Capitulo 20



Mais tarde, Gina levou James Stanford até a estação. Ele mesmo tinha insistido com Harry para que usasse seu carro até receber de volta a Ferrari. Assim, a Mercedes do editor ficou em King’s Green e James foi para a estação no pequeno Alfa de Gina, por sugestão da sra. Weasley, depois do jantar.


 


A noite estava escura e anunciava tempestade, o que fez Gina pensar em desistir de ir até Ketchley, como tinha prometido a Draco. Mas, depois de deixar James Stanford na estação, sentiu necessidade de ver o noivo, com ou sem chuva. Tomou a direção do haras, mas foi impedida de chegar até lá pela tempestade forte que desabou. Felizmente Draco decidiu ir a procura dela e ajudou-a a livrar o carro da lama.


 


Chegando à casa dos Malfoy, Gina tirou o casaco e deu uma enxugada no cabelo com uma toalha trazida pela mãe de Draco.


 


— Que falta de sorte! – exclamou Draco, e Gina concordou.


 


— É uma pena que nosso jogo de tênis tenha ido por água abaixo – comentou Gina, sorrindo.


 


— Não foi isso que eu quis dizer. Vai ser difícil chegar até Exeter amanhã, com esse tempo – disse Draco. — Você sabe, tenho dois cavalos que vão correr amanhã, e se essa chuva continuar...


 


— Ora, não se preocupe com os seus cavalos, Draco – protestou Gina, sentindo-se rejeitada.


 


— Sei que não gosta dos meus animais, Gina, mas pelo menos podia mostrar alguma preocupação pelo bem-estar deles. A chuva deixa a pista escorregadia e...


 


— Sei disso, Draco. E não sou insensível, pode acreditar – Gina hesitou. — Por falar nisso, eu... bem... eu acariciei o cavalo de Harry hoje a tarde. O que você acha disso?


 


— Você fez o quê? – a expressão de Draco não agradou nem um pouco a Gina. — Você... acariciou o cavalo do Potter! Desde quando ele tem um cavalo? Você não tinha me dito isso.


 


— Só faz alguns dias que ele comprou o Horácio de Burt Halliday – Gina foi se sentar perto da lareira e procurou mudar de assunto ao perceber que Draco estava irritado. — Onde está sua mãe?


 


— Burt Halliday! – interrompeu-a, ríspido. — Potter comprou um cavalo dele? Aquele... aquele cafajeste! Espero que tenha sido enganado.


 


— Ele...eu... Ele parece ser um bom animal – arriscou Gina, mas Draco reagiu com impaciência outra vez.


 


— O que é que você entende disso? – ironizou. Depois, lembrando-se do que a noiva tinha dito antes, perguntou: — Como é que  chegou tão perto do cavalo para acariciá-lo? – olhou para ela com raiva. — Por acaso Potter estava montando o animal, na ocasião?


 


— Não, claro que não. – embora fosse verdade, Gina ficou vermelha. — Ele... nem estava lá. Eu só... bem, Horácio estava lá...


 


— Horácio!


 


— ... e eu.. fiquei com pena, porque os mosquitos estavam atormentando o coitado.


 


— Então você o acariciou... – o tom de Draco era de desprezo.


 


— Por coincidência, sim. – Gina procurou não se deixar intimidar. — Pensei que você fosse ficar contente. – depois, como Draco não dissesse nada, ela continuou — Você ainda não disse onde está sue mãe.


 


— Ela e papai foram ao teatro – declarou, seco. — Parece que é um musical qualquer. Mas ela quis ir e papai teve que levá-la.


 


— Sei. – Gina recebeu a noticia com preocupação. Preferia que os pais do noivo estivessem em casa naquela noite, porque presentia uma discussão.


 


— Quer dizer que agora você vai poder aprender a montar? – insistiu Draco, disposto a atormentá-la.


 


Gina suspirou.


 


— Um dia... talvez – concordou Gina, sem vontade de discutir.


 


— Quando penso no número de vezes em que tentei aproximar você dos meus animais! – exclamou Draco, tentando controlar a raiva. — E, agora, bastou esse Potter comprar um pangaré qualquer para você ir logo para cima dele!


 


— Não é verdade! – Gina ficou em pé, furiosa, decidida a não deixar que o noivo a tratasse como a um ser inferior. — Já expliquei que Harry não estava por perto.


 


— Ah, quer dizer que agora ele virou Harry para você? Muito bem! Ficaram íntimos em pouco tempo!


 


 — Não seja tolo, Draco. – Gina sentia raiva do noivo e dela mesma. — É possível que você tenha tentado... não sei..  O que sei é que o cavalo estava lá, eu também estava, aconteceu.


 


— Muito bem! – Draco cerrou os punhos, furioso. — Mas com certeza você vai querer repetir a façanha.


 


— Não entendi.


 


— Agora. Aqui e agora. Pode me provar que é corajosa.


 


— Isso é necessário?  Não acredita em mim.


 


— E se eu disser que não?


 


— Ora, Draco, que infantilidade!


 


— Por quê? Só porque quem está pedindo sou eu e não o Potter?


 


— Harry não tem  nada a ver com isso, Draco. Quantas vezes preciso repetir isso?


 


— Está bem – Draco não desistiu. — Então prove que pode entrar no estábulo sem ficar em pânico.


 


— Francamente, Draco... – Gina suspirou. — Está bem. Se você faz questão... Mas não espere demais, porque ainda preciso de tempo.


 


Um corredor coberto levava até a construção central onde ficavam os cavalos. Ao cruzar a primeira porta, Gina sentiu uma pontada de pânico. Fique calma, dizia a si mesma ao sentir o cheiro dos cavalos. Mas, sabendo que Draco esperava tanto dela, não era nada fácil. A mistura de cheiros de palha e couro, a visão dos puros-sangues cada vez mais próximos quase fizeram Gina virar as costas e sair correndo.


 


— Pronto – disse Draco, apontando para um belo cavalo cinza na primeira baia. — Este é Moonmist. Acha que pode montá-lo?


 


— Montar? – Gina deu uma risadinha nervosa. — Claro que não! Não posso montar cavalo nenhum. Ainda não...


 


— Que tal o Lacey? – Draco acariciou o pescoço de outro animal, que deu um relincho de satisfação. — Venha passar a mão nele. Ele não vai morder você.


 


Gin quis dizer que não, mas o rosto contraído de Draco não lhe deixava escolha. Não se perdoaria se falhasse naquele momento. Meio as cegas, estendeu a mão e tocou o pêlo macio.


 


— Muito bem, muito bem... – Draco estava impressionado, mas seu tom de voz não era nada amigável. — Quando foi que aconteceu esse milagre?


 


— Não é milagre, Draco – heroicamente, Gina deixou que o animal esfregasse o focinho na sua mão. — Aconteceu... só isso.


 


— O que o Potter achou? – perguntou Draco, sarcástico.


 


— Ele ficou surpreso, é claro...


 


— Você não disse que ele não estava lá? – interrompeu Draco, percebendo a contradição.


 


—  E não estava mesmo. Eu contei a ele.


 


— Contou? – Draco era a fúria personificada. — Foi direto contar que tinha acariciado o cavalo dele?


 


— Não foi bem assim.


 


— Como é que foi então.


 


— Draco! Quer parar com isso? Já fiz o que você queria... acaricei... ah... Lacey. Vamos entrar agora. Estou com frio.


 


— Já, já. – Draco foi para o fundo do estábulo, conversando com os animais à medida que passava pelas diversas baias. Parecia determinado a se vingar, e Gina se arrependeu de ter ido a Ketchey.


 


— Venha aqui, Gina.


 


Gina seguiu a voz e descobriu o noivo na última baia, agachado ao lado de um monstruoso cavalo negro. Num esforço supremo de vontade, ela conseguiu não gritar, e a ausência de reação desapontou Draco.


 


— Este é Poseidon – disse ele, e o coração de Gina deu um salto ao ouvir o nome. — Veja, venha ver o que aquele idiota do meu irmão fez com o animal. Está vendo? Chegue mais perto.


 


Gina deu um passo para trás. Poseidon estava imóvel, mas ela não gostou do olhar do cavalo, nem do jeito como ele mantinha as orelhas deitadas para trás.


 


— É melhor eu ficar aqui – implorou, petrificada. — Por que não voltamos para casa? Estou com frio.


 


— É demais para você, não é, Gina? – Draco olhou para ela, triunfante. — Exatamente como eu esperava. Você não é uma amazona, Gina, e nunca vai ser. Pode dizer a Potter que eu disse isso.


 


A atitude do noivo entristeceu e chocou Gina, que chegou a conclusão de que havia na personalidade do noivo recantos obscuros e insensíveis. Sem pedir licença, virou as costas e foi embora.


 


Já estava na porta quando um raio cortou o céu, seguido de um trovão assustador. Os cavalos se agitaram nas baias, inquietos, tão apavorados com a tempestade quanto Gina com eles. Nesse instante um grito de dor soou mais alto que o trovão. Gina pensou que fosse mais um truque de Draco, mas ao ouvir os relinchos fortes de Poseidon percebeu que alguma coisa muito grave tinha acontecido.


 


— Draco... – parou diante da baia e chamou o noivo, mas não obteve resposta. — Draco! Draco, responda! Pare com isso. Está me assustando!


 


— Gina – a voz de Draco era fraca. — Gina, pelo amor de Deus, me ajude. Prendi a perna e não consigo sair.


 


Gina não se mexeu. Devia ser mais um truque de Draco.


 


— Onde é que você está? – perguntou com voz trêmula, e recebeu como resposta um palavrão.


 


— O que é que você acha? Na baia de Poseidon. Ele me deu um coice, o maldito! Pelo amor de Deus, me ajude.


 


Gina sentia os protestos do estomago, mas caminhou decidida na direção de Draco. Afinal, não podia abandonar o noivo numa situação daquelas.


 


— Maldito cavalo – exclamou Draco quando Gina se aproximou, tremendo – Esse maldito podia ter me matado.


 


— O que aconteceu? – Gina correu para o noivo estendido no chão, preocupado demais para sentir medo. — Pensei que você fosse capaz de dominar o animal.


 


— Não seja idiota! – retrucou Draco, furioso, levantando-se com esforço e apoiando todo o peso do corpo em Gina. — Como é que eu podia saber que o trovão ia assustá-lo daquele jeito? Se ele tivesse atingido minha cabeça, e não meu joelho...


 


Com dificuldade, saíram da baia e fecharam a porta. Draco andava com dificuldade, e Gina procurou ficar de boca fechada para não irritá-la ainda mais. Chegando em casa, ela o deitou num sofá e só então percebeu a gravidade do ferimento


 


 


— Acha que a perna está quebrada? – murmurou Gina, preocupada.


 


— Não, está só machucada – garantiu Draco, dobrando a perna com evidente dificuldade. — Vá buscar um uísque com soda para mim. Nenhum maldito animal vai me derrubar!


 


— É melhor chamar o médico – sugeriu com delicadeza. – Ele pode receitar algum analgésico...


 


— Não me diga o que devo fazer, Gina. – tirou o copo de uísque  da mão dela sem a menor delicadeza. —  Sei muito bem o que você está pretendendo. Quer que o médico venha e depois conte a todo mundo que Malfoy não é capaz de dominar seus animais!


 


—  Não, Draco!


 


Gina estava chocada com tanta maldade. Ele tomou vários goles de uísque e depois olhou para ela de um jeito estranho.


 


— Venha cá – ordenou, apontando para o sofá. — Você vive se queixando de que eu não tento nada com você quando estamos sozinhos. Quero fazer você mudar de opinião.


 


— Draco, o que está acontecendo com você? – Suspirou, desanimada. — Por favor, vamos chamar o Dr. Bluthner.


 


— Já disse que não. Venha cá, Gina.


 


Puxou-a com força para o sofá, os olhos transtornados pela bebida, e passou as mãos pelas coxas dela.


 


— Minha Ginazinha – sussurou, cheio de desejo, afundando a cabeça no pescoço dela. — Minha doce salvadora! Você merece uma recompensa.


 


Procurou o fecho do zíper da calça de Gina, sem se importar com a reação de asco e rejeição da noiva. Tinha só um objetivo em mente: sua própria satisfação. Ela tentou afastar a mão dele, mas era mais fraca e não conseguiu. O zíper foi aberto com violência e a mão de Draco invadiu sem escrúpulos a região quente e macia.


 


— Não, Draco!


 


Lutou como uma louca para se livrar daquelas mãos insensíveis, debatendo-se e chutando as pernas dele, até que um chute no joelho ferido obrigou-o a soltá-la.


 


— Sua cadela! – gritou, agarrando o joelho com as duas mãos.


 


Gina sentiu uma pontada de arrependimento.


 


— Desculpe, mas... – Ia continuar, mas o som de vozes de pessoas que entravam a interrompeu. Apavorada com o próprio estado, fechou depresa o zíper e ajeitou o cabelo despenteado.


 


Um segundo depois, Vincent aparecia na porta, acompanhado de, nada mais, nada menos, Harry Potter. Os dois pararam ao ver a cena que estavam interrompendo. Foi Vincent quem quebrou o silêncio, constrangido.


 


— Noite horrível! – comentou, divertido.


 


Gina quase morreu de vergonha, mas Draco não parecia nem um pouco embaraçado.


 


— Que diabos você está fazendo aqui, Potter? – perguntou ríspido, sem se preocupar em cumprimentar o irmão.


 


— Ele não queria vir, Draco – interveio Vincent -, mas eu insisti. Como não havia táxis na estação, telefonei e pedi a ele que me trouxesse até em casa. Pode ao menos oferecer uma bebida a ele?


 


— Nós... não ouvimos o carro. – Gina se dirigiu a Vincent, e ele sorriu.


 


— Acredito – brincou. – Quer um drinque, companheiro? – perguntou a Harry.


 


— Não, obrigado. – Harry olhou de Gina para draco, e de novo de Draco para Gina. — Já vou embora. Quer uma carona, Gina?


 


— Ela veio no carro dela, Potter – explodiu Draco. — Não precisa de carona nenhuma.!


 


— As estradas estão péssimas – argumentou Vincent. — Honestamente, aconselho você a voltar com Harry, Gina. Posso levar seu carro amanhã de manhã.


 


Draco ficou furioso e começou uma discussão com o irmão, que aceitou o desafio e respondeu a altura.


 


— Pelo amor de Deus! – exclamou Gina. — Isso é ridículo! Vou para casa sozinha. Vocês que se arrebentem!


 


Virou as costas e saiu. Vincent tinha razão: a noite estava horrível, mas Gina não podia voltar atrás. Entrou no pequeno Alfa e tomou a direção da estrada sem olhar para trás. A luz dos faróis não era suficiente para iluminar a estrada, mas ela se recusava a entrar em pânico. A lembrança da cena com Draco lhe dava forças e eliminava o medo.


 


De repente, os pneus começaram a girar em falso na lama e o carro derrapou, deslizando para o acostamento. Por pouco não capotou, mas felizmente o choque contra o barranco não foi muito forte e Gina não se machucou. Estava imóvel no assento, chocada demais para pensar, quando alguém abriu a sua porta. Era Harry, e parecia muito ansioso.


 


— Gina, pelo amor de Deus... – começou, zangado. Mas ao perceber o olhar assustado de Gina, se acalmou. — Você está bem?


 


Ela fez que sim com a cabeça e só então percebeu que ele não estava agasalhado. Ao contrario dela, só estava usando uma camisa de seda, encharcada pela chuva.


 


— Estou... estou bem – disse com voz trêmula. — Você está ensopado. Vá embora.


 


— E como é que pretende sair daqui? – perguntou, ríspido.


 


— Já disse que dou um jeito. Vá embora, sr. Potter. Não preciso de sua ajuda. Volte para o seu livro. – Gina sentia que estava agindo irracionalmente, mas não tinha condições emocionais para raciocinar.


 


— Só porque sua vida sexual com seu noivo não é satisfatória, não precisa me agredir – explodiu Harry.


 


— O que é que você sabe sobre isso? – protestou, furiosa.


 


— Ora, não banque a inocente. Pensa que não percebi o que Vincent e eu interrompemos?


 


— Não se atreva a continuar, sr. Potter. Vá embora imediatamente! Já disse que não preciso da sua ajuda.


 


— Está bem. Está bem! – virou as costas, louco de raiva, e entrou no Mercedes sem olhar para trás.


 


Gina ouviu o ruído do motor em movimento e caiu em si. Ele estava indo embora! Como ia fazer para sair dali? A idéia de passar a noite sozinha naquela escuridão, debaixo daquela tempestade, a apavorou. Num impulso de pavor, saiu correndo do Alfa atolado, sem se importar com a chuva e com o barro. Chegou perto do automóvel de Harry já quase sem fôlego e parou do lado da janela, humilhada, temendo a reação dele. Percebendo os sentimentos dela, ele abriu a porta e desceu outra vez.


 


— Gina... – murmurou com suavidade e, num impulso, abraçou-a e beijou-a na boca.


 


Era uma loucura ficarem ali parados debaixo daquele aguaceiro, mas Gina não tinha forças nem vontade de se afastar. Aquele era o lugar dela, aquele era o homem que amava! A revelação caiu sobre ela como um raio. O corpo de Harry estava frio, mas seus beijos queimavam como fogo, cada vez mais intensos à medida em que ela se entregava. Apesar do frio, uma onda de calor corria pelas veias dela, espalhando-se pelo corpo todo numa avalanche de desejo. As roupas ensopadas tornavam o abraço ainda mais íntimo e revelador, e Gina perdeu a noção de tudo, a não ser do desejo de passar a noite nos braços dele.


 


— Precisamos voltar – gemeu Harry, levantando a cabeça com esforço. — Sua mãe deve estar preocupada.


 


— Eu... eu sei...


 


Mais um beijo cheio de paixão, e depois Harry a soltou e abriu a porta do carro. Gina entrou, obediente. Ele entrou também, acendeu a luz interna e examinou-a de alto a baixo com um brilho atormentado nos olhos. Com a chuva, a blusa de Gina tinha colado no corpo, delineando nitidamente as formas dos seios rijos.


 


— Gina – murmurou com um gemido. — Tem alguma idéia do que estou sentindo agora?


 


— Eu... acho que sim – sussurou com voz insegura, chegando mais perto.


 


Sem forças para resistir, ele tornou a abraçá-la e cobriu seu rosto de beijos.


 


— Que loucura – murmurou com a boca colada a dela. — Eu desejo você, Gina, mas não aqui... não desse jeito. Eu amo você e quero fazer amor com você. Mas amor mesmo, de verdade, e não seduzir você dentro de um automóvel.


 


— Você ... você me ama? – Gina prendeu a respiração e escondeu a cabeça no peito dele.


 


— Claro que amo. – Afastou a gola da blusa e beijou o pescoço dela, ansioso. — Não tinha percebido ainda? Meu Deus, como foi difícil ficar longe de você, sem tocá-la, sabendo que ia casar com aquele almofadinha do Malfoy! Sentia vontade de matá-lo cada vez que ele tocava você, e naquela noite... quando você voltou com aquela marca no pescoço, minha vontade foi dar um tiro nele.


 


— Harry...


 


— Você me ama, não ama? Não sente a mesma coisa com o Malfoy, sente? Ele faz isso com você? – inclinando a cabeça, acariciou o bico do seio de Gina com os lábios.


 


— Não... oh... não! – balançava a cabeça de um lado para o outro, enlouquecida. — Ninguém...ninguém jamais me tocou... como você.


 


— Ótimo! – ele parecia satisfeito. Afastando-se, encostou a cabeça no vidro embaçado e olhou-a com um olhar de posse. — Vamos embora. Temos muito tempo pela frente. Temos a noite inteira. Precisamos é de um bom banho, de preferência juntos, mas se não for possível...


 


— Se não for possivel? – perguntou, ansiosa.


 


— Você pode ir ao meu quarto depois? Prometo que não vou fechar a porta. Pelo menos não antes de você estar lá dentro.


 


— Harry.. eu.. eu não posso...


 


— Não diga que não, por favor – pediu, suave. — Preciso de você, Gina. Quero você comigo, e não quero que nada nos impeça de ficar juntos. Stanford veio a King’s Green para me dizer que preciso ir aos Estados Unidos assim que meu livro estiver pronto... para assinar os contratos do filme. E quero que você venha comigo. Você vai?


 


— Stanford? Mas... e Margot?


 


— Margot não significa nada para mim.


 


— Nada?


 


— Nada. Sei que ela pretendia fazer de mim o marido número quatro, mas estava perdendo tempo.


 


— Você... dormiu com ela? – arriscou, espantada com própria audácia.


 


— Não.


 


— E... com... Vivien Sinclair?


 


— O que é que você quer de mim, Gina? – ele estava meio divertido, meio impaciente. — Um relatório das mulheres que conheci? Que importância tem isso? Nunca disse a Vivien que a amava e é isso que importa. Nunca disse a mulher nenhuma, a não ser a você.


 


— Isso... é verdade?


 


—É. Eu amo você, Gina. Não estou brincando. Mas se esperava que eu bancasse o celibatário todos esses anos, então é muito ingênua.


 


— Não disse que esperava isso – protestou, trêmula.


 


— Desculpe... – Harry passou a mão pelo cabelo, agitado. — Desculpe se magoei você, mas que diabo! Será que eu devia ser virgem até hoje? Garanto que você mesma não ia gostar.  – Gina ficou vermelha e embaraçada, e Harry a puxou para perto dele outra vez. — Gina, até conhecer você, eu não sabia o que era um interesse real por uma pessoa. Pode acreditar... foi terrível pensar que você me odiava!


 


— Eu nunca odiei você, Harry.


 


— Não mesmo? – segurou o rosto dela com as duas mãos. — Pois eu acho que odiou. Mas não vamos falar nisso agora. Acha que sua mãe vai deixar você ir comigo?


 


Gina não respondeu, atormentada pelos problemas que ainda estavam por vir: Draco, a mãe, o futuro. Percebendo que ela estava indecisa e que precisava de tempo para pensar, Harry se afastou e deu a partida no carro.


 


Chegaram logo a King’s Green e Harry parou bem em frente à porta para que ela pudesse descer sem se molhar mais.


 


— O... o que você vai dizer? O que é que nós vamos dizer? – perguntou, indecisa.


 


Harry ficou impaciente


 


— O que você quer que eu diga? Vamos ver... “Eu amo sua filha, sra. Weasley, e quero que ela desfaça o noivado para vir comigo para Nova Iorque”. Que tal?


 


— Só isso? – Gina não conseguia controlar a ansiedade.


 


— O que mais você quer?


 


Gina olhou para ele, incrédula.


 


— Que... que tal falar de casamento?


 


— Casamento? – repetiu, espantado.


 


—É, casamento. – a voz trêmula de Gina não demonstrava muita convicção. — Você quer... casar comigo... não quer?


 


Harry apoiou a cabeça na direção, e sua demora em responder deu a Gina a convicção de que precisava. Sentindo-se profundamente rejeitada e infeliz, estendeu a mão cegamente para a maçaneta da porta. Mas antes que pudesse alcançá-la, Harry esticou o braço na frente dela, impedindo-a de sair.


 


— Antes que se tranque no quarto outra vez, vou lhe falar uma coisa – disse com raiva. — Está bem, não tenho intenção de providenciar uma certidão de casamento antes de chegar aos Estados Unidos. Não concordo com essas convenções.


 


— Claro – interrompeu-o, amarga. — Todas aquelas mulheres! Devem ter pensado a mesma coisa que eu...


 


— Pensado o quê?


 


— Que... que você as amava...


 


— Já disse que você é a única mulher que eu...


 


— Ora, pode deixar os detalhes de lado! – uma lágrima escorreu, teimosa. — Como posso acreditar em você...


 


— Nunca menti para você, Gina. Você sabe disso.


 


— Eu sei?


 


— Pois devia saber. Se eu quisesse mentir, acha que ia contar minha vida a você?


 


— Isso não altera o fato de...


 


— Santos Deus! – cerrou os punhos. — Eu amo você, Gina, e se é uma certidão de casamento que você quer, então vai ter uma. Mas não pense que esse pedaço de papel vai fazer a menor diferença nos meus sentimentos por você!


 


— Não... não! – Gina sacudiu a cabeça, teimosa. — Não, obrigada. Posso viver sem o seu... sem o seu paternalismo. Talvez você esteja enganado. Talvez eu seja mais feliz com Draco. Ele pelo menos tem a decência de me oferecer uma aliança antes de tentar deitar na minha cama.


 


— Está bem! Está bem! – com uma imprecação, Harry se afastou dela. — Já estou cheio. Desça daqui ou não me responsabilizo pelos meus atos. Volte para o seu querido noivo. Ele merece você!


 


— Harry...


 


Por um momento, a enormidade do que ela estava rejeitando a assustou, mas o rosto contraído de Harry não encorajava um pedido de desculpas. Com o coração pequenino, abriu a porta e saiu. Harry, em vez de guardar o carro na garagem, acelerou e desapareceu na estrada, os pneus cantando.


 


 


 


 


(...)


 


 


 


 


 Feliz Páscoa a todos :D

COMENTEEM ;**

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.