Harry Potter e o Colar da Serp
N/A: Ok! Eu sou tão PARVA! =P Eu não tenho bem a certeza sobre a caracterização do Harry neste capítulo... então sejam tolerantes. Parece que tenho problemas quando é com ele. Outra coisa, o conceito do ‘mordomo fantasma’ veio da Cassie também. Fics excepcionais, as dela! Claro que todos conhecem a Draco Trilogy? São simplesmente fantásticas! Bem, e aqui está a oitava parte, espero que gostem!
N/T: Hey minha gente! =D Nem me vou pôr com muita conversa, espero só que gostem, espero que tenha valido a pena a espera toda, não foi por mal... Divirtam-se e aqui está! Qualquer coisa, o meu email está sempre à disposição.
Cheers,
Vanilla
A Noiva da Serpente
Capítulo oito
Harry Potter e o Colar da Serpente
“E levanta os braços um pouco por favor, querida.” Narcisa disse enquanto andava para trás e para a frente pensativamente, agitando a varinha no ar dentro do pequeno quarto de Ginny. Ginny obedeceu enquanto Molly, por sua vez, cerrava os lábios ao observar o vestido de noiva metade pronto de Ginny. Narcisa parou finalmente e olhou para ela. “Está um pedacinho largo neste lado.” Ela acrescentou.
“Sim, também me parece.” Molly concordou enquanto as duas senhoras andaram até Ginny e começaram a ajustar o vestido debaixo do seu braço direito. Ginny continuou quieta enquanto Narcisa dobrava a parte larga e Molly colocava alfinetes ali e acolá. Ela suspirou cansada e virou-se miseravelmente, observando o seu reflexo.
Estava se sentindo tão, tão cansada. O seu rosto estava dolorido e os braços estavam tensos... Já tinha passado seis horas desde as oito da manhã? Parecia que Narcisa Malfoy e Molly Weasley não conseguiam se decidir. Ginny mudou o seu peso para o outro pé impacientemente e colocou a sua atenção nas duas mulheres atarefadas à sua frente. Ginny ficou surpreendida ao ver quão rápido Narcisa e Molly ficaram amigas... Bem, se elas não eram amigas, então eram muito civilizadas e tolerantes. Além do facto de que Draco estava quase a se casar com Ginny, a maneira como Narcisa tinha dado o seu melhor para se aproximar de Molly, tinha encorajado aquela amizade. Na verdade, Ginny surpreendeu-se quando ouviu a mãe de Draco se desculpar pelo comportamento passado de Lucius e perguntar se podiam começar tudo de novo. Os seus pais, apesar de estarem um pouco relutantes no início, concordaram. Ou tinha sido devido à maneira como a sua mãe se tinha comportado no Beco Diagonal? Sem dúvida que Narcisa tinha ficado bem impressionada com a discussão de Molly sobre preços do seu vestido de noiva.
“Oh e querida,” Molly disse, levantando-se. Ginny olhou-a e levantou as sobrancelhas.
“Sim?” Ginny perguntou.
“Não equilibres o teu peso num só pé.” A sua mãe disse, sorrindo gentilmente. “Vai estragar os sapatos.”
Com aquilo, Ginny suspirou e endireitou-se. Se ela tivesse sabido que teria de passar por este trabalho todo, não teria concordado com este casamento.
“Virgínia, só um pouco mais de paciência.” Narcisa disse, como se lendo a sua mente. Ela sorriu como que pedindo desculpas.
“Um pouco mais de paciência e os meus braços caem.” Ginny resmungou miseravelmente. “Não podemos continuar amanhã ou mais tarde?” Ela perguntou esperançosa.
Narcisa abanou a cabeça. “Oh Virgínia querida, nós não temos muito tempo.” Ela disse. “O teu casamento é daqui a uma semana e estas alterações demorarão dias. E mais tarde--”
“É a tua festa de casamento, lembras-te?” Molly completou ao andar para trás observando as alterações. Depois Ginny virou-se para Narcisa. “A sério, Sra. Malfoy?” Ela disse cansada. “Eu não vejo o motivo para estarmos a fazer estas alterações se a Edwina podia cuidar de tudo.” Ela acrescentou.
“Oh, eu só quero que o vestido da Virgínia seja perfeito.” Narcisa respondeu enquanto punha o véu na cabeça de Ginny. “Acredita em mim, será muito melhor se fizermos as alterações. Assim, podemos ter a certeza de que o vestido ficará perfeito.” Depois suspirou. “Faz-me lembrar o meu tempo. A mãe de Lucius fez um enorme espalhafato na loja da Madame Malkin--”
“Oh, então foi por isso que quando Edwina nos viu--” Molly abanou a cabeça ao se lembrar do olhar medroso e cheio de receio na face da assistente da Madame Malkin, Edwina Lovelock, quando elas entraram na loja.
Narcisa deixou escapar um risinho. “Nós deixámos uma má impressão na altura.” Ela disse. “Uma horrível impressão, aliás.”
“É suposto este véu ser assim longo?” Ginny perguntou de repente com ar sério, ignorando completamente a conversa sobre o vestido medonho da Edwina e o medo da Madame Malkin, ou qualquer coisa do género. Tirou o véu e segurou-o à frente. “Demasiado comprido, na minha opinião.” Ela acrescentou.
“Oh sim, é suposto ser assim longo.” Narcisa respondeu, colocando de novo o véu na cabeça de Ginny. Depois virou-se para Molly, sorrindo. “Eu nem acredito que comprámos este vestido fabuloso com tanto desconto.” Ela falou encantada ao tocar no material viçoso do vestido de seda.
“Bem, o que posso dizer? Sou a melhor quando se fala em compras.” Molly disse alegremente.
“A mãe está habituada.” Ginny explicou, rindo por entre os dentes. Ela não podia esquecer como era a sua mãe enquanto eles ainda tinham de comprar as coisas para a escola. Quando se falava em discutir preços, não havia ninguém melhor que Molly Weasley.
“Eu nunca soube que se podia fazer isso nas lojas.” Narcisa disse incrédula, como se achasse que discutir preços fosse ilegal. “Mas bem, pelo menos sei agora. Talvez pudesse me acompanhar um dia destes?” Ela perguntou esperançosa.
“Sem problema.” Molly respondeu naturalmente. Na verdade, não a tinha surpreendido que Narcisa Malfoy não soubesse que se podia discutir preços numa loja do Beco Diagonal. Afinal, ela era uma Malfoy e os Malfoys não discutem nem negoceiam preços, certo? Eles apenas escolhiam e compravam. Discutir preços estava fora de questão. “Então a festa de noivado vai ser na tua Mansão, Narcisa?” Ela perguntou.
“Oh não, vai ser na Mansão do Vlad.” Narcisa respondeu enquanto tirava o véu do cabelo ruivo de Ginny, estragando o seu penteado mais ainda.
“Mansão do Vlad?” Ginny repetiu. “Então, existem mesmo duas... Quais delas é que nós--”
“Ah, foi na Mansão do Vlad.” Narcisa respondeu enquanto Ginny se libertava cuidadosamente do vestido. Molly acenou com a varinha, fazendo um feitiço para os alfinetes ficarem no lugar. “No princípio era conhecida como Mansão Malfoy mas depois, Lucius, nada criativo como sempre, também deu o nome à sua mansão de Mansão Malfoy. Então para evitar confusão, as pessoas chamam a mansão do pai, Mansão do Vlad e a nossa mansão fico como Mansão Malfoy.” Ela explicou enquanto Ginny permanecia ali em roupa interior.
“A confusão é serem demasiado ricos!” Molly disse, suspirando enquanto dobrava com cuidado o vestido e colocava-o dentro da caixa. “Então e o casamento?” Perguntou depois de um momento.
“Eu e o Draco decidimos que seria na... er... Mansão Malfoy.” Ginny murmurou ao vestir o seu vestido castanho claro, de estilo egípcio. Levou as mãos até aos ombros e puxou as mangas levemente para baixo, expondo os seus delicados ombros com sardas. “E falando do Draco--” Ela parou quando um bater à porta ecoou no quarto.
“Já posso entrar?” Draco perguntou atrás da porta.
“Sim, nós já guardámos o vestido.” Ginny respondeu enquanto Molly, por sua vez, abria a porta. Draco sorriu calorosamente ao entrar. Ginny franziu as sobrancelhas ao ver a estatura alta de Draco entrar no seu pequeno quarto. De facto, um altíssimo Draco dentro de um pequeno quarto de menina era uma má combinação. Ele ficava desenquadrado, em conflito terrível com o azul-bebé e branco das paredes e o amarelo suave da colcha, lençóis e almofadas. Ela virou-se e começou a arranjar o seu cabelo despenteado num pequeno rabo-de-cavalo, deixando as pontas ruivas encaracoladas penduradas. Draco, por sua vez, olhou para ela primeiro, os seus olhos sem escapar os ombros delicados e suaves aparecendo fora do vestido, e depois sorriu para as outras duas senhoras de pé mesmo ao lado de Ginny.
“Altos ombros bonitos que ela tem!” Ele pensou. “Não me digam que acreditam naquela superstição trouxa de proibir o noivo de ver o vestido antes do casamento?” Draco disse finalmente, levantando uma sobrancelha para as duas mães. “Porque se acreditam, não tem fundamento.” Ele acrescentou ao abanar a cabeça.
“Bem, não há problema.” Molly disse ao pegar nos sapatos de Ginny e colocando-os de volta na caixa.
“E além disso, não é superstição, é verdade.” Narcisa acrescentou. “Olha o que aconteceu aos Walkers! Eu ouvi que o Oliver viu o vestido da Margaret antes do casamento e passados três anos, o casamento já está pouco firme. E há ainda os Harpers... olha o que lhes aconteceu! Ainda não têm filhos!”
“A sério?” Molly perguntou com os olhos esbugalhados. “Oh céus, é por isso que a Emma está a ter dificuldades para ter filhos! Oh, não queria que isso acontecesse à minha Ginny! Eu quero netinhos a correr por aqui!” Ela acrescentou.
Com aquilo, Ginny deu um risinho desconfortável. Virou-se para a mãe e franziu as sobrancelhas. Mais netos! Já não bastava o Robert, Miranda, Patrice e a traquinas da Sylvia? O que poderia a sua mãe ainda pedir mais? Por um segundo, Ginny sentiu o seu estômago dar uma reviravolta. Bebés? Com o Draco? Aquilo... aquilo... Bem, ela não tinha nada contra bebés... Na verdade, ela adorava-os... mas ter bebés com o Draco?
“Francamente, mãe.” Draco disse ao ver a reacção de Ginny (quase desmaiando). “As maravilhas dos mexericos.” Ele acrescentou, rindo um pouco.
“Não são mexericos, querido.” Narcisa disse, franzindo as sobrancelhas. “E eu concordo completamente com a Molly. Não queria que isso acontecesse com a Virgínia. Eu também quero netinhos fazendo barulho e confusão lá na Mansão. Tenho a certeza que o avô também não se ia importar. Oh, uma menina bonita ou um menino encantador, gostava...” Ela acrescentou sonhadora.
“Bem, não vai acontecer connosco de certeza.” Draco respondeu charmosamente. “Eu sou saudável. Virgínia é saudável, somos ambos saudáveis, e eu garanto que vos podemos dar muitos e muitos netos quando chegar a altura certa.”
“Seu idiota! Estás a fazer falsas promessas!” O cérebro de Ginny gritou. Ela mostrou uma má cara ao Draco quando Molly e Narcisa não estavam a olhar. Quando Draco sorriu cruelmente, ela abriu a boca. “I-d-i-o-t-a-!” Ela apenas pronunciou. Depois colocou os dedos nas têmporas e abanou a cabeça. “Estúpido! Estúpido! Estúpido filho de uma--”
“Ginny, querida, estás bem?”
Ginny parou e olhou para cima vendo a cara preocupada da sua mãe. Ela forçou um sorriso. “Err... sim, mãe.”
“Não estás a ficar com dores de cabeça, pois não, Virgínia?” Narcisa perguntou.
“Não, não... eu estou bem, a sério.” Ela disse. Depois virou-se para o Draco, que tinha substituído a expressão de crueldade por preocupação. “Não vamos buscar as alianças?” Ela perguntou ao colocar o casaco por cima dos seus ombros despidos.
“Oh sim.” Draco afirmou ao colocar levemente a mão por cima dos ombros dela. “Se as senhoras não se importam.” Ele disse ao puxar Ginny para a porta. “Vou levar a minha noiva comigo por uns momentos.” Ele acrescentou, a face iluminada por um sorriso.
“Depois ainda voltam cá?” Molly perguntou enquanto o casal descia as escadas indo até à pequena sala de estar da Toca. Narcisa seguiu-a, fechando a porta gentilmente.
“Nós vamos directamente para a Mansão.” Draco respondeu ao parar em frente à lareira. “Penso que é melhor se a Virgínia ficar por ali, demora menos tempo.” Ele acrescentou enquanto Ginny segurava o Pó de Floo. Ele então virou-se para ela e sorriu. “Senhoras primeiro, querida.” Ele disse tão gentilmente que Ginny achou que iria vomitar.
“Até logo, mãe.” Ginny disse e tirou uma mão cheia de pó. “Por favor, avise os outros, está bem?” quando Molly acenou que sim, Ginny acenou e jogou o pó no fogo. Quando as chamas ficaram verdes, ela clareou a garganta. “Beco Diagonal, por favor.” Disse e saltou para as chamas.
“Mãe, Sra. Weasley.” Draco disse.
“Sim querido, vemo-nos mais tarde.” Narcisa disse acenando.
“Cuide-se.” Molly chamou.
“Obrigado.” Draco disse ao acenar adeus e jogar algum pó para as chamas. Depois de dizer o seu destino, entrou no fogo e desapareceu da sala de estar.
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“Maneira mais porca de viajar, se queres saber.” Draco murmurou depois de um momento. Afastou suavemente a fuligem do seu fato. “Mas por que é que temos de usar Pó de Floo afinal?” Ele perguntou quando começaram a andar pela rua movimentada do Beco Diagonal.
“Oh, eu sabia que te ia irritar.” Ginny respondeu sarcástica. Apertou o casaco. “Está a ficar frio e em breve começará a nevar.” Ela pensou para si mesma, olhando para o céu. “Nem acredito que já estamos no Natal. Óptimo!” Ela iria passar um Natal bem frouxo com o Malfoy, Ginny pensava com sarcasmo.
“Certo, já tomei nota: aparatar quando estiver com um Weasley.” Ele disse enquanto paravam em frente a uma loja chamada Relojoaria Goldberg, sem se dar conta dos pensamentos sarcásticos que iam na cabeça de Ginny.
“Tu és um mentiroso tão bom.” Ginny disse depois de um momento. Draco virou-se para ela confuso. Ao reparar no tom da sua voz, ele não sabia dizer se ela estava impressionada ou irritada devido às suas supostas mentiras... isto é, se ele sequer mentia, claro.
“Desculpa?” Draco perguntou com as sobrancelhas levantadas. “Agora eu minto. Sobre o quê, posso saber?”
Ginny olhou para ele com descrença e abanou a cabeça. “Eu não acredito que tu não sabes!” Ela exclamou irritada.
“Bem, eu não sei sobre o que é que estás a falar.” Respondeu Draco impacientemente. “Olha Virgínia, nós estamos aqui para comprar as alianças e não para brincar a qualquer jogo estúpido de adivinhação. Agora se tens alguma coisa má sobre mim para dizer, que eu tenho a certeza que tens, vamos lá saber.” Ele acrescentou. Para sua surpresa, a face de Ginny ficou escarlate. Ele franziu as sobrancelhas.
Ginny, ao notar a impaciência estampada na face dele, clareou a garganta suavemente. Ela respirou fundo mesmo antes de abrir a boca. “Tu disseste aos nossos pais.” Ela começou. “Sobre... ter filhos.”
“E isso faz-me ser mentiroso?” Ele perguntou maliciosamente.
“Sim!” Ginny exclamou sem acreditar. “Isso foi uma estupidez! Tu sabes muito bem que as crianças não estão incluídas no nosso acordo e lá estavas tu todo sonhador e pateta sobre termos filhos em frente aos nossos pais!”
“Desculpa mas eu não estava todo sonhador e pateta.” Draco disse calmamente.
“Mesmo assim, eu não acredito que tu lhes fizeste falsas promessas! Tu mentiste-lhes e-- e--” Ela fez uma pausa e respirou fundo. Finalmente disse: “Eu-- o que é que nós vamos fazer? Não há duvidas que eles vão esperar, tu sabes--” Ela parou e abanou a cabeça cansada. “Estúpido de merd*!”
Com aquilo, Draco enrugou as sobrancelhas e fingiu estar a pensar. Depois virou-se para ela e sorriu. “Se eu me lembro bem, eu disse qualquer coisa sobre altura certa.” Ele respondeu. “Então e se a altura certa nunca chegar por causa do DIVÓRCIO dois ou três meses depois? De certeza que não vão esperar netos nesse tipo de cenário, certo? Basta dizer que, eu não lhes menti.” Depois ele riu por entre os dentes. “A sério, Virgínia, tu preocupaste demasiado.”
Visto que ele tinha meia razão, Ginny virou-se para ele e não conseguiu fazer outra coisa senão olhá-lo. Draco olhou-a de volta, afinal estava habituado a ser olhado fixamente. Para sua surpresa, Ginny abanou a cabeça e sorriu docemente.
“Olha lá como estás tão sujo!” Ela disse enquanto tirava o seu lenço e começava a limpar a sujidade da face dele, o que o tornava um menino pequeno... muito para surpresa de Draco.
“Isso é querido da tua parte, mas a sério, não é preciso.” Draco disse enquanto Ginny começava a esfregar com mais força, fazendo o queixo dele quase doer. “Virgínia... já está bem... pára...”
Ginny sorriu maliciosamente ao fazer ainda mais força. Draco deixou escapar uma praga e afastou a mão dela à força. “Isso foi completamente imaturo.” Ele disse com a mão na bochecha. “Querido mas imaturo.” Ele acrescentou, sorrindo afectadamente.
“Eu não quero saber o que tu pensas.” Ela respondeu, notando com satisfação a marca vermelha na bochecha dele.
Ele abanou a cabeça com exagero. “Eu nem acredito que vou casar com uma fedelha.” Ele disse ao abrir a porta, deixando-a entrar primeiro. Ginny olhou-o de má cara ao notar o sarcasmo na voz dele.
“Eu nem acredito que vou casar com um Malfoy.” Ginny disse maldosamente.
“Tu falas como se fosse errado casar com um Malfoy.” Draco disse ao entrar na loja. Então parou atrás do balcão e olhou-a com preguiça. “Tem cuidado com o que dizes, Virgínia.” Ele pronunciou devagar. “Tu não tens uma leve ideia do que é ser um Malfoy. Podes até gostar.”
Com aquilo, Ginny virou-se para ele com o mesmo olhar preguiçoso. “Está certo, Malfoy.” Ela disse, a sua voz cheia de rancor. “Continua a convencer-te disso.”
“Apenas presta atenção no que disse.” Repetiu Draco. “Podes gostar de ser um Malfoy.”
“Eu não gosto de ti agora.” Ginny respondeu maliciosamente. “E há uma grande possibilidade de nunca vir a gostar. Sabes porquê? Não confio em ti.”
Draco sorriu afectadamente. “Eu não apostaria nisso, Virgínia.” Ele disse, com a voz baixa e áspera. “Porque tu não CONFIAS em TI quando estás comigo.”
Por um momento, ela parou, o argumento dele apanhando-a desprevenida. Ginny olhou para ele, a odiada verdade aparecendo. Sim, não era ele. Era ela própria! Ela não confiava em si mesma e no que era capaz de fazer quando estava sozinha com ele. Não estava em controlo de si sempre que estavam juntos, sozinhos. Mas mesmo assim, ela virou-se para ele e sorriu sarcasticamente. “Não me provoques, Malfoy.” Ela disse, tentado ao máximo negar as verdades conturbadoras que fervilhavam na sua cabeça. “Eu tenho total controlo da minha vida. Eu sei o que gosto e sei o que não gosto. E agora mesmo, o meu cérebro diz-me que não gosto de ti.”
“A sério?” Ele perguntou enquanto tocava na campainha chamando por assistência, com os braços em cima do balcão de vidro, mostrando os anéis, joalharias e pedras preciosas. “É o teu cérebro a falar e sinceramente não te censuro por dizeres isso. É o que parece. Mas então e o teu...” Ele parou e olhou-a dos pés à cabeça, com os olhos cheios de desejo e apreciação. Quando ele viu Ginny a corar, riu baixinho. “Estás a ver?” Ele disse entendedor. “Nem te toquei, Virgínia.”
Ginny praguejou mentalmente e semicerrou os olhos. “Só não me provoques.” Ela repetiu, desviando o olhar e afastando desesperadamente a urgência que era se entregar e sentir o prazer que prometia aquele poço de prazeres perversos. “Ele está apenas a te seduzir, Virgínia. Controla-te!” O seu cérebro gritou. Ela odiava-se mesmo quando ele a olhava assim. “Tu és apenas muito convencido, não?”
Draco só sorriu e encolheu os ombros. Eles ficaram ali naquele silêncio pesado, com Ginny a respirar fundo para se acalmar, até que uma voz baixa se ouviu. Os dois olharam para cima só para ver um feiticeiro de vestes pretas ornamentadas a ouro.
“Ah, Sr. Malfoy.” Ele cumprimentou ao endireitar o seu chapéu preto pontiagudo. “Mesmo a tempo.” Ele acrescentou, sorrindo agradavelmente.
“Sim.” Draco respondeu com um pequeno aceno. Depois virou-se casualmente para Virgínia, a tensão sexual eminente substituída imediatamente por civismo. “A minha noiva, Virgínia Weasley.” Ele acrescentou, sem nem se importar de apresentar o senhor. Aquilo confundiu Ginny. Mas o que a confundiu mais foi quando o feiticeiro acenou sem nem se importar de não ter sido apresentado.
O feiticeiro virou-se para ela e sorriu. “É um prazer, Sra. Weasley.” Ele cumprimentou com uma vénia educada.
Ginny sorriu e acenou, bem impressionada perante o espectáculo de educação e cortesia, o que ela achava exagerado. Virou-se por segundos para o Draco, e viu a subtil impaciência na sua face enquanto observava os anéis e outros adornos com fingido interesse. Sem dúvida que Draco estava habituado a este tipo de tratamento. “Então o nome Malfoy ainda impõe respeito.” Ginny pensou, voltando a sua atenção de volta ao feiticeiro atrás do balcão, esperando pela confirmação de Ginny. Mas então, ela não podia negar o facto de que se tinha sentido... bem com aquilo. Pela primeira vez na sua vida ela tinha se sentido importante e era bom... e isso envergonhou-a um pouco. Então aquilo era uma das vantagens que ela iria ter? Era isto que ele falara há pouco? Meu Deus! Se era, ele tinha de parar com aquilo já! Ela podia vir a habituar-se àquilo! Mostrando então o seu sorriso mais simpático, ela disse finalmente, com a voz leve e alegre. “É muito bom conhecê-lo. E de certeza que tem um nome, não é?” Ela lá perguntou alegremente, o que fez Draco franzir levemente as sobrancelhas. O feiticeiro olhou para a reacção desaprovadora de Draco, e olhou de volto para Ginny na dúvida.
“Daniel, Madame.” Ele respondeu com respeito. “Daniel Lucas.”
Ginny deu um grande sorriso. “Muito bem, Sr. Lucas.” Ela disse estendendo a mão. “É um prazer.” Ela acrescentou quando o homem apertou levemente a sua mão por fim. “Eu espero que nos possa ajudar a escolher uma das suas alianças mais bonitas.” Ela disse ao retirar a mão.
“Claro, minha Senhora.” Disse Daniel Lucas, os seus olhos cheios de surpresa pela familiaridade com que Ginny o tratava.
Draco franziu as sobrancelhas irritado ao ouvir o tom receoso na voz do outro homem. O ar sério de Draco aumentou ainda mais quando ouviu o obrigado sincero e sentido de Ginny. Então ele clareou a garganta. “Virgínia, não temos muito tempo.” Ele disse, com a voz apertada.
Ginny virou-se para ele por momentos. Era óbvio para ela que Draco não estava a gostar da atitude simpática para com Daniel. Ela revirou os olhos. Credo! Francamente! Malfoys! Quem é que eles pensavam que eram? Os senhores do universo? Então, ela afastou o olhar dele e acenou. “Então Sr. Lucas.” Ela começou ao virar a sua atenção para os anéis na montra de vidro por baixo dos seus braços. “O casamento é daqui a uma semana. O que recomenda?” Ela perguntou.
Daniel ficou pensativo e depois abriu a montra. “Posso sugerir…” Ele começou enquanto tirava um par dourado. “Este pare de alianças... são feitas de chifres 100% puros do Dragão Longhorn (Chifre Longo) da Roménia.” Ele continuou enquanto entregava as alianças ao casal. “Bem diferentes... o seu valor de raridade é alto... como o número de Dragões Longo-Chifre da Roménia desceu muito, os seus chifres dourados pertencem agora à Classe B dos materiais.”
Ginny franziu as sobrancelhas enquanto estudava o anel. Era bem esquisito, a sua cor dourada mostrando um brilho fora do comum, que era diferente e melhor se comparado com o ouro trouxa. Mas mesmo assim, fazia-a ponderar. Se o seu valor raro era elevado e com a beleza fora do normal do dourado, então... ela abanou a cabeça. Não, ela não queria gastar assim tanto...
“É demasiado simples.” Draco disse de repente enquanto inspeccionava o anel por entre os dedos. “Não tem outra coisa? Talvez com uma pedra preciosa?” Ele perguntou ao colocar o anel de volta à caixa, deixando Ginny completamente desorientada.
Daniel acenou. “Ah sim, Sr. Malfoy.” Ele disse e tirou imediatamente outro par de alianças da vitrina e entregou-os. Os olhos de Ginny esbugalharam-se de espanto e deleite feminino perante a visão do design estético da aliança. Era feita de ouro puro, um ouro melhor do que o do dragão da Roménia, porque brilhava clara e lindamente contra a luz. A pedra no meio, era vermelha a brilhante. Ela respirou fundo.
“Esta aliança...” Daniel começou. “É feita com as penas da Snidget Dourada. Podem também reparar no brilho fora do comum da pedra no centro?”
“Sim.” Draco murmurou enquanto olhava a pedra com interesse.
“É também da Snidget Dourada, os seus olhos de rubi misturados com as escamas de pérolas incandescentes do Dragão Antípoda-Opalino. Claro, o valor de raridade é mais elevado, visto que as Snidgets Douradas são difíceis de encontrar hoje em dia, além de ser também difícil encontrar um mestre de poções de qualidade elevada.” Ele informou. Depois virou-se para Ginny. “Talvez a Senhorita queira experimentar?” Ele perguntou.
Draco virou-se para ela. “Virgínia?” Ele perguntou com as sobrancelhas levantadas interrogativamente.
Ginny virou-se para ele, depois para o anel sem ter a certeza. “Eu-- eu--” Ela gaguejou. Draco franziu as sobrancelhas divertido ao ver a expressão irresistível na face dela. De certeza que ela não estava a pensar no preço, certo? Além de que ele já tinha entrado em acordo com a Goldberg em relação ao preço. Ele reprimiu um sorriso. Credo! Francamente! Weasleys! Quem é que eles pensavam que eram? Casos perdidos de caridade? Eles ficaram ricos! Se isto fosse com a Blaise... ele abanou a cabeça.
Ginny, ao ver o olhar na face de Draco, mordeu o lábio. Então suspirou. “Oh, está bem.” Disse e colocou logo o anel no seu dedo esquerdo. Serviu perfeitamente. Ginny levantou a mão à sua frente. “É lindo...” Ela falou excitada. Mas então, ela não poderia... ela tirou precipitadamente o anel da sua mão.
“Eu prefiro o outro.” Forçou-se a dizer.
Draco franziu a testa. “Tens a certeza, Virgínia?” Ele perguntou. Pegou o outro anel e colocou os dois à frente dela. “Preferes o anel feito do Dragão da Roménia do que o anel feito da Snidget Dourada?” Ele acrescentou duvidosamente.
“Eu prefiro o do Longo-Chifre.”Ela disse acenando. “Comprar isto...” Continuou pegando o anel com a pedra. “Só iria acrescentar sarilhos ao Charlie.” Ela forçou-se a pensar no Charlie e nos seus estúpidos e inofensivos dragões. Depois virou-se para o Draco. “E além disso, eles são supostos serem as nossas alianças, e alianças são supostas serem apenas douradas, certo?”
Draco encolheu os ombros e virou-se para o Daniel. “É a última palavra de Virgínia que conta.” Ele disse.
“Eu?” Ela resmungou.
“Claro.” Draco respondeu como se ela fosse louca. “Isso é o que vocês mulheres costumam fazer, certo?” Ele acrescentou ao olhar impacientemente para o seu relógio de bolso. “Então, como vai ser?”
Ginny olhou para as alianças da Snidget. Apesar de ela gostar muito de poder escolhe-las, o pensamento do dito ‘casamento’ não a deixava escolhe-las. Ela teria de devolver o anel depois do divórcio. Então, respirou fundo. “As alianças do Dragão Longo-Chifre da Roménia, se faz favor.” Ela disse finalmente.
Draco acenou. “Como a Senhora quer.” Ele disse ao Daniel.
“Muito bem, Sr. Malfoy.” Daniel disse ao colocar os anéis nas respectivas caixas. Depois de embrulhá-los, ele entregou as alianças ao Draco, que colocou-as no bolso e acenou na sua direcção.
“Foi um prazer negociar consigo.” Draco disse com leveza antes de se afastar.
“Obrigado, Sr. Malfoy.” Daniel respondeu cordialmente. “Até à próxima.”
“Obrigada, Sr. Lucas.” Ginny acrescentou alegremente.
“Não foi nada, minha Senhora.” Ele disse. Ginny sorriu uma última vez antes de se virar e andar até à saída.
Uma vez fora, Ginny virou-se para Draco com desaprovação. “Eu ofendi-me com aquilo.” Ela disse de repente.
Draco parou e olhou-a incrédulo. “Eu peço desculpa, mas creio que devia ser eu a dizer isso.” Ele disse friamente.
Ela franziu as sobrancelhas, parando também. “Então e porquê?” Ginny perguntou.
Draco olhou apenas para ela como resposta. Depois de um momento, ele abanou a cabeça e continuou a andar com vivacidade. Imediatamente, Ginny seguiu-o com passos largos. “Desculpa lá, mas tu disseste ‘isso é o que vocês mulheres costumam fazer!’”
“E depois?” Draco disse sem se importar em parar.
“E eu ofendi-me!”
Com aquilo, Draco parou finalmente. “Não é verdade?” Ele disse. “Isso é o que vocês mulheres costumam fazer. É nisso que vocês são boas e--”
“Eu discordo completamente!” Ginny declarou furiosamente. “Eu simplesmente não vou tolerar isto! Tu pensas que eu... nós...”
“Isto é o curso normal da natureza, Virgínia.” Ele disse exasperado. “Os homens ganham, enquanto as mulheres gastam. Não vejo qual o grande problema!” Draco exclamou.
“Grande problema!” Ginny exclamou ao atirar as mãos ao ar. “Grande problema! Claro que é um grande problema para mim! Tu pensas que eu não consigo... que só penso em...”
“Poupa-me da tanga dessa conversa feminista, Virgínia.” Draco disse cansado. “Olha, nós estamos a discutir e isto é estúpido e eu--”
“Não.” Ginny disse com firmeza. “Tu não és diferente de mim, Malfoy. Não vais continuar a agir como se eu fosse igual às outras mulheres que não conseguem pensar noutra coisa sem ser dinheiro, ou no que lhes podes dar para teres as mãos delas dentro das tuas calças! Eu não sou como elas! Eu não sou assim! Eu sou mais do que isso!”
Ele parou surpreso e olhou-a com estranheza ao ouvir as palavras dela. Pela primeira vez na sua vida, ele não conseguiu dizer nada sarcástico ou malcriado... nenhuma mulher, em toda a sua vida... Ele continuou a olhá-la fixamente, com os olhos abertos em descrença, em parte com receio. “Bem, se tu insistes, então que seja.” Foi tudo o que ele conseguiu pensar em dizer, com voz irritada. Depois recomeçou a andar. “Devias começar a ponderar sobre mudar a tua atitude ‘habitual’, Virgínia. Em breve serás uma Malfoy.” Ele disse depois de um momento, referindo-se ao incidente na relojoaria.
Entendendo o que ele queria dizer, Ginny olhou-o seriamente. “Quem é que tu pensas que és?” Ela perguntou rancorosa.
Draco virou-se para ela. “Eu sou Draco Edward Malfoy.”
“E depois?”
“Malfoys não andam por aí todos íntimos e amigos de... estranhos.”
“Não, vocês são demasiado amáveis.” Ginny disse sarcasticamente. “Por que é que não dizes ‘Malfoys não andam por aí todos íntimos e amigos de pessoa COMUNS’? De certeza que estaria mais apropriado, não achas? Combina contigo.” Ela acrescentou. Depois sorriu cinicamente. “Posso te relembrar que vais casar com uma senhora COMUM, Malfoy?”
“Eu não vou ficar aqui a aturar isto.” Ele declarou, afastando-se dela.
“Qual é o problema, Malfoy?” Ginny disse desagradavelmente, seguindo-o. “A verdade magoa?”
Com aquilo, Draco parou finalmente e virou-se para ela mais uma vez, a sua face mostrando fúria. “Tu não entendes nada, Virgínia.” Ele disse, com voz suave e perigosa. “As pessoas não se incomodam com essa atitude. Não reparaste que lá na loja, o que incomodou Daniel foi a tua atitude amigável e não a minha? As pessoas sabem e aceitam que os Malfoys agem assim. Porquê? Porque as pessoas aceitam o facto de que nós somos diferentes deles. As pessoas esperam isso. Essa atitude tem mantido o respeito que o nome Malfoy impõe e eu não tenciono mudar isso enquanto durar a minha futura posição como Senhor da família Malfoy. E se tu vais ser uma Malfoy, mesmo que por pouco tempo, é melhor reveres a tua atitude.”
Ginny sorriu afectadamente e cruzou os braços. “Estás enganado.” Ela disse, levantando o queixo provocativamente. “O Sr. Lucas não ficou incomodado. Foi surpresa que eu vi na sua face. Ele estava surpreendido por ver uma futura Malfoy capaz de ser simpática, ao contrario de ti e da tua família. E é melhor pensares duas vezes sobre essa coisa do ‘respeito’. Porque esse tipo de atitude não traz respeito, mas sim medo. Para tua informação, aquelas pessoas como o Sr. Lucas odeiam-te mesmo, a ti e a toda a droga da tua família.” Ela respondeu. Depois abanou a cabeça e olhou para ele com pena. “Agora eu compreendo completamente por que é que não tens nenhum amigo, Malfoy. Tu pensas que és outra pessoa, uma pessoa mais especial, mais superior. Bem, eu tenho novidades chocantes para ti. Não és diferente de ninguém. E mesmo se o fosses, então não seria por seres especial. És diferente porque ninguém consegue ser tão cruel, tão desagradável e tão sem coração como tu.” Ela disse, com a voz gotejando de veneno. “E se tens amigos, não admira que não os consigas manter.”
Quando ela acabou, Draco ficou ali em silêncio, sem conseguir dizer nada. Em vez disso, ele olhou-a com aqueles olhos estreitos e cheios de raiva.
Surpreendentemente, era verdade. Ele não tinha nenhum amigo. Crabbe e Goyle, os Zabinis, Pansy Parkinson... eles não eram amigos... ele nem sabia o que eram eles. E com a horrorosa verdade veio a dor. As palavras dela ofenderam o seu orgulho, muito para surpresa dele. E a maneira como ela o olhava... como se sentisse pena dele. Ele praguejou mentalmente. Nunca se tinha sentido tão furioso em toda a sua vida!
Ginny olhou para ele espantada, desorientada pelas palavras duras e que magoam que acabara de dizer. Depois do pequeno e doloroso discurso, ela sabia que tinha falado de mais. Horrorizou-a pensar que podia ser tão má e ofensiva como... Ela mordeu o lábio. “Draco, eu... eu peço des--”
“Eu tenho outro assunto a tratar.” Ele disse de repente, sem a deixar acabar. “Vou demorar um pouco, então vai andando à frente para a Mansão para teres tempo suficiente para te arranjares.” E com aquilo, Draco virou-se imediatamente e afastou-se dela.
Ginny ficou lá como que paralisada a olhar dolorosamente para a forma dele desaparecendo. Estava a sentir-se tão miserável e infeliz que nem reparou para onde Draco tinha ido.
Knockturn Alley.
********
“Tu pensas que és outra pessoa, uma pessoa mais especial! Ninguém consegue ser tão cruel, tão desagradável e tão sem coração como tu!”
Então era aquilo que ela pensava dele. Draco praguejou ao andar pelo corredor do segundo andar da Mansão, as botas fazendo um leve barulho contra as carpetes do chão, e a sua capa preta ondulando atrás de si. “E depois?” Ele pensou rancorosamente. Ele era Draco Malfoy e aquilo não era novidade, certo? As pessoas sempre pensaram aquilo dele. Mas então por que é que ele se sentia tão... incomodado? Por que é que lhe tinha aborrecido saber o que Virgínia pensava dele? Incomodava-o porque Virgínia tinha feito o que nunca ninguém se atrevera. Ela tinha lhe dito tudo o que achava dele olhos nos olhos. Ela tinha praticamente atirado tudo à sua cara. A troca de insultos com o seu irmão, ou com Granger ou Potter não se comparava ao que ela tinha feito. Ela tinha lhe dito a verdade seriamente. E tinha... doído.
Ele parou ao chegar à porta do quarto da Virgínia, apertando com a mão a caixa de veludo que trazia. Não conseguia impedir que as palavras ofensivas ecoassem uma e mais uma vez na sua cabeça, afastando os barulhos da festa mesmo por baixo de si, e naquele momento, ele reflectiu sobre o que fora antes. Ele lembrava-se claramente, o andar pomposo por Hogwarts como se fosse dono do castelo, fazendo a vida do Potter miserável devido apenas a uma certa insegurança, chamando Granger de ‘sangue de lama’ sem nem pestanejar, cuspindo a dificuldade financeira dos Weasley com não escondida vaidade, e Virgínia... Virgínia...
“Potter, arranjaste uma namorada!”
“Eu não acho que o Potter gostou muito do teu cartão de São Valentim.”
Ele pestanejou. Então ele era terrível. Era cruel. Draco abanou a cabeça. Mas eles não o conheciam. Eles não sabiam nada sobre ele, então por que é que se havia de importar com o que eles achavam? Ela achava-o sem coração? Bom para ela! Ela não queria saber! Se era isso que ela pensava dele, então é o que ela iria ter. E com aquela conclusão, bufou levemente e abriu a porta à sua frente so para ouvir um ruído e uma arfada de surpresa.
“Não sabes bater à porta?” Ginny disse ao se levantar para juntar a escova do chão. Depois sentou-se de novo no seu tocador, olhando para o seu reflexo e vendo a expressão de irritação mudar para indecisão.
Draco olhou-a sem dizer nada. Ele deixou os olhos percorrerem o seu cabelo ruivo, dividido cuidadosamente ao lado, preso por uma prisão ornamentada com uma safira, as pontas encaracoladas chegando suavemente até aos ombros. Então, ele deixou o seu olhar vaguear pela face de Virgínia e ficou bastante satisfeito ao ver que ela não tinha usado maquilhagem para esconder as sardas no nariz. Viu os lábios brilhantes e vermelhos, e imaginou-os pronunciar prazeres proibidos. Relutantemente e como se os seus olhos pensassem sozinhos, percorreram o vestido cor de champanhe que ela usava, acentuando o ruivo do seu cabelo. Ele engoliu em seco ao notar o corpete justo do vestido contra a sua cintura, as camadas de seda acentuando as curvas suaves do corpo dela. Ele olhou para o reflexo dela reparando no vestido sem alças, fazendo-o ter um relance do seu peito cremoso.
“Linda.” Draco pensou, toda a amargura que tinha sentido há pouco já desaparecida. Então, andou até ela, sem desviar o olhar do reflexo no espelho.
Ginny, ao sentir o exame minucioso, baixou os olhos rapidamente. Ela achou a sua escova muito interessante para olhar, mordendo o lábio superior. O que teria pensado Draco? Como estava ela? A sua roupa? Teria a achado bonita? Depois franziu as sobrancelhas. Porque se deveria importar, afinal? Então, olhou para cima ao sentir a presença de Draco ao seu lado. Ele estava quase a falar, quando de repente um miau ecoou pelo quarto.
“O que foi aquilo?” Draco perguntou. Ele olhou para baixo só para ver um gato branco aparecendo de debaixo da cama. Ele virou-se para ela e franziu as sobrancelhas. “Virgínia?”
“É o meu novo gato.” Ginny respondeu.
“Eu sei.” Disse Draco impacientemente enquanto o gato começava a acariciar as pernas do Draco, miando de contentamento. Draco cerrou os dentes com irritação enquanto se afastava. “Mas francamente, tinhas de--”
“Oh, ele gosta de ti.” Ginny disse.
“Como é que tens a certeza de que é um ele?” Draco perguntou olhando para o pêlo branco do gato e depois para os olhos azuis brilhantes. “Que gato mais incomum.” Draco pensou.
“Oh, eu simplesmente sei.” Ginny disse, tendo o gato decidido finalmente afastar-se do Draco e ir descansar para cima da cama. “Eu comprei-o há pouco, quando me deixaste.” Ela acrescentou. A face de Draco escureceu. Ela suspirou.
“Draco.” Ginny começou, olhando para o reflexo dele. Um suspiro inesperado escapou dos seus lábios ao notar o quão bonito estava ele. Draco estava a usar as suas vestes familiares, pretas (como sempre) e com uma guarnição prateada aos lados. Debaixo das vestes, Draco usava uma camisa branca, colocada asseadamente dentro das suas calças pretas. Ginny nunca tinha tido oportunidade de olhar para os sapatos dele mas estava certa de que tinham custado mais de cem galeões cada. Ele tinha a mão esquerda dentro do bolso das calças e estava parado ali com aquele ar suave e arrogante e parecia tão... tão... rico, quase ameaçador. Ginny respirou fundo. “Sobre... sobre o que se passou há pouco. Eu--”
“Virgínia.” Draco chamou de repente, interrompendo-a, tirando a mão esquerda do bolso. Então estendeu-lhe a caixa de veludo e sem barulho, abriu-a só para revelar um colar dourado com um pendente em forma de serpente, o que a calou instantaneamente. Depois ele afastou o cabelo dela gentilmente. “O avô está à espera de ver isto.” Ele disse enquanto colocava o colar no pescoço dela.
Os dedos de Ginny voaram imediatamente para o pescoço ao sentir o frio do colar contra a sua pele. Olhou para o reflexo do pendente e notou o vermelho rubi dos olhos da serpente retribuindo o olhar. “É lindo.” Ela murmurou, olhando para o brilho incomum dos olhos da serpente, ignorando o facto de que era uma cobra e não um diamante em forma de lágrima ou...
“A mãe deu-mo para to dar.” Draco disse enquanto olhava para o reflexo no espelho. “É dado tradicionalmente a todas as futuras senhoras Malfoy antes do dia do casamento. Essa é a razão porque não te dei um anel de noivado.”
Ginny não disse nada enquanto tocava levemente no colar.
Surpreendentemente, havia qualquer coisa nele que a fazia sentir que ele lhe pertencia, como se fizesse parte dela. Era um sentimento estranho e inexplicável mas naquele momento, ela sentiu que enlouquecia se o Draco decidisse tirar-lhe o colar.
Draco notou a admiração e dúvida estampadas na face de Ginny. “Bem, quem não ficaria?!” Ele pensou. “É um colar antigo e caro, com os olhos da serpente feitos dos olhos da Snidget.” Ele soltou um risinho maldoso, os sentimentos frios de há pouco surgindo com toda a força. “Claro que depois do nosso divórcio tens de o devolver.” Ele não conseguiu resistir.
Com aquilo, Ginny olhou para o reflexo dele sombriamente. Depois de um momento, ela sorriu. “Claro.” Ela disse delicadamente. “De qualquer forma, eu posso COMPRAR muitos destes depois do nosso divórcio, certo?” E assim, ela levantou-se e andou até à porta, o vestido ondulando provocantemente. Ela ia, sem dúvida, para o salão de baile com ou sem ele.
Draco serrou os dentes ao ir rapidamente atrás dela. Ele não conseguia acreditar! Ela tinha dito a ultima palavra! Ele praguejou enquanto descia apressadamente a grande escadaria, apanhando-a e sentindo-se bastante estúpido. Ginny, ao notá-lo atrás de si, parou. “Por favor.” Ela disse ao lhe mostrar um sorriso distorcido. “Vê se me achas irresistível só esta noite.”
“Eu devia ser o que pedia isso.” Draco disse sarcasticamente ao oferecer o seu braço. Quando Ginny o aceitou, ele virou-se para ela. “Vamos?” Ele perguntou terminantemente.
“Tenho outra escolha?” ela respondeu acidamente.
Aceitando a resposta dela, Draco acenou e conduziu-os até ao Salão de Baile.
*******
“Professor Dumbledore!” Vladimir exclamou alegremente quando um feiticeiro idoso apareceu na entrada do salão. Dumbledore sorriu ao ver Vlad andando aos ziguezagues até ele. “É tão bom que tenha conseguido vir!” Vlad acrescentou alto devido ao burburinho de todas as pessoas e ainda da orquestra.
“Vladimir Malfoy II!” Dumbledore disse enquanto Vladimir apertava a mão tão vigorosamente que o corpo de Dumbledore quase estremeceu devido à força. Ele deu um risinho. “Continuas o mesmo rapaz robusto de que me lembro.” Ele acrescentou.
“E tu ainda respiras.” Disse Vladimir com bondade. “Como é que fazes, Dumbledore?”
Dumbledore riu-se. “Sendo sempre feliz, Vladimir. Sendo sempre feliz.” Ele respondeu. Depois, olhou para a multidão. “Vejo que a Directora McGonagall já chegou.” Ele acrescentou ao ver a forma alta e direita da severa senhora num canto, de champanhe na mão e conversando agradavelmente com um grupo de novos professores de Hogwarts. “Convidaste quase toda a gente, suponho?” Ele perguntou observando a grande multidão de feiticeiros e bruxos no salão de baile. Ele sorriu quando encontrou o olhar de Cornelius Fudge.
“Claro!” Vladimir exclamou. “É a festa de noivado do meu neto!” Ele acrescentou enquanto tirava dois copos de champanhe duma bandeja.
“Ah sim.” Dumbledore respondeu ao aceitar o copo que o seu antigo aluno lhe oferecia. “E onde estão o Draco e a sua noiva, posso saber?” Ele perguntou olhando à sua volta.
“Ele provavelmente foi lá cima buscar a Virgínia.” Vladimir respondeu. Depois fez uma pausa e deu um golinho no seu champanhe. Estava quase para falar, quando a voz alta do seu mordomo se fez ouvir acima da multidão.
“Draco Malfoy e Virgínia Weasley.”
“Agora sorri.” Sibilou Draco quando se preparavam para entrar no salão.
“Eu ESTOU a sorrir!” Ginny sibilou de volta ao seguir Draco. Quando todos os olhares de viraram para eles, Ginny sorriu.
“Agora prepara-te para o pior.” Draco murmurou contra a orelha dela. Ele sorriu charmosamente quando as pessoas começaram a se aproximar para os felicitar.
“O que é que queres dizer?” Ginny murmurou de volta enquanto observava tudo à sua volta. De facto, Vladimir tinha se esforçado muito só para aquilo! Os olhos de Ginny esbugalharam-se de espanto e prazer ao ver as chamas azuis e brancas dançando magicamente à volta deles, dando ao salão de baile um ambiente elegante e encantador. Havia um grupo de serviçais que flutuavam à volta deles com bandejas servindo champanhe e aperitivos saborosos. Num canto estava a orquestra e noutro canto a maior mesa de bebidas e comidas que Ginny já tinha visto. Parecia que tinha toda a Hogsmeade lá, com cada entrada ornamentada com muito bom gosto, tão bonitas como apetitosas. Então, ela afastou os olhos da comida e viu a elegante multidão à sua frente, dançando e rindo. “Toda a gente parece ser... rica.” Ginny pensou ao ver as sedas e tecidos à sua frente.
“Já vais ver.” Foi tudo o que ele disse ao ver o seu avô despedindo-se do Dumbledore e indo ter com eles. Ginny sorriu na sua direcção.
“Ah, Virgínia.” Ele começou ao pegar na mão dela e beijando-a suavemente. “Vejo que já tem o colar.” Ele disse, largando-a finalmente. Era claro que ele estava satisfeito por ver o colar no seu pescoço.
“Eu sou do Draco agora.” Ela disse rindo.
Vladimir riu-se. “Estou a ver.” Ele disse. Depois virou-se para o Draco. “Os teus convidados estão à espera, rapaz.”
Draco acenou. “Sim, avô.” Ele respondeu e arrastou Virgínia com ele.
Como se provou, Draco tinha razão. Foi a pior noite de toda a vida de Virgínia. Além do facto de que era a sua festa de ‘noivado-com-o-Draco’, ele tinha-a arrastado pelo enorme salão do baile, apresentando-a a toda a gente até que ela se sentiu zonza e cansada. Parecia que Vladimir Malfoy tinha convidado todos os seus amigos de Hogwarts e surpreendeu-a mesmo ver que Draco conhecia quase todos eles. Aquilo já não era divertido. Os seus pés estavam já a doer e a sua boca estava dolorida de tanto sorrir.
“Virgínia, quero que conheças os Thornhills. A avó do Ângelo era uma aluna de intercâmbio de Durmstrang. Ela era parceira de poções do meu avô lá em Hogwarts.” Draco disse agradavelmente ao acenar na direcção de uma senhora e senhor altos que estavam a sorrir. Ginny forçou um sorriso perante o 34º casal à sua frente.
“Como estão?” Ela perguntou educadamente.
“Como é que fez?” Ângelo Thornhill perguntou a dar risinhos. Ginny franziu as sobrancelhas confusa. “Eu não acredito que o Draco arrastou-me da Alemanha para testemunhar isto!”
“Desculpe?” Ela perguntou.
Draco riu-se. “Então, então Ângelo.” Ele disse. “Não comeces.” Ele avisou.
“Você é uma excepcional senhora, vejo.” Ângelo disse ignorando o Draco. “Para ser capaz de conquistar e render este homem requer muitas capacidades e perícia.”
“Então talvez eu tenha as duas coisas, não lhe parece?” Ginny respondeu agradavelmente, fazendo Ângelo rir a bom som.
“Comporte-se, Draco.” O senhor disse para Draco, que tinha o seu já habitual sorriso charmoso. “Este tipo de mulher sabe de certeza o que quer.” Ele disse com segundas intenções.
Draco riu-se. “Eu sei, e ela quer-me.” Ele disse colocando o seu braço por cima dela para causar efeito. Instantaneamente, Ginny sentiu as faíscas eléctricas dentro de si. “Eu tenho a certeza que com uma mulher bonita como a Virgínia, eu nem vou pensar em olhar mais alguém.”
Com aquele tipo de resposta, os olhos de Ângelo esbugalharam-se. “Você deve ser mesmo boa!” Ele exclamou para Virgínia. “Draco Malfoy? Dizendo isto? Eu devo estar a sonhar! O que lhe deu a comer?”
“É melhor acreditar, homem!” Draco disse. Depois olhando para as pessoas, ele desculpou-se. “Se me dão licença, parece-me que vi a família da minha noiva e a minha mãe acolá.” Ele disse olhando para oito ruivos e uma loira perto da orquestra.
“Claro.” Ângelo disse acenando. “Foi um prazer conhecê-la Virgínia!” Ele acrescentou.
“Igualmente.” Ginny disse antes de Draco levá-la até à sua família. Ao chegar à orquestra, uma coisinha pequena e castanha começou a correr.
“Tia Wheezy!” Sylvia guinchou ao bater contra o vestido de Virgínia. Ginny deu uma risada e pegou na menina.
“Olá Sylvia.” Depois virou-se para os seus pais. “Mãe, Pai.” Ela disse educadamente. Por um segundo, ela desviou o seu olhar para Percy, junto com a sua esposa Jane, que estava conversando agradavelmente com Narcisa, enquanto que Bill e Charlie estavam ocupados a discutir qualquer coisa sobre dragões e duendes. “Parece que o Bill e o Charlie não trouxeram a família.” Ela supôs. Depois franziu as sobrancelhas. “E onde estão Ron e Hermione?”
“Olá querida.” Molly disse ao lhe beijar a bochecha suavemente. Depois virando-se para Draco, ela sorriu amigavelmente enquanto Arthur estendia a mão.
“Boa noite.” Draco cumprimentou enquanto abanava a mão firmemente.
Arthur acenou. “Que bom vê-lo de novo.” Ele disse. Então, virou-se para a Ginny e sorriu. “Estás muito bonita, querida.”
“Obrigada.” Ginny sorriu. Então virou-se para Draco só para vê-lo cumprimentar a sua mãe e apertando as mãos dos seus irmãos, oferecendo-lhes champanhe. Depois ao se virar para a sua mãe, ela franziu as sobrancelhas. “Onde está a Hermione?” Ela perguntou.
“Oh, a Hermione está acolá.” Molly respondeu acenando para um grupo de pessoas mesmo ao lado da mesa de comidas e bebidas. Ginny sorriu satisfeita e excitada ao ver que eram os seus amigos de Hogwarts. “Ron está também com ela.” A sua mãe acrescentou. Depois ao ver o sorriso excitado, Molly deu um risinho. “Vai lá, querida.”
Ginny acenou, entregou-lhe Sylvia e, sem pensar no que Draco poderia dizer, foi ter com o grupo de feiticeiros e bruxas grifinórios que conversavam e riam alegremente. O seu humor melhorou surpreendentemente ao ver as faces familiares à sua frente. “Olá pessoal!” Ela exclamou feliz ao chegar perto. “Divertindo-se?”
“Ginny!” Exclamaram eles. Ginny olhou para as caras à sua frente e deu um largo sorriso. Eram a Lavender Brown, Parvati Patil, Neville Longbottom, Colin Creevey, Seamus Finnigan, os seus irmãos gémeos, Lee Jordan, Dean Thomas, Ron e Hermione e ainda outros grifinórios.
“Estás linda!” Hermione disse finalmente, dando-lhe um beijo na bochecha. Ginny deu um risinho e tirou um copo de champanhe.
“Obrigada.”
“Estás bonita, Gin.” Fred disse ao andar rapidamente até ela.
“Sim, sim.” George acrescentou, segurando-a pelos ombros e começando a abaná-la a brincar.
“Fred! George!” Ginny exclamou desconfortável. “Parem!”
“Bom te ver, Ginny!” Lee disse com uma gargalhada quando Fred e George soltaram-na finalmente.
“Adorava conversar, mas não podemos.” Fred disse rapidamente, arrastando George com ele. “Mas tu estás bonita, Gin! Sério!” Ele gritou enquanto se afastava dela.
“Parabéns!” Lee e George gritaram também enquanto seguiam Fred pelo salão fora.
“Por que é que eles se foram embora?” Ginny perguntou calmamente.
Ron bufou. “Provavelmente vão pregar alguma partida ou assim.” Ele respondeu, com a sua voz esperançosa. Com aquilo, ganhou um olhar desaprovador de Hermione.
“Ginny! Há quanto tempo!” Parvati exclamou alegremente ao andar até ela. “Como estás?”
“Oh, estou bem.” Ginny respondeu.
“Oh céus, o teu vestido é maravilhoso!” Lavender falou efusivamente ao tocar de leve o vestido.
Ginny riu-se por entre os dentes. “Sempre a mesma, Lavender.” Ela respondeu. “Então, estás a namorar com alguém?”
Com aquilo, a face de Neville tornou-se de um vermelho escuro enquanto que Lavender corava.
Ron e os outros grifinórios arfaram de surpresa.
“A sério?” Hermione perguntou a Lavender com os seus olhos castanhos esbugalhados. “Neville?”
“Como é que eu não soube?” Parvati perguntou, nada contente. Ela virou-se para Lavender. “Sou a tua melhor amiga ou não? Eu contei-te sobre mim e o Colin quando começamos a sair.”
“Oh Parvati.” Ellen disse, outro grifinório. “Não achas a diferença de um ano de Colin meio perturbador?”
“Bem, a idade não interessa, certo Ellen?” Colin respondeu enquanto colocava o braço por cima dos ombros de Parvati de propósito.
Os homens, por sua vez, assobiaram e riram. “Boa, Neville!” Dean exclamou batendo-lhe nas costas.
“Isso sim é novidade!” Ron disse a rir-se.
“Aught!” Neville exclamou de repente. “Lembrei-me que esqueci algo dentro do uh-- er--” Então ele foi rapidamente até à saída.
“Oh pobre Neville!” Ginny disse, olhando para onde ele tinha ido. Depois virando-se para os homens, ela franziu as sobrancelhas. “Aquilo não foi simpático.” Ela disse enquanto tirava mais um copo de champanhe.
“Oh, deixa estar.” Ron disse, abanando a cabeça. “Ele depois volta.”
“Eu... eu acabei de me lembrar.” Lavander falou de repente. “Preciso fazer uma coisa.” E sem se importar em explicar mais alguma coisa, ela abandonou rapidamente o grupo, dirigindo-se até à porta.
“Oh, mas o que foi isto?” Colin perguntou sorrindo endiabradamente. Parvati deu-lhe uma leve palmada no braço como aviso.
“Eu não sei pessoal.” Hermione disse. “Mas tenho uma filha para cuidar.” Ela acrescentou, olhando para Sylvia que estava a tentar chegar a qualquer coisa em cima da mesa. “Com licença.” Ela disse e com aquilo, virou-se e afastou-se deles.
Ginny então olhou para os restantes à sua frente. Estava para se desculpar e ir ter com Draco, quando subitamente Seamus lançou-lhe um sorriso.
“Ginny Weasley.” Ele disse ao avançar até ela. Ginny sorriu enquanto Seamus lhe dava um abraço.
“Seamus.” Ela disse quando ele a largou por fim. Estava tão entretida a olhar para o sorriso dele que nem reparou que o Ron, Dean e os outros tinham ido conversar com outras pessoas enquanto que Colin tinha convidado Parvati para dançar, deixando os dois sozinhos. “Eu não acredito que terminei tudo com este rapaz.” Ginny pensou, observando o seu bonito sorriso. “Como estás?”
“Estou bem.” Ele respondeu. “E tu?”
“Eu também estou bem.” Ginny disse, sorrindo. “Então...” Ela começou enquanto olhava para ele na expectativa.
“O avô do Malfoy parecia ser simpático.” Seamus disse, olhando para Vladimir. Ginny olhou também, só para ver o avô de Draco convidando McGonagall para dançar. Ela riu por entre os dentes, e virou-se de novo para Seamus.
“Parece que sim.” Ela disse. “Um sujeito simpático, sim. Soube que ele também andou em Hogwarts.”
“Diferente do Malfoy?”
Com aquilo, os sentimentos agradáveis de Ginny foram deitados a terra. Ela olhou para baixo. Ao ver a sua reacção miserável, Seamus suspirou. “Olha, Gin” Ele começou em tom de desculpa. “Eu peço desculpa, mas para ser sincero, todos ficamos em choque quando recebemos o teu convite, contando o repentino noivado com... com o Malfoy! O choque aumentou ainda mais quando recebemos umas agradáveis boas vindas de Vladimir. Bem inesperado, entendes.”
“Então... onde estás a tentar chegar?” Ginny perguntou.
“Nós estamos contentes por ti, a sério! Mas...”
“Mas o quê?”
Seamus franziu as sobrancelhas enquanto pesava a sua resposta. “Com certeza que não nos podes culpar... mas, Malfoy?” Ele perguntou abanando a cabeça com descrença.
Ginny suspirou. “Oh, não te preocupes, estou habituada.” Ela disse tristemente.
Seamus deixou escapar um risinho ao se virar para a pista de dança. “Já se passaram anos, não foi?” Ele perguntou. Depois riu-se de novo ao ver Colin curvando-se e pedindo desculpas enquanto Parvati pulava de roda só com um pé. Sem dúvida nenhuma que Colin a tinha pisado por acidente.
Depois virou-se para Ginny. “Até hoje não consigo deixar de me perguntar o que te
ria acontecido se não tivéssemos terminado.”
“Seamus, eu--”
“Não, está tudo bem.” Ele interrompeu-a suavemente. “Na verdade, eu fiquei satisfeito quando ouvi que Harry tinha te convidado para sair depois de nós acabarmos. Eu sei que ele é o único que te pode fazer feliz.”
“Seamus, tu também me fizeste feliz.” Ginny disse suavemente.
“Eu fiz-te feliz?” Ele perguntou. Quando Ginny acenou, ele riu levemente. “Eu não sei.” Ele começou a abanar a cabeça. “Isto incomoda-me, sabes. Eu teria aceitado o facto se casasses com o Harry, mas isto...” Ele parou e respirou fundo.
“Achas que é um insulto?” Ginny perguntou, olhando-o olhos nos olhos.
“Para ser sincero, sim.” Seamus disse, atirando as mãos ao ar. “Olha, Ginny, eu amo-te e quando Harry se aproximou de ti, aceitei o facto de que ele era um adversário decente ou qualquer coisa do género. Aliás, além de ser um Grifinório, Harry é o menino-que-sobreviveu, capitão de Quadribol, seeker dos Pudlemore United, e eu não te podia culpar de o escolheres em vez de mim. Mas agora, com Malfoy...” Ele fez uma pausa e virou-se para Ginny. “O que tem Malfoy de especial? Comparando-o com Harry ou até comigo ou--”
“Oh, ele tem 262 milhões de galeões.” Ginny pensou. “Olha Seamus.” Ela disse. “Eu-- eu-- escolhi Draco porque eu-- eu amo-o, está bem?” Ela forçou-se a dizer. “Eu sei que ele é um idiota completo e insensível como tudo na maior parte do tempo, e que ele andou na Sonserina e fazia batota no Quadribol mas a sério, lá no fundo, ele... ele é um bom homem.”
Com aquilo, Seamus sorriu por fim. “Então tu ama-lo.”
“Sim.” Ginny disse, sentindo-se terrivelmente doente.
“Bem, parece que não posso fazer nada, então.” Seamus disse resignado.
“Bem, fazemos o seguinte.” Ginny disse ao tirar o copo vazio dele e colocando-o em cima de uma bandeja junto com o seu. “Dança esta música comigo e depois eu logo penso em reconsiderar.” Ela disse rindo-se, a orquestra tocando outra valsa.
Com aquilo, Seamus riu-se também. “Peste.” Ele disse ternamente, pegando-lhe na mão e conduzindo-a até à pista de dança.
********
“Draco Malfoy.”
Draco parou ao ouvir aquela voz picante. Ele virou-se só para ver uma mulher tão alta como ele parada perto da porta da varanda, afastada apenas cinco metros. Os seus olhos esbugalharam-se de repente, ao ver o familiar cabelo preto brilhante, e o par de olhos violeta colados nele. Então, ele virou a sua atenção de volta para Bill e Charlie que estavam agora a discutir qualquer coisa sobre a tecnologia trouxa.
“Com licença, meus senhores.” Ele disse em tom de desculpa aos dois Weasleys mais velhos. “Preciso falar com uma pessoa.”
“Claro.” Bill disse rapidamente.
“Não te preocupes connosco.” Charlie acrescentou. Com aquilo, Draco dobrou a cabeça levemente e andou até à mulher que o esperava. Ao lá chegar, ele levantou as sobrancelhas.
“Rebecca Fairfax.” Ele disse levantando a mão e beijando-a suavemente.
A mulher sorriu. “Como soube?” Ela perguntou.
“Apenas soube.” Draco respondeu. “Só pode haver uma mulher Fairfax.”
“Como pode ter a certeza? Isto é o mundo bruxo, afinal. Qualquer coisa é possível.” Ela disse, com a voz suave. “Talvez eu seja ela. Nós somos completamente idênticas, como sabe.”
Draco olhou para ela e sorriu charmosamente. “Não exactamente.” Ele respondeu enquanto a sua outra mão afastava o cabelo dela do pescoço. A mulher fechou os olhos por momentos ao sentir o rápido mas gentil toque. “A tua gémea não tem isso.” Ele disse finalmente, olhando para a marca castanha de nascimento no pescoço dela, um pouco abaixo da orelha direita.
“Tens olhos perspicazes.” Rebecca disse. “Para conseguir ver dessa distancia.”
“Na verdade, eu não vi.” Draco disse, sorrindo arrogantemente. “Eu apenas soube que eras tu.” Com aquilo, Rebecca riu-se suavemente, aceitando a resposta.
“Bom ver-te de novo, Draco Malfoy.” Ela disse quando Draco largou-lhe o cabelo finalmente. Ela então olhou para a pista de dança. “Então, ela é a tal?” Ela perguntou, olhando na direcção de Ginny.
Draco também olhou só para ver Ginny rindo e rodopiando nos braços de Seamus Finnigan. “Sim.” Ele respondeu finalmente. “Como soubeste que era ela, posso saber?”
Rebecca sorriu arrogantemente. “O colar.” Ela respondeu, virando-se para ele. “Então quantos anos já se passaram?” Ela perguntou suavemente.
Draco respirou fundo. “Catorze.” Ele respondeu. Depois ao notar a expressão tensa de Draco, a sua face suavizou-se. “Sabes muito bem que a Bianca iria gostar de me ver aqui, para controlar.” Ela acrescentou.
“Eu sei.”
E com aquilo, Rebecca sorriu. “Bem, vemo-nos por aí, Draco.” Ela disse. Olhou para Ginny e depois para ele de novo. “Sabes também que a Bianca ficaria muito chateada se visse isto, se te visse.”
Draco acenou. “Eu sei.” Ele disse de novo, sem desviar o olhar de Ginny. “Mas é demasiado tarde.” Ele acrescentou, afastando-se finalmente dela.
“Não tenhas tanta certeza.” Foi tudo o que Rebecca disse antes de tirar a varinha e desaparatar. Antes que Draco pudesse perguntar o que era que ela queria dizer com aquilo, Rebecca tinha desaparecido. Ele praguejou mentalmente quando as memórias não desejadas começaram a aparecer mais uma vez. Ele fechou os olhos por momentos, com os dedos nas têmporas. “Bianca.” O nome soava uma e outra vez na sua cabeça. “O que queria Rebecca dizer com aquilo?” De repente, ele não se sentiu bem. Sentia uma necessidade urgente de ficar sozinho. Ele estava indo para a varanda apanhar um pouco de ar fresco quando sentiu um familiar perfume no ar. Ele virou-se só para ver os lábios de Blaise Zabini colando-se imediatamente aos seus. Os seus olhos esbugalharam-se, e ele afastou-a imediatamente.
“Blaise!” Draco exclamou desagradado. “Estás maluca?” Ele perguntou ao procurar freneticamente o seu avô.
Ele então respirou aliviado ao ver o seu avô falando com Snape, demasiado ocupado para lhe prestar atenção.
“Estou magoada, sabias?” Blaise disse fazendo beicinho. “Os teus sentimentos mudaram?”
Como resposta, Draco apenas olhou para ela. Ele desejou que a sua boca mentisse, que lhe dissesse ‘não’ como antigamente, mas para sua surpresa, não conseguiu. Ele não conseguia mentir. “O que estás a fazer aqui?” Ele perguntou.
“Eu recebi o teu convite, Draco. Parece que sou a única sonserina aqui, além de ti.” Blaise respondeu, abanando um envelope e olhando à volta. “Pensei em vir ver a minha rival pessoalmente.” Ela disse delicadamente. “E também acho que o teu avô está a ser bem aborrecido.”
“Bem, foi bom te ver.” Draco disse ao se preparar para se afastar, mas Blaise colocou uma mão no seu braço, impedindo-o.
“Qual o problema, Draco querido? Não estás feliz por me ver?” Ela perguntou suavemente. Draco franziu as sobrancelhas ao ver a mão de manicura no seu braço. “Parece que tu precisas...” Ela fez uma pausa e deixou a sua mão viajar dentro das vestes de Draco. Os olhos dele esbugalharam-se ao sentir os dedos dela acariciando o seu peito, sem se importar. Os olhos dele estreitaram-se perigosamente, muito para agrado de Blaise. “...de algum escape.” Ela acabou a frase finalmente, olhando para ele com segundas intenções.
Os olhos de Draco examinaram-na por momentos. Como sempre, Blaise estava formidável. Estava usando um vestido vermelho, com um corpete justo de decote descaído, que lhe dava uma visão ampla do generoso peito dela, que subia e descia conforme a sua respiração. Então, ele sorriu charmosamente. “Blaise, agora não.” Depois ele desviou o olhar.
O sorriso de Blaise tornou-se num olhar carrancudo. Ela tirou a mão e olhou para Ginny com rancor. “É ela, não é?” Ela perguntou estridentemente.
Draco suspirou. Surpreendentemente, ele sentia-se cansado. “Não, não é ela.” Ele respondeu.
“Então o que é?” Ela ordenou. “Isto é apenas devido ao contrato, certo? Divorciam-se logo, não é?”
“Sim.”
Blaise olhou para ele por momentos. Ao ver a sua face sem sentimento, ela deu um sorriso satisfeito. “Ainda bem.” Depois, ao se virar na direcção de Ginny mais uma vez, bufou de desagrado. “A sério, Draco querido, podias ser mais insultuoso?” Ela perguntou.
“O que queres dizer?” Draco perguntou. Ele olhou à sua volta e viu o seu avô, olhando com segundas intenções. Ao encontrar o seu olhar, ele acenou com a cabeça.
“Isto é, ela é demasiado simplória! Eu esperava alguém, sabes, mais bonita! Alguém mais do NOSSO nível.” Blaise disse. “Olha para ela! Sem gosto, sem estilo, sem conversa nenhuma!” Então, ela riu-se descaradamente e virou-se para ele. “Bem, também o que é que se podia esperar de um Weasley, certo? Isto é, a sério, tu podias ter arranjado alguém mais... mais... bonita do que essa... essa... rapariga! Desculpa-me lá mas nem a podemos chamar de mulher! Pelo que me parece, a miúda nem deve ter saído ainda da caixa, se é que me entendes.”
“Então é uma sorte ter de casar com ela e não contigo.” Draco disse sem pensar. Havia um tom de irritação na sua voz. Era obvio que ele estava a ficar impaciente com o discurso disparatado de Blaise. Então, virando-se para ela, ele sorriu para se desculpar. “Se me dás licença, creio que o meu avô quer trocar uma palavrinha comigo.” E sem esperar pela resposta, Draco virou-se rapidamente e andou até à saída, deixando uma Blaise sozinha olhando o seu rasto com uma furiosa descrença.
********
“Então onde vai ser o casamento?” Parvati perguntou.
“Na Mansão do Draco.” Ginny disse, olhando para Draco e Blaise. Ela franziu as sobrancelhas levemente. Naquele momento, Parvati prendeu a respiração em surpresa. Ginny afastou os olhos dos dois e virou-se para Parvati.
“O que foi?” Ela perguntou ao ver a expressão da face de Parvati, quase a desmaiar de surpresa. “O que se passa?”
“H...Ha...” Parvati começou.
“Parvati, por favor?” Ginny disse já exasperada.
“Ha... Harry... Harry chegou, Ginny.” Ela disse finalmente. Sem dúvida nenhuma que toda a gente sabia da ‘coisa’ que se passava entre Harry e Ginny. “Eu não... eu não estava à espera...”
À menção do nome de Harry, Ginny virou-se rapidamente só para vê-lo andar até Ron. Os seus olhos esbugalharam-se enquanto sentia o seu coração ir parar ao estômago. Ginny seguiu-o com o olhar, ao vê-lo parar para falar com Ron e Hermione, a sua face normalmente sorridente transformada numa expressão grave. Ele parecia tão... tão cansado. Ela tinha temido esta noite. Afastando por fim os olhos dele, procurou freneticamente por Draco. Ao não o encontrar, praguejou mentalmente. Onde estava o parvalhão quando se precisava dele? De repente, Harry levantou o olhar. Os seus olhares encontraram-se.
“Eu acho...” Parvati disse ao sentir a tensão aumentar. Ela virou-se devagar ao ver Draco andar até elas. “...que tu deves querer ficar sozinha.” E assim, afastou-se rapidamente.
“Olá Ginny.” Harry disse.
Ginny virou-se para ele incerta. Ela mordeu o lábio e olhou para ele, para o cabelo despenteado, para a cicatriz na testa. Ela olhou relutantemente para os seus profundos olhos verdes por detrás dos óculos e encontrou-se sem palavras. Harry, ao notar o seu mal-estar, clareou a garganta.
“Posso falar contigo em privado?” Ele perguntou suavemente.
Com aquilo, Ginny acenou. “Claro.” Ela disse, pensando que Harry merecia pelo menos uma explicação. “Queres... queres ir até à varanda?”
Harry acenou e com aquilo, Ginny virou-se e andou até às portas da varanda. Uma vez na rua, longe do salão de baile movimentado, Ginny respirou fundo e olhou para o céu estrelado. Harry colocou-se ao seu lado, descansando as mãos na balaustrada. Ele olhou para ela e suspirou.
“Eu vi-te há pouco, lá no Beco Diagonal.” Harry disse finalmente. “Estavas fora da Relojoaria Goldberg.”
Ginny olhou para ele como resposta. Harry passou os dedos pelo cabelo e suspirou de novo.
“É verdade, então?”
“Sobre o quê?” Ginny perguntou seriamente. Harry, por sua vez, deixou os seus olhos vaguearem pela face dela e depois pelo pescoço, a serpente olhando-o prudentemente como se estivesse viva.
“Quando eu recebi a tua carta, tive muita dificuldade em acreditar. Não, eu não acreditei. Achei que fosse uma partida, sabes, do Fred e do George.” Harry disse. Virou-se para ela. “Eu vim aqui apenas... para... ver com os meus próprios olhos...”
“Harry, desculpa-me.”
“Porquê Ginny?”
Ginny baixou os olhos como resposta. Quando ela não lhe disse nada, Harry levantou-lhe a face. Ele olhou nos seus olhos e ela sentiu-se derreter. Mas havia algo dentro de si que lhe dizia que aquilo era errado...
“Eu amo-te, Gin.” Ele disse enquanto aproximava devagar a sua face.
Ginny fechou os olhos ao sentir Harry beijá-la, querendo saber desesperadamente se estava a fazer a coisa certa, se ainda sentia o mesmo pelo Harry, se ainda detestava Draco. Ela esperou pela familiar sensação de calor delicioso mas para sua surpresa e confusão, nada apareceu. Então, deixou as sua mãos irem até às costas do Harry, aprofundando mais o beijo, tentando que os seus sentimentos por Harry voltassem. Quando sentiu as mãos dele agarrando a sua cintura, puxando-a para mais perto, o pânico cresceu. E antes que se apercebesse, tinha-se afastado imediatamente.
“Ha... Harry eu não posso...”
“Tu não amas o Draco, Ginny. Eu sei que não.” Harry disse firmemente. “Eu consigo sentir que alguma coisa está terrivelmente errada aqui.”
Ginny olhou-o fixamente. Ela queria muito lhe contar tudo. Tudo! Sobre o acordo, o casamento... tudo! Mas... “Iria ele compreender?” O seu cérebro perguntou. Além disso, ela tinha uma sensação inexplicável no fundo do seu estômago. Ela não sabia o que era, mas estar ali com Harry, beijá-lo e dizer-lhe que não amava o Draco estava fora de questão. Ela não conseguia mentir mas também não conseguia dizer não. Mas antes que pudesse pronunciar outra palavra, Harry beijou-a de novo. Depois lembrando-se de Draco, Ginny afastou-se imediatamente, apesar da sua confusão toda. “Porquê? Por que é que isto não está certo? Nada, nada certo?”
“Ginny?” Harry exclamou impaciente. “O que é isto? Não me digas que...”
“Eu vou me casar, Harry.” Ela disse, a sua voz mal-humorada.
Com aquilo, a face de Harry ficou mais séria. Se devido ao choque ou à dor, ela não sabia. Ela estava quase a dizer o quanto se desculpava por tudo quando Harry afastou-se de repente.
“Isso é o que veremos.” Foi tudo o que ele disse, andando rapidamente para o salão. “Eu vou desfazer esse feitiço e é já.”
“Harry!” Ginny chamou indo logo atrás dele. “Harry! Onde vais? O que queres dizer?”
********
Draco praguejou furiosamente ao andar até ao salão de baile, cego de raiva. Tinha acabado de ter uma conversa com o seu avô e naquele momento, ele só queria gritar ou bater em alguém ou nalguma coisa! Qualquer coisa para se livrar daquele... sentimento!
“Draco, o que se passa?”
Draco parou ao ver Blaise à sua frente. Ele olhou à sua volta, surpreso por se encontrar dentro do salão. Depois virando-se para Blaise, praguejou de novo. Blaise arfou delicadamente ao ouvir as palavras cortantes que saíram dos lábios dele.
“Oh céus!” Blaise exclamou quando Draco parou. Ela tirou um copo de champanhe de uma bandeja e entregou-lhe. “Toma, parece que precisas disto.”
Draco, sem uma palavra, aceitou o copo e bebeu tudo num só gole. Blaise sorriu ao lhe tirar o copo vazio, entregando-lhe outro. “Agora, conta-me o que foi.” Ela perguntou com voz querida.
Draco bebeu primeiro antes de se virar para ela. “O meu avô deu à Virgínia metade da fortuna.” Ele respondeu com voz rouca. Com aquilo, o sorriso de Blaise tornou-se num olhar surpreso e carrancudo.
“O quê?!” Ela guinchou. “Draco, isto...”
“Eu sei!” Draco disse, furioso. “Claro que eu não pude fazer nada. Se eu reagisse mal, ele saberia sobre esta charada. E seria ainda pior.” Ele abanou a cabeça e deu um sorriso amargo. “Eu também prometi à Virgínia 70 milhões de galeões. Acabei de depositar um milhão na sua conta em Gringots e com a mudança de ideias do meu avô, ela vai receber um total de 201 milhões de galeões.”
Com aquilo, Blaise sorriu subitamente. “Não necessariamente.” Ela disse.
Draco franziu as sobrancelhas. “O que queres dizer?”
“Oh, tu sabes o que quero dizer, Draco.” Blaise disse, dando-lhe um olhar querido. “O que é que achas sobre, talvez... acidentes?”
Draco franziu as sobrancelhas ainda mais, enquanto que Blaise continuava a sorrir, esperando por resposta.
Ele estava quase a abrir a boca, quando de repente alguém chamou o seu nome. Ao se virar, Harry Potter vinha andando até ele, com Ginny logo atrás.
“Preciso falar contigo, Malfoy.” Harry disse gravemente.
“Óptimo, desembucha, Potter.” Draco disse.
“Draco, Harry, por favor...”
“Oh, então agora é Draco? Quando é que começaste a chamá-lo pelo primeiro nome?” Harry perguntou sarcasticamente. Depois virando-se para Draco, a sua face escureceu. “Lá fora, Malfoy.”
“Certo.” Draco respondeu.
Blaise sorriu-lhe. “Pensa só no que te disse.” Depois virou-se para Ginny, com a face contorcida de diversão e maldade. Olhou-a de cima a baixo antes de tirar a varinha e desaparatar, deixando Ginny sem poder responder com qualquer coisa assim tão rude e revoltante. Com Blaise tendo ido embora finalmente, Draco virou-se para Harry.
“Por aqui.” Ele disse enquanto andava até à saída, com Harry mesmo atrás.
“Onde é que vocês vão?” Ginny chamou enquanto dava o seu melhor para os acompanhar. Os dois homens não disseram nada enquanto não chegaram à entrada da Mansão.
“Agora o que foi, Potter?” Draco perguntou, reparando no olhar obscuro que Harry lhe tinha mostrado ao sentir Ginny atrás deles. “Não suportas o facto de seres um triste falhado?”
Como resposta, Harry olhou à sua volta, verificando se havia algum convidado por perto. Quando viu apelas Ginny, virou-se para Draco e sem uma palavra, levantou o braço e bateu-lhe com força na cara. Draco foi em ziguezague para trás. Os seus lábios sangravam.
“Tu é que pediste, Potter.” Draco gritou ao sentir o gosto salgado do sangue. Ele bateu-lhe de volta, o seu punho acertando em cheio na face de Harry, fazendo saltar os óculos, que caíram no chão em dois pedaços. Ele teria usado a varinha e proposto um duelo de feiticeiros mas devido à sua raiva e aos socos sucessivos de Harry, propôr um duelo de feiticeiros estava fora de questão. Aparentemente, Draco estava à espera disto desde a sua conversa com Vladimir. Devido à raiva de Draco, Harry ficou com pouca vantagem.
“Parem!” Ginny pediu quando os dois começaram a brigar à sua frente. “Parem!”
“Tira o feitiço dela, seu gay!” Harry gritou ao dar um soco no estômago de Draco. Draco dobrou-se ao sentir a dor. Então, ele empurrou Harry para o chão e antes que Harry pudesse fazer alguma coisa, Draco bateu-lhe fortemente nas costelas. Harry gemeu de dor.
“Não há nenhum feitiço, Potter!” Draco gritou, limpando o lábio inferior. Ela parou enquanto Harry se levantada devagar. “Foi só...”
“Vocês os dois vão parar agora!” Ginny gritou enquanto tirava a varinha. “Petrificus Totalus!”
Instantaneamente, os dois ficaram paralisados, com os corpos rígidos. Depois, para surpresa de Ginny, os dois caíram para o chão. Se não fosse por aquela situação, Ginny teria achado engraçado.
“Vocês têm de parar de agir como crianças!” Ginny murmurou ao andar até eles. Depois ao se ajoelhar perto de Harry, ela abanou a varinha e murmurou: ”Finite incantatum.” Harry começou a pestanejar instantaneamente.
“Ginny?”
“Vai embora, Harry, por favor.” Ginny disse, juntando os óculos partidos do chão. Harry sentou-se devagar e virou-se furiosamente para o paralisado Draco ao seu lado. “Oculus Reparo.” Ela murmurou, tocando com a varinha nos óculos.
“Porra Ginny!” Harry berrou de repente levantando-se. “Por que raios fizeste isso?!”
“Vocês estavam a brigar!” Ginny berrou de volta, levantando-se também.
“Porra, claro que estávamos!” Ele respondeu. “Antes de tu interromperes! Tu achas que eu ia desistir assim facilmente? Eu não te ia entregar aquele sonserino de merda! Aquele miserável, gay, filho de uma...! Eu posso ter feitio calmo comparado com Ron, mas isto... Quando se trata disto, quando se trata de ti...” De repente, ele parou. Olhou à sua volta e ficou surpreendido ao ver que estava a fazer uma cena bonita, abanando os braços e andando de trás para a frente, furiosamente. Ele olhou para baixo só para ver Ginny cair bruscamente para o chão de novo, a sua face mostrando-se miserável. A cara de Harry suavizou-se. Olhando para a expressão triste de Ginny, Harry sentiu imediatamente uma vontade de se bater por ter sido tão insensível. “Ginny, eu peço tantas, tantas desculpas por isto.” Ele disse, abanando a cabeça, ajoelhando-se ao seu lado. “Eu estraguei a tua... festa de noivado... Desculpa-me, eu não queria... Bem, na verdade eu queria bater no Malfoy, mas estragar a tua...”
“Harry.” Ginny interrompeu suave mas mesmo assim miseravelmente. “Eu sei que não era essa a tua intenção.” Ela entregou-lhe os óculos reparados e suspirou. “Vai embora, está bem? Por favor.”
“Diz-me só uma coisa primeiro.” Ele pediu.
“O quê?”
“Há algum feitiço?”
Ginny abanou a cabeça. “Olha, Harry, mesmo que tu me dês a tomar Veritaserum, eu continuava a te dizer a mesma coisa: não, não há feitiço nem maldição.” Ela disse exasperada. “Tu não precisas fazer isto, sabes.”
“Eu estou zangado e ciumento e admito que agi sem pensar.” Harry disse, olhando com desgosto para a forma paralisada de Draco. “Mas então...”
“Harry, eu vou casar daqui a uma semana.” Ginny disse.
Surpreendentemente, ela não conseguia aguentar ouvir qualquer coisa má sobre Draco, especialmente vindo de Harry. Ela já tinha admitido que apesar de não amar Draco, também não o odiava. Mas também, ele não conseguia magoar o Harry daquela maneira. Apesar de já se ter fartado desta festa de noivado, não queria aumentar a dor dele fazendo-o ficar. “Oh meu Deus! Estou tão conf
usa! Por que é que é tudo tão confuso?”
Harry olhou para ela primeiro, incerto sobre o que dizer. Depois percebendo finalmente que não podia fazer nem dizer nada, ele acenou e colocou os óculos. “Eu entendo.” Ele disse ao tirar a varinha, a sua voz tornando-se surpreendentemente fria. “Desculpas-me?”
“Sim, eu desculpo-te.” Ginny respondeu, sentindo-se cada vez mais culpada. De alguma maneira, ouvindo a sua voz fê-la sentir que não era a última vez que o veria. “Tu não sabes nada... Apenas vai, por favor.”
“Obrigado.” Harry respondeu. Ele olhou uma ultima vez, e depois, com um único abanar da varinha, desapareceu deixando Ginny sozinha com a forma paralisada de Draco. Depois abanando a cabeça, ela apontou a varinha e murmurou “Finite Incantatum.” Instantaneamente, os olhos de Draco começaram a se mexer. Ginny sorriu levemente quando os olhos dele pousaram na sua face.
Por um momento, Draco sorriu de volta, com os olhos ainda embaciados. O que fazia um anjo ali? E porque estava ele vestido de bege e não branco? Mas então, os seus olhos focaram-se. “Isso foi uma estúpida coisa a se fazer.” Draco disse sentando-se, com as vestes engelhadas e estragadas. Ele praguejou em voz alta quando viu que Harry se tinha ido embora.
“Oh, a sério?” Ginny perguntou ao tirar o seu lenço. Limpou levemente os lábios de Draco que sangravam. “O que foi mais estúpido? Discutir ou impedir que discutissem?”
“Onde está o Potter?” Ele ordenou.
“Eu pedi que ele se fosse embora antes que tu começasses outra briga.”
Como resposta, Draco resmungou de dor. Ginny deu uma pancadinha no lábio. “Isto vai ficar numa linda cicatriz mais tarde, sabias?” Ela disse.
“A não ser que tu faças qualquer coisa com a tua varinha.” Draco disse sarcasticamente.
Com aquilo, os olhos de Ginny estreitaram-se. “Porque deveria?” Ela perguntou desagradavelmente. “Eu vi-te beijar Blaise Zabini.”
Draco olhou para ela como se ela fosse louca. Aquela não era a altura para aquilo, a sério! Mas mesmo assim, a sua boca torceu-se num sorriso divertido, mesmo doendo um pouco. “Correcção: ELA beijou-me, eu afastei-me.”
“Bem, isso não desmente o facto de que tiveram contacto labial.” Ginny insistiu.
“Estás com ciúmes?” Draco perguntou divertido.
“Não.” Ginny disse rapidamente, franzindo as sobrancelhas. “Eu só acho que tu vais ter de privar-te de namoriscar outras mulheres até ao nosso divórcio. O que iriam dizer os meus pais e toda a gente se te vissem curtir com outras mulheres quando és meu noivo?”
Sim, outras mulheres... Draco não podia ser visto com outras mulheres sem ser ela, certo? E há pouco, com Blaise... Depois ela franziu as sobrancelhas. “E então se ele estiver?” Ela pensou maldosamente para si mesma. “Ele pode namoriscar com todas as mulheres que eu não me importo!” Mas então, por que é que ela tinha se sentido... Ela suspirou ao se lembrar das diferentes reacções das outras mulheres quando o viram, ate mesmo as suas amigas grifinórias. Ela tinha há muito descoberto e aceite que Draco era um homem muito bonito e atraente mas a sua beleza não acabava ali. Ele tinha uma personalidade complexa que atraía as mulheres. Havia qualquer coisa tão má sobre ele... uma coisa boa-má que as mulheres achavam irresistível. Mau! Tudo sobre Draco era mau e irresistivelmente misterioso... ele era uma tentação ambulante. Era como um fruto proibido. Quanto mais proibido, mais delicioso se tornava. As mulheres perseguiam-no em bando porque elas queriam conhecer o verdadeiro Draco, que ele guardava lá no fundo de si mesmo.
“E tu estas com ciúmes.” Draco continuou, a urgência em irritá-la e provocá-la aumentado ao se lembrar da mudança repentina do testamento de Vladimir.
“Eu não estou com ciúmes!”
“E estás zangada.”
“Eu não estou zangada!” Ginny gritou.
“Sim, tu estás.”
“Não, não estou!”
Draco levantou as sobrancelhas. “A sério?”
“Tu estás a provocar-me, não é?” Ginny perguntou sorrindo indolente e arrogantemente. “Bem, eu beijei o Harry.”
Aquilo calou Draco. Ele olhou-a e por alguma razão, outra onda de raiva e ódio começou a se apoderar dele. Apeteceu-lhe bater em alguém de novo, particularmente no Potter. “Bem, parece que estamos quites.” Ele disse com calma forçada.
“Acho que sim.” Ela respondeu levantando-se finalmente. Draco também se levantou. “Mas não te preocupes, eu não tenciono sair do acordo.”
“Claro que não.” Draco disse enquanto Ginny abanava a varinha à frente da sua face. Ele fechou os olhos ao sentir a dor desaparecer finalmente. “Especialmente agora que o meu avô decidiu dar-te metade da fortuna.”
Com aquilo, o queixo de Ginny caiu. “O quê?” Ela exclamou. “O que queres dizer?”
“Quero dizer que vais ganhar 201 milhões de galeões.” Draco disse. “Enquanto que eu ganho... bem, 61 milhões. Claro que ele não sabe que vais ganhar 69 milhões à parte.” Ele continuou. Depois sorriu arrogantemente. “Então eu vou te ver de certeza no dia do nosso casamento, Virgínia.” E sem esperar pela sua resposta, ele virou-se e andou até ao salão de baile, deixando-a completamente estupefacta.
Fim do Capítulo Oito
Próximo Capítulo: A serpente e a Rosa
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