Atracción



Seu olhar tem um mistério que me atrai
Gota de orvalho quando cai
Vento soprando meu viver 


Seu olhar tem algo que seduz, fascina
Água da fonte cristalina
Brisa do meu amanhecer 


Seu olhar é uma chuva de estrelas
Caindo sobre mim
É um rio desaguando em correntezas
Paixão que não tem fim


 


Seus Olhos – Zezé de Camargo e Luciano


 


As aulas à tarde passaram absurdamente lerdas. Por mais que Eliza tentasse se concentrar a única coisa que vinha em sua mente era os olhos chocolates de Mathew. A garota começou a fica inquieta com a situação. Não só pela dominação de seus pensamentos como também pelo receio de sentir uma atração tão forte.


 


Quando Eliza viu Mathew no jantar da seleção, achara o rapaz deslumbrante. Ele fazia o tipo dela: alto, forte, com a feição despreocupada e ao mesmo tempo enigmática. Do tipo que Eliza não resistia olhar e delirava em pensar em estar envolvida por aqueles braços, o qual a garota não teria dispensado uma olhada rápida quando ele a segurou, porém não conseguia olhar outra coisa, a não serem seus olhos.


 


-Eliza? – chamou Gina


 


-Sim. – a ruiva tirara a garota de seus pensamentos várias vezes durante o dia. Quando Eliza percebeu as duas já estavam no corredor a caminho da sala comunal.


 


-Você tem certeza que ta legal? Você ta tão distraída, com um olhar distante.


 


Eliza suspirou derrotada mais uma vez naquele dia.


 


-Gina, é ele. Eu não consigo esquecer o que aconteceu hoje e por mais que eu tente me distrair, parece que a lembranças daqueles olhos vem com mais intensidade do que antes.


 


-Por que você não admite logo. Você esta encantada por esse rapaz! Não tente negar. O que há de mal nisso? Afinal ele é um rapaz muito bonito.


 


-Você não entende, eu não estou encantada – a palavra saiu com toda a ironia possível – por ele. E mesmo que estivesse, teria todo mal nisso. A gente nem se conhece.


 


Eliza desviou o olhar e Gina entendeu que o assunto morrera ali. Pelo menos por enquanto.


 


Quando entraram na sala comunal, muitos alunos já estavam ali. As garotas se jogaram em duas cadeiras para fazerem os deveres.


 


-Primeiro dia e já tem dever de praticamente todas as matérias! – disse Eliza revoltada – Um absurdo!


 


-É o sexto ano – disse Gina desenrolando um pergaminho – Pelo menos ano passado tinha o quadribol e ...


 


Gina se calou abruptamente e olhou para a janela.


 


-Gina?- Eliza chamou como a ruiva tinha feito com ele o dia inteiro, após alguns minutos de silencio.


 


-Eu só estava pensando. Só isso.


 


A garota entendeu logo. Gina sofria com alguma coisa, e não estava disposta a falar sobre o assunto. Falar sobre um determinado assunto deixava a lembrança mais viva, e dependendo do assunto, a lembrança doía. Eliza pegou o livro de Transfiguração para começar a fazer o dever. Para depois passar para o de Herbologia.


 


Já fazia quase uma hora que Eliza estava concentrada nos deveres. Por uma misericordiosa hora aqueles olhos tinham dado uma trégua à mente da garota. Eliza não era a primeira da turma, mas sempre tivera notas realmente boas e iria se esforçar para continuar assim em Hogwarts.


 


-Finalmente terminei – a garota largou a pena e se espreguiçou, desviando os olhos da mesa. Quando olhou a sala, Eliza ficou petrificada. Ele estava ali.


 


O par de olhos chocolates a encarava.


 


Mathew estava sentado em uma poltrona do lado da lareira. Estava com uma expressão no rosto que Eliza não conseguia interpretar. Ele a olhava fixamente. A garota agradeceu por estar sentada, pois já sentia suas pernas moles.


 


Por uma fração de minuto Eliza conseguiu desviar o olhar dos olhos de Mathew, mas ainda olhava o garoto. Estava sentado com uma elegância natural na poltrona, a mesma elegância que tinham os condes da antiga Inglaterra. Sua gravata estava frouxa e o primeiro botão da camisa, aberto. As mangas da camisa estavam dobradas, deixando a mostra os perfeitos contornos de seu braço, mas nada mais pareceu importar quando Eliza voltou a olhar aqueles olhos.


Mathew estava sentado tão próximo da lareira que era possível ver as chamas crepitando em seus olhos. Eliza imaginou como seriam aqueles olhos quentes após um beijo apaixonado.


 


Porém o contato visual foi quebrado quando outro rapaz se aproximou chamando Mathew que foi obrigado a desviar o olhar e se levantar da poltrona.


 


Mesmo que Eliza não gostasse, Mathew mexia com ela, ele era simplesmente irresistível.


 


Com medo de que Mathew voltasse e o jogo de olhares recomeçasse, Eliza juntou as suas coisas e subiu para o dormitório.


 


*            *            *


 


Gina estava jogada na cama. Tinha terminado os deveres antes de Eliza e subira mais cedo para o dormitório.


 


Quando falara há alguns minutos atrás sobre o quadribol, ele veio em sua mente. Como sempre.


 


Era difícil reviver aqueles momentos, pois sabia que quando voltasse à realidade, a falta e a preocupação seriam ainda maiores. Se é que isso fosse possível. Usava toda a sua força para controlar a memória e não se deixar levar pelas lembranças, mas isso estava se tornando insuportável.


 


Precisava dele. Precisava de Harry. Nem que fosse só uma lembrança, só para se lembrar dos sorrisos bobos e olhares desajeitados daquele moreno.


 


Gina fechou os olhos e deixou momentos que pareciam ter acontecido há anos atrás, voltar a sua mente.


 


No ano anterior Gina, cursara o quinto ano. Ano de NOM´s. Estava estudando muito e na maior parte do tempo se sentia irritada com tanta matéria para estudar. Mas ela tinha uma válvula de escape: os treinos de quadribol. A ruiva esperava os dias de treino ansiosamente, pois amava o jogo. Também se esquecia das provas enquanto voava e via ele. Tinha uma desculpa para olhar para ele. Por mais que se sentisse mal por estar namorando, quando olhava Harry, às vezes se sentia a garotinha de 10 anos, mas logo voltava a sua confiança. Não havia mais constrangimento nem insegurança. Não que ele notasse.


 


Sempre fazia imitações de Rony abobalhado tentando defender as goles e todos da equipe riam, às vezes sentia o olhar de Harry sobre si. O fato de não corar mais, não significava que estava livre das borboletas no estomago.


 


Condenava-se cada vez mais por estremecer por um cara, sendo que tinha namorado, mas era bobeira e muita ingenuidade pensar que um dia Harry Potter não mexeria com seu coração. Seu coração.


 


Coração que estava cada vez mais dilacerado pela falta de noticias e insegurança. Após a fuga do trio no casamento de Gui e Fleur, a ruiva sentia-se sem rumo. Era difícil não saber onde eles estavam e se estavam bem. Mais difícil ainda era acordar e fingir ser forte. Seus pais estavam sofrendo demais, Gina não queria ser mais uma dor de cabeça para eles.


 


Mas nada disso seria pior do que estar em Hogwarts de novo sem eles. Ir para uma aula e se deparar com corredores desertos onde ela e Harry ficavam quando não queriam que ninguém os perturbasse e saber que eles não se repetiriam. Entrar na biblioteca e saber que Mione não estaria lá, lendo livros e mais livros. Tomar café da manha e não ter mais Rony ao seu lado lhe censurando. Nada parecia ser pior que isso. As lembranças.


 


Tinha que ser forte para suportar tudo isso. Ficara feliz ao ver Neville e Luna na estação. Amigos sempre lhe faziam bem.


 


Gina sempre pensou que, depois de ter Luna como amiga, seria difícil um amigo lhe surpreender pela personalidade. Ok, ela estava errada. Teve total certeza disso quando conheceu Eliza. Sabia que muitos a julgariam como descarada e louca, mas a ruiva sabia que a garota podia ter sim, seu lado descarada, mas a parte de louca, isso deixaria um pouco para Luna.


 


Eliza era a única que não era louca naquele castelo. A única que fazia as pessoas sorrirem pelo simples fato dela mesma sorrir, renovando as miseras esperanças que havia dentro de cada um. Era uma amiga que muitos gostariam de ter. Era a amiga ideal para Gina naquele momento.


-Gina? – Eliza estava na porta do quarto.


 


-Que? – a ruiva abriu os olhos assustada. Estava completamente perdida nos seus pensamentos. – Ah, oi Eliza, não tinha te visto.


 


-Falta pouco para terminar os deveres e também – Eliza se jogou na cama – não tava muito a fim de ficar la em baixo.


 


-Por quê? Aconteceu alguma coisa?


 


-Ele. Foi ele o que aconteceu.


 


-Ele quem? Ah o tal de Mathew.


 


-Exatamente, o Mathew. Gi me diz quem deu permissão pra ele ficar la embaixo, com a camisa dobrada, deixando aquele braço ... – Eliza ficou em silencio por um momento, provavelmente se deliciando com a lembrança dos braços de Mathew – E ainda com o primeiro botão da camisa aberto. Tava quase indo la para abrir o resto!


 


Gina não se conteve e começou a rir da situação da amiga. Eliza estava de joelhos na cama, segurando com força o travesseiro e com uma expressão atordoada no rosto.


 


-Pelo visto a visão dos braços dele te afetou – disse Gina indo em direção a janela e dando um leve tapa na cabeça de Eliza.


 


-Não foi a visão dos braços dele que me afetou. – a garota tinha uma expressão intensa no rosto – A visão dele todo me afetou.


 


Gina mais uma vez não conseguiu segurar o riso. Estava rindo de novo.


 


Só ela mesma pra me fazer rir. – Pensou a ruiva.


 


-Mas então por que você não vai falar com ele? Porque timidez, ta na cara, que não é o seu problema.


 


-Mas é que – Eliza procurou as palavras certas – não da! Eu nem consegui pensar direito naquela aula de Feitiços e hoje na sala comunal e tive a total certeza que não consigo nem desviar o olhar dos olhos dele. Imagina se eu for tentar falar com ele, vai ser um desastre só. Ok Gina, odeio admitir mas você tava certa. Ele me encantou.


 


-Vamos dizer que não é uma coisa muito difícil de notar.


 


-É serio, mas que droga!


 


-O que de mal tem disso garota? Você se encantou por um rapaz, só isso. Não é nenhum crime!


 


A expressão de Eliza ainda estava preocupada e o esforço para disfarçar não adiantou nada.


-Verdade.


 


Nada mais foi dito por nenhuma das duas. Enquanto Eliza terminava seus deveres, Gina se encaminhou para o banho.


 


Era engraçado ver a cara de Eliza quando ela falava de Mathew. Era mais do que obvio que o rapaz tinha conquistado toda a atenção dela, o que deixava a garota irritada, mesmo que a própria não percebesse isso. Gina entendia muito bem desse assunto. Quantas vezes odiou Potter e a si mesma por não conseguir parar de pensar nele. Entendia muito bem o que Eliza estava sentindo.


 


Quando voltou para o quarto, Eliza já tinha guardado os livros e estava em uma tentativa frustrada de dormir, virava-se toda hora na cama. Após alguns minutos Gina sentou-se na ponta da cama de Eliza.


 


-Hey, assim não vai melhorar nada – Gina falou assustadoramente parecida com a Sra. Weasley.


 


Eliza levantou-se e sentou na cama encarando a ruiva.


 


-Eu sei Gi, mas sabe, parece que tem alguma coisa aqui dentro – a garota levou a mão ao peito – que ta me inquietando, que não me deixa sossegar.


 


-Olha, tem um lugar que eu sempre gosto de ir quando quero esfriar a cabeça. – Gina consultou o relógio – ainda tem 50 minutos para acabar o tempo permitido de andar pela escola. Acho que faria bem a você ir lá um pouco, o que acha?


 


Eliza apenas assentiu com a cabeça.


 


-É a sacada – continuou Gina – tenho uma vista realmente impressionante, principalmente de noite.  Ninguém vai la a essa hora.


 


-Ok, eu vou. Acho que eu só preciso espairecer um pouco.


 


A ruiva explicou o caminho ate a sacada, embora fosse muito simples chegar até lá. Eliza vestiu sua capa, pegou um par de luvas e deixou a torre da Grifinória.


 


 


*            *            *


 


Eliza tinha amado a idéia de Gina. Não estava conseguindo dormir de jeito nenhum. Algo estava incomodando a garota, não havia como negar. E para completar, os malditos olhos não saiam de sua cabeça.


 


Na sala comunal, a garota tinha tido a certeza de que aquele rapaz a atraia mais do que ela gostaria de admitir.


 


“O que tem demais? Não é um crime!” foi o que Gina disse.


 


Podia não ser um crime, mas representava tudo o que Eliza mais temia: perder o controle sobre seus próprios sentimentos.


 


A garota não podia se deixar levar por um sentimento, muito menos por uma atração, por mais forte que ela fosse.


 


Eliza era muito extrovertida e para muitos que a vissem, imaginava que a garota não tinha rédeas. Seria ate verdade. Sempre fazia o que tivesse vontade e não se importava com as regras. “Foram feitas para serem quebradas” como sempre dizia. Mas quando se tratava de seus sentimentos, Eliza era muito severa consigo mesma.


 


Amor faz as pessoas perderem a cabeça, esquecerem o bom-senso e se deixarem levar. E com uma atração tão forte como Eliza estava sentindo, o resultado não poderia ser outro senão um tremendo desastre.


 


É claro que um dia Eliza já foi romântica, pensou que seu príncipe chegaria. O cara ideal. Mas aprendeu da pior maneira possível que isso só acontece em contos de fadas.


 


Por que aquele cara tinha que mexer tanto com ela? Por que aqueles olhos não saiam de sua cabeça de maneira alguma? A lembrança daquele olhar na sala comunal, refletia o fogo tão perfeitamente...


 


“Não posso me deixar levar por uma atração!”


 


Quando Eliza estava fora da escola, de férias, gostava de sair com suas amigas, conhecer alguns garotos e as vezes terminava a noite aos beijos com algum deles. Gostava de estar com alguém, afinal ninguém nasceu para ficar sozinha. Não gostava era de sentir algo mais forte por eles.


 


Quando viu Mathew pela primeira vez, imaginara que poderia ser assim. Alguns beijos e nada mais. Mas tinha que ter aquela maldita atração.


 


A garota não deu atenção ao caminho e quando percebeu já estava na sacada. Era um lugar amplo, a brisa brincava com os cabelos de Eliza, enquanto ela observava a lua cheia, que iluminava o ambiente.


 


Debruçou-se ali e ficou contemplando a paisagem. Era lindo ver o lago, com o reflexo da lua brincando sobre suas águas. Imaginar aonde a levaria se simplesmente seguisse o curso do rio. Fechou os olhos, sentindo a brisa e como já esperava viu mais uma vez o par de olhos chocolates a encarando, mas não com a expressão intensa da sala comunal e sim com o brilho enigmático que ele a olhara ao segura-la na aula de feitiços.


 


Se a intenção era ir à sacada para esquecer Mathew, o plano não deu muito certo, porém aliviou a inquietude no seu peito.


 


Abriu os olhos lentamente e se virou.


 


Pela segunda vez naquele dia, Eliza se sentiu petrificada.


 


Mais uma vez os olhos chocolates a encaravam. Ele estava ali.


 


 


 


*            *            *


 


N/a: Mais um capitulo postado. Espero que gostem dele, eu estou amando escrever.


Estou postando todo domingo, mas agora com a volta das aulas, vou ficar com um tempo bem reduzido para escrever, mas vou fazer o possível para postar toda semana.


Comentários? Sempre bem vindos. Quero muito saber a opinião de vocês sobre a historia.


Pessoas eu simplesmente não sei colocar musica nos capítulos. Quem souber como, adoraria saber. Porque essa autora não consegue nem colocar foto no perfil da feb!


 


Agradecimentos Especiais:


 


Vanessa Vianna: Antes de tudo, a minha beta favorita! Obrigada por estar me ajudando a escrever a fic flor. Achou a Eliza parecida com alguém? Acasos. Kk. Bjos querida.


 


Larii Shiita: Amei seu comentário. Muito obrigada, mais um capitulo e espero que goste. Comentários como o seu estimulam muito. Beijos.


 


Hermione: Muito obrigada pelo comentário. Tomara que também goste desse capitulo. Beijos


 


Gaby Black: Obrigada por ter feito a capa. Amei ela, vou colocá-la logo.

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