Fantasmas.
Nota õ/ :: Hey vocês =) Tudo bem povo? Peço desculpas pela demora e tudo o mais, mas e o tempo cadê? Estou de mudança, então a confusão aqui em casa ta geral, por isso qualquer erro ortográfico dêem um desconto ok? Hahahahha ^^ Um beijão especial pra minha unicórnia queridona, Criz Vaz, que tem trabalhado um monte e ainda saiu com um capitulo ótimo como “Estou Aqui” õ/
Agradeço a Anne Black, suellen pimenta, P̲αh Blαck ., Michelle Freire, Natty* e Mandy Fletcher, obrigada por comentarem meninas ;) Espero novos comentários viu? E Mandy Fletcher, o capítulo vai pra você garota! Hahaha, você me deixou na pressa de escrever algo muito bom no menos tempo possível, me diga o que achou ok? Ah, e não, Segredos I não foi esquecido, mas como me falta tempo é mais prático para mim escrever sobre um capítulo que eu acabei de ler do que ter que reler algum capitulo e então escrever.
Chega de enrolar, boa leitura pra vocês =)
E lembrem-se: comentar é de graça e faz um bem danado! ;D
Dani W. B.
¹Trecho do livro A história sem fim, de Michael Ende.
As músicas do capítulo são Dig do Incubus e Shadow On The Sun do Audioslave.
Incubus - Dig
“- Estou aqui, disse ela finalmente, em voz baixa, no meio da escuridão. Sua voz ressoou como e ela estivesse numa grande sala vazia... ou teria sido outra voz, muito mais grave, que lhe respondera com as mesmas palavras?”¹
Depois de ler e reler esse mesmo parágrafo por várias vezes, fechei o livro, colocando-o na mesa-de-cabeceira com o mínimo de movimentos. Ao meu lado jazia um Caios Trent adormecido, com um braço ao meu redor de uma maneira carinhosa e quase necessária.
Ele pegara no sono tão logo nos aconchegamos nos braços um do outro, e não posso culpá-lo, depois de todas as aspirinas e poções para ressaca que lhe dei. O meu sono entretanto, andava com suas próprias pernas por algum lugar de sua vontade, não me pertencia mais, desde que deixei Vegas.
Virei na cama, fitando o rosto de meu melhor amigo. Toda a tristeza tão visível em cada traço seu, todo o cansaço, toda a dor. E mesmo assim ele continuava lindo. A melhor pessoa que já conheci. Vê-lo tão exposto me partia o coração, despertava em mim um tipo de fúria louca, protetora... A famosa vontade de pegar os problemas das pessoas que a gente ama e resolve-los com um estalo de dedos. É claro que a vida é complicada demais para que possamos pegar em nossas mãos os problemas alheios, eu aprendi do modo mais difícil, ou melhor... Não aprendi. Até hoje tem o mesmo instinto, a mesma vontade, a mesmo fúria de quem quer construir sólidos castelos de cartas.
“Estou aqui”, foi o que eu dissera para ele. E nós dois sabíamos que há muito mais promessa nessas duas palavrinhas do que elas podem expressar. E de alguma forma, quando Caios me trouxe mais para perto, para dentro de seus braços e junto do seu peito, foi mesmo como se uma voz muito mais grave respondesse com as mesmas palavras. Muito mais promessa do que eu ouvia há tempos...
Todos nós temos um ponto fraco
Some of ours are easy to identify
Alguns dos nossos são fáceis de identificar
Look me in the eye
Olhe-me nos olhos
Nossas vidas estavam igualmente uma bagunça. Um tumulto atribulado de um trem descarrilado, um trem que parecia não ter fim. Como ser pega no meio do caminho, num veículo sem freios e a toda velocidade, indo por caminhos que você nunca imaginou, nunca planejou.
Mas ele precisava de mim. Nós sempre tivemos nosso tipo de comunicação muda, nossos códigos que ninguém ouve e ninguém entende, ninguém além de nós. Sim, era tudo verdade, eu estava em alta velocidade e sem freios, atravessando muros sem vontade, sem parada, sem fôlego. Mas saber que meu melhor amigo precisava de mim mudava tudo. É uma coisa estranha, um tanto altruísta e bastante burra, mas era assim que funcionava. Eu estava desmoronando, mas meu melhor amigo também estava, e na minha lista de prioridades ele vem primeiro. Era como se tudo fosse uma promessa de funcionar, de dar certo, se, e apenas se, eu conseguisse me focar na dor dele e ajudá-lo de alguma forma. É, eu sei, sabe o que dizem sobre as mulheres não é? Elas adoram pensar que são capazes de consertar um homem.
Não sou hipócrita também, admito com franqueza que cuidar dos problemas dele era também uma desculpa para não pensar nos meus. Uma prova torta de que eu podia consertar a minha vida ao consertar a dele. Sim, as ambições femininas são ao mesmo tempo gloriosas e bestas, egoístas de um modo torto e confuso.
Mas também é verdade que muito do “eu” dessa equação, foi esquecido quando vi Caios naquele estado deplorável quando entrei naquele bar. Depois de passar anos convivendo com garotos e morar com Sirius Zabine porres dificilmente me impressionam, mas existem diferenças que alteraram todo o quadro quando encontrei o primogênito dos Trent, ele não bebia por diversão, não ria alto, não tinha companhia para conversas enroladas e confusas. Era só um cara sozinho, abandonado, tentando se afogar num copo. Odiei vê-lo daquele jeito. Apesar de toda a saudade, da felicidade turbulenta de vê-lo de novo, eu fiquei com raiva.
Raiva por vê-lo naquele estado, pelo que Anne fez com ele, por não poder confrontar Anne e descobrir porque ela fizera tudo aquilo, por não saber se a devo condenar ou se devo lhe estender sempre o meu voto de confiança, ou no mínimo de dúvida. Raiva por ter ficado sem notícias por tanto tempo, por não ter estado por perto quando Caios mais precisou, por não saber o que estava acontecendo... Raiva por ser tão não-merecedora da amizade dele.
E peça perdão
We'll make a pact to never speak that word again
Nós faremos um pacto para nunca falar essa palavra novamente
Yes, you are my friend
Sim, você é meu amigo
Todo mundo sabe que a raiva pode ser um combustível bem valioso se você souber como empregá-lo. Depois de trazer o beberrão para casa, levei-o direto para o chuveiro, tive de usar a ajuda da minha varinha quando ele apagou/desmaiou na sala da casa. O lugar parecia um mausoléu, transmitia bastante do que Caios deveria sentir – era um caco, em si só. Com um feitiço de flutuação levei-o para cima, o quarto estava uma bagunça melancólica que doía de olhar, como aliás, tudo naquele lugar e no meu amigo também. Com uma poção para bebedeira, deixei-o sentado sobre o vaso sanitário enquanto procurava toalhas limpas no meio de toda aquela confusão, só nessa pequena busca acabei por fazer uma montanha de roupas sujas, frascos vazios e objetos meio-inteiros, meio-despedaçados. Por fim encontrei as tais toalhas, ajudei-o a se despir em sua semi-consciência e liguei o chuveiro bem frio, quando ele ofegou diante da temperatura e emitiu alguns murmúrios desconexos eu não pude conter um riso de frustração – quantas vezes eu já havia feito a mesmo coisa por Sirius?
Troquei a imagem do moreno na minha cabeça pelo loiro em minha frente. Assim que tive a certeza de que ele não desmaiaria no chuveiro, aumentei a temperatura, condoída de seu sofrimento. Não sei como descrever quem era Caios Trent naquele momento, sentado nu debaixo do jato d’água do chuveiro. Me ajoelhei em frente a ele e senti que voltava no tempo, quando éramos crianças que gostavam de desvendar segredos nos olhos um do outro. Ele não precisava dizer nada, seus olhos me diziam tudo, piscando sonolentos, pesados do cansaço e de uma dor sem tamanho.
Todas as minhas possíveis defesas contra ele, toda a vontade de bater em sua cabeça loira por não ter me chamado antes, tudo o que poderia haver contra ele desapareceu naquele instante, feito fumaça. Vamos lá grandão, eu lhe disse em voz alta, tentando sorrir ao invés de chorar. Abracei-o meio sem jeito e levantei-o para cercá-lo com toalhas secas, e em algum lugar de todo aquele porre, meu amigo cavalheiro parecia desperto, tentou manter o seu próprio peso sobre controle pare que eu pudesse ajudá-lo a caminhar até o quarto. Uns dois ou três feitiços deram conta de trocar a antiga roupa de cama e vestir Caios com uma calça de moletom confortável, foi o máximo de esforço que o manteve de pé até aquele segundo, depois, ele desabou sobre o travesseiro, abraçando-o e caindo no sono de imediato.
Suspirei vendo-o como o menino indefeso que eu adorava ver dormir quando era pequena. Agora o menino crescera, e tínhamos muito trabalho pela frente. Coloquei um balde ao lado da cama, caso o corpo de Caios sentisse a necessidade de se desintoxicar, um copo de água para re-hidratação, e algumas aspirinas para a dor de cabeça que com certeza atacaria assim que ele acordasse.
Todos nós temos algo que nos inspira
At least we dig each other
Pelo menos nós inspiramos um ao outro
So when weakness turns my ego up
Então quando a fraqueza aumentar meu ego
I know you'll count on the me from yesterday
Eu vou saber que você contou comigo desde o passado
Troquei minha roupa molhada, catando um short na minha bagagem e num assomo, uma camisa limpa de Caios. Não dava para imaginar o quanto eu sentia falta do cheiro dele, e o quanto isso me acalmava.
Desci as escadas levando comigo todo aquele monte de coisas com destino ao lixo ou a máquina de lavar. A partir de então foi uma maratona de limpeza, juntando cacos, lavando a louça, restaurando porta-retratos entre outras coisas. Eu me sentia a exorcista, brigando com a presença de Anne em todo o lugar. O trabalho manual me impedia de pensar na falta que eu sentia dela também, e em como eu esperava fervorosamente que tudo aquilo tivesse uma explicação. O problema é que eu carregava nas mãos todas as evidências de que ela traíra minha confiança e abandonara meu amigo. É um tanto exagerado, mas eu sentia como se tivesse entregado Caios a ela, então de certo modo era como se eu tivesse permitido que ela fizesse o que fez com ele.
Antes que eu percebesse, eu havia quebrado algumas das coisas que acabara de consertar. Respirei fundo e percebi então que estava chorando. Me odiei por aquilo, mais uma emoção tumultuada para a coleção que eu estava sentido.
Havia Caios, e sua alma decaída e triste. Havia Anne, e a amiga que eu via nela em conflito com aquela mulher que foi embora. E havia Sirius... Embora eu não quisesse de jeito algum pensar nele, fora ali, naquela casa, onde nós começamos nossa vida fugitiva, onde demos definitivamente o passo para uma vida juntos.
É, devo dizer, eu sou uma droga como exorcista! Todas as minhas ações planejadas para expurgar fantasmas, e aqui estou eu, praticamente convocando-os... Eu não presto. Tratei de me manter ocupada com ainda mais fervor, fiz bem mais serviços manuais do que precisava, dispensei o conforto da minha varinha apenas para não ter um minuto livre para pensar, apenas para não dar uma brecha sequer para a presença de Anne e Sirius. Era como se ambos estivesse ali, com expressões indecifráveis, me rondando, me observando de perto...
Se eu me transformar em outro, cave e me resgate
What is covering the better part of me
Daquilo que está cobrindo a minha melhor parte
Sing this song
Cantando essa canção,
Remind me that we'll always have each other
Lembre-me de que nós sempre teremos um ao outro
When everything else is gone, oh
Quando todo o resto tiver acabado, oh
O tempo passou como uma montanha de horrores em que se está preso, mas se tenta ignorar. De qualquer forma, o tempo passou. E antes que eu percebesse Caios já acordava e me olhava com aqueles olhos cheios de surpresa, de assombro, e de tantas outras coisas que não se falam em voz alta, mas tocam de um modo que nenhuma outra palavra faria.
Caios respirou profundamente e me trouxe mais para perto, eu dei uma última olhada no seu rosto adormecido e então apoiei minha cabeça no vão entre seu ombro e o travesseiro. Se o mundo fosse justo e Merlim fosse com a minha cara a minha história de amor estaria na minha frente, Caios e eu seríamos aquele tipo raro de casal que descobre o amor terno de criança, o amor confuso e a paixão intensa da adolescência e a glória de uma vida juntos; nossos filhos seriam lindos e travessos polaquinhos que correriam pelos jardins de nossa casa nos enchendo de sorrisos e dores de cabeça. Se o mundo fosse justo... Bem, mas Merlim obviamente antipatiza comigo, e no fim, nem eu nem meu melhor amigo gostamos de caminhos e escolhas fáceis. E aqui estamos nós, agarrando-nos um ao outro, enterrados em nossos escombros – de mãos dadas.
Danielle O’Brian.
A temporada de corações partidos está aberta. Junte-se a mim e ao meu copo de bebida, seremos as piores companhias que já teve, mas quem precisa de companhia quando se tem um coração dilacerado? Venha, venha até a Rua 75 e peça para Steve a pior bebida que ele tiver... O que não mata fortalece, certo? Eu sei lá quem inventou essa merda a princípio, provavelmente uma cara que nunca teve uma mulher. Ou um sortudo que sempre teve tudo o que queria. Ou um idiota, provavelmente um idiota.
As pessoas costumam achar que os bêbados não pensam, mas a verdade é que isso é uma baboseira completa. A diferença é que os bêbados não pensam em quadros, em seqüências quebradas, mas numa grande e interminável linha contínua. É uma viagem onde os problemas não se repetem, eles se acumulam, se atropelam, e tudo a sua volta fica entorpecido.
Todos nós temos uma doença
That cleverly attaches and multiplies
Que inteligentemente se apega e se multiplica
No matter how we try
Não importa o quanto tentemos impedir
É uma temporada para corações partidos. É o momento mais longo da minha vida. Nada muda o que aconteceu, nada brilha, nada sorri. As pessoas me olham com medo, com piedade, com desaprovação, como se eu desse a mínima para o que pensam. Nenhum olhar me faz a menor diferença, nenhuma presença tem significado. E como todo o mal tem nome, o meu tem nome, tem rosto, tem corpo, tem cheiro, tem espaço em toda a lembrança, tem as formas gravadas nos meus olhos.
E toda linha de pensamento, seja ela qual for, sempre me leva a um mesmo ponto, a um mesmo eu tentando afogar as mágoas, a uma mesma seqüência sem fim de copos de bebidas amargas, de espaços vazios na cama, na casa, no peito, em todo lugar.
São como buracos abertos todos os dias, ferida aberta, que sangra, que arde, que dói. E todo mesmo maldito momento é essa dor que não passa, essa sensação de estar caindo no escuro, de estar sendo morto, de estar sendo abandonado. E MERLIM! Essa coisa toda não tem fim... Não tem começo, não tem solução... Só tem ela, e só ela, e a ausência dela, que é mais presente do que meu próprio corpo.
E são fantasmas de sua voz, de nossas lembranças. Seu rosto perfeito, seu corpo macio... Meus olhos me traem com a ilusão, com a esperança... Não há pausas nisso tudo, a boca seca pede um descanso, um gole de uma coisa qualquer para engolir aquilo tudo, alguma coisa forte para enterrar a dor e a lembrança bem lá no fundo.
Todos nós temos algo que nos inspira
At least we dig each other
Pelo menos nós inspiramos um ao outro
So when sickness turns my ego up
Então quando a doença aumentar o meu ego,
I know you'll act as a clever medicine
Eu sei que você irá agir como um remédio eficaz
E o pior de tudo era aquela desculpa esfarrapada, a tal razão por trás dela ter partido. Jóias? Dinheiro? Riqueza? Luxo? Glamour? Nunca ouvi tamanha bobagem! Como se eu não tivesse ouro o suficiente para satisfazer todos os caprichos de uma mulher por mais de uma vida, como se eu não a conhecesse bem o suficiente para saber que nada daquilo importava para ela... Mas talvez eu não a conheça bem o suficiente... Talvez eu nunca tenha chegado perto o bastante, nunca a tenha tocado com meu amor... Mas então o que resta? Se tudo o que tenho a oferecer é um coração pulsante, uma vida toda em suas mãos, e isso não basta, o que então resta? O que faz sentido? O que diabos é o bastante?
Eu sempre insisti que toda aquela bobagem dela me ferir se me tocasse era nada mais que isso, bobagem. Mas parece que ela provou o quanto ela podia me machucar, e não precisou nem ao menos me tocar para isso... Irônico não? Eu preferia ter morrido naquela cama, no dia em que consagramos o nosso casamento.
Se eu me transformar em outro, cave e me resgate
What is covering the better part of me
Daquilo que está cobrindo a minha melhor parte.
Sing this song (sing this song)
Cante essa canção (cante essa canção),
Remind me that we'll always have each other
Lembre-me de que nós sempre teremos um ao outro
When everything else is gone
Quando todo o resto tiver acabado
Eu sei que tenho sido péssimo em tudo, um péssimo amigo, um péssimo filho, péssimo irmão, péssimo vizinho, mas quando o reflexo no espelho lhe diz o quão miserável você é, não resta muito a fazer, pois nenhum esforço é o bastante. Se você ama tanto uma pessoa, e mesmo assim ela o quer longe, então o seu melhor é o seu pior, e a sua vida é um castigo. Nada de dramas, é assim que é.
E essas coisas não são ditas, ficam no ar, pairando sobre a minha cabeça. Mas as pessoas não vêem isso tudo, tudo o que ela vêem é um cara que não quer companhia, que não tem humor, que não sabe ser amigável. E a única pessoa que curaria tudo isso é a causa, e a única pessoa que veria tudo isso, e possivelmente entenderia, está há mais de um oceano daqui...
E é então que minha consciência consegue se provar bem cruel. Aquela voz, aquele jeito de chamar meu nome quando ela acha que eu estou fazendo algo muito, muito estúpido, aqueles dedos no topo da minha cabeça que me fazem sentir como um menino outra vez.
Oh, um ao outro, quando todo o resto tiver acabado
Os cabelos mais curtos, os traços mais maduros, os mesmos olhos. Minha melhor amiga, minha consciência, minha Danielle O’Brian. Com os braços prontos para me tirar dali e me dar um pouco de colo.
Se eu me transformar em outro, cave e me resgate
What is covering the better part of me
Daquilo que está cobrindo a minha melhor parte.
Sing this song (sing this song)
Cante essa canção (cante essa canção),
Remind me that we'll always have each other
Lembre-me de que nós sempre teremos um ao outro
When everything else is gone
Quando todo o resto tiver acabado
É claro que depois que eu apaguei tudo virou uma lembrança difusa, pedaço sonho, pedaço alucinação. Acordar e vê-la ali, vestindo uma de minhas camisetas e realmente estando ali tão perto, tão pronta para mim, foi a melhor coisa que senti em muito tempo.
Minha série de buracos continuavam todos ali, todos tão fundos e dolorosos quanto antes, mas eu não estava mais sozinho. Como se uma parte de uma constelação bagunçada e caótica voltasse a fazer sentido. Se Sirius aparecesse em alguns minutos, me xingando e batendo o pé para que eu largasse a sua garota, eu tinha certeza de que não importaria, provavelmente até gargalharia.
Seu beijo na testa foi uma lembrança de todos os anos em que estivemos juntos, mesmo quando estávamos longe um do outro. Foi uma promessa, a prova de ela estava ali, e eu não dava a mínima em ser egoísta e usar todos os artifícios que precisasse para que ela não fosse a lugar nenhum outra vez.
Mas foi quando nossos olhos se encontraram que eu vi...
Oh, um ao outro (cante essa canção), quando todo o resto tiver acabado
Oh, each other, when everything else is gone.
Oh, um ao outro, quando todo o resto tiver acabado
É a temporada de corações partidos está mesmo aberta, e por trás daquele sorriso saudoso havia uma grande tristeza. Dois miseráveis se reconhecem a primeira vista, puxei-a mais para perto e nos cobri, sentido pela primeira vez em muito tempo, que poderia dormir sem pesadelos.
Caios Trent.
Audioslave - Shadow on the sun
Para onde quer que eu olhasse, tudo o que eu via eram chamas, labaredas, lava e desesperança. Bem vindos ao inferno na Terra. Bem vindos a Cidade de Fogo. O lugar onde Apus pretende me forjar em gelo. A contradição é provavelmente uma das piadinhas pessoais dele, as quais nunca fiz a mínima questão de entender.
Meus aposentos eram feitos de pedra negra, como uma caverna de luxo, se preferir. Não eliminava o calor, mas o amenizava o suficiente para que a água não fervesse em temperatura ambiente. O segredo da Cidade de Fogo é bastante simples em suma: não sucumba ao calor e a loucura, não se deixe levar pelas alucinações, não demonstre fraqueza, não morra. E o principal, o motivo central da minha estada ali, era que Apus Vega queria me transformar na mulher mais fria que o mundo já conhecera, dessa forma eu teria controle sobre meus poderes, dessa forma nem o aço mais quente, nem a batalha mais dura poderiam me derreter.
De todos os soldados para o exército das sombras que eventualmente passaram por ali, o meu treinamento prometia ser o mais rigoroso, pois à mim não eram permitidas falhas. Para conseguir cumprir minha missão, eu teria que passar por cima de muitas coisas que me eram queridas e caras, eu teria de agir do modo mais impessoal possível, nunca permitir que minhas emoções me traíssem, nunca abaixar a cabeça, não confiar em ninguém, não perder o controle.
Eu deveria deixar o passado para trás e desconfiar do futuro. Por dois anos, eu prestaria obediência a Apus Vega, o General das Trevas, o único a quem confiava meu segredo. Tudo entre nós tinha preços, e ambos sabíamos disso. Por dois anos eu deveria treinar constantemente para adquirir controle, para obter força e resistência, tanto psicológica como física. Aquele tempo no inferno que se consistia a Cidade de Fogo seria o berço da nova Anne Adhara, a qual o mundo todo deveria conhecer e temer. E o preço... O preço era caro demais para ser medido, e importante demais para ser citado. Perante os olhos de todos os outros eu seria aquela que nasceu para as Trevas, que foi designada por Merlim para ser temida e cruel, perante os olhos de todos, não haveria preço algum. Mas eu sabia... E não poderia esquecer o motivo que me levara até ali.
Era uma vez, eu estava fora de mim
To lay your burden down
De largar todo o seu fardo
And leave you where you stood
Deixei onde você estava
And you believed I could
E você acreditou que eu poderia
You'd seen it done before
Ter feito isso antes
I could read your thoughts
Eu poderia ler seus pensamentos
Tell you what you saw
E dizer o que você viu
And never say a word
E nunca dizer uma palavra
Now all that is gone
Agora tudo se foi
Overwith and done - never to return
Está terminado e feito - nunca irá retornar
A água do chuveiro descia por meus ombros, tentando em vão levar o peso e a dor, escorria em vão pelo meu corpo em uma carícia inútil que se juntavam em sangue, barro e poeira sob os meus pés. Eu me abracei, tentando reunir os pedaços e juntá-los. A vida era dura para todos, mas para os Adhara seria sempre uma batalha a mais, pelo menos meu irmão estaria feliz em algum lugar bem longe daqui. A lembrança doía o suficiente para me fazer fechar os olhos, a felicidade dele morava ao lado da minha, e aqui estava eu, fugindo dela, magoando-a de propósito, mas mantendo-o a salvo... Mantendo-o a salvo de mim.
Eu era então a mais completa ruína, por dentro e por fora, com o orgulho esmagado junto aos hematomas do corpo, prova de disciplina que Apus adorara me infligir. Os pedaços de fora não seriam um problema, Gaya sempre me criou para ser uma máquina perfeita, Vega só me ajudaria a aperfeiçoar isso, de resto, tudo estava em mim, na minha capacidade, minhas habilidades, meus poderes. Os pedaços de dentro prometiam sangrar por muito tempo, eles me matariam antes que uma espada me atingisse, seriam meu motivo e minha sentença final.
Eu posso dizer a você por que
People die alone
Pessoas morrem sozinhas
I can tell you I'm
Posso contar a você, eu sou
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
Ninguém poderia ver tudo o que se passava no meu interior. Eu não poderia agir como se me importasse, eu teria te trair tudo o que aprendera a amara, tudo o que me trouxe felicidade... Eu teria de pagar por ter ousado ser feliz, eu sabia. Mas de qualquer forma, antes eu do que Nathan e a família que ele construíra; antes eu do que o homem que me dera tudo na vida, o único que eu amara e amaria em todos os tempos; antes eu do que todas aquelas pessoas boas que me abriram os braços e me ofereceram uma saída para o meu mundo de trevas, elas salvaram meu irmão – eu sempre estaria em dívida com elas por isso, antes eu do que elas.
Certamente haveria um preço para elas também. Era isso o que me matava, não importava o quão longe eu fosse para que não lhes representasse perigo, eu ainda seria uma ameaça, eu ainda representaria dor para aqueles que se atreveram a me amar. Mas não se chama maldição ao caso, danos perto, danos longe, tudo o que eu tocava parecia desmoronar sob meus dedos. Eu era agora, diante de seus olhos, uma Sangue Negro, inatingível, inalcançável e sem salvação.
Olhar fixamente a perda,
Looking for a cause
Procurando por uma causa
And never really sure
E nunca está realmente certa
Nothing but a hole
Nada mais que um buraco
To live without a soul
Para viver sem uma alma
And nothing to be learned
E nada para ser aprendido
Tudo o que me restava a fazer então, era deixar as alucinações de lado. Caios não estava ali, nenhuma de suas imagens eram reais, eram só truques da minha mente que deveria ser controlados, mantidos ocultos em um lugar seguro. Nada relacionado a ele deveria me abalar se eu quisesse prestar minha lealdade ao novo Imperador das Sombras, tudo o que eu sentia e que me impulsionava deveria ser trancado em um lugar a quem ninguém teria acesso.
A partir daquele momento, os sonhos sobre meu ex-marido, seriam apenas sonhos, nunca mencionados. Era absurdo que ainda fosse permitido a uma pessoa como eu sonhar, era maldade, a prova concreta de que tudo o que eu queria estaria sempre longe do meu alcance, de que para mim não haveria sonhos, apenas a lembrança constante do que não posso ter, e do preço que pagaria toda a vez que ousasse pensar que poderia, o preço que estava ali pagando, por uns poucos momentos que valera por uma vida inteira.
Eu posso dizer a você por que
People go insane
Pessoas ficam loucas
I can show you how
Eu posso te mostrar como
You could do the same
Você poderia fazer o mesmo
I can tell you why
Mas eu posso dizer a você por que
The end will never come
O fim nunca virá
I can tell you I'm
Eu posso contar a você, eu sou
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
Saí do chuveiro, ainda completamente dolorida, desgastada, com o orgulho destruído impresso em minha face e um coração dilacerado oculto sob meus olhos. Coloquei o roupão de seda negro, sem ao menos olhar para os cortes e as manchas arroxeadas que eu colecionara numa única briga com meu treinador. Aquelas marcas seriam passageiras, mas seriam também um lembrete, eu não deixaria que ninguém mais me fizesse sucumbir pela força.
Minha lealdade seria sempre traiçoeira como uma sombra, provavelmente meu “chefe” tinha plena consciência disso, e dois anos no centro da Terra me tornariam a pedra mais dura e mais resistente, e se para isso preciso fosse, a mais fria também. Eu estaria pronta, eu estaria sob controle, eu seria um fantasma com aspecto e poder, nada nem ninguém me fariam ajoelhar. Eu seria Anne Adhara, um espectro oco e frio. Era melhor que todos estivessem prontos, pois eu estava a caminho.
Anne Adhara.
“- Agora o mais importante o Ministério da Magia considera oficialmente Apus Vega e seus seguidores como inimigos do mundo mágico!”
Minha cabeça gira e gira... Quando a gente imagina que o pior já passou, a vida parece fazer questão de mostrar que estamos errados. Aquela piada hipócrita dos piores dias de nossas vidas.
“- Anne Adhara, ex- Anne Trent, agora é uma leal Sangue Negro”.
Alguém por favor acenda as luzes e me acorde, estou tendo um pesadelo...
“...Anne Adhara deve ser julgada e presa em Azkaban”.
Alguém me acorde, agora. Eu preciso estar acordado, eu preciso afastar esse pesadelo para bem longe, preciso jogá-lo no fundo do oceano junto ao peso que ele formou em meu peito. Eu preciso afogar tudo isso antes que eu enlouqueça.
“...sua cabeça vale Trezentos e Cinqüenta Mil Galeões”.
NÃOOOOOOOO!
Isso é absurdo! Isso é impossível! Quando é que os mocinhos passaram a caçar pela regra dos bandidos? A cabeça de Vega tudo bem... Eu podia compreender, ele era um verme, uma planta venenosa que só fazia mal a quem estivesse por perto, ele assassinara o pai de Lauren, entre tantos outros crimes que provavelmente cometera. Mas Anne... Qual era o pecado dela? Nascer numa família infeliz que só lhe desejava o pior?
Não havia maneiras de que eu caçasse sua cabeça! E de jeito nenhum eu deixaria qualquer outro tentar tirar a vida dela em troca de dinheiro! É totalmente absurdo que esperem isso de mim, Anne não é das Trevas! Digam o que quiserem dizer, mas eu a conheço, a conheci! Como podem esperar que eu...
Tudo o que pensei foi em sair dali, daquele lugar hipócrita que esperava que eu me calasse diante de algo tão impossível quanto a idéia de Anne ser uma Sangue Negro, um alvo entre nossas mãos... Aquilo tudo estava me deixando enjoado, enojado... E eu vi Caios na minha cabeça, sua imagem embaçada e distante...
Formas de todos os tamanhos,
Move behind my eyes
Movimentos por trás dos meus olhos,
Doors inside my head
Portas dentro da minha cabeça,
Bolted from within
Aparafusadas por dentro
Every drop of flame
Cada indício de chama
Lights a candle in
Dá luz a uma vela
Memory of the one
Memórias daquele o qual
Who lives inside my skin
Vivia dentro da minha pele
Há alguns anos eu procurava não pensar em Caios... É claro que de um modo ou de outro eu não podia esquecê-lo, e grande parte de mim não queria isso de qualquer maneira. Mas havia longos períodos de tempos em que eu podia não pensar em nada relacionado a ele, enterrando todos aqueles sentimentos confusos e conflitantes num lugar bem obscuro e fundo.
Mas eu precisava vê-lo, precisava estar lá para ele...
O passado parecia pequeno e medíocre diante de um acontecimento daquele, ainda doía, incomodava, e nada podia ser igual ao que era antes, mas... Não importava. Era tudo mero detalhe, eu precisava vê-lo...
Isso antes de da minha querida tia Ashlee Zabine se meter no meu caminho e me convocar a sua sala. E se todas as surpresas e sustos daquele dia não bastassem, Merlim me manda uma bomba exatamente sobre minha cabeça, com nome e um passado ao meu lado...
“- Há uma nova garota no Ministério, uma inominável recém-formada, seu nome é Emmy Gordon e ela será sua parceira Jay”.
Eu posso dizer a você por que
People go insane
Pessoas ficam loucas
I can show you how
Eu posso te mostrar como
You could do the same
Você poderia fazer o mesmo
I can tell you why
Mas eu posso dizer a você por que
The end will never come
O fim nunca virá
I can tell you I'm
Eu posso contar a você, eu sou
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
Emmy Gordon.
Ninguém mais do que aquela maluca cativante que não se emenda. Irritante é pouco para aquela garota! E embora ela pareça bem mais uma mulher agora, continua transpirando aquele ar azucrinante dela. Como diabos foi que ela se formou como inominável? É claro que ela fica bem bonita vestida assim, com o uniforme, vai ver foi por isso que a aceitaram, pra melhorar a estima feminista do Ministério.
Brincadeiras de Merlim a parte, parece que todo o tempo que estive fora, todo o treinamento ao qual me submeti para ser o melhor, para esquecer a dor e os problemas, para afastar tudo o que dera errado em minha tão breve vida e colocar tudo em perspectiva, para que eu assumisse o controle sobre tudo, parece que todo o tempo, todo o esforço, foi algo distante, condicionado a uma situação muito remota. E pouco tempo a pós o meu retorno, aí está tudo do que quis me afastar...
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow on the sun
Uma sombra no sol
A shadow…
Uma sombra ...
A shadow…
Uma sombra ...
É como uma avalanche, avançando sobre minha cabeça. Todos os assuntos não resolvidos, em proporções diversas e quadros alterados, crescendo em minha direção. Uma avalanche de fantasmas, de rostos jovens e agora, envelhecidos, de tristezas antigas e de desgraças iminentes... Anne, Caios e agora Emmy... Uma nuvem grande e negra vem seguindo em minha direção, e quando a tempestade chegar, é preciso estar pronto... Mas até lá, a sobra só vem cobrindo meus pequenos pedaços de claridade, trazendo a hora de decisões para o agora ou nunca mais. E de novo, é preciso estar pronto. Merlim! Isso tudo é um droga. Uma avalanche perigosa perseguindo todos de quem eu gosto, mas esse é o erro e por isso tudo, eu estarei pronto.
Jay Potter.
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