Por enquanto



PhotobucketFic: Por enquanto. Photobucket
>PhotobucketAutor: Betina Black.Photobucket






Impulsionou o balanço uma nova vez, o mesmo olhar vago com que chegara ainda perdido no extenso jardim à frente. Aceitou ir a mais um Natal na Toca por insistência de seus amigos, e lá estava ela, mais uma vez longe das festividades dentro da casa torta.

Saíra quando tivera a certeza que não notariam sua ausência, de tão concentrados e animados nas conversas paralelas e tentando dar uma de adivinhos sobre os prováveis presentes embrulhados debaixo da árvore.

Todos a quem amava estavam ali, curtinho juntos aquele raro momento de paz e felicidade, e ela não possuía o direito de estragar algo tão sublime com as preocupações que a assolavam a noite, por isso preferira afastar-se. Guardar sua melancolia apenas para si.

Soltou um longo suspiro, não ligando por estar estremecendo a cada suave brisa. Aquele frio era irrelevante, não tinha a importância de um outro, bem maior, o qual a fazia desesperar-se em silêncio, oculta pelas paredes de seu quarto, quando pensava no que os aguardava dali a alguns dias, a espreita e impiedosa.

Uma guerra.

Fechou os olhos devagar, impedindo-os de marejar novamente, e encostou a testa numa das cordas que mantinha o balanço seguro; respirou fundo o ar, e esboçou um pequeno sorriso ao perceber que logo começaria a nevar, dando a ela a desculpa perfeita para demorar-se um pouco mais do lado de fora.

Ela amava a neve, e sabia as quão poucas eram as chances de ver aquilo, com tranqüilidade, numa próxima hora, ou dia.

Tornou a suspirar, dessa vez de tristeza, e abriu os olhos castanhos, agora os fixando na casa toda decorada com bonitos enfeites natalinos, mas sem realmente vê-la, e estando distraída o suficiente para não notar o quanto era observada.

Só tinha dezesseis anos e já vira e presenciara coisas que fariam um bruxo experiente nas mais diversas áreas da bruxaria tremer de medo e outros, encher-se de orgulho e opulência. Em contrapartida, a morena não se encaixava em nenhum daqueles “perfis”, muito pelo contrário, achava sua atual condição tão injusta quanto quase irreal.

Primeiro: era uma bruxa de pais totalmente trouxas. Como aquilo era possível?

Segundo: estava sendo caçada pelo pior bruxo dos últimos tempos, assim como seus amigos.

Bufou, contrariada, aquilo era tão errado!

Eles não deveriam ser um dos personagens principais daquele terror. Aliás, ninguém deveria! A seu ver, todos ali mereciam problemas normais em suas vidas absurdamente normais e proveitosas, não o louco com sede de poder em seus calcanhares!

E dentre todos os merecedores disto, - ou seja, uma vida adolescente/adulta como qualquer outra-, ninguém mais o necessitava que seu amigo Harry, disso Hermione tinha certeza.

O garoto também era um dos motivos para o seu isolamento de agora, já não podia deixar de admitir, não depois daqueles longos e tumultuados dois anos de completa negação.

Estava total e tontamente apaixonada pela única pessoa que não poderia ter.

Ele

Um singelo sorriso irônico sugou seus lábios, e ela acompanhou, sem se mover, os primeiros flocos de neve cair do céu. Sempre soubera que o carinho destinado ao garoto de olhos verdes era maior e mais especial que qualquer outro, só não imaginava que fosse tão grandioso como realmente o era.

Riu, balançando a cabeça em negativa, já não bastava ela ser Hermione Granger, o prêmio para um Comensal ganhar pontinhos extras com o “chefe”.

Merlim, de fato, gostava dela...

Mas de uma coisa ela podia se orgulhar: ninguém sabia daquele seu deslize. Nem mesmo Gina, ou Luna. Havia prometido a si mesma que não dividiria o assunto nem mesmo a seu reflexo no espelho, e assim o faria.

Bastava apenas a si, saber do quanto suspirava ao ver o melhor amigo, o quanto se arrepiava ao mero toque dele, ou o quão ansiosa esperava por cada um daqueles tremores. Suspirou desgostosa consigo mesma. Se fosse somente isso, até poderia ser “suportável”.

Mas não, ela tinha que sorrir feito boba a menção do seu nome; seu coração tinha de acelerar audivelmente quando estavam a sós, ou prestes a isso; precisava se controlar para não abraçá-lo ou tocá-lo, além do necessário a boa educação; suas pernas tornaram-se gelatina e seu nervosismo atingia ao ápice a qualquer elogiozinho vindo da boca que adoraria provar; ela tinha que corar absurdos nas situações mais impróprias; e, por fim, tinha que amá-lo tão desvairada quanto incondicionalmente.

Uma explosão, seguida de várias outras, a fez pular de susto, quase caindo do balanço e rindo do seu próprio medo, ao ver, maravilhada, a origem de tal barulho. Havia esquecido que os gêmeos prometeram um show pirotécnico quando estivesse próximo da meia noite.

Ainda sem vontade, ergueu-se, colocando um sorriso meio forçado, meio verdadeiro, no rosto antes de passar a caminhar em direção a casa. Chegara à hora de voltar...

Todavia, foi surpreendida pelo fulgor dos olhos verdes do menino-que-sobreviveu, ao se aproximar da porta. Seu sorriso vacilou ao vê-lo, assim como seu equilíbrio, e Hermione sentiu que corava ao aceitar a mão estendida deste.

- Cheguei a pensar em ir até você. – comentou Harry, trazendo-a pela mão, prendendo-a num abraço apertado em seguida. – Não gosto quando está fora de minhas vistas, Mi... – sussurrou próximo ao ouvido da bruxa. Hermione estremeceu, fechando os olhos, inconscientemente abraçando-o mais forte.
- Precisava ficar um pouco só... – respondeu, também num sussurro, incapaz de dizer algo mais.
- Eu sei... – o moreno se afastou o suficiente para ter o rosto da melhor amiga entre as mãos – Está pronta para voltar pra mim agora? – indagou, sorrindo do rubor recém adquirido na face da grifinória. – Adoro quando a envergonho, sabia?
- Harry! – ralhou Hermione, desviando o olhar, ainda mais vermelha.

Se, tinha dúvidas sobre o ódio de Merlim para com ela, agora essas haviam desaparecido.

Como uma garota podia agüentar algo assim sem enlouquecer?

- Você ainda não me respondeu... – protestou Harry, forçando-a, delicadamente, encará-lo. Sua voz soou mais alta, pois novos fogos haviam sido soltos pelos gêmeos. – Está pronta?

Incapaz de negar qualquer coisa sob aquele olhar, disse, disfarçando a emoção:

- Sempre, Harry...

O grifinório alargou o sorriso, tornando a envolvê-la, dessa vez por traz, enquanto encostava o queixo no ombro delicado e a guiava para dentro da casa. Hermione controlou um novo tremor ao sentir os lábios dele em seu cabelo, beijando-o, e aproximou-se um pouco mais do moreno, apoiando a cabeça em seu peito; querendo o calor oferecido por ele.

Logo as doze badaladas foram ouvidas, e um verdadeiro festival de felicitações e novos fogos tiveram início. E lá estava ela outra vez, sorrindo como uma garotinha boba, - depois de passar por muitos-, presa nos braços de seu melhor amigo.

Para a morena, aquilo era o suficiente...

- Feliz Natal, Mi... – desejou Harry, erguendo-a do chão e a rodando, antes de estralar um beijo demorado em sua bochecha.
- Feliz Natal... – disse a morena, imitando-o logo após, mas perigosamente próximo ao canto esquerdo da boca do bruxo. Riu, maliciosamente vingada, vendo que ele era quem corava agora.

...por enquanto.





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