontrando as duas esferas negras dos dela, que brilhavam muito. Mas havia aquela expressão...
- Que diabo está falando?
... incredulidade.
- Olha, não se afasta, ok? – ele pediu, segurando as mãos dela.
O olhar dela se derreteu e Sirius ouviu seus batimentos se acelerando novamente.
- Como espera que eu acredite nisso? – Lene sussurrou com a voz meio falha.
- Uma coisa bem ridícula aconteceu comigo. Eu estava lá, buscando as bebidas perto da Floresta Negra, então apareceu um cara que disse que podia tornar todos os meus sonhos realidade. Era um... gênio.
As sobrancelhas dela se elevaram até onde podiam, e seus lábios seguraram um riso, mas ela não afastou as mãos das dele.
- Sirius?! Você está bem?
- Ah, Lene... Você perguntou o que estava acontecendo. Eu estou falando a verdade.
Depois de pensar alguns instantes, sem o ar zombeteiro, ela falou:
- Então, quer dizer, que você sonhou que terminávamos?
- Quer dizer que eu sonhei que saía com outras garotas, antes de começar a sair com você. Oh meu... – de repente ele percebeu.
Se tudo, tudo mesmo, o que havia sonhado, tivesse acontecido, então ele não estava exatamente arrependido, apenas estava por não se lembrar. Depois que começara a sair com Marlene, 90% dos seus sonhos eram compostos de noites em que os dois não se controlavam nem um pouco e o pudor era completamente esquecido, tanto em corredores e salas vazias e escuras, entre gemidos, sussurros, risadas, mordidas, e beijos. Eles dois, entre lençóis de cetim negro.
- Eu perdi muita coisa. – ele murmurou, segurando-se para não rir de si mesmo.
- Ok, acabou a graça, Sirius Black.
- Lene, nós... er... Nós transamos?
Os olhos negros dela se estreitaram, e suas bochechas ficaram um pouco vermelhas. Apesar disso, ele sabia que ela não estava com vergonha.
- Você não se lembra?
- Não. Não me lembro nem de ter te pedido em namoro, nem de ter te traído, nem de nada. Remo foi quem me contou tudo.
- Então eu espero que ele saiba essa também! – de repente, ela estava nervosa de novo, e afastou-se bruscamente dele, o rosto pegando fogo de raiva – você não vai me conseguir de novo, Sirius, você teve a sua chance, não venha inventando coisas idiotas para me enganar porque eu te conheço muito bem!
- Lene! Droga, me escuta!
Ela já estava parada de braços cruzados a uma boa distância dele, quase encostada do outro lado do corredor, e mordia os lábios, nervosa.
- Sabe de uma coisa? Essa loucura toda foi ótima. – ele falou, amargo.
No momento em que ela se estressou, Sirius soube que não haviam possibilidades de que acreditasse.
- Eu sei, você pegou umas trezentas garotas em um mês e eu levei o maior tombo da história!
- Não! Não é nada disso. Foi ótima pra mim perceber de uma vez por todas.
- Perceber o quê, Sirius? – ela quase gritou.
- Perceber que eu te amo e que seria insuportável ficar longe de você.
A resposta afiada de Marlene se perdeu em mente, e ela fechou a boca devagar, os grandes olhos escuros brilhando. Sirius respirou lentamente, sem tirar os olhos dela, pensando que aquilo tudo soava tão impotente que era até chato. Ele havia traído Marlene. Aquilo estava martelando sua cabeça. Era óbvio que ela não acreditaria.
Então ele mexeu nos cabelos e desviou o olhar do dela, suspirando, e finalmente tornou a andar pelo corredor, sentindo o olhar profundo dela sobre si. Seus passos foram lentos. Quando estava quase virando o corredor, a ouviu e parou:
- Isso... Isso tudo é uma piada, não é?
Ele virou o corpo a fim de olhá-la, enfiando as mãos nos bolsos.
- É uma das suas brincadeiras. Certo, Sirius?
Ele suspirou:
- Está certa. É tudo uma grande piada.
n.a: oioioi :D huuh, capítulo meio.. avoado, né? prometo que o próximo vai ser mais esclarecedor, sabe, vai revelar muitas coisas mais do que está acontecendo com o Sixzinho *-* há. well, MUITÍSSIMO obrigada por todos os comentários, eu amo todos! ah, e só pra esclarecer uma coisa: Lizzie? Eu acho que a gente vai ter que brigar quanto ao Ashton, querida. HAHAH ;P beijo beijo gente .
Nah Black.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!