Uma Segunda Chance



I



Ela respirou fundo várias vezes, a mão no peito. O coração batia desesperado e seu susto se esvaía, deixando-a sozinha com sua dor. Gina apertava na mão o recorte de jornal amarelado, onde na qual estavam suas últimas recordações visíveis. Gina alisou-o e deu mais uma olhada na foto em branco e preto. Aquela visão lhe embaçava a vista e fazia entalar um soluço na garganta, que ela segurava com toda a força de vontade que tinha.

Ouvia-se passos subindo as escadas. Ela agilmente limpou os olhos na manga da blusa e guardou seu precioso recorte de papel na gaveta da mesa de cabeceira. Instantes depois, viu o marido entrar pela porta.

- Gina... O que está fazendo aqui em cima à essa hora?

- Eu? Er... foi você quem bateu a porta? - perguntou vagamente, disfarçando.

- Ah... foi. Foi sem querer - desculpou-se ele, coçando a orelha com um ar culpado. - Te atrapalhei?

Ela deu um abano com a mão.

- Não.. não, só me assustei.

- Ah, certo. Gina, sabe onde está minha calça bege? - perguntou, abrindo o guarda-roupa.

Ela sorriu com displicência.

- Sei, sim... Está no varal secando.

Ele pareceu desapontado.

- Ah, verdade? - perguntou, o sorriso embaçando. - E a cinza?

- Está aí dentro, pelo menos vi ela ontem...

Mas Harry estava procurando a calça em todo lugar e pelo jeito não estava achando. De repente ele esbarrou em uma velha caixa de papelão revestida de papel pardo e esta caiu e a tampa saiu, deixando à mostra um tecido de veludo negro que se contrastava com o chão de madeira. Seguiu um momento tenso quando Harry olhou o que era e depois os dois se entreolharam. Ele então perguntou, meio com contrariada ironia:

- Quando é que você vai se livrar disso, heim? - A voz dele estava carregada de mal disfarçado desgosto.

Gina correu para apanhar e respondeu:

- Quando minha lealdade estiver se acabado totalmente - retrucou de mal-humor. Ela levantou a capa do chão cuidadosamente, pendurou-a num braço e com o outro pegou a calça para Harry dentro do armário.

Harry arriscou um olhar de esguelha para ela, pegou a calça e perguntou gentilmente:

- Você está bem? - falou, com um olhar preocupado para a esposa.

- Eu... eu vou ficar bem - disse ela, mantendo a voz o mais normal possível.

Harry não se convenceu completamente. Abriu a boca para dizer alguma coisa mas foi interrompido.

- Não se preocupe comigo. Eu estou OK - disse sorrindo de um jeito reconfortante, passando a mão pelo rosto dele. Harry pegou a mão dela e deu um beijo.

- Preciso ir ao Ministério ver uma coisa. Tem certeza que vai ficar bem, Gina? - falou, ainda olhando preocupado e desconfiado para ela.

- Tudo bem, pode ir - falou Gina, ainda lançando um olhar fora de foco.

Harry deu uma última olhada nela antes de sair. Ela caminhou lentamente até a porta branca e a fechou. Caminhou até a cama devagar, alisando a capa nos braços. Quando sentou-se na cama sentiu que não podia mais suportar, era mais forte que ela... por mais que ela tentasse dominar, por mais que desejasse esquecer, não podia...

Ela escondeu o rosto na capa, escondendo sua dor, escondendo as lágrimas, tentando... Era insuportável, era insuportável... Era horrível o que ela estava sentindo, como se não tivesse completado o que deveria ter feito. Ela fracassara, ela perdera... ela o perdera para sempre...

Ela começara a se recordar como se fosse... como se fosse ontem... Mas faziam quinze anos, quinze longos anos...!

Um par de mãos pousaram-se sobre seus ombros, fazendo-a assustar-se. Ela levantou os olhos. Por um momento fugaz de delírio observou fixamente os olhos escuros e cinzentos que a olhava, os cabelos negros e lisos que caiam por cima das sobrancelhas muito escuras e que contrastava com a pele pálida... o choro sufocado se agravou o aperto no peito dobrou de intensidade. Eles eram idênticos... idênticos...!

- Não - disse Richard, quando ela fez menção de enxugar os olhos - Isso já esteve dentro de você forte demais por muito tempo. Você não pode adiar, mãe.

Ela chorou com mais vontade que nunca quando o filho a abraçou. Gina sentiu todo o peso da culpa que carregava consigo nesses quinze anos desabar sobre ela; foi por isso que chorou como da última vez, porque doía dentro dela, porque machucava...

- Eu queria saber o que te atormenta tanto durante todos esses anos - disse ele enquanto o abraçava. - Eu vejo isso em você, mãe... Não sei porque você é tão infeliz...

Ela apertou o abraço.

- O que eu mais queria era poder lhe contar, Rick... Acredite, eu não posso! - disse tristemente numa vozinha tímida abafada nos braços dele.

Ele afagou seus cabelos cor de fogo, acalmando-a. Nesse ato, nesse gesto, ela percebia mais uma vez a semelhança... como ele agia como o pai sem nem mesmo tendo conhecido-o.

Passada algum tempo, sem que nenhum dos dois falassem nada, Richard dirigiu-se à ela.

"Por que você insiste nessa mentira se te importa tanto?" Ela não respondeu, tentando compreender a pergunta dele.

Rick parecia anormalmente preocupado.

- Por que eu não percebi antes que Harry não é meu pai? - continuou ele, que parecia fazer força para falar antes de perder a coragem.

Gina parou de soluçar, chocada demais para fazer algum ruído. Ele dissera mesmo o que ela pensara que ouvira? Seu filho dissera mesmo que sabia que Harry não era seu pai?

- Ora - disse ela, a voz embargada, mas surpresa -, não diga disparates...

- Mãe, eu sei, está bem? - falou Richard, a voz displicente, um pouco irritado. - Harry pode parecer comigo, mas ele não é meu pai.

- Richard... Se você soubesse o que está dizendo, meu filho...

- Eu não me importo com isso. Eu gosto do Harry... - começou ele.

- Ele foi mais seu pai do que qualquer outro...! - protestou, horrorizada de que ele estivesse tocando nesse assunto.

- ...eu só queria saber quem foi o idiota que te abandonou... a mim e a você!

Ela deu um solucinho.

- Não diga isso! Se não o tivessem matado ele ainda estaria conosco... - Sua voz foi sumindo.

Richard não respondeu de imediato. Respirou fundo e soltou-a, para poder encará-la.

- Ele está morto, então? Que foi que aconteceu? Tem a ver com a Ordem das Trevas?

Gina abaixou os olhos, triste. As palavras do filho refletiam a verdade, mesmo que ele não soubesse de nada.

- Sim... É claro que tem a ver com a Ordem das Trevas - confirmou secamente. - Aquela maldita Ordem das Trevas...

Só depois de tanto tempo ela parecia ter coragem para dizer para si mesma que a Ordem das Trevas era a responsável por toda aquela tragédia, aquela catástrofe... Não só a sua, mas a de todos os outros que sofreram de algum modo, tanto dentro como fora. E fora ele que começara... Fora ele, o pai de Richard... E Gina sentia raiva, nojo de si mesma, por algum dia ter participado de tão cruel, tão perversa entidade. Agora conseguia ver isso com mais clareza que antes. Se repreendeu em silêncio, no intimo... Talvez se não tivesse se infiltrado no meio daquela escória nojenta não teria que passar por tudo o que passara, não teria sofrido tanto...

- E... hum... eu tenho algum motivo para me orgulhar do meu pai de verdade? - perguntou Richard.

Gina encarou-o.

- Alguns diriam que sim, outros que não... - disse, e o filho questionou-a com um olhar. - Prefiro não dar minha opinião, porque nem eu mesma tenho certeza se devo defendê-lo... Mas se você me perguntasse, eu diria que seu pai foi o homem que mais errou nesse mundo e insistiu no erro por muito tempo. Foi por isso que morreu.

Fez-se um pouco de silêncio.

- Adianta perguntar de que lado ele estava?

Ela não respondeu de imediato.

- Você vai descobrir um dia. Você é um reflexo dele. Nem eu sei de tudo... Pelo que eu saiba, ele poderia muito bem ter se arrependido do que estava fazendo.

Rick franziu a testa.

- Se continuar assim vai me confundir bastante - disse numa voz displicente. Ela deu uma risadinha baixa.

- Prometi a ele que você não te contaria nada, foi a última coisa que ele me pediu, mas... - começou ela numa voz distante, meio sonhadora.

"Mas se você descobrisse sozinho - e eu sei que tem inteligência bastante para isso - eu não estaria quebrando minha palavra, estaria?" Dizendo isso encarou-o, como se esperando que ele respondesse.

- É justo - riu-se ele - Acho que não.

- Então... Bem, é sua por direito; acho que ninguém mais ficaria melhor nela do que você. Fique com a capa - disse, limpando os olhos com as costas da mão e passando-lhe o tecido negro com alguma apreensão. - Acho que é do seu tamanho.

Richard pegou-a, curioso, e a abriu.

- Hum... Por que eu tenho a impressão de que meu pai foi um sonserino nojento? - perguntou ele, cerrando a sobrancelhas.

- E eu nem vou perguntar como foi que você deduziu isso - respondeu ela sorrindo vagamente, detendo os olhos nos fechos de prata em forma de serpente.

Ele tinha o rosto impassível, e ela não soube dizer se ele estava desapontado ou feliz com isso. Ela lembrou-se... Nem Sonserina nem Grifinória. Corvinal. Ele não cometeria os mesmos erros que os pais. Ela pousou a mão sobre a dele e disse gentilmente:

- Isso não é dica nenhuma, é só um comentário: ambos sabemos que, mesmo que os sonserinos continuassem a ser os que se voltavam para a Ordem das Trevas em maior número, há quinze anos atrás, muitos deles se arrependeram, muitos saíram por vontade própria disso tudo, se redimiram... Claro que Voldemort os pegou depois, mas... - e deu ombros. Ele arregalou os olhos.

- Isso foi uma dica...?

- Não, é claro que não - apressou-se ela a dizer.

- E que intimidade é essa com o "Você-Sabe-Quem"? Daqui a pouco eu posso pensar que ele...

- É o seu pai? - completou ela com uma meio sorriso sinistro. - Não vou negar, sabe. Talvez ele seja - disse sombriamente. Richard encarou-a imóvel, mas depois deu uma risadinha que Gina entendeu perfeitamente.

"Vai curtir as férias, Rick. E não pense em seu pai... É história velha. Vai ser pior relembrar de tudo" - pediu ela, mirando-o com um pouco mais de seriedade.

Ele levantou-se e beijou-lhe a testa.

- Vou. E não quero mais ver você chorando, ouviu, mãe?

Ala sorriu e concordou com a cabeça. Richard jogou a capa para cima das costas e saiu do quarto sem olhar para trás, ao contrário de Harry.

Talvez fosse isso que diferenciava-o dos outros, pensou ela, encostando a cabeça no travesseiro, na cabeceira da cama; talvez fosse o jeito de quem não quer compromisso e que não se importa com ninguém e com nada que distinguia-o de Harry e dos outros. Talvez...

Quando Gina voltou a si, não sabia se estava pensando em Tom ou em Richard. Os dois pareciam fundidos dentro dela.


II



Estava sentada na sala escura, calada, só esperando. Os outros não diziam nada, tampouco. Todos olhavam para a porta, esperando algum sinal.

Gina desviou os olhos. Os outros fizeram o mesmo. Tão ruim era ficar presa naquela cela, esperando saber o que seria feito deles, que ninguém falava nada. Tudo o que se restava fazer era esperar, perdida nos próprios pensamentos.

Seu desconsolo ultrapassava as lágrimas. Já perdera as esperanças de viver e desejava mais do que nunca que a condenassem à pena de morte. Que faria ela agora? O que seria dela agora? Nada. Ela não podia ser mais nada...

Houve um barulho e todos voltaram a olhar para a frente, menos ela. Sua posição perto da porta era a única que permitia ver o que se passava lá fora pelo buraco da grade, mas ela não o fez. Era a única que mantinha distância dos outros. Agora que ele se fora, eles nada mais significavam para ela. Agora, todos eles davam nojo...

Um empregado do Ministério veio pelo corredor, Gina escutando seus passos, e a porta se abriu. O aposento escuro foi inundado de luz e todos foram ofuscados. O homem que acabara de chagar empunhava a varinha em tinha um pedaço de pergaminho na mão. Este assumiu um ar rigoroso.

- Vocês estão aqui porque foram acusados de pertencer ao grupo cinco dos Comensais da Morte - disse ele.

Ninguém falou nada.

- Estão todos aqui?

Mais uma vez ninguém respondeu. O homem correu os olhos pela sala e ia abrindo a boca para falar mais alguma coisa, mas foi interrompido por Gina.

- Sim, senhor, estão todos aqui.

O homem encarou-a por um momento, mas depois voltou-se novamente para todo o resto.

- Todos que estão aqui serão encaminhados a Azkaban amanhã de manhã para cumprir pena perpétua.

Imediatamente, nada aconteceu, mas depois Narcissa caiu no choro. Lúcio não fez nada. Se Gina não estivesse vendo seus olhos brilharem no escuro, não teria certeza de que ele estava acordado. Bellatrix deu um suspiro baixo, mas não disse nada. Alguns que nunca haviam estado em Azkaban pareceram sentir um arrepio involuntário.

- Certo... Só mais uma coisa para falar - disse o homem, parecendo estar com certa pena das pessoas à sua frente - Quem é G.W.?

Mais uma vez, ninguém falou nada. Gina então falou, sem erguer os olhos totalmente:

- Eu. Eu sou G.W.

O homem a encarou novamente por um momento.

- Siga-me.

Ela levantou-se sem discutir e saiu da cela, atrás dele. O empregado do Ministério saiu e trancou magicamente a porta. Ela o seguiu até um escritório num andar de cima, sem dizer nada.

Chegaram na frente de uma porta de madeira escura que o bruxo abriu e deu passagem para ela entrar. Não era uma sala muito grande, haviam alguns formulários em uma mesa de bom tamanho à sua frente e es paredes eram muito brancas. O bruxo contornou a mesa e sentou-se, fazendo sinal para ela sentar-se também, o que ela obedeceu.

O homem ficou encarando-a por alguns segundos sem dizer nada, depois deu um suspiro.

- Você deveria ser mandada para Azkaban amanhã de manhã assim como os outros, mas tivemos intervenções para que você tivesse um julgamento antes de decidirem o que fazer com você dos senhores Ronald, Percy e Arthur Weasley, Srta. Granger, Prof. Dumbledore, claro, e do... Sr. Potter.

Ela abaixou os olhos, sem palavras. Ela sabia que não tinha sido completamente apagada da lembrança de seus velhos amigos e familiares. Ela imaginava, sim, que Mione viesse a intervir, mas sentia-se um pouco furiosa por Harry. Quem ele pensava que era? Matava seu companheiro e ficava assim mesmo, como se nada tivesse acontecido? Ela se sentiu ridícula.

- Você vai ir à julgamento amanhã às oito horas da manhã. Até essa hora ficara retida aqui no Ministério... - recomeçou o bruxo, e ela escutou. Mas ele não suportava mais toda aquela formalidade. - Onde é que você foi se meter, heim, Gina.

Ela levantou os olhos. Já havia sofrido demais nas últimas horas para chorar por isso.

- Não me arrependo da minha escolha, Neville - disse ela, os olhos frios e inexpressivos.

O amigo encarou-a.

- Boa sorte, Gina. Você não pode ser tão culpada como todos dizem...

Ela deu um sorrisinho fraco de agradecimento.


III


Ela entrou na masmorra escoltada por cinco bruxo que apontavam a varinha para ela, em vão - ela não iria reagir nem que lhe pagassem.

Embora estivesse ali para ser condenada, não demonstrava nada na sua bela face, a não ser tédio. Os bruxos ali sentados de preto lhe encaravam severamente, um olhar que ela não retribuía - o olhar que ela suportava ela superficial, passando de rosto em rosto sem se deter em nenhum, sem tomar preferência ou escolha.

Ela viu alguém que fê-la sorrir com pena: sua mãe, sentada no meio dos outros bruxos, chorava bastante. Ao lado dela, seu pai, que retribuía o olhar dela com frieza. Ao lado de seu pai, Fred, e depois Jorge, que olhavam meio tristes para ela. Na fileira da frente sentava-se Rony, Hermione e Gui. Ela notou de súbito a ausência de Carlinhos, mas sabia que ele estivesse vivo, estaria ali, ao lado de Gui. Eles eram os mais amigos...

Ela desviou os olhos, endireitando-os para a frente, fixando a parede de pedras que lembrava Basilisk Hall, até que chegasse à cadeira alta com correntes. Gina não se intimidou com os vagos muxoxos de indignação que lhe fizeram quando atirou a cabeça para trás e começou a andar mais rápido para chegar logo.

Assim que sentou-se, as correntes retiniram e apertaram seus pulsos contra os braços da cadeira. Ela mirou-as indiferente - já sofrera tantas dores pior do que isso que nem se importava que não pudesse mexer os braços. Ergueu os olhos castanhos e desinteressados para as pessoas ali na frente.

A primeira pessoa que viu a fez erguer uma sobrancelha, questionando-se. Ali, trajando roupa preta como os demais, os cabelos e barbas prateados e compridos como sempre foram e os olhos azuis faiscantes, encontrava-se Alvo Dumbledore na primeira fila. Ele sorriu para ela, que ela devolveu com um pouco de relutância.

Ao lado, ela chocou-se a ver, Percy, com seus cabelos vermelhos como os dela e muitas sardas da família Weasley. Ele apertava as mãos no colo, nervoso como nunca o vira. Evitava olhá-la.

Do outro lado de Dumbledore estava um bruxo negro e alto, que a observava com uma expressão preocupada. Kingsley Shacklebolt, que ela conhecera há cinco anos atrás, na Ordem da Fênix.

Ao lado de Kingsley uma jovem bruxa olhava para todos os lados, espantada, os olhos um pouco arregalados. Ela tinha os cabelos curtos cor-de-rosa e Gina conhecia muito bem, lembrava-se perfeitamente dela em Grimmauld Place: Nymphadora Tonks, mais ou menos prima de Sirius.

Gina também notou Alastor Moody no meio dos presentes, assim como Remo Lupin. Isso foi antes de Percy começar a falar - ela olhou o e viu que esta finalmente a encarava nos olhos - e todos fazerem silêncio. Percy faria seu julgamento.

- Gina Weasley - ele disse numa voz alta e clara, sem estremecer - Você é acusada de pertencer ao grupo cinco dos Comensais da Morte e de planejar vários ataques sob o pseudônimo de G.W. Você nega isso?

Ela não hesitou.

- Não, eu não nego. - Ela ouviu sua voz ecoar pela masmorra de pedra.

Vários murmurinhos encheram a sala. Alguns olharam para ela com admiração, outros com incredulidade.

- Como muitos intercederam à favor do seu julgamento, você tem o direito de se defender - disse Percy, como se duvidasse das suas próprias palavras. - Depois disso será dado o veredicto.

Fez se silêncio e ela teve consciência de que todos da sala fixavam os olhos nela. Até os soluços de sua mãe diminuíram um pouco.

- Não me deixaram fazer parte da Ordem da Fênix - disse ela descontraída. De fato, aos olhos dos outros, parecia que estava quase se divertindo.

Houve alguns risinhos abafados.

- Como Comensal da Morte eu tinha muito mais espaço para expor as minhas idéias. Vocês não sabem como mestre Voldemort era compreensível...

Seus olhos fixaram a última fileira, onde um dos bruxos estava sentado de braços cruzados e fixava a parede à sua frente, o que devia ser vários palmos acima de sua cabeça. A questão era que, mesmo àquela distância, não havia como se enganar: os olhos verdes vivos por trás dos óculos eram distintamente reconhecível ao longe e os cabelos negros que lhe caiam sobre a testa eram inconfundíveis.

- Mentira - disse de repente, mirando-o. - Fiquei com raiva porque Harry terminou o noivado comigo.

Harry desviou os olhos para ela. Rony, Gui, Percy, Fred, Jorge, sua mãe e seu pai viraram a cabeça para olhar Harry, assim como muitos outros.

- Ora, o que é que podia causar mais desgosto do que ver a pessoa que ele amava do lado de seu pior inimigo? - continuou ela, ainda fixando Harry insistente. - Eu nunca me vingara realmente de ninguém, mas não pude agüentar por mais muito tempo. Nada tinha me machucado tanto quanto aquilo até então. Eu não pude suportar.

Harry olhou para ela. Por um momento, continuou encarando-a com uma expressão estranha. Depois olhou para o lado, incomodado demais para continuar olhando para ela daquele jeito.

- Eu fiz qualquer coisa para esquecer Harry e... acho que... que fui um pouquinho longe demais - disse ela com a voz baixa, mas clara. Os que estavam olhando para Harry agora retornaram a olhar para ela.

"Não tenha mais nada a dizer"

Todos olhavam para ela, sem saber o que pensar ou fazer. Ela encarou o chão. Ela não levantou os olhos, mas o silêncio ainda era tanto que parecia que todos estavam prendendo a respiração, esperando que ela dissesse mais alguma coisa.

- Eu voltei para a única pessoa que tinha me consolado quando eu estava passando pelo pior, que tinha sido sincero comigo, que parecia gostar de mim...! Mas eu voltei do outro lado... Voltei do lado dele... Minha vida pereceu um tantinho menos insignificante depois disso; eu aparecia no jornal! Eu tinha um bando de gente em quem mandar... Eu tinha uma corja de pessoas que me fazia reverência quando passava por mim! Eu tinha alguém que me escutava, que não achava que eu era só mais alguém, que me respeitava como um igual... - ela levantou os olhos e observou as pessoas ali.

Ninguém parecia compreender realmente. Harry abaixou os olhos e encarou os próprios sapatos. Hermione parecia bem chocada e estava com os olhos um tanto vermelhos.

- Espero que estejam se divertindo - disse ela entre os dentes, mirando a todos por trás da cascata de cabelos ruivos que lhe caia na face.

- Ninguém está achando graça, Gina - murmurou Tonks numa vozinha quase inaudível.

Ela continuou um momento calada, ninguém dizendo nada, tampouco. Todos pareciam um pouco hipnotizados pela figura bela e revoltada de Gina, sentada ali, ereta e imponente, mesmo quando tocava nesse assunto. Parecia demasiada sobrenatural sua coragem de encarar a alta corte daquele jeito, mas ao mesmo tempo, lastimável o jeito com que falava de Voldemort com tanta intimidade, como se levasse uma parte dele com ela. Eles não sabiam, eles não sabiam... Então ela voltou a falar, numa voz normal, calma e seca:

- Mas é claro que eu fui uma idiota; me mandem para Azkaban logo de uma vez, eu não tenho motivos para ser solta.

Pereceram sair de um grande transe. Alguns olharam para os lados, com ar culpado; outros se inclinaram para o parceiro da frente para cochichar urgentemente. Gina viu um bruxo se inclinar para Percy e falar alguma coisa com ele. Seu irmão concordou com a cabeça, sério.

- Ah, eu não posso fazer isso - disse Hermione do meio dos presentes. A amiga fixou os olhos nela. - Eu vi ela semanas antes, posso jurar que ela, até pouco tempo, não sabia que estava fazendo aquilo para a Ordem das Trevas...!

Muitos olharam para ela.

- Mas não é tão simples, Granger - disse a voz grave de Kingsley, que soava como se não preferisse dizer aquilo, mas que tinha a obrigação. - Todos sabemos que somente os Comensais mais perigosos faziam parte do conselho de planejamentos. Como ela poderia simplesmente fazer parte se não soubesse o que estava...?

- Bem, isso foi realmente fácil - comentou ela e os olhos tornaram a se virar para si.

Kingsley a encarou.

- Como? Como você conseguiu? - perguntou astutamente.

Ela ia responder, mas pensou melhor.

- Prefiro não dizer - murmurou.

Por um pequeno momento os olhos dela se encontraram mais uma vez com os de Harry. Ele olhava-a quase interessado. Gina lembrou que ele sabia da verdade e, quando olhou ao redor, apenas mais três pessoas pareciam saber também: Rony, Hermione e Dumbledore.

- Mas, como... - insistiu Kingsley, mas foi interrompido.

- Escute-a: você vai preferir não saber - disse Harry, em um tom um pouco mais alto do que o do colega. Hermione deu um sorrisinho nervoso.

- Bem, devo concordar - disse a amiga.

Os aurores na primeira fileira se entreolharam, chocados.

- Para um tribunal, isso parece bem descontraído, não? - deixou escapar Gina do seu lugar. A única pessoa que pareceu escutar foi Dumbledore, que, embora não estivesse olhando para ela, deu um sorrisinho.

- O que vocês sabem que nós não sabemos? - perguntou Tonks, franzindo a testa para Hermione, Moody fixando o olho mágico em Harry, mas os dois meramente sacudiram a cabeça, indicando que não iam responder.

- Isso deixaria a garota menos encrencada? - perguntou Kingsley, se dirigindo aos amigos, mas olhando Gina.

- Ah... Não realmente... - respondeu Hermione, de um jeito que fez Gina e Rony sorrirem um para o outro. - Mas suponho que não mudaria muita coisa.

Gina entreouviu um "Se é assim..." do bruxo em sua frente.

Mas as pessoas pareciam querer algo mais. Todas falavam com seus colegas e olhavam em intervalos para ela. Uma voz disse para "alguém dar um bom motivo para poder absolvê-la".

Dumbledore sorriu. Ela não entendeu.

- Um bom motivo? - disse ele para os outros, ainda sorrindo para Gina. No mesmo instante a conversa cessou. - Eu tenho um bom motivo.

O diretor olhou para Percy, como se pedisse permissão para falar. O rapaz deu-a na mesma hora.

"Se isso é o suficiente, eu posso afirmar que... ela não tem a Marca Negra", disse Dumbledore calmamente.

Fez-se um instante de silêncio depois das palavras dele, e então Tonks levantou-se de um salto e foi verificar. Gina viu-a puxar sua manga para cima.

- Ei, é verdade! Ela não tem a Marca Negra! - exclamou a bruxa surpresa.

- Então podemos continuar - falou Percy formalmente, mas sorrindo. - Gina Weasley, se não há mais nada à declarar, vamos começar a votação.

Ela encarou todos falarem uns com os outros por um bom tempo, até que descobriu que não queria saber o veredicto. Que lhe importava se lhe condenassem ou a absolvessem (o que seria muito obtuso da parte deles)? Encarou o teto.

Depois de, o que pareceu à ela, muito pouco tempo, os murmúrios cessaram. Mesmo assim, ela não desviou os olhos do ponto que observava.

- Os que forem à favor de sua condenação, por favor, levantem as mãos - ela ouviu a voz de Percy dizer.

Ela não viu. Não quis ver.

- E quem é contra...

Gina ouviu uma grito de alegria. Olhou.

Por um momento não conseguia acreditar no que via. Muitas, mas muitas mãos, estavam levantadas; de fato, pareciam que todas as mãos estavam levantadas.

As correntes a soltaram. O que viu em seguida foi Hermione correndo do meio das arquibancadas ao encontro dela.

- Você está livre, Gina! Livre! - disse, quando pulou sobre ela, num abraço.

Quando a amiga a soltou, olhou ao redor. Via seu pai, sua mãe, Gui, Fred, Jorge, Rony... Percy não se levantara de onde estava, mas, por uma brecha, o viu sorrindo. Só faltava uma pessoa...

Ela se desvencilhou dos familiares.

A alta corte parecia estar se dissipando, alguns com grandes sorrisos estampados na cara, outros sorrindo timidamente, como se tivessem feito algo um pouco culpado, mas irresistivelmente felizes. Tonks lhe deu os parabéns; Moody lhe acenou antes de se virar e se retirar da sala; Kingsley lhe sustentou um sorriso; Dumbledore piscou para ela de seu lugar, além de outros... Mas não via nenhum sinal de Harry.

Virou-se. Ali estava ele, atrás de Hermione, e olhava-a fixamente. Ela abriu caminho até ele. Parou quando estava à menos de dez centímetros.

- Te devo desculpas - disse ela, olhando-o nos olhos.

- Por que? Por gostar de alguém? Eu não lhe culpo, Gina... - respondeu ele, indiferente.

- Não. Por fingir que não entendi, quando tentou me deixar fora de perigo - falou ela, sabendo que estava na frente da pessoa que matara o homem que ela mais amara na vida. - Te devo desculpas - repetiu.

Ele não disse nada por um momento.

- Você está disposta a se desculpar pelo que... mesmo que eu tenha... - começou ele, lentamente.

- ...matado o pai do meu filho? - terminou ela baixinho.

"Eu não te culpo por isso, Harry. Você estava apenas cumprindo o que o destino escreveu... Haviam duas profecias que anunciavam o fim do Lord das Trevas."

Harry pareceu arregalar ligeiramente os olhos.

- Não, não haviam. Havia apenas uma - respondeu ele, de repente parecendo um pouco confuso.

- Bem, não exatamente - comentou Gina calma. - Uma, é claro, falava de vocês dois. A outra, entretanto, falava de nós dois. Não tem do que se culpar, isso tinha que acontecer, por mais que... - Mas Gina não conseguiu falar. Deu ombros e tornou a olhar para Harry.

O outro olhou para ela por um momento, sem palavras. Então respirou fundo e disse:

- Me desculpe também.

Gina ergueu as sobrancelhas.

- Por ter... você sabe - completou ele, sem jeito.

- OK - respondeu ela, simplesmente.

"Vamos embora, não vamos?"

Quando estavam para sair, porém, seguida de sua família e amigos, lembrou-se de uma coisa.

- Ah, um instante - disse ela para os outros. - Tenho que fazer uma coisa.

Ela parou em frente à Dumbledore.

- Acho que isso pertence ao senhor, professor - disse, enfiando a mão num dos bolsos da capa e retirando o pentagrama. - Achei ontem, enquanto esperava...

Mas Dumbledore apenas sorriu e encarou-a com seus olhos muito azuis por trás dos óculos de meia lua.

- Eu não preciso disso - falou calmamente, fechando o pingente na mão dela. - Fique para você.

Gina ergueu as sobrancelhas.

- Mas...

- Você pode me agradecer - completou Dumbledore em voz baixa, de modo que apenas ela e Harry foram capazes de ouvir - não se importando de deixar seu filho freqüentar a minha escola.

Ela sorriu. Concordou com a cabeça e não perguntou como é que ele sabia.

- Certo... Mas como sabia que eu não tinha a Marca Negra? - perguntou, curiosa.

- Deduzi - respondeu ele, misteriosamente, fazendo ela sorrir novamente.

Gina Weasley virou-se para sair, e não viu quando o diretor piscou para Harry Potter.


IV



O julgamento e seu veredicto foram discretos. Ninguém, nem muito menos a imprensa, sabia que o maior seguidor do Lord das Trevas não havia sido condenado, que estava livre por aí e nem que se chamava Gina Weasley. Para o mundo, G.W. estava enterrada viva em Azkaban, assim como os outros. Ninguém sabia de nada. Nos jornais nada fora publicado.

Gina sorriu, levantou as mãos na altura dos olhos e observou sua aliança de ouro ofuscante com uma pedra de água marinha no centro. Sim, ela se casara com Harry três meses depois. Os bruxos e bruxas que participaram do seu julgamento poderiam achar estranho e achar muita falta de vergonha na cara da parte deles, mas Gina sabia que, depois de Tom Riddle, só poderia pertencer a uma pessoa, que era Harry Potter. Ela era dos mais fortes, Mione dissera a ela uma vez, e ela guardara isso.

Foi legal da parte de Harry aceitá-la de novo, mesmo sabendo que ela estava grávida... e cuidara do filho do seu pior inimigo como se fosse dele. Ela gostava do marido. Gostava muito. Amava sim... mas paixão mesmo, só com Tom. E ela sabia disso. Harry também. Ele a amava mais do que tudo, mas ela não podia dizer o mesmo. A pessoa que ela mais amava agora era seu filho, e nada nem ninguém poderia mudar esse sentimento. Mas Harry não se importava... pelo menos nunca dissera isso a ela. Ela nunca se sentira culpada quanto a isso antes, mas agora temia...

Agora ela via como fora má com seu marido - o seu marido de verdade, casado - e como ele nunca tentara convencê-la a se interessar por ele. Ele fora perfeito com ela. Ele sempre cuidara dela, sempre se preocupara com ela, sempre a amara de verdade... E ela nunca dera atenção.

- Como você é estúpida, Gina... - retrucou numa voz amarga consigo mesma.

De repente se levantou, com um sobressalto, ela escutou um barulho agitado no andar de baixo e um grito breve e agudo de susto, depois uma voz masculina dando um berro bravo.

- RICHARD, SEU MOLEQUE DOIDO! COMO É QUE TEM CORAGEM DE APRONTAR UMA COISA DESSAS?!

Gina riu com o que escutou. Ela contou nos dedos até três para a porta abrir.

BLAM!

- Olá, Harry - falou calmamente. - Gostou do susto? - perguntou Gina rindo. Uma expressão marota surgiu em seu rosto.

- Eu sabia que isso tinha dedo seu! - disse agitado depois de entrar pela porta do quarto, apontando um dedo para ela. Ele respirava com dificuldade e as mãos tremiam. Gina não saberia dizer se era de susto ou de raiva, mas não se importou.

Ela andou até ele, rindo.

- Eu quase matei seu filho, sabia?! - retrucou exasperado.

- Nosso filho - corrigiu ela, sorrindo.

Harry parou de arfar e observou curioso a expressão dela.

- Que foi? Se você soubesse o que eu passei quando aparatei e vi aquele perfil encoberto com um capuz avançando... - ele estremeceu. - O que a fez dar a capa para ele? Espirito de herança?

- É, bem, quase isso... - ela respondeu, ainda sorrindo com a lembrança do susto.

Ela passou um braço pelas costas dele.

- Bem, eu já vi que não vou poder esquecer tudo o que passou... - explicou Gina com desdém, movendo a mão livre - Então eu estou disposta a conviver com isso. Apenas isso. Só o que não estou disposta a fazer é contar ao Rick quem é na verdade o "pai" dele. Na verdade, como sabemos, você foi muito mais pai durante todo esse tempo, não é? Deve ter sido duro...

- Não, nem tanto. Rick nunca me deu trabalho. A você já deu? - disse Harry, já num estado mais calmo. Eles se sentaram na cama.

- Não... Na verdade, Rick puxou muito de mim - disse ela pensativa. Depois fechou os olhos e deu um muxoxo de desaprovação. - É claro que tem alguma coisa do pai, mas... Digo, não, ele não vai tomar o mesmo caminho...

Harry fez uma careta, mas depois conseguiu convertê-la em um sorrido torto.

- Vamos, Gina, não me faça imaginar o inferno... Não, por Merlin, não diga uma coisa dessas! Pensou se acontece? - disse, como se não tivesse conseguido segurar, mas agora se arrependera.

- Harry - chamou ela, passando o braço pelo seu pescoço. Ele olhou para ela e ela continuou - Cale essa boca!

Eles se entreolharam por alguns milésimos de segundos e depois caíram na risada. Só pararam depois que já estavam caídos de costas sobre a cama do lençóis brancos.

Eles pararam de rir, mas continuaram deitados. Gina pensou na sua decisão de viver sua própria vida e tomou uma importante decisão. Ela virou a cabeça e olhou para Harry, que ainda sorria. Gina observou-o, enquanto mantinha os olhos fechados de vontade de rir, e viu... olhou seu rosto direito pela primeira vez; os cabelos pretos e rebeldes caídos por cima de uma fina cicatriz em forma de raio, depois as sobrancelhas negras nem tão grossas nem tão finas, sobre os olhos de cílios retos e iguais... Depois o nariz fino e imponente no meio do rosto, um pouco acima da boca que formava um sorriso calmo e fascinante. Os traços não pareciam pertencer a uma pessoa de trinta e cinco anos, mas a uma pessoa mais nova. Gina reparou pela primeira vez - de verdade - como ele era um homem bonito... E se perguntou porque se fizera de cega por tanto tempo. Tornou a olhar para o teto se sentindo melhor do que nunca desde que chegara naquela casa.

- Harry... Como acha que seria um filho nosso?

Silêncio. Depois ela sentiu que ele virara o rosto para o lado dela, então continuou.

- Eu digo, assim, nosso mesmo; um Potter de verdade... Como você acha que seria? - perguntou numa voz longínqua, meio sonhadora, meio dura.

Ele não respondeu, mas continuou olhando-a. Gina não virou-se para ver, mas sentiu que ele estava fazendo a mesma coisa que ela estivera fazendo a instantes atrás. Fechou os olhos, sorrindo.

- O que você sugere? - perguntou ele, instante depois. Sua voz era impassível.

- Eu sugiro... que façamos um para ver o resultado - disse ela suavemente.

Ele não disse nada, então ela virou o rosto para olhá-lo. Não conseguiu ver nada além de lindos olhos verdes que pareciam enfeitiçar.

- De preferência uma menina - completou, sorrindo para ele.

Ele pareceu sair de um transe. Piscou uma vez, depois falou meio espantado:

- Você está querendo dizer...? - começou ele, perplexo.

- É... Eu quero ter um filho com você, Harry. O que você acha? - disse calmamente, mas seu interior estava uma festa de ansiedade.

Ele olhou-a impassível, depois, lentamente, abriu um sorriso misterioso.

Fez silêncio, os dois se encarando calados por um tempo, sorrindo. Depois uma voz trasbordante de felicidade quebrou o silêncio.

- É o que eu mais quero nessa vida...

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