Seleção de Melissa




Capítulo 15: Seleção de Melissa




Harry havia se esquecido de um grande detalhe: era segunda-feira!!!


Eles ainda tinham uma longa semana de aulas antes da viagem, e por mais que Melissa argumentasse – depois de devidamente revoltada por ter sido passada para trás pelo “velhinho”, como chamava o Diretor – eles teriam que ficar até o final de semana.




»» Uma hora atrás...


Assim que o sol se levantou, uma Hermione pálida e esbaforida entrou na enfermaria seguida por um Rony extremamente sonolento. A amiga tinha olheiras e parecia não ter dormido a noite inteira.


- Ahhh... MEL!!! – Hermione gritou quando entrou e viu a menina acordada, ainda conversando com Harry - Você já está bem? Madame Pomfrey disse que você só ia acordar em uma semana!


- Ah! E como você pôde esquecer que eu sou a pessoa mais especial e foda que você conhece? – Harry caiu na risada e até Rony, mesmo sem entender bem o porque daquelas palavras “humildes”, riu da cara que Hermione fazia.


De repente Mione pareceu acordar e deu um tapa na própria testa. “Mas é claro” – resmungou olhando para Melissa, que tinha um sorriso nos lábios. E, para surpresa de todos, ela deu um tapa na cabeça da amiga:


- Você devia ter me lembrado!!! Eu passei a noite em claro por sua culpa!!! – disse com raiva, enquanto Melissa massageava a cabeça.


- Mas, Srta. Gênio, eu ia acordar da “quase-morte” só para avisa-la que sou uma druida e que me recupero em 30 minutos de um corte para depois cair na cama desmaiada de novo?! Claro, devia ter pensado nisso enquanto tinha uma hemorragia!!! – disse com todo o sarcasmo e ironia que pode reunir, além do exagero. Harry ainda ria mais abertamente e Hermione o acompanhou juntamente com Melissa. Rony fazia uma careta que estava entre confuso e surpreso.


- O que isso quer dizer? – perguntou sério, quando Hermione dava um abraço sufocante em Melissa. Ela se soltou da menina e se voltou para Rony. – Na verdade, me explique porque você chegou daquele jeito ontem! Se não te conhecesse realmente teria medo! – disse com sinceridade e se sentando na beirada da cama.


Todo o clima de descontração se dissolveu. Hermione olhou irritada para o amigo por trazer aquele assunto logo agora, mas Melissa não se abalou. Ela sabia que teria que conversar com Rony logo, porque ele era o único que ainda não sabia exatamente sobre sua real faceta.


Mas, quando Harry esperava ouvir um pouco mais do que já sabia sobre os druidas, Melissa se desviou do assunto. Disse apenas o que já dissera a Harry no Ministério e não parecia inclinada a responder perguntas mais específicas.


- Acho engraçado eu nunca ter ouvido falar de Druidas. Meus pais nunca comentaram, nem meus irmãos. Assim... se vocês são um tipo de “espécie mágica”... desculpa, Mel – disse depressa, mas a menina apenas confirmou que ele estava certo, os Druidas não eram exatamente humanos normais. – Bom, então porque os bruxos não falam de vocês? Quer dizer, eu nunca ouvi mesmo!!! – ele parecia abismado com isso.


- É pelo simples de fato de estarmos “em extinção”, como bem afirmou Fudge. – respondeu com uma careta. – Apenas a “geração antiga”, inclua o Tio Dumby como um dos membros mais novos dessa “geração”, realmente sabe da nossa existência, além de nós mesmos e os relativamente envolvidos, aí incluam vocês – disse rindo.


Ela então contou tudo sobre a noite passada. Hermione ficou realmente assustada e Rony chocado. Melissa parecia lutar para não chorar de novo e terminou um pouco mais calma, falando das honras fúnebres e da viagem.


- Espero não ter sido precipitada! Se vocês não quiserem ir, não são obrigados, é claro! – mas Rony e Hermione concordaram na hora que iriam e Harry pode ver que Mel ficou muito feliz com a afirmação.


- O que não entendo é porque Fudge estava aqui? Quer dizer, eu vi Dumbledore romper com ele! Por que ele estava na Cerimônia? – perguntou Harry, se lembrando com ódio do ministro.


- Ontem, quando estávamos voltando para os dormitórios, vimos Minerva conversando com Fudge, ela parecia realmente revoltada por ele estar aqui! – disse Rony em tom de segredo.


- É, ele parece ter vindo sem avisar. Acho que queria manter a pose como Ministro da Magia e desconsiderar as entrevistas que Dumbledore deu para a imprensa. Disseram que ele chegou quando Dumbledore já estava no Salão e não podia simplesmente expulsá-lo de lá. – completou Hermione, para depois se virar para Melissa e dizer com um sorriso no rosto. – Não que tenha sido a decisão acertada, não é? Ele acabou com um belo trauma depois de ontem à noite! – eles riram muito e Melissa concordou com as especulações dos amigos de que ela repetiria a dose com prazer.


- Bom, já que está tudo resolvido vou mandar uma carta para meus pais pedindo permissão para viajar, preciso explicar para eles além de Dumbledore, não é mesmo? Ronald, você também vai pedir para seus pais! – disse Mione energeticamente, e antes do garoto responder continuou. – Além disse, temos que ir tomar café logo para receber os horários e assistir as aulas. Ainda bem que temos uma semana até a viagem, preciso saber que roupas levar... – comentava tranqüilamente até que Melissa pulou da cama.


- EU SABIA!!! Tinha sido fácil demais convencer Dumbledore!!! Ele sabia que eu precisava ir agora... ele me enrolou!!! Ahhhhhh... – ela parecia furiosa. – Harry! Porque você não me lembrou que hoje era segunda? Droga! Estou mais uma semana presa aqui!


- Hey! Não joga a culpa em mim! Não sabia que você precisava sair agora! – disse Harry entre nervoso e divertido, vendo o rosto da menina ir de pálido a vermelho intenso em poucos segundos.


- Mas...


Melissa trocou de roupa em tempo recorde e saiu correndo da enfermaria quando Madame Pomfrey saiu da sua salinha para ver que gritos eram aqueles. A menina passou rápido e deixou a enfermeira para trás com tamanha cara de susto ao vê-la acordada e sem nenhum sinal dos cortes que não tivera as forças necessária para impedir que ela saísse como um foguete. Mel foi por passagens que nem os garotos conheciam e correu para a sala do Diretor. Agora, Harry se via tentando segurar Melissa.


- Ahá! Ele vai se ver comigo! Acho que depois de tantos anos ele deve ter caducado e esquecido com quem está falando!


- Ora! Bom dia, querida! – disse uma voz calma e divertida por trás dos garotos. – Já tão disposta logo de manha? Fico feliz em ser alvo de insultos às 7:30... – comentou casualmente. Melissa se desvencilhou dos braços de Harry e encarou Dumbledore.


- Caduco! – disse em alto e bom som. Hermione conteve um grito de censura e Harry e Rony seguraram o riso, mas o diretor soltou uma risada alta e gostosa enquanto abraçava a menina ainda vermelha de raiva.


- Aiai... eu tinha realmente saudades de você em Hogwarts. O engraçado é que não mudou nada desde que tinha 2 anos! – comentou ainda rindo e começando a andar. Melissa fechou a cara.


- Você é um chato! Como ousa me passar para trás? – disse ela com um falso tom irritado.


- E você é uma lerda! – disse Dumbledore calmamente. Mione, Rony e Harry ficaram chocados. – Só percebeu agora? Esperava um escândalo nas escadarias às 4 da manhã!


- Não... – comentou resignada. – E não posso fazer nada? – disse um pouco esperançosa.


- Não! – continuou o diretor mais animado. – Os pais de Rony e Hermione precisam autorizar, e os tios do Harry também. Além disso, Tonks e Lupin não podem abandonar tudo no meio da semana só porque a senhorita não pode aguardar um pouco! – Melissa abriu a boca para reclamar, mas Dumbledore já estava quase virando o corredor para descer as escadas e terminou a conversa com um simples “Não se finja de mimada, Melissa! Eu sei que você não é!”.


Ela então relaxou o corpo, mas se lembrou de uma coisa importante e voltou a correr, levando os meninos com ela. Mel parou nas escadas.


- Onde estão minhas coisas? Não espera que vá para a minha seleção com esses trapos, não é mesmo? – perguntou com um sorriso maroto.


- A senha é “princesa”. – disse Dumbledore, sem nem ao menos olhar para cima. Harry não entendeu nada, mas isso pareceu ser satisfatório para a menina, que abriu um imenso sorriso e saiu mais uma vez correndo, só parando em frente a uma porta no quarto andar.


- Imagino se você não tivesse quase morrido ontem! Como pode correr tanto? – perguntou Rony arfando e olhando intrigado para a menina, mas ela não lhe dava atenção.


Melissa abriu a porta, mas dentro era só uma sala de aula normal. Ela riu alegremente e fechou a porta de novo. E sem escutar um “Você está ficando louca?” proferido por Rony ela puxou a varinha e trancou a porta, depois se afastou.


- Princesa. – disse para a porta na sua frente e, por mais estranho que possa parecer, ela se transmutou em uma porta maior, de carvalho e toda detalhada. A menina se virou para os amigos: - Bem vindos ao meu quarto!




XXXXX




O quarto era gigante. Tinha janelas enormes, de onde se via as copas das árvores da Floresta Proibida. Era forrado com papel de parede branco com pequenas flores rosas e mobiliado com poucos móveis, todos em carvalho. Uma enorme cama de dossel ocupava uma das paredes, acompanhada por uma mesinha de cabeceira; ao lado da porta estava um incrível armário totalmente detalhado e na outra parede um pequeno sofá e um quadro. Harry entrou para olha-lo melhor.


O retrato fora feito à noite, podia-se ver a grande lua cheia como plano de fundo. Era de uma garotinha que devia ter no máximo 2 anos. Tinha longos cabelos negros e olhos azuis escuros, estava descalça e vestia um vestidinho branco. Sentava no braço de uma árvore com um pássaro na mão; no chão tinha um unicórnio deitado, branco e imponente, e um unicórnio criança, dourado e que olhava na direção da menina na árvore. Ao fundo um centauro os olhava, desconfiado.


- Você... – disse Harry se virando para olhar Melissa.


- Sim! Eu, quando morava aqui. Vivia na floresta e quando Minerva disse para fazerem um retrato meu, só aceitei se fosse com meus... amigos! – ela sorriu e se voltou para a janela, olhando a grande floresta. – Queria saber o que aconteceu com eles!


Harry se lembrou de uma cena desagradável: um corpo, curvado sobre o dorso de um unicórnio semi-morto em uma clareira da Floresta Proibida. Balançou a cabeça para afastar esses pensamentos e quando percebeu Melissa conversava animadamente com Mione sobre seu quarto e puxava umas vestes de dentro do malão aos pés da cama.


- Meninos, eu vou tomar banho. Me esperem aqui rapidinho, ok? – disse puxando a mão de Hermione e abrindo uma das portas do guarda-roupa. Era um grande banheiro branco de mármore, mas Harry não pode ver mais, pois logo as meninas trancaram a porta. O barulho dos risinhos ainda podia ser ouvido.


- Uau! – exclamou Rony pela primeira vez. – Isso tudo para uma menininha de 2 anos? Que mundo injusto!!! – comentou, mas rindo mesmo assim. Sentou na cama e mais “Uau”´s foram ouvidos. Harry riu e se voltou novamente para o quadro.


Aquela menininha parecia feliz, mas Harry se lembrou de Melissa dizendo que nunca teve amigos, a não ser os animais da floresta. A infância dela, por mais difícil de acreditar, principalmente depois de ter entrado naquele quarto, não pareceu ao garoto nem um pouco alegre. Ela dissera no primeiro encontro dos dois que treinava desde os três anos. “Três anos! Nossa!!! Nem lembro o que fazia naquela época! No máximo comer, dormir e apanhar de Duda”, pensou enquanto avaliava o quadro novamente. Até que seus olhos caíram em uma plaquinha dourada na parte de baixo da moldura.




Para a Princesa da Lua,
Com Amor, Minerva McGonagall.
(Hogwarts, Floresta Proibida).




“Princesa da Lua?”, Harry riu baixinho. Lembrou-se da profecia, de Voldemort, de todo o peso nas suas costas. Melissa parecia ter esse mesmo peso para carregar, mas porque será? O que significa ela ser da 17ª Geração da Lua? Harry sentia que cada vez sabia menos sobre alguém que já parecia ocupar um espaço muito grande na sua mente. “Você tem que parar de pensar nela, Harry! Ela é só uma amiga... apesar dos beijos... e...”, ele balançou a cabeça de novo. Não queria pensar assim em Melissa, mas quando a viu sair do banheiro penteando as longas madeixas negras e com aquele perfume doce no ar não pode impedir que seu coração acelerasse e teve que reprimir uma vontade enorme de correr para beija-la ternamente.




XXXXX




Harry sentou-se à mesa da Grifinória junto com Mione e Rony, Melissa ficara lá fora para entrar quando fosse chamada para a seleção. Assim que os meninos se acomodaram Dumbledore se levantou e o silêncio percorreu o Salão.


- Bom dia a todos! Depois do mal-estar de ontem espero que todos já estejam melhores! E, para nossa grata surpresa, Melissa acordou pela manhã e se sente devidamente bem para comparecer à seleção e às aulas do dia. – um burburinho percorreu o salão e muitos olharam para os lados procurando a garota. – Mas primeiro vocês merecem uma explicação: desde sua fundação, Hogwarts recebe todas as pessoas que apresentem um potencial mágico, independentes de serem trouxas ou bruxos puros-sangues, mas não apenas isso. O Ministério da Magia determina que, por lei, para que os seres chamados Druidas possam participar integralmente da nossa sociedade, têm que passar, no mínimo, por três anos de educação bruxa para, como diz a mesma lei, “melhor socialização e aprendizagem de como lidar em uma sociedade com padrões e leis”. – Dumbledore parou de falar, como se aquilo fosse muito difícil para ele, Harry não acreditava no que ouvia, “Melissa tem todo o direito de ser revoltada com o Ministério!”, pensou olhando com ódio para Fudge, que ainda estava em Hogwarts e se sentava ao lado de Dumbledore na mesa. – Esquecendo as leis mal formuladas e a cabeça obsoleta de quem criou a Constituição Bruxa, temos o prazer de receber em nossa escola o 20º druida, desde sua fundação: por favor, Melissa Handrix.


Melissa entrou. E mesmo tentando Harry não pode compara-la com a mesma Melissa que entrara ontem por aquelas mesmas portas. Estava simplesmente linda! Quando saíram do quarto Harry não percebeu com que roupa ela estava e nem o que fazia com o cabelo, “Tentava não sentir o perfume dela ao meu lado...”, pensou resignado vendo-a entrar. Vestia o uniforme de Hogwarts para garotas: saia, blusa e colete (provavelmente usaria gravata e o brasão depois da seleção das casas!) e nunca o uniforme pareceu tão bonito para Harry. Ele não sabia porque, mas a saia dela parecia mais curta que de todas as outras garotas e mostrava bem as pernas torneadas, o modo como dobrara a manga displicentemente chamava a atenção do garoto, mesmo que não tivesse nada de mais e a camisa, aberta pela falta da gravata, exibia um lindo colar de prata escura com uma única pedra azul, “A cor perfeita dos seus olhos...”, pensou Harry, apoiando os cotovelos na mesa e observando ela passar por ele. Melissa desviou os olhos, antes presos na mesa dos professores, e olhou para Harry. Aqueles olhos... o coração do menino sofreu outro sobressalto e ele sorriu, radiante, para a menina. Ela retribuiu o sorriso e continuou mais calmamente.


McGonagall deixou o banquinho com o Chapéu-Seletor no centro do palanque e Melissa se sentou, colocando-o na cabeça. Harry estava nervoso, e se ela não fosse da Grifinória? Ela ficaria longe, só se veriam nas aulas e talvez nem freqüentassem as mesmas, porque Harry optara apenas por aquelas necessárias para ser um auror. Já tinham passado 5 minutos quando Melissa soltou uma risada estrondosa e, somente quando parou, o rasgo do Chapéu se abriu e ele gritou: GRIFINÓRIA!


Harry, Mione e Rony bateram palmas alegres, junto com Gina e Neville, mas apenas eles – o Salão continuou em silêncio. Melissa tirou o chapéu da cabeça e o depositou de forma carinhosa no banquinho.


- Você continua o mesmo, não é? – ria-se mais. Todos olhavam para ela como se fosse realmente louca, até que o rasgo do chapéu voltou a abrir.


- E você mudou muito, pequena princesa. Tome cuidado com as decisões que toma e seja bem vinda de volta à Casa! – o Chapéu falou. O Salão agora era o mais barulhento possível, nunca tinham visto o Chapéu falar com ninguém, apenas na hora da seleção e mesmo assim não em voz alta. Melissa voltou-se para todo o Salão e, aparentemente, ficou esperando o silêncio. Quando todos perceberam que ela continuava parada no centro do patamar, todos ficaram quietos.


- ¡Buenos dias! ¡Mucho gusto conocerlos! – mas quando viu que não se fizera entender sorriu e recomeçou - Acabo de voltar da España para minha terra natal e espero que me perdoem pelos acontecimentos de ontem à noite... Mas creio que tudo foi devidamente explicado pelo Professor Dumbledore. - ela subitamente ficou séria. Seu olhar não dava margem a nenhuma pergunta sobre o assunto e uma aura extremamente forte fez-se sentir perto dela. Mas então ela sorriu, aquele sorriso lindo e caloroso e toda essa impressão se dissolveu. – Obrigada por me receberem. Espero aprontar bastante, afinal, fiquei sabendo da enorme perda do Castelo com a saída dos Gêmeos Weasley! – todos riram muito da cara levada que ela fez se virando para a Prof. McGonagall. Caminhou calmamente pela mesa da Grifinória até se sentar ao lado de Harry.


Nesse momento ouviu-se uma explosão e um Pirraça completamente sujo entrou no Salão Principal gritando a plenos pulmões “ Explosão de Bomba de Bosta no segundo andar!!!”. E enquanto Filch saía xingando tudo quanto era aluno, todos no Salão olharam para Melissa.


- Nem vem! Acabei de sair da enfermaria! – disse sobre o olhar inquisitivo de Minerva McGonagall, mas a partir daí, quando os alunos se referiam a Melissa Handrix comentavam a suprema explosão que deixou o segundo andar interditado por 3 dias e não a cena do Banquete de Seleção...




XXXXX




Harry ficou mais do que feliz quando soube que a aspiração de Melissa era ser aurora. Mas ela fez uma exigência que deixou os amigos abobados: ela escolhera fazer Adivinhação como matéria optativa, enquanto Mione cursava Aritmância e Runas Antigas.


- Mel, tem certeza? Você não conhece a bruxa da Trelawney!!! Ela é péssima!!! – dizia Mione exasperada para uma Melissa sorridente.


- Eu que o diga!!! Conheço a bruxa velha Sibila, mas isso não importa! Ouvi dizer que Firenze está dando aulas em Hogwarts, mas ainda não o vi! Nada me traria maior felicidade que revê-lo... muitos anos se passaram... – sua voz foi sumindo e os olhos desfocaram. Os garotos prenderam a respiração, Harry já vira alguém nesse mesmo estágio de tupor, mas não se lembrava onde. De repente ela balançou a cabeça e continuou a conversa como se nada tivesse acontecido.


- Mas irei fazer Adivinhação sim! Amo essa matéria a todas as outras, talvez com exceção de Poções... – Harry abriu a boca, abismado. “Ela gosta de poções!!!” Mas Melissa não ligou para a perplexidade dele e continuou. - Não que realmente desse importância a trabalho, mas, depois de tudo o que aconteceu nessa semana, quero ser auror! Com certeza...


Já Hermione, com as suas notas máximas nas disciplinas exigidas para o curso também optara por ser auror, assim como Rony. Hermione costumava se explicar dizendo apenas “Porque quero ser aurora? Porque, simplesmente, Rony não conseguiria passar sem mim. E como sou uma amiga muito boa resolvi ajuda-lo”. Harry podia jurar que não tinha nada que deixasse o amigo mais irado.


Eles receberam os horários. Logo na segunda teriam dois tempos de Transfiguração e um de Herbologia de manhã, almoço e dois tempos de Poções à tarde. Os meninos não ficaram nada felizes em ter que agüentar Snape no primeiro dia de aula.


- Mas isso não é nada! – disse uma Hermione chocada enquanto olhava a grade de horários. – Temos Snape as segundas, quartas e sextas! Sendo que segunda e sexta são tempos duplos... com a sonserina! – continuou, arrasada. E, sem animo nenhum eles partiram para a aula de McGonagall.


- Bem vindos alunos do sexto ano! De hoje em diante, após terem escolhidos os cursos que querem seguir, terão aulas mais específicas e complicadas. Isso, é claro, inclui transformações mais difíceis e que requerem maior nível de perícia de vocês, portanto, se não têm tanta facilidade nessa matéria como alguns alunos nessa sala – e aí olhou para Mione e Mel – é melhor estudarem muito ou pensarem em outro curso que não seja necessário essa matéria. – disse em tom definitivo e ameaçador. Como nenhum aluno se manifestou, continuou de forma professoral. – Hoje veremos uma das matérias mais difíceis em toda a Transfiguração, ou quem dirá a mais difícil! Mas vocês não serão obrigados a tentar realizá-la. Apenas veremos suas manifestações, possibilidades e conseqüências. Estudaremos a animagia!


Uma explosão de comentários. Todos comentavam avidamente a matéria e o que já ouviram dizer sobre as transformações. Melissa se levantou e foi falar em particular com a professora, a menina tinha uma expressão séria e Minerva ouviu atentamente as poucas palavras que disse. Mas então a virou para frente da turma e chamou a atenção de todos.


- Senhores, parem a especulação e voltem para a aula! Isso daqui não é a sala comunal para gritarem assim. – disse brava olhando para Dino que levantara a estava encenando o que acontecera a um homem que não conseguira terminar a transformação a ficara completamente deformado. Melissa continuava na frente, ao lado da professora, olhando divertida para os colegas. – Todos vocês devem saber que é muito difícil se transformar em animago, apenas uma dezena de bruxos são atualmente reconhecidos pelo ministério e vocês têm o prazer de terem duas dessas pessoas dentro dessa sala. – mais uma vez a conversa aumentou, todos olhando para a menina ao lado a professora. Melissa agora olhava para o chão, visivelmente constrangida. – Uma delas sou eu mesma, Minerva McGonagall – ela então se transformou em um gato com visíveis marcas nos olhos, mas logo voltou a sua forma normal. Vários aplausos dos alunos, que deixou no rosto de Minerva um meio sorriso. – A outra pessoa é Melissa Handrix, a última animago reconhecida pelo ministério no último século. Melissa, por favor.


A garota deu um passo à frente e olhou para a mesa dos amigos, Harry a olhava impressionado. “Não acredito que ela também é um animago! O que será que não sabe fazer?”, se perguntou vendo ela se transformar. No lugar onde estava surgiu um lindo lobo, com a cabeça negra e o corpo cinza claro – quase prateado, seus olhos eram profundamente azuis. Um “ohhhhhhh” percorreu a sala quando o lobo saiu pelas cadeiras, olhando cada um nos olhos. Ele se aproximou de Harry e levantou a cabeça, se apoiando nas pernas do garoto e o olhando longamente. “Esses olhos... é Melissa, com certeza!”, pensou sorrindo e acariciando a cabeça do lobo. Ele então deu um salto impressionante e voltou para a frente da classe, voltando a ser uma menina.


- Agora, é o seguinte: se algum de vocês me chamar de “lobinha” ou algum adjetivo representativo ou relativo a minha forma animaga sofrerá até a morte, entenderam? – disse, apontando o dedo em riste para toda a turma e quando viu que muitos afirmavam com a cabeça soltou uma gargalhada. – Vocês não mudam mesmo! Mas sintam-se avisados! – dizendo isso voltou a sua cadeira e a aula seguiu com McGonagall explicando os primeiros passos para a transformação. Harry ainda olhava impressionado para a amiga ao lado, que conversava animadamente com Hermione sobre a matéria.


Era incrível como as notícias corriam rápidas por Hogwarts!


Na hora do almoço toda a escola parecia já saber que Melissa era uma animaga e por onde passavam todos olhavam o grupo com interesse.


- Mal chegou e já faz tanto sucesso! Daqui a pouco você passa o Harry em matéria de “Assunto” da escola, Mel. – disse Rony rindo quando finalmente se viram livres de um grupo de primeiranistas que ficaram uns bons 10 minutos importunando a menina para que ela se transformasse para eles verem, ela prometera que faria isso na hora do almoço para todos no colégio, o que os deixou muito animados.


- Você vai mesmo se transformar na frente de todos, Mel? – perguntou Mione receosa.


- Claro! Promessa é divida! – disse a menina rindo da cara da outra. Mas, como nem tudo é bom, na porta do Salão Principal foram barrados por um grupinho inoportuno da Sonserina. E Malfoy estava, é claro, no meio deles.


- Ora, ora. – disse o loiro platinado saindo da aglomeração e indo à direção dos garotos. – Potter, eu não sabia que além de andar com pobretões e sangues-ruins você também andava com animais! – disse olhando com superioridade para Melissa. Mas antes que Harry pudesse partir o narizinho empinado de Malfoy, Melissa o barrou olhando com ferocidade para o loiro. Harry achou que seria uma boa deixar Mel resolver isso sozinha, “Mal sabe esse idiota o que fez...”, pensou sorrindo.


- O que foi? Não vai proteger sua nova amiguinha não? Se acovardou, Potinho? – disse irônico, arrancando gargalhadas dos sonserinos. Harry cruzou os braços e viu Melissa se aproximar dele.


Malfoy olhou um pouco amedrontado para o olhar feroz que ela lhe exibia. Como se fosse um predador encurralando a presa, ela circulou Malfoy, o olhando bem, até parar de frente para o garoto, observando seu rosto.


- Malfoy... suponho! – disse por fim, o olhando de forma inquisitória. Mas o garoto não se deixou intimidar, levantou os olhos e respondeu:


- Sim. Draco Malfoy... por que? Reconheceu meu esplendor? – disse, sarcástico.


- Claro... – respondeu calmamente – o esplendor e o cheiro podre. No caso, o último é mais evidente... – disse sorrindo.


- Não se faça de superior Handrix, você não passa de uma selvagem! – disse com raiva, puxando a varinha e apontando-a para a menina. Uma rajada de vento invadiu o lugar, a varinha de Malfoy foi arrancada da mão do garoto e voou para Melissa.


- Não seja VOCÊ o superior, Malfoy! Se conversasse com seu querido papai, saberia que deveria me temer... e muito! – disse, brincando com a varinha dele nas mãos. – Porque, se não o disseram, eu não sou nada boazinha, tenho sangue druida e bruxo e posso, muito bem, arrancar sua pele com meus dentes, me entende? – disse com uma voz baixa e letal, para logo depois se transformar em lobo e persegui-lo até dentro do Salão mordendo seus calcanhares.


O espetáculo arrancou boas risadas das mesas da Grifinória, da Lufa-lufa e da Corvinal, mas McGonagall não parecia ter gostado nada dessa demonstração gratuita da sua matéria e tirara 20 pontos da menina, não sem antes sorrir para ela.


- Oh, ela é tão condescendente, não é mesmo? Imagino se não fosse minha madrinha! – disse ainda rindo e caminhando para a mesa. Rony ria estrondosamente da cara de Malfoy e assim que chegou na mesa repetiu a cena para quantos pedissem, arrancando mais risadas e espalhando a história por todo o Salão.


- Ah, essa foi para marcar o ano! – dizia contente. – Pena que os Gêmeos não estejam aqui, mas vou mandar hoje mesmo uma carta para eles contando da última. - Nem Hermione reclamou com a amiga da desforra e todos foram muito alegres para a aula de poções, mas Harry podia ver que entre as risadas, Melissa parecia realmente triste.


Lançou um olhar significativo para ela e eles ficaram para trás, deixando Rony e Mione conversarem animadamente na frente.


- Você ficou chateada! – não era uma pergunta, ele via isso nos olhos dela.


- Não posso esconder nada de você, Potter? – disse ela em um tom zombeteiro. – Mas... sim, não é realmente bom ser chamada de animal. – disse baixinho. Harry parou e a envolveu com os braços, o corredor estava vazio agora.


- Não dê ouvidos para o Malfoy, ou pra qualquer pessoa que venha te depreciar desse jeito. Você sabe que é melhor que eles e quase todos no colégio parecem concordar comigo, afinal, não é sempre que fazem Malfoy de palhaço na frente do colégio inteiro e de todos os professores e só se perde 20 pontos para a casa. – disse Harry e Melissa riu, lembrando da cena. – Na verdade, você perdeu os pontos que você mesma conseguiu hoje na aula da Transfiguração, então não tem porque ficar assim! – disse Harry finalizando o assunto. O sinal bateu e eles entraram na masmorra.


Snape estava, como sempre, chato e ensebado.


- Realmente é, para mim, uma surpresa que certos alunos tenham passado nessa matéria e que tenham nota para cursar minha aula. – disse olhando longamente para Harry e Rony. – Mas costumo acreditar que o avaliador deveria ser cego ou daltônico para dar notas relativamente altas para trasgos como alguns nessa sala. – continuou dizendo diretamente para Harry e Rony. O amigo se mexeu desconfortavelmente na cadeira, mas Harry continuou a encará-lo.


- Senhor Potter, o que é um óleo atemporal? – perguntou malignamente, olhando o garoto fixamente. Hermione levantou a mão rápido, mas Harry sorriu e respondeu pausadamente.


- É uma poção extremamente difícil de ser realizada, não pela sua realização em si, mas pelos ingredientes, que devem ser colhidos em épocas exatas do ano. Quando aplicado sobre qualquer matéria, esse óleo permite à substância resistir ao tempo. Cada ano de tempo real afetará a matéria como se apenas um dia tivesse passado. Mas o efeito não é duradouro e pode ser removido magicamente, usando um efeito dissipar, por exemplo. – disse seguro e toda sala ficou em um silêncio constrangido. Snape crispou a boca em desagrado e Harry sorriu. Melissa parecia fazer um esforço descomunal para conter a risada e não pode segurar um “Esse é meu garoto!” em tom de deboche, fazendo boa parte da turma rir.


Snape se virou assustadoramente para ela, mas a menina não tirou o riso debochado do rosto, os olhos brilhando. Harry se sentiu apreensivo, Snape sabia ser muito maligno quando queria e esse olhar só podia significar que, se Melissa não se calasse, ia levar uma boa detenção.


- O que é tão engraçado, Handrix? – disse com uma voz estranha, como cuspindo o nome dela.


- Nada em específico – disse calma – Só acho um milagre Trasgos conhecerem Óleos Atemporais – terminou rindo de novo, junto com toda a turma da Grifinória, nem Mione resistiu à gargalhada. Mas, quem pensara que Snape apelaria e expulsaria a menina a pontapés da sala estava completamente enganado. Ele apenas continuou a olha-la de uma forma estranha.


- Você continua metida como sempre. E arrogante! Sempre achei você arrogante demais para uma menina! – disse a olhando com desprezo. – Mas, me diga, continua cantando, dançando e olhando para o céu? Pelo o que eu saiba são as únicas coisas que é capaz de fazer. – disse irônico.


- Ahhh... deixe VOCÊ de ser metido e admita que adora minha canções! Ou então me faça uma pergunta, duvido que não saiba responder... – disse em desafio. A turma inteira olhava aquilo com se fosse irreal. Ela estava troçando com Snape!


- Você não passa de uma inconveniente, mas não posso dizer que seja burra! Creio que saiba muito sobre poções, sendo filha de quem é!


Melissa ficou em silêncio por muito tempo, apenas o encarando com um meio sorriso no rosto.


- Vejo que não consegue esquecer o passado, Severo. – disse com uma voz etérea, ainda o olhando fixamente. Snape tremeu, Harry pode ver pequenas gotas de suor formarem-se em suas têmporas. Ela cortou o contato com os olhos do professor e ele respirou profundamente, falando com uma voz ainda mais letal.


- E vejo que você está cada vez mais intrometida! O peso do seu geis fez muito mal para seu ego. – ela riu estrondosamente enquanto Snape ainda parecia se recuperar.


- Sim, sim... devo concordar com você. Mas isso é assunto que diz respeito apenas a mim, a não ser que esteja interessado em passar, digamos, informação para alguém, estou certa? – disse irônica, carregando a frase de significados. “Ela está falando de Voldemort... Será que Snape está informando ao Lord o que ela faz aqui? E o que é esse tal de geis?”, pensou Harry, tentando decifrar alguma coisa no olhar da menina ao seu lado.


Mas Snape tinha as mãos e a boca crispadas e parecia querer arrancar os olhos da garota a sua frente. A tensão era palpável na sala, mas antes que alguma coisa mais acontecesse ouviram umas batidinhas na porta e Dumbledore entrou. No mesmo instante o clima se dissolveu e Snape se dirigiu ao Diretor.


- Por favor, Severo. Posso pedir a Srta. Handrix emprestado um pouco. Tem alguém muito interessado em vê-la. – disse sorrindo para a menina e na porta apareceu Firenze, o centauro.


Ela deu gritos de alegria e saiu correndo do fundo da masmorra enquanto o centauro entrava. Ele abriu os braços e ela pulou até ele, ficando assim, sem dizer nada, por uns bons minutos.


- Bom Prof. Dumbledore, acho que já está bom de sentimentalismos por hoje na minha aula. Se a Srta. quiser se retirar sinta-se à vontade. – disse Snape educado, mas muito a contragosto. Harry jurava que se Dumbledore não tivesse aparecido, a menina ia perder, no mínimo, 50 pontos para a Grifinória. Ela apenas lhe reservou um sorriso de triunfo e saiu com os outros da sala, juntando seu material com a varinha e fazendo-o flutuar atrás de si.


Snape estava furioso. E ficou ainda mais enquanto Harry respondia corretamente todas as perguntas e fazia a poção corretamente, tendo obrigado o professor a dar 5 pontos para a Grifinória.


- Isso vai ficar para a história! Snape deu pontos para a Grifinória? – dizia um Rony abismado. – Eu mesmo vi e não consigo acreditar!!!


- Nunca achei que me divertiria tanto em uma aula do Snape, é realmente reconfortante! – disse Harry, ele se sentia indiscutivelmente inteligente naquele dia, até Hermione dissera isso. Eles saíram do Castelo depois do primeiro dia de aula e nos jardins encontraram Melissa e Firenze que conversavam como se fossem velhos amigos.


- Ah, finalmente acabou a tortura? – perguntou Mel sorrindo, quando os viu chegar. Mas antes que eles pudessem dizer qualquer coisa Rony se precipitou e deu um beijo na bochecha da menina, a deixando sem palavras.


- Você é minha heroína! – disse o garoto com olhos brilhantes. – Fez Malfoy passar papel de palhaço para o Castelo inteiro e deixou o Snape irado e não levou nem uma detenção sequer!!! Você é algum tipo de Deusa??? – perguntou abismado.


- Poderíamos dizer que sim, Sr. Weasley. – disse Firenze enquanto Mione, Mel e Harry riam do amigo. Todos ficaram quietos com o comentário e Melissa fez uma cara abismada e contestou rapidamente.


- Ficou louco, Fiz?! Não diga isso nem brincando! Sou até normalzinha. – disse rindo do próprio comentário. – Além do mais, se fosse uma Deusa já teria dizimado Voldemort e Fudge num piscar de olhos. – completou, achando aquilo realmente interessante de se fazer. Harry riu, mas não pode deixar de notar o olhar significativo que o centauro dirigiu à garota.


- Bom, agora tenho que ir. Vejo você na aula, Srta. Melissa. Sr. Potter, Sr. Weasley e Srta. Granger, foi um prazer revê-los.


- E se verão muito ainda, querido Firenze. – disse Mel, novamente com a voz etérea a o meio sorriso no rosto. O centauro apenas sorriu com a cena e se despediu com um aceno de cabeça.




O resto da semana passou voando para o garoto. Estava feliz em ter Lupin novamente como professor de DCAT e os treinos como Guardiões-Específicos continuaram, agora eram nos horários vagos que tinham entre as aulas e no final da semana todos já se sentiam terrivelmente cansados.


Mas Harry não pensava nisso mais. No sábado bem cedo estaria pegando a Rede de Flú para Madrid e mal podia esperar...






N/A: Ei people!!!! Sei que este cap jah tava aki, mas andei arrumando ele (pq tinha erros gritantes!!! O.O) e to postando de novo junto com o cap 16!!!


Beijos Beijos!!!


Lice *.*

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