Quantas Horas



Quantas horas


 Depois que o campo “pegou fogo” tudo pareceu mergulhar numa profunda letargia. E todos ainda estavam nela exceto por Ares que se via possesso, furioso, muito mais do que isso. Tinha Draco a seu lado e ele o irritava profundamente, sua vontade era a de esmagar o crânio daquele garoto estúpido, fazê-lo pagar por toda sua imprudência.
Ahhh, e com certeza o faria e com todo gosto...

- Ares... – ouviu a voz fracamente. Por um instante ele a olhou com todo o desprezo que sentia e então sem qualquer palavra voltou a fulminar o horizonte. - Ares, por favor...
- O QUE VOCÊ QUER, ARTEMIS? – gritou se virando furioso para a irmã, que o olhou assustada
- Eu...
- VOCÊ TÉM NOÇÃO DO QUE ESTA FAZENDO ÁRTEMIS, TÉM NOÇÃO?
- ARES...
- TÉM IDEIA DE QUE ESTA ESTRAGANDO TUDO? DE QUE PODE ARRUINAR TUDO COM ESSAS SUAS LOUCURAS, IDIOTICES?
- ARES, NÃO É MINHA CULPA!
- VOCÊ FEZ ISSO! – bradou mais uma vez apontando para Draco inconsciente – VOCÊ!
- EU NÃO FIZ NADA! – gritou de volta para o irmão, correndo para Draco – Absolutamente nada, você sabe disso.
- Ah não?!
- Não! E você não tem nada do que me culpar, tudo o que eu fiz foi tirar de lá a menina que eu tenho que proteger! – justificou-se também transtornada pelo estado do menino que tinha agora nos braços – VOCÊ NÃO PODE CULPAR A NINGUÉM MAIS QUE A SI MESMO! VOCÊ, QUE O FEZ VER O QUÃO PODEROSO ERA! O SOBRECARREGOU COM TODA A SUA IGNORANCIA, SUA FRIEZA E PREPOTÊNCIA! TRATANDO-O A DISTÂNCIA, SEM DAR ATENÇÃO AOS PROBLEMAS QUE VOCÊ MESMO FEZ SURGIR!
- Não pode estar falando sério...
- PORTANTO NÃO VENHA ME CULPAR POR ALGO QUE VOCÊ FEZ!
- E quanto ao resto, Ártemis? A culpa é minha também? – como se vestisse uma máscara de pedra insinuou maliciosamente para irmã.
- O quê?!? Você realmente quer me culpar pelo que esta acontecendo? – uma risada de indignação escapou por entre seus lábios – Céus, você chegou ao fundo do poço se realmente acredita nisso, meu irmão. – Ares a olhou com escárnio antes de dar-lhe as costas novamente e pegar uma taça de vinho – Eu quero cuidar dele.
- Não.
- Ares, por favor. Você sabe que eu posso cuidar dele.
- Ele vai ser punido.
- NÃO, NÃO VAI!
- CHEGA ARTEMIS! – gritou mais uma vez para a irmã que o olhou assustada mais uma vez – Não quero você em qualquer lugar próximo a ele.
- Ares, por favor – o irmão lançou lhe mais um olhar de inimizade sem responder, resignada voltou a interpelá-lo – Se não vai me deixar tratá-lo, quem vai fazer?
- Afrodite
- NUNCA – Ares se surpreende – Você pode fazer o que quiser da sua vida e daqueles que lhe pertencem, mas eu nunca - ouça bem - nunca vou deixar que você o ponha nas mãos dela! – e então ele se viu acuado pelo brilho gladiador do olhar da irmã, um brilho de raiva que havia visto apenas uma vez.
- E quem esta apto a fazê-lo então? – perguntou disfarçando a surpresa com ironia.
- Anna...
- Não.
- Porque? – ele não se dignou a responder, lançando-lhe um olhar perigoso – Catherine, então.
- Que seja – aceita de má vontade dando as costas. Ártemis deita Draco no sofá novamente e se levanta, sem chamar atenção para os machucados já melhorados do garoto – O que você tem em mente para ele?
- Coisas, alguns desafios educadores durante o treinamento.
- Eles ainda não estão em treinamento, porque não me deixa levá-lo e...
- Ele já esta.
- Você vai continuar cometendo os mesmo erros. – fala exasperada andando novamente até o sofá. Ares se mostra indiferente a afirmação da irmã que continua de irritada – Vou buscar Catherine.
- Não precisa voltar – ele diz olhando a luz da lua que se erguia imponente no céu estrelado. Ártemis que havia se agachado ao lado de Draco se levantou e olhou as costas do irmão.
- Catherine virá. – disse severa antes de lançar a Ares mais um olhar pesaroso e partir.

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Imagine a surpresa do pobre Rony Weasley quando a amiga desapareceu por completo do alcance de seus olhos se à apenas um segundo ela estava bem ali – logo ali, na sua frente. O casal não viu, mas o desespero do lado de fora do campo era quase tão grande quanto dentro dele.
Jordan andava incansavelmente sobre o perímetro, tentando desfazer todos os feitiços que havia na sala, os do campo e os outros também, aflito pelo fato de que nada funcionava que nenhum feitiço era cancelado e eles eram mantidos de fora daquela de espécie de universo paralelo, onde parecia ter explodido uma bomba devastadora. O treinador tentava seus métodos com o máximo de calma que podia reunir, mas o pobre Rony não ajudava. O menino que temia pela amiga desde o momento em que ela pisara na “área de risco” quase enlouqueceu em um ataque de pânico quando, de repente, ela simplesmente sumiu. E então todas as tentativas de Jordan se viram inúteis, a menor possibilidade de libertação para aquele que ainda estava lá dentro se acabou. Levaram cerca de dois minutos, em que os dois homens – porque Rony também já era um homem – oscilaram entre pânico e resignação, preocupação e medo.
E o campo se incendiou.
Rony quase sufocou, e então tudo se fez paz. Não havia na sala qualquer outro som que não o dos peitos arfantes dos dois. Nada, o silencio do inexplicável. E ai, as coisas explodiram em sons. Rony gritou por Hermione, Jordan conjurou feitiços, Rony correu pela sala até o corredor e de volta para a sala, como louco em busca da amiga, Jordan procurou pelos alunos e Rony gritou com Jordan, Jordan gritou com Rony e Helena entrou na sala, gritando com os dois.

- O que aconteceu aqui?? – perguntou com preocupação olhando para tudo ao redor e por fim para os dois.
- Hermione... ! Sumiu! – berrou Rony a gaguejar.
- Como? – e ela só olhou para Jordan.
- Eu não sei – ele respondeu curto e nada contente. – Helena olhou de novo para a sala e Anna praticamente aterrissou ao seu lado, arfando.
- Não... – ela suspirou e fechou os olhos desapontadamente.
- Quem vai fazer alguma coisa?! Onde esta Hermione, procurar por ela. – o menino falava desconexo.
Os três treinadores de olharam, consultando-se e em seguida bateram em retirada – Jordan voltou-se para reparar os danos de sua sala.

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Rony foi atrás de Harry e juntos correram por Dumbledore, que minutos antes havia sido notificado, por um furioso Hermes, de que: - Se Potter vier importuná-lo pelo paradeiro da menina Granger lhe diga que vá procurar o próprio rabo.
- Com certeza isso é o que eu vou dizer – respondeu o diretor como sempre complacente.
- Pois deveria.
- Acredito que não mandaria que eu fosse procurar meu próprio rabo caso lhe perguntasse, não? – a irritação fazia o homem parecer fora do sério.
- Esses estúpidos humanos – ele “desabafou” e Dumbledore pareceu divertido – Não podem se conter.
- Hermione Granger? – perguntou para lembrar o deus do assunto que não acreditava ser o mesmo a que ele se referia.
- E o imbecil Malfoy! – ele se sentou por um instante e pos as mãos na testa.
- O Sr. Malfoy é sempre imprevisível - ele assentiu mais uma vez, comicamente calmo.
- Estúpido! – Dumbledore esperou em silencio, que incomodou o nervoso deus e o fez voltar a levantar-se, andando de lado a lado no escritório enquanto falava – Malfoy e Granger se meteram em problemas.

Dumbledore abriu a boca fazendo menção de falar, porém Hermes não lhe deu chance.

- Tudo graças ao meu estúpido irmão, que desafortunada e intrometidamente meteu Malfoy nessa historia, mas o que mais se poderia esperar de um imbecil como Ares, um troglodita descerebrado que não pode pensar sequer em uma boa sobremesa para o café da manha?
“O fato é que a anta converteu Malfoy, E – deu ênfase á ligação – deu-lhe treinamento antes do tempo. – seu tom então se tornou de critica deslavada, como se falasse de uma criança retardada – mostrou-lhe poder, ensinou-o a controlá-lo, usá-lo – muito mal, diga-se de passagem – e por fim o menino – como não se podia esperar diferente – ferrou tudo, e o pior, Granger, aquela menina tola, nem sabe no que se meteu.”
Novamente Dumbledore tem perguntas a fazer, mas - Ares esta possesso com a idiotice do garoto, e erroneamente – como sempre – culpa a menina por toda a desgraça, só por Cronos o que vai acontecer agora, e que ele queira que alguém ponha algum juízo na cabeça daquele bagre, pra que ele não faça mais nenhuma imbecilidade. – respirou fundo e franziu o cenho, pensando algo.
“Bom o fato é que Hermione não está, pelo menos por agora, – olhou para um relógio sobre a mesa – não esta. – Dumbledore abriu a boca – se bem a conheço, esta com minha irmã, que deve ter dado seu jeito. – andou até a mesa do professor – Na pior das hipóteses, foi com meu irmão – deu de ombros simplesmente, deixando um Dumbledore boquiaberto.
Está avisado, ele que vá procurar o rabo. – e desapareceu.”

20 minutos depois...

- Professor! Hermione sumiu, nós precisamos encontrá-la!
- Acalme-se Harry... Sentem. Muito bem, me expliquem o que aconteceu?

15 minutos depois...

- Então nós viemos. Mas estamos perdendo tempo, ela pode estar em perigo com Malfoy! Ele pode tê-la levado para os comensais e...
- Harry, se lembra daquela capa da invisibilidade do seu pai?
- Sim professor, mas o que...
- Porque você não vai procurá-la, para que possa usá-la no resgate da Srta. Granger?

Os garotos o encararam confusos, mas obedeceram, acreditando na existência de um plano, enquanto o diretor tinha em mente apenas a confusão em que estava metido e na cadeira misteriosamente desaparecida de seu escritório.

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- Alguém pode me explicar o que esta acontecendo? O motivo pelo qual minha sala esta sendo invadida?
- Donn, você sabe algo sobre Draco Malfoy? – perguntou Jordan, mal-humorado.
- O mesmo que todos vocês – respondeu obvio, sem gostar daquela rude interrupção – Porque? Qual o problema com o menino Malfoy?
- Eu acho que ele esta sendo recrutado. – Helena disse, como se falasse de algo extremamente casual.
- Porque?
- Vermelho, poderes se desenvolvendo rapidamente, stressado, frio, distante... – Helena continua como se falasse de um vestido - todos os sinais de que alguém anda mexendo com a cabeça do pobre.
- Alguém – Jordan diz sarcástico. A atenção de Donn então vai dele para Anna, que estava de braços cruzados em um canto da sala. Todos olham para ela.
- Você esta aqui porquê? – sonda disfarçadamente.
- O feitiço, que você fez com eles nos primeiros dias. Malfoy fez com quem?
- Granger! – quem responde é Jordan, que o faz brusco.
- Como?! – ela se surpreende.
- Malfoy fez com Granger – Anna intencionou falar – e Campbell fez com Zabini – ele emendou prevendo o que se passava na cabeça dela.
Depois da leve surpresa que perpassou o rosto dela Anna se calou, imperturbável como sempre. Sendo avaliada por todos os outros – Afinal de contas, o que vocês querem aqui?
- Saber o que você sabe, é claro. – informou Helena.
- Porque com certeza há algo que você saiba. – concordou Jordan, sobrando em silencio a que costumavam chamar mudinha.
- Lamento desapontá-los, mas esse é um assunto das crianças, como vocês já deviam ter percebido. Eu não sei de nada – ele terminou simplesmente, dando as costas ás antigas crianças e voltando a sua correspondência.
A primeira a se mexer para deixar a sala foi Anna, mas não o fez antes que Donn voltasse a falar com eles – Onde esta Catherine afinal que não se juntou a vocês no interrogatório?
Helena e Jordan se entreolharam, Anna deixou a sala e por fim Jordan respondeu agora mais calmo – Não sei.

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- Bom dia, Ares! – Catherine cumprimentou efusiva, tirando o deus de seus devaneios enquanto se ajoelhava ao lado do menino inconsciente no sofá.
- Ainda é noite. – ele se virou para observá-la.
- Ah não, eu acho que já é um novo dia e todo novo dia começa pela manha, como você sabe. – ela disse enquanto media o pulso de Draco. – Que diabos você fez com esse garoto. – repreendeu.
- Ele merece.
- Ah, eu acredito que sim – ironizou.
- Olhe com quem esta falando, garota. Não seja abusada.
- Abusada? Oh não, essa não foi minha intenção, Ares. Mas fiquei tão acostumada com a afetuosidade entre você e minha madrinha que por um momento esqueci que ela não esta aqui. Pode deixar, eu não vou mais “esquecer” quem o senhor é. – Catherine continuou com seu tom espirituoso, e depois fez um feitiço de levitação em Draco, encaminhando o corpo inerte do garoto a sua a frente por um corredor – Não se importa se eu usar um dos quartos não é. – sumiu corredor adentro.

Catherine levou Draco para uma das enormes suítes do lugar, com uma grande cama de espaldar encostada a uma das paredes, ladeada por mesas de cabeceira, vista para a vasta planície frente ao templo.
Ela pousou Draco delicadamente na cama e fechou as cortinas. Voltou-se para ele e soltou um suspiro, o garoto ainda estava muito machucado, mesmo com a ajuda que havia recebido de Ártemis e o seu trabalho era curá-lo por completo, para que depois Ares o cansasse tanto que talvez voltasse para suas mãos em um estado ainda pior.
Mãos a obra Catherine começou a trabalhar, era uma ótima curandeira, um dos motivos que levaram Ártemis a chamá-la, em pouco mais de duas horas Draco já estava quase todo remendado. Os estragos por fora na verdade eram poucos, o problema real eram os danos causados interiormente, muitos de seus órgãos haviam sofrido, e para recuperá-los completamente foram necessários muitos feitiços, algumas poções e ainda precisaria de algum tempo em repouso, mas o garoto era forte e enquanto ela repassava mentalmente todos os processos aos quais o tinha submetido encostada em uma janela lateral do quarto, ele despertou.

- Onde eu to? – perguntou ao abrir os olhos com dificuldade.
- No inferno – respondeu espontânea da janela.
- O que aconteceu? – voltou a perguntar ao identificá-la.
- Foi atropelado por um ônibus – olhou-o ironicamente – Você sabe o que aconteceu.
- O campo...
- É é é... Depois você tem que me contar com detalhes essa historia, mas no momento você tem um deus irado na sua cola e uma porção de machucados então é melhor ficar quieto.
- Delicadeza não é o seu forte não é mesmo – o garoto ironizou.
- Não, esse é a simpatia – confirmando a informação deu um grande sorriso e logo o nocauteou novamente com outra rodada de poções.

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Enquanto isso em Hogwarts...

- Onde você guardou, Harry?! Lembra, cara!
- Eu coloquei no malão Rony, tinha que ta aqui! – os garotos gritavam um com o outro enquanto reviravam o quarto atrás da capa da invisibilidade perdida.
- Bosta! – Rony bradou uma ultima vez antes de estender os braços e começar a tatear as coisas pelo quarto.
- O que você ta fazendo? – Harry perguntou atônito com a atitude estranha do amigo.
- To procurando, ela deve ter caído e ficado invisível. – explicou ainda tateando pelo chão.
- Rony, nos usamos accio e ela não veio. Não ta aqui. – Harry admite pesaroso.
- Ta, e o que a gente faz agora? – Rony ainda esta irritado
- Vamos falar com Dumbledore.

Sem outra saída os dois se encaminharam para o escritório do diretor mais uma vez e ao chegar se depararam com toda uma comitiva reunida, estavam ali Helena, Anna e Jordan, os que de alguma forma haviam presenciado o acontecido na sala de poções. Espalhados pela sala não apresentavam quaisquer sinais de preocupação, pelo contrario, pareciam descontraídos, cada qual agindo normalmente, eles permaneciam em silencio enquanto o diretor desencorajava qualquer tentativa de fuga e resgate dos grifinórios.
Dumbledore havia tomado as providencias necessárias para que Hermione fosse encontrada e trazida ao castelo em segurança e também havia designado tarefas aos treinadores, Helena cuidaria de Rony e seu estado emocional abalado, e Anna tomaria conta de Harry e dos outros alunos que haviam tomado a poção de animagia, pois os efeitos começariam a aparecer e seriam necessários cuidados especiais. Enquanto isso Jordan procuraria pelo paradeiro de Hermione, pelo menos isso era o que tinham sido informados os garotos.
Sem poder discutir ou argumentar com todos aqueles professores os garotos tiverem de assentir às ordens do diretor, e se encaminharam com seus ‘carcereiros’ para suas salas.

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Anna parecia não ter consciência da presença do garoto ao seu lado, durante todo o trajeto ela foi quieta, impassível como se nada no mundo pudesse perturbá-la. E permaneceria assim se não fosse extremamente necessário que falasse. – Pode se sentar Sr. Potter. – ela indicou uma cadeira no canto da sala para Harry, que obedeceu enquanto ela se ia a sua escrivaninha e não lhe dirigia qualquer atenção especial ao fazer suas próprias coisas, depois de tirar vários frascos e objetos de uma das gavetas e organizá-los com perfeccionismo sobre a mesa, ela conjurou um patrono que em instantes desapareceu de vista.
Enquanto Harry tinha um turbilhão de pensamentos nublando seu cérebro Anna esperava delicadamente, concentrando suas atenções em um pergaminho que jazia sobre a mesa já antes de chegarem à sala. O silencio era tão profundo que as suaves batidas que Suzana Bones deu na porta foram como tiros. – Entre. – Anna ordenou, sim porque quando ela falava, não parecia pedir sugerir ou esperar. Mandava, e tudo nela indicava isso, a postura, o tom, a expressão, os olhos, nela tudo impunha.
- A senhora chamou professora? – a menina parecia tremer diante daquela mulher de aparência tão frágil quanto a sua.
- Sim. – ela respondeu breve, antes de se levantar – Venha aqui – Suzana obedeceu, Anna chegou perto o suficiente, examinava seus olhos quando Renée e Padma entraram timidamente na sala, Anna examinou os movimentos do pescoço da lufa-lufa e fez sinal para que as outras se aproximassem, continuou fazendo as mesmas observações nas duas garotas e por fim disse – Podem se juntar ao Sr. Potter.
Padma e Suzana foram logo até poltronas recém conjuradas ao lado de Harry, mas Renée antes de seguir com elas se voltou para perguntar á treinadora – Profª o que nós vamos fazer aqui?
Anna nem sequer se deu ao trabalho de olhá-la enquanto respondia – Nós vamos monitorar os efeitos da poção, Srta. Campbell. A Srta... – e então ela parou ao olhar para Renée, apesar de que sua reação demonstrasse choque, sua expressão não passava da estóica de sempre. Mas a situação não durou mais que alguns segundos, pois naquele momento Zabini irrompeu na sala, fazendo-a desviar o olhar. – A menos que o senhor tenha vindo montado num burro Sr. Zabini não há motivo para ter demorado tanto. – ela ralhou com ele.
- Por que estamos aqui?
- Se tivesse chego antes teria sua resposta – respondeu antes de começar a fazer seu pequeno exame no garoto e mandá-lo sentar-se junto aos outros.

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Já Helena não se parecia em nada com a companheira Anna, também podia ser mandona e impassível, mas era muito mais afetuosa e intempestiva. Fizeram um caminho diferente, despreocupada ela passou pela cozinha, pegou ‘alguns’ pratos de comida e só depois foi com o garoto para sua sala.
Ao passarem pela porta de Anna no caminho Rony perguntou - Porque eu não estou com os outros?
- Porque você não é como eles!? – respondeu seguindo tranquilamente.
Ao chegarem na sala indicou uma poltrona acolchoada para o garoto e se sentou em outra, posicionando a comida frente a eles. Pegou um pedaço de bolo e deu uma mordida, fechando os olhos deliciada – Não vai comer? – perguntou ao menino que observava. Logo estava devorando vários dos quitutes preparados pelos elfos e agora quem observava era a treinadora que havia ficado apenas no bolo, mas de repente Rony estacou – Eu sou diferente? – perguntou lívido.
- Sim!? – respondeu novamente com uma espécie de pergunta, tinha essa mania quando falava informalmente com as pessoas.
- Mas porque? Quer dizer, em quê? Você sabe, eu sou sempre normal.
- Você e a Granger foram os únicos a não desencadear os efeitos da poção de animagia, não é mesmo?
- Ah... É.
- Então...
- E por quê?
- Ela só se manifesta com fortes emoções.
- Acho que eu já tive emoções bem fortes hoje.
- Ou pode ser que não esteja funcionando porque não foi bem alimentada.
- Como?
- Você sempre come assim? – pergunta com uma careta engraçada.
Rubro ele responde envergonhado – Aham
- É talvez você não tenha comido o suficiente sabe, os efeitos da poção vão causar muito gasto de energia, então ela meio que espera até reter o suficiente.
- Então é só comida?
- Aham.
- Mas e Hermione? – Helena deu de ombros e não deu maior atenção ao assunto
- Vai, come. – se levantou e foi cuidar de suas próprias coisas enquanto ‘Joãozinho engordava’.

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No castelo de Ares Draco estava novamente acordado e Catherine não dava trégua com todos seus cuidados.

- Afinal de contas o que esta acontecendo?
- Você está machucado – repetiu mais uma vez impaciente.
- Ótimo, mas e o resto?
- Ótimo pra você que só tem de ficar deitado não pra mim... – ralhou tentando desviar o assunto, mas sendo interrompida.
- Por favor Catherine, de idiota eu não tenho nem a cara, qual é, você ta aqui, eu também, sabe das coisas, eu também, mas sabe muito mais do que eu. Quero ouvir e você esta louca pra contar, então porque simplesmente não me conta de uma vez?
- Pois bem, o que você quer saber? – perguntou seria e direta.
- Vocês? Ares, Anna porque eles são assim, são inimigos? Eu nem sequer a conheço e vive aparecendo no meu caminho.
- Nós somos afilhados dos deuses – Draco abriu a boca, mas Catherine levantou a mão para que não falasse.
"Eu não era mais velha que você nessa época e não era nada compreensível estar naquele lugar, tudo era diferente e ninguém fazia questão de esclarecer nada. Até que todos fomos devidamente lavados, enfeitados e postos uns aos lados dos outros, esperando por algo que não sabíamos o que era, e de repente aquelas moças que haviam nos levado até ali começaram a falar com vozes que vinham do nada. Eu não sou bruxa, como você Draco e foi espantoso ver aquilo.
Imagens de pessoas começaram a aparecer do nada, no ar, nos escolher e falar conosco. Todos nós ali, enfileirados sendo escolhidos como os escravos de antigamente. Um por um iam sumindo bem diante dos meus olhos, as imagens e também as pessoas.
Anna foi uma das primeiras a ser escolhida e por um deus nada comum."

- Olá! – outra voz se fez ouvir no quarto, chamando a atenção dos dois.
- Artemis – cumprimentou Catherine com um sorriso e uma mesura enquanto Draco apenas olhava para deusa.

Não lembrava claramente da aparência da mulher que tinha ido ao resgate de Hermione, mas agora que a via outra vez estava deslumbrado com sua beleza e com toda sua aura, a energia que parecia envolver todo o quarto e lhe trazer sentimentos indistintos.

- Artemis este é Draco Malfoy – apresentou Catherine recebendo um olhar zombeteiro da outra.
- Olá Draco, como vai? – perguntou encaminhando-se para perto da cama do garoto que continuou em silencio.
- Falou com Ares? – Perguntou Catherine
- Não.
- Alguém pode me explicar o que esta acontecendo aqui? – interpelou brusco Malfoy.
- Acho que já é hora de você saber mais.
- Conte então.
Artemis se dirigiu a janela mais próxima e se sentou pronta a começar quando Catherine se levantou para ir, pensando que aquela seria uma conversa particular – Fique Cat, é bom que você escute.
Bem, onde foi mesmo que você parou? – perguntou Ártemis á Catherine.
- Anna sendo escolhida – respondeu Draco rapidamente.
- Certo. Quando os novos pupilos chegam ao Olimpo os deuses são “avisados” pela sua energia, que costuma ser forte e limpa, já que eles normalmente são crianças. Então aqueles que precisam escolhem a criança que melhor lhe aprouver.
"Aqueles dia Anna chamou a atenção de Hades, que há muito tempo não tinha um afilhado e nem sequer estava interessado em um, apesar de ter autorização para vários se quisesse. A energia de Anna era muito forte e de alguma maneira agia como um imã para o meu tio que foi até lá em pessoa conferir, o que não é comum, normalmente eles se “projetam” até a ‘sala de espera’, Cat deve se lembrar."
- Sim, foi o único que apareceu em carne e osso. O que não foi muito confortável com aquela cara ameaçadora.
- Pois é, e ainda assim Anna não pestanejou nem por um segundo, aquela pequena menininha, apenas fixou seus incríveis olhos azuis naquele deus tão amedrontador – Catherine como Ártemis parecia mergulhada no passado e balançou a cabeça com admiração ao lembrar – o desafiando, como se não fosse menos do que ele. Meu tio Hades se encantou e a escolheu de imediato, passando por cima de ‘alguns’ outros que a queriam. Cat sabe o que acontece depois.
- Nós somos levados aos nossos padrinhos, submetidos a todo o treinamento que cada um aplica para desenvolvermos determinadas habilidades, as que crêem melhores, condizentes com as suas é claro. – explicou Catherine e olhou para Ártemis, achando que ela continuaria a historia.
- Conte do seu ponto de vista Cat, é melhor.
- Desde o começo Anna começou a desenvolver extremamente bem seus poderes e habilidades, o que gerava inveja e desavenças.
- Perséfone?
- Oh não. Perséfone assim como Hades se encantou com aquela menininha brava e forte.
O treinamento de Anna era de longe o mais pesado de todos, mas ela não esmorecia nunca. Cresceu e durante toda sua vida havia sido a princesa do tártaro, tendo todo seus esforços e talentos recompensados por Hades e Perséfone. Era altiva e graciosa como uma verdadeira princesa, mas só alguns sabem o que há por detrás daqueles olhos azuis. Certo dia, só Cronos sabe o porquê, Ares resolveu descer até o Tártaro para falar com Hades e para a desgraça de todos levou com ele Afrodite, que costumava andar sempre pendurada em seu pescoço. Perséfone estava passando sua temporada com a mãe e como acontecia nessa época era Anna quem cuidava de tudo, então quando eles chegaram a nossa pequena mudinha se encantou com o deus da guerra como se ele fosse a única estrela no universo. Claro que com sua personalidade ela não demonstrou mais do que educada indiferença e as coisas teriam ficado bem se depois daquela primeira vez ele não tivesse voltado outra e outra, algumas vezes sem Afrodite. Anna mesmo com toda sua frieza pode conquistar mais do que qualquer um, Afrodite percebeu isso e não ficou nada contente.
Bom, às vezes de tempos em tempos, os filhos dos titãs se reúnem em reunião, os principais: Zeus, Hades e Poseidon. E nessas ocasiões todos os outros deuses comparecem ao Olimpo, junto dos afilhados, para ficarem cientes das decisões, sendo assim todos nós estávamos lá. Hades entrou para a reunião e deixou Anna no Olimpo, ela como sempre se distanciou logo da multidão para ficar sozinha e alguém mandou os cães de Ares atacarem-na. Só deus sabe como se salvou, tudo foi escondido e ninguém pôde descobrir o que aconteceu.
- O que aconteceu foi que Jordan sofreu o ataque por ela – disse Ártemis gravemente fazendo o queixo de Catherine cair.
- Jordan!?! – repetiu com espanto, começando a entender muitas coisas.
- Antes do encontro Séf pediu a titio Poseidon que olhasse por Anna já que ela não estaria no Olimpo, como também estaria no encontro meu tio mandou que Jordan cuidasse dela. Você sabe, eles não eram mais que conhecidos por isso ele ficou a distancia, mas Anna não é afilhada de Hades a toa, sentiu a presença de Jordan e quando se virou para confronta-lo os cães passaram por ela e atacaram Jordan. Uma vez que atacam os cães não largam a vitima. Foi horrível Cat, aqueles monstros... e Anna viu tudo.
- Então Ares?! – sufocou Catherine de olhos arregalados.
- NÃO! Catherine, meu irmão pode ter os sentidos deturpados, mas não é louco, ou idiota. Ares não tinha quaisquer motivos para fazer mal a Anna e aqueles animais são malignos, você nem imagina o quanto. Eu não suporto sequer pisar o mesmo chão que eles! Com certeza os teria sentido se alguém não os estivesse disfarçando. – Ártemis falava com tanta emoção que quase chorava. Draco não sabia dizer se de raiva, tristeza ou indignação – Nós só os percebemos quando atacaram e a energia foi muito forte. Eu Dionísio e Ares percebemos assim que aconteceu, eles foram pra lá, mas já era tarde demais. Eles têm uma espécie de veneno nos dentes, que destroçam tudo que tocam.
- Mas Jordan... é perfeito. – disse Malfoy não acreditando no estrago tão profundo de que a deusa falava.
- Não Draco, ele não é. – respondeu Ártemis grave – Uma pessoa que sofre um ataque só pode ser vista e cuidada pelo seu amor, alguém que a ame verdadeira e incondicionalmente e Jordan nem sequer teve essa chance, afinal Anna estava lá, e depois Ares e Dionísio. Bom, Ares cuidou de livra-lo de seus cães e Anna cuidou dele – e então Ártemis começou a chorar - Eu sei, que ela o fez de todo o coração, mas isso não é o suficiente.
- Como assim? – perguntou Catherine – Draco tem razão, na há nada de errado com Jordan.
- Quando aqueles cuidados que eu disse não são tomados a pessoa não se recupera mais Cat, as feridas sararam para nós, mas não aos seus olhos. – as lagrimas escorriam pelo rosto de Ártemis – Ele se vê exatamente como aqueles malditos cachorros o deixaram naquele dia o rosto em carne viva e todo o resto ainda pior. – Ártemis se levantou e passou as mãos pelos cabelos, indo até a janela – Oh, vocês não fazem idéia de quão horrível foi.
- Mas e se não foi Ares a mandar que os cães atacassem então quem foi? – perguntou Draco indiferente a toda historia, ainda que agora Catherine também chorasse pelos amigos.
Ártemis fixou seus olhos molhados em Catherine e esta deu um soluço – Afrodite óbvio, – respondeu seria e começou a despejar os acontecidos sobre os dois – ela não dá ponto sem nó, e tinha seus motivos para ir até o tártaro com Ares.
- Perséfone – sussurrou Catherine.
Ártemis fez apenas um leve aceno com a cabeça – A antiga inimizade a levaria a qualquer lugar se fosse para comprovar sua superioridade perante ela. Logo ao pisar em um dos lugares que mais odeia se deparou com Anna e de cara achou uma nova concorrente.
- Anna já tinha se apaixonado por ele? Como ela sabia, em tipo dois segundos? – perguntou Draco.
- Uma concorrente em beleza – quem respondeu foi Catherine ainda entre soluços.
Novamente Ártemis confirmou – ela olhou aquela menina linda e viu também que alem da aparência ela tinha espírito, atitude, que mesmo todo o treinamento no tártaro não havia secado sua essência e aparência e graciosidade.
Perséfone desenvolveu uma espécie de alarme interno para Afrodite e assim que ela abriu a boca para destilar seu veneno ela apareceu e salvou Anna da primeira ofensiva. Mas ela não descansou, oh vocês podem imaginar o que foi pra ela ver que no tártaro agora não era mais apenas uma, mas duas mulheres tão belas e apreciadas quanto ela. – Ártemis agora falava com eloqüência e ironia – Ao menos estava certa, com o tempo seu faro a fez perceber que estavam começando a desenvolver uma conexão. Depois disso as coisas realmente começaram a ferver, ele estava começando a se encantar com ela, com o seu jeito ‘desprezível’ de ser. Ela quis tirar satisfações com Anna, fazer ameaças, mas com Ares, Séf ou tio Hades sempre por perto ela não pode dar seu aviso, Ela não poderia entrar no reino dos mortos, mas fora de lá o caminho era todo livre.
- Então é por isso que Jordan a odeia? – perguntou Catherine.
- Ele não a odeia. Apenas tem ressentimento dela, a culpa pelo que aconteceu, mas no fundo sabe que ela não tem culpa. – Draco ia interromper, mas ela não deixou – Isso não é tudo, quando tudo ‘acabou’ Jordan disse coisas horríveis a Anna e ela ficou arrasada, realmente Cat, você pode imaginar Anna chorando – a outra negou com os olhos estatelados – pois acredite, aquele corpo é capaz de produzir lagrimas, e aos rios.
- O que diabos aconteceu? – perguntou Catherine indignada.
- Alem da decepção com seu próprio coração, Jordan foi muito duro com ela. Quando se olhou no espelho e se viu ele paralisou e Anna, que também o via como se não estivesse curado lhe pediu milhares de desculpas, perdão. Mas ele foi cruel – os olhos de Ártemis se encheram de lagrimas mais uma vez e com um movimento das mãos para frente mostrou para Draco e Catherine o rosto aceso de fúria de Jordan que cuspia palavras com raiva e desprezo “A culpa é sua e você sabe disso. Culpa sua por não saber o seu lugar, por se atrever a sequer olhar para um deus. A culpa é sua por ser medíocre.” – as lagrimas de Catherine haviam secado, mas seu rosto continuava perplexo. – Eu copiei essa lembrança de Anna e a mostrei a Séf, que me disse que cuidaria das coisas.
- Bom, ela não fez um bom trabalho não é. Anna endureceu ainda mais. – criticou Catherine.
- Deu um ‘presente’ a ela, Anna presencia todos os encontros de meu irmão com a amante, ela vê cada instante que passam juntos – Draco soltou um risinho de descrença pelo nariz – Eu também achei absurdo, briguei com Séf por isso, disse que era cruel, mas então ela me explicou que daquela maneira Anna veria sempre o quão superior a Afrodite ela era. De algumas maneiras estava certa, e depois, já estava feito, não havia mais nada que pudesse fazer. – Ártemis finalmente se calou e o quarto mergulhou em silencio, cada um digerindo como podia todas aquelas informações. Então escutaram passos e Ártemis se foi.
- Malfoy, não me espere se quando voltar eu não estiver aqui. – disse Catherine antes que a porta se abrisse e Ares chamasse por Draco.

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Rony já tinha comido mais da metade da comida que Helena trouxera para ele quando Dionísio entrou caminhando tranquilamente na sala da treinadora que o olhou nada surpresa.

- Helena minha querida. – falou abrindo os braços enquanto caminhava para mais perto dos dois.
- Dionísio, então é você. – retornou o cumprimento olhando o deus, mas indiferente quanto à brincadeira.
Deixou os braços caírem enquanto soltava um risinho abafado e depois ficava sério – O que acha que esta fazendo? – perguntou à treinadora que não entendeu – Desse jeito o menino não vai conseguir nem se levantar da cadeira, quanto mais praticar animagia. – ela girou os olhos reconhecendo que estava certo, mas sem admitir – Então sinto muito, mas vamos deixá-la, antes que o mate de congestão. – disse enquanto roubava um ultimo bolo da bandeja de Rony e o mandava levantar-se.
- Sempre debochado – retrucou produzindo um sorriso no deus antes que se fossem.

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- Weasley, você tem que criar alguns modos, – debochou Dionísio – comer daquele jeito em frente a uma dama – terminou balançando negativamente a cabeça.
- Mas ela mandou. – respondeu o garoto pasmo olhando onde estavam, que era um lugar muito branco com nuvens e neblina. – O que vamos fazer?
- Acelera-lo obviamente. Sabe, eu esperava mais de você, ficar pra traz assim, me fazendo passar vergonha, por favor. – fala sério zombando do menino.
- Hermione...
- Não sei e não quero saber, não é da minha conta – corta indiferente – você sabia que já tem gente MUITO mais avançada que você? Pois é. Eu não sou muito competitivo, mas depois de hoje, ah não, as coisas não podem ficar assim. Se prepare, nos vamos começar a treinar.

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Depois de esperar algum tempo Anna conjurou camas para os alunos sob sua observação e apesar de resistirem por um longo tempo, principalmente Harry, ao fim todos se renderam ao sono, em muito graças à poção que os deixava exaustos.
Deixou que dormissem, até que alguém abriu os olhos em pânico, era Zabini que fez menção de gritar de dor, mas não começou, pois ela o calou antes que o fizesse. Anna foi ate ele e mediu sua temperatura, só depois de mandar que não gritasse retirou o feitiço silenciador.

- Eu vou virar do avesso – falou o menino sem fôlego – Dói demais!
- Vai continuar a doer.
- Faça alguma coisa!
Depois de um sorriso de deboche Anna respondeu ríspida – Não. Você vai ter que agüentar sozinho, enquanto seu corpo assimila as transformações. – deixou o garoto na cama e se afastou.
- Eu vou me transformar agora? Assim do nada?!
- Não. Por enquanto só esta ficando mais... versátil.
Zabini ainda encarava a treinadora, com suor lhe escorrendo pelo rosto quando Renée ao seu lado se virou e gritou a plenos pulmões.
- O que esta acontecendo? – berrou com a mão sobre a barriga.
- Efeitos da poção – respondeu Anna simplesmente e se virou para a porta – O melhor que fazem é ficar imóveis, de qualquer jeito a dor não vai passar até que passe. – deu o recado e deixou a sala – odiava gritos.
- Blás, o que é isso? – chorou Renée
- Efeitos da poção – repetiu o garoto e congelou sobre a cama, seguindo as instruções da nada simpática treinadora.


Todas essas coisas aconteciam e Hermione dormia, sonhava como a bela adormecida enquanto os amigos se viam descontrolados a sua procura. Porém seu sono não duraria muito mais.

- Hermione

Ouvia aquele voz melodiosa, mas não sabia de onde vinha.

- Hermione!

A voz chamou mais uma vez, mas a garota parecia não conseguir responder.

- A-cor-da! – ordenou a voz fazendo com que a menina abrisse os olhos sobressaltada – Venha.
- Aonde?
- Apenas venha – a garota se levantou da cama e caminhou em direção a porta. De algum modo caminhava firme, como se algo a guiasse. Percorreu o castelo em direção ao saguão de entrada e quando chegou encontrou a porta aberta, saiu e foi em direção a floresta proibida. Adentrou por entre as arvores e depois de mais alguns passos avistou Artemis, recostada a uma arvore parecia o ler mais lindo e angelical, em sua apresentação rápida a deusa não havia dado a garota tempo suficiente para que pudesse ver e gravar sua imagem com perfeição. Não se lembrava de quão branca era sua pele, ou da intensidade de seus olhos que brilhavam de maneira indescritível. Conforme se aproximava da deusa podia ver os detalhes de seu rosto e analisar o vestido que parecia saído de um conto de fadas. Quando ficou a apenas alguns passos de Artemis a força que a puxava e guiava pelo caminho certo se desfez.
- Como vai, Hermione? – perguntou a deusa e seu rosto traia uma expressão triste.
Sem entender muito bem o porque da pergunta e se sentindo mal diante da beleza estonteante da deusa, Hermione demorou alguns segundo para responder que estava bem, com sua voz mais espirituosa. Artemis então sorriu largo e a tensão que parecia sentir se dissipou instantaneamente – Vamos dar uma volta? – perguntou da maneira entusiasmada que Hermione se lembrava.
Artemis desencostou-se da arvore em que estava apoiada e deu alguns passos antes de voltar-se para a protegida e com um movimento de mãos calçá-la com botas de ceda e um penhoar acolchoado – Obrigada.
- Combinando – disse Artemis antes de seguir e Hermione correr para alcançá-la – E o treinamento?
- Ah, normalmente é bem puxado, mas acho que estou me saindo bem.
Artemis sorriu divertida – Já conheceu todos eles? O que achou?
- Falta Anna. Harry diz que ela parece o demônio – disse sombria fazendo a deusa gargalhar.
- Harry é um pouco exagerado, não? – Hermione baixou a cabeça, mas Artemis continuava com ar risonho – Anna é só um pouquinho fechada. É afilhada de Hades.
- Acho que isso explica as coisas.
- É, creio que sim.
- Mas como assim afilhada?
- As vezes alguns deuses resolvem trenar humanos, assim eles escolhem crianças...
- CRIANÇAS!?
- Sim, crianças
- Mas de onde as pegam
- Ora Hermione, de onde você acha, de suas casas
- E como as escolhem!?
- Pelo potencial e não me olhe assim, são deuses ora essa.
- Todos nossos treinadores tem padrinhos?
- Os afilhados são muito influenciados pelos padrinhos, Donn por exemplo é afilhado de papai e já foi a copia dele, ainda hoje trás a maioria de seus traços, Jordan é afilhado de titio Poseidon, Helena de Hera e Catherine de Afrodite.
- E Afrodite é mesmo bonita?
- Aquela cara é apenas uma capa com a qual ela esconde o egoísmo, arrogância, prepotência e presunção de que é feita.
- Catherine não é assim!
- Não, ela não é – sorriu com os olhos brilhando – um dia Catherine será uma de nós. – completou e seu sorriso se alargou – Só ainda não sabe disso.

Artemis havia se virado para a garota e ás suas costas se abria uma clareira, a deusa ia explicar o que tinha dito quando girou nos calcanhares e o que veio a seguir aconteceu muito depressa. Hermione vislumbrou o contorno da mão de Artemis diante de seus olhos e quando piscou Artemis tinha o braço estendido a sua frente, enquanto a clareira era coberta de nevoa. Então quando a nevoa era tão densa que não permitia enxergar nada um anel de luz se abriu, rodeando toda a clareira e dissipando a bruma.
Em uma fração de segundo, quando toda a movimentação cessou duas novas figuras eram visíveis. Em cantos opostos da clareira havia dois homens, diferentes na aparência mas iguais no olhar e nas expressões, que eram severas e fechadas.

- O que estão fazendo aqui? – Artemis andou em direção a um deles, que a encontrou no meio do caminho, parecendo furiosa.
- Aparentemente o mesmo que você. – respondeu o homem com um sorriso maroto e um olhar mortal – Com a diferença de não estar falando besteiras que não devíamos.
- Não receberam meu aviso? – perguntou ainda um pouco alterada a um palmo do rosto do homem.
- Sabe como é, eu costumo ‘desligar’ as inconveniências – respondeu cínico.
- Di-onisio – rosnou em tom de mãe dando bronca e o encarou alguns segundos antes que o outro homem perguntasse serio, ignorando a rusguinha dos irmãos.
- Como nos identificou?
- Um... pensamento... – disse e deu alguns passos em direção ao irmão que continuava no mesmo lugar. Com medo de ficar para trás da deusa Hermione também andou em direção a Artemis, parando alguns passos atrás dela.
- Que pensamento?
- Bom – ela parecia confusa e olhava da direção do homem, como se tentasse desvendar algo – Não foi claro... – Artemis ameaçou se aproximar mais, mas foi surpreendida.
- Não. – falou alto e serio o moreno – Ele pode sentir.
E em meio ao clima tenso Dionisio cantarolou – Esta se metendo aonde não foi chamada.
- Já? – a deusa parecia surpresa e preocupada, recebeu de volta uma aceno afirmativo e por um segundo olhou mais uma vez ao redor do deus antes de se virar e seguir a trilha em que viera, com Hermione ao seu lado, no entanto antes de adentrar a floresta, ainda de costas disse seca – Eu odeio você.
Pelo que pareceu muito tempo Hermione andou ao lado de Artemis pela floresta silenciosa, a garota ia refletindo sobre o que acabara de presenciar, a estranheza de tudo aquilo, acima de tudo pensava na ultima frase de Artemis e para quem ela havia sido dirigida.
- Hermione – a menina se assustou quando a deusa começou seria – precisamos falar sobre o Draco.
A menina abaixou a cabeça e com a voz fina perguntou – Vocês cuidaram dele, não cuidaram? – parecia haver duvida em sua voz.
- Sim, nós cuidamos, aquele que você viu la atrás é meu irmão, o padrinho dele.
- Qual deles? – a voz ainda era fraca.
- Ares, o mais alto, moreno. – Hermione assentiu e seu rosto caiu ainda mais, Artemis a olhava enquanto caminhavam, soltou um suspiro ao ver sua atitude e parou – Hermione, você precisa me dizer o que esta pensando, o que esta sentindo. – a menina abriu a boca para negar, mas ela não deixou – só assim eu vou poder te ajudar. Nesse exato momento os seus amigos estão prestes a se transformar pela primeira vez, e você ainda nem desencadeou os efeitos da poção. Você sabe que precisa de emoção, se não se abrir comigo vou ter que te forçar a isso, te levar comigo e cansá-la, te fazer sentir raiva. Não quero fazer isso, mas farei se for preciso. – a menina prestou atenção a cada palavra da deusa e quando esta esperou sua resposta ela cruzou os braços e deus alguns passos para longe.
- Porque Malfoy também tem um padrinho? Ele não é um de nós. – Artemis continuou em silencio – Eu não tenho o que dizer, toda a emoção que eu podia ter eu tive dentro daquele campo de força...
Artemis aproveitou a deixa e atacou – Porque você não quis deixar o Draco? – Hermione não respondeu – Porque o defendeu dos seus amigos? Porque tenta conversar com ele? Porque o deixou te ajudar com a poção de Renée? Porque deu o melhor de si para protegê-lo?
- Eu não sei! – gritou a menina se virando para Artemis com os olhos em brasa de nervoso.
- Eu achei que ele não fosse um de vocês – a deusa continuou irônica.
- Ele não é – disse a menina com a voz fraco mais uma vez.
- Então porque, Hermione? – a menina não respondeu, tinha a testa franzida e os olhos no chão, como se pesasse milhares de coisas naquele minuto – A resposta é fácil não é, você gosta dele.
Hermione ergueu os olhos incrédula, e Artemis pode notar a tênue mudança na cor dos olhos da menina – Você só pode ta louca!
Artemis riu e voltou a andar, deixando a garota perplexa e indignada para trás. Logo ambas chegaram á ponta da floresta – Você devia contar tudo aos seus amigos, Hermione. – disse a deusa olhando as poucas janelas iluminadas do castelo – Logo as coisas irão à tona e pode ficar complicado ter escondido o jogo.
- Mas...
- Não se preocupe você não é a única guardando segredos – a voz de Artemis era de algum modo triste, e a seriedade com que dizia as palavras tornava tudo estranho – Volte para sua cama e amanha quando acordar procure por Dumbledore – fez sinal para que fosse e quando a menina já estava a alguma distancia disse com um grande sorriso antes de sumir – Cuidado para não ser pega.








Proximo vem até o final de semana.
Raí, mil desculpas do fundo do core. Estou tendo todos aqueles problemas de aulas canceladas e to aproveitando pra colocar tudo em dia, voce sabe, meu vestibular e talz, to tentando meu melhor. Sorry. Nao prometo mais os animagos, nao vou enfiar eles em qualquer capitulo de qualquer jeito só pra acabar logo e talz, vai ser bem feito, nem que demore.
Agora o cap que ta pronto é o 11 entao vou ter que escrever o meio entre esses dois e espero que voces nao fiquem decepicionados.
Obrigado pelos comentarios, e por favor continuem comentando porque é mega importante.


 11-08-2009


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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