Cerveja de Manteiga e Olhos Vi

Cerveja de Manteiga e Olhos Vi



N/A: Este capítulo é maior que os outros e eu não deixo de sentir que escrevi 35 páginas de porcaria… espero que não sintam o mesmo que eu!

N/T: E que eternidade, pessoas! Este capítulo é para todos vocês ainda fieis ao Harry Potter, e ao nosso Draco e Ginny… Estão aqui mais de 15 mil palavras da Noiva, para quem ainda acompanha. Divirtam-se! E ah, só mais uma coisa, o capítulo não foi betado, então um pouco de paciência… Obrigada!


A Noiva da Serpente

Capítulo Onze

Cerveja de Manteiga e Olhos Violeta



O homem mostrou um sorriso largo muito misterioso. Virou-se para a mulher, os seus olhos tornaram-se frios.

“Desculpa,” a mulher disse com uma voz igualmente fria. “Eu sei que não deveria ter feito aquilo. Eu sei que não era a altura certa.”

Silêncio.

Então, ela sorriu ao olhar o homem com irritação. “Sabes que mais,” ela disse de súbito. “Eu retiro o que disse! Eu não estou arrependida pelo que fiz com a carruagem! Eu só estou com pena ela não ter morrido logo ali!”

Com aquilo, foi a vez de o homem sorrir. “Eu sei,” ele disse simplesmente.

“Tu sabes o quê?” a mulher perguntou impaciente.

“Mudança de planos,” ele respondeu com a voz baixa e áspera.

Ela sorriu mostrando os dentes brancos e perfeitos. “Queres dizer que…”

“Chegou a altura certa…”

“Agora?”

Ele virou-se para ela sem perder o mesmo sorriso frio. Acenou com a cabeça. “Agora.”


********

Ginny sorriu ao sentir o calor incomum contra si naquela manhã de Inverno. Rebolou na cama e puxou os cobertores para cobrir o seu corpo nu e frio. Soltou um risinho e puxou de novo os cobertores, apertando à sua volta com mais força. Quando ninguém puxou de volta, ela sorriu satisfeita. “Ainda bem, estou sozinha.” Normalmente, quando Draco decidia ficar na preguiça com ela de manhã, ele puxava sempre os cobertores todos para si. Claro que ela puxava de volta, o que dava resultado a uma briga pelos cobertores e que no fim levava a uma apaixonante sessão de amor. Os olhos de Ginny abriram-se só para ver uma única rosa vermelha em cima da almofada de Draco. Levantou-se e puxou o lençol até ao peito, segurando-o debaixo dos braços. Segurou na rosa e sorriu.

“Ele nunca se esquece,” ela pensou ao cheirar a fragrância da rosa. “Sempre que eu acordo sozinha.” O gesto simples tocava-a profundamente. Talvez a rosa fosse para lembrá-la que era esposa de Draco, aquela mulher para quem ele voltava para casa, a mesma mulher com quem ele fazia amor todas as noites. Talvez a rosa fosse uma maneira de lhe mostrar que ela não era apenas uma das suas conquistas, aquelas mulheres com quem ele ‘fazia’ de noite, deixando de manhã, para nunca mais voltar… Mais um risinho bobo apareceu nos lábios de Ginny.

“Que sentimento é este?” ela encontrou-se a duvidar. Sentia-se feliz e assustada ao mesmo tempo. Sempre que estava com ele, sentia-se relutante mas consentia, excitada mas também tímida. De facto, era tudo difícil de explicar, de entender. “Talvez fosse tudo feio para não ser entendido.” ela ouviu o seu coração dizer. Suspirou com satisfação ao se lembrar da actividade ‘interessante’ da noite anterior.

Desde a primeira vez que Ginny não se fartava dele. E ela tinha a certeza que Draco sentia o mesmo. Duma vez por todas, Ginny tinha parado se usar o seu quarto na ala este e Draco também na desejava deixa-la sozinha à noite. Em segundo lugar, o desejo apaixonante deles aumentara tanto que eles tinham de fazer amor sempre que estavam sozinhos, em todas as oportunidades que tinham. No seu escritório, na casa de banho, muitas vezes no seu quarto. Mas mesmo com tudo aquilo, Ginny ainda se sentia um pouco ansiosa.

Apesar de eles terem parado com o conflito irónico e sem lógica entre eles, ela não se conseguia impedir de se questionar por que é que todas as manhãs ficavam ali lado a lado, sem dizer nada, como se nada de especial tive acontecido na noite anterior. Se eles conversassem, seria sobre coisas fúteis, como o tempo ou notícias e era sempre civilizado. Depois ele saía para algum compromisso que ela nem sabia o que era, deixando-a sozinha todo o dia. Mas à noite, quando ele chegava a casa para ela... Abanou a cabeça. À noite, dentro das quatro paredes daquele quarto, tudo era diferente... Tudo era quente, carinhoso. À noite, nenhuma palavra era precisa, apenas acções. Tinha descoberto recentemente que o Draco era uma pessoa muito carinhosa. Ela adorava a maneira como ele a tocava. Devagar no inicio, depois ousado... os seus lábios beijavam-na por todo o lado... Com aquilo, a sua face ficou vermelha de repente.

“Ja chega!” Ginny disse em voz alta, saindo da cama levando a rosa consigo. “Nada de pensar mais no Draco!” Ela vestiu o robe. “Deus sabe que estou a ficar maluca só pensando nele,” ela murmurou ao ir para a casa de banho apressada, levando as mãos à face para arrefecer a sua cara quente. Momentos depois, apareceu já toda vestida. Sentou-se em frente ao espelho, colocou a rosa numa das gavetas e começou a escovar o cabelo, enquanto cantarolava uma canção de Natal. Então, parou de repente. Natal! Amanha já era Natal! “Eu ainda não tenho nada para ele!” Abanou a cabeça de novo.

“Hammilton!” Chamou em voz alta de repente.

Quase de imediato, o mordomo fantasma de Draco flutuou vindo da parede. “Chamou, minha Senhora?” ele perguntou, levitando atrás dela.

“Er… sim,” Ginny disse franzindo as sobrancelhas. Até agora, ainda não estava habituada a ser tratada assim, quanto mais sentar-se em frente ao mordomo fantasma que esperava desejosamente pelas suas ordens. Com o fantasma ali parado à espera, ela clareou a garganta. “OK, eu não tenho a certeza como dizer isto mas,” fez uma pausa, e virou-se para ele, “tem alguma ideia dum… presente para Draco, isto é, para o Natal?” Ela acabou a frase estranhamente.

Com aquilo, o fantasma olhou para ela como se lhe tivesse crescido três cabeças. Ginny franziu as sobrancelhas. Talvez Hammilton não estivesse habituado a que lhe pedissem a sua opinião. Depois dum momento, ele decidiu falar. “Posso sugerir que a Senhorita dê ao jovem Malfoy um livro ou um quadro?”

“Oh, mas ele já tem dúzias de livros e quadros.” Ginny disse rolando os olhos. “Não há mais nada que ele fosse gostar?” ela perguntou.

“Bem, pelo que eu vejo, o jovem Mestre gosta muito de livros. Livros trouxas inclusive.” Respondeu Hammilton. Surpreendentemente, a sua voz tinha uma melodia incomum, diferente do habitual som sem emoção.

Ginny olhou-o com seriedade, pensando. “Sabes isso surpreendeu-me,” ela disse. “Eu sempre pensei que os Malfoys odiassem tudo o que tinha a ver com os trouxas.”

“Ah, isso eh verdade,” Hammilton disse na sua voz lamentável. “O Mestre Lucius não gostava muito das coisas trouxas assim como o jovem Draco. Todavia, o Mestre Draco sempre achou a arte trouxa interessante.”

“O pai dele sabia desse interesse?” Ginny perguntou.

“Não, minha Senhora.” O fantasma respondeu. “O jovem Mestre sabia que seu pai não iria aprovar. Assim, encontrava-o muitas vezes a ler literatura trouxa às escondidas.”

Ginny acenou pensativamente. Então era por isso que Draco tinha aquele quarto secreto. Afinal, que tipo de homem era Lucius Malfoy, perguntou ela a si mesma com desagrado. Agora começava a entender que tipo de infância tinha Draco vivido. O pensamento chegou bem lá no fundo do seu coração, o desejo de chegar ate ele se tornando mais forte. Depois, sorriu. Já sabia o que lhe oferecer. “Obrigada, Hammilton!” disse alegremente, virando-se para o espelho.

O fantasma acenou. “Mais alguma coisa, Senhorita?” ele perguntou formalmente.

“Não, é tudo.” Ginny disse.

“Muito bem.” Hammilton disse antes de se afastar a flutuar. Uma vez sozinha, Ginny amarrou o cabelo num rabo-de-cavalo e dirigiu-se para a porta. Estava para abri-la quando um suave miau se fez ouvir. Olhou para o chão só para encontrar o seu gato olhando-a de volta com aqueles olhos azuis. Sorrindo, Ginny baixou-se e levantou-o.

“Olá, querido. Onde estavas?” Perguntou, afagando-lhe o pêlo. Levou-o contra o peito, saboreando o seu calor. Por sua vez, o gato ronronou satisfeito. “Queres vir comigo tomar o café da manhã?” ela perguntou. Quando o gato miou satisfeito, Ginny riu-se e abriu a porta.

Levando o gato consigo, andou silenciosamente até à sala de jantar, observando as alegres decorações de Natal. Olhou ao redor quando parou pela principal sala de estar. Sorriu e prendeu a respiração quando viu a maior e mais bonita árvore de Natal de sempre, rodeada por montinhos e mais montinhos de presentes. Na lareira estavam penduradas meias cheias de doces e chocolates. Honestamente, ela nunca tinha esperado ver os Malfoys assim ligados com aquela época festiva. Continuou a andar e depressa chegou à sala de jantar, vendo a sua sogra sentada sozinha, lendo o Profeta Diário.

Ao sentir outra presença na sala, Narcisa levantou o olhar da leitura e sorriu. “Bom dia, querida,” ela cumprimentou.

“Bom dia,” Ginny respondeu. Ao sentir o gato se esforçando por se libertar, ela baixou-se e deixou-o ir. O gato correu rapidamente para longe dela. “Está aqui sozinha, Narcisa? Onde está o Avô?” ela perguntou, endireitando-se.

“Bem, o Field disse-me que o Pai ia chegar um pouco tarde,” Narcisa respondeu enquanto Ginny ia até à mesa. Sentou-se ao lado de Narcisa e colocou o guardanapo no seu colo. Momentos depois, três criados entraram carregando bandejas e chávenas de café. Quando a comida fora posta na mesa, virou-se para Narcisa, vendo-a colocar o Profeta Diário de lado. Clareou a garganta.

“Ele não esta se sentindo doente, pois não?” Perguntou preocupada, lembrando-se do que Draco tinha dito sobre Vladimir estar a morrer. Olhou directamente para Narcisa e esperou ansiosa.

“Não, eu acho que não,” a mulher mais velha disse ao abanar a cabeça. “O Pai tem estes problemas com manhãs,” ela continuou ao pegar no garfo e na faca e começou a cortar a panqueca. “De certeza que sabes qual a natureza do Pai, correcto?” Olhou para Ginny com segundas intenções antes de dar uma dentada na sua comida.

“Sim,” Ginny disse pensativamente. Mas então sentiu-se insegura. Ginny tinha notado recentemente que Vladimir estava a se retirar do serão mais cedo do que o normal. Normalmente, o seu horário seria passado da meia-noite ou depois, mas agora parecia que ele ficava ensonado já por volta das dez ou onze da noite. Também tinha reparado que ele se queixava mais de estar a se sentir tão cansado. Às vezes até se queixava de tonturas. Estaria Draco certo? Estaria Vladimir mesmo a morrer? E Narcisa? Ela saberia?

“Parece que o Draco saiu cedo de novo,” Narcisa disse depois dum momento.

Ginny murmurou um suave sim enquanto colocava doce nas suas panquecas fofas.

“Eu tenho de te perguntar, querida,” Narcisa continuou. “Para onde vai ele a esta hora da manha?”

Com aquilo, Ginny parou. Olhou para Narcisa sá para encontrar a mulher mais velha olhando-a com curiosidade e na expectativa. Claro, Narcisa esperava que ela soubesse! Ela era sua esposa! Com aquilo, embaraço choveu nela por completo. Então por onde andava Draco afinal? O que era suposto ela responder? O que iria Narcisa pensar dela se ela lhe dissesse que não sabia? Engoliu em seco. “Bem... Draco... er...” fez uma pausa para pensar no que dizer.

“Sim...” Narcisa incitou.

Ginny praguejou mentalmente. Oh, ele iria pagar por tudo mais tarde!, prometeu a si mesma sombriamente. “Draco está resolvendo… er... alguns negócios,” acabou de maneira pouco convincente. Depois, forçou um sorriso. “Sabe, alguns negócios, como reuniões no Ministério, em Gringgotts...” disse usando a sua voz mais convincente.

Narcisa suspirou, aceitando a resposta vaga. “Bem, homens. Eles são todos iguais,” disse cansada, voltando ao seu café da manhã. Depois, mastigando devagar, levantou o olhar. “Mas Ginny, querida, diga ao Draco para não trabalhar demasiado, esta bem?” ela pediu depois de engolir a sua comida. “Eu sinto muito a sua falta no café da manha. Ainda bem que tu e o teu Avô estão acostumados a tomá-lo.”

Ginny sorriu. “Eu tomo sempre o café da manhã, Mãe,” ela respondeu.

Então, continuaram a refeição em silêncio, com Narcisa acabando o seu café e Ginny terminando a sua primeira panqueca. Estava para se servir de novo quando passadas altas e pesadas se fizeram ouvir no hall de entrada. Levantou o olhar para ver Vladimir entrando na sala de jantar. Imediatamente, sorriu aliviada. Depois, o seu sorriso murchou ao ver uma criatura redonda e de cor creme de ovos e leite nos braços dele. Quando uma língua rosa deslizou pela mesa, os olhos de Narcisa quase lhe saltaram da cara.

“Sabem,” Ginny começou quando Vladimir se sentou no seu lugar habitual na cabeceira da mesa, dando uma palmada na língua da criatura. Assim, a língua deslizou para dentro da boca sem tocar nas torradas de Narcisa, abafando um choro suave de dor. “Eu ia dizer ‘bom dia’ mas tenho de perguntar...” ela fez uma pausa e olhou o corpo redondo da criatura. “Por que é que tem um Puffstkein consigo?” ela perguntou olhando para o homem mais velho e apontando para o Puffstkein na dúvida.

Vladimir deu uma gargalhada sentida. “Chandler deu-me este pequenote como prenda de Natal antecipada!” ele exclamou alegremente ao dar no Puffstkein uma última palmada antes de colocá-lo no chão. Os olhos prateados de Narcisa observavam a cena com desagrado. “Bom homem, o Chandler, nunca se esquece de me dar um presente! Eu sempre quis um sabem, além de ter a colecção completa de Buffy, a caçadora de vampiros, claro,” ele continuou. Ginny começou a rir ao reparar no tom insinuador da voz do senhor.

Ela abanou a cabeça. “Peco desculpa mas já comprei o seu presente de Natal,” ela disse enquanto barrava o seu pão de manteiga. Aquilo era esquisito, ela pensou. Tinha descoberto recentemente que aquelas colecções trouxas, em particular a Buffy, a caçadora de vampiros, constava na colecção de livros do Vladimir.

“Mais maluco é impossível.” ela encontrou-se a pensar. “Eu não ficaria surpresa se encontrasse romances trouxas também.” O pensamento fê-la sorrir divertida. “Agora, mundo,” disse para si mesma, “isto é um exemplo concreto dum meio-vampiro rico, divertido e excêntrico. Observem bem!”

“Oh, que pena!” Vladimir disse calmamente ao comer o seu pequeno-almoco. “O último volume que li estava cheio de suspense!”

“Bem, pode sempre ir à Floreios e Borrões,” Narcisa disse delicadamente.

“Maldita livraria!” Vladimir exclamou. As duas mulheres olharam-no na dúvida, obviamente já habituadas às suas explosões. “Demora uma eternidade para terem o próximo volume à venda!”

“Bem, isso é porque a Buffy, a caçadora de vampiros pertence à comunidade trouxa,” Ginny explicou pacientemente. “Se quiser, pode ir a uma livraria trouxa e comprar tudo o que tiver sobre a Buffy lá,” ela sugeriu.

“O quê? E pregar um susto de morte aos trouxas?” ele disse com desagrado. “Aquelas pessoas são bem estranhas,” ele continuou, mexendo o seu café enquanto abanava a cabeça com pena. “Eu lembro-me duma vez, fui a uma livraria trouxa e as pessoas lá olharam-me fixamente como se eu fosse um... uma minhoca..! Criaturas estúpidas! Apesar de eu não ter nada contra a sua ingenuidade tecnológica.” Ele conversou enquanto se ocupava do seu café da manhã.

“Oh, não podia concordar mais consigo!” Ginny disse em total concordância. “Trouxas são pessoas interessantes. O seu desenvolvimento tecnológico é muito rápido, para satisfazer as suas necessidades,” ela concluiu lembrando-se das muitas vezes que tinha interagido com eles.

Narcisa acenou. “Oh, muito verdade, de facto,” ela disse ao limpar a boca. “Eu ainda me pergunto como sobrevivem aquelas pessoas sem magia. Sem corujas, varinhas nem livros de feitiços eu não sei o que faria! Muito provavelmente não sobrevivia de todo!” ela exclamou.

Ginny acenou ao pôr açucar e natas no seu café. Vladimir, por sua vez, grunhiu e murmurou a sua concordância. Ela ia beber o seu café quando a voz alta de Vladimir ecoou.

“Sim, falando de trouxas, Virgínia,” Vladimir falou de repente. Ginny virou imediatamente a sua atenção para ele, esquecendo por completo o seu café. “Eu tenho de conversar um dia destes com o teu pai. Sempre estive interessado na maneira estranha e bizarra deles viverem. O teu pai é um especialista em estudo de trouxas, não é?”

“Oh sim. Sim, o meu pai é muito conhecedor das coisas dos trouxas, se é isso que quer dizer,” ela respondeu, pousando a sua chávena. “O que me lembra, hoje é o seu dia de sorte. Acabei de receber uma coruja da minha mãe nos convidando a todos para a ceia de Natal na Toca e...”

“Ah, excelente, excelente,” Vladimir disse vigorosamente, acenando e esfregando as mãos. “Claro que todos vamos. O que disse o teu marido?”

Ginny pestanejou ah menção de Draco. “Oh, er… ele disse… que não estava contra desde que a sua mãe,” ela fez uma pausa e virou-se para Narcisa, “não tenha nada de especial planeado para aquela noite,” terminou por fim.

Por sua vez, Vladimir olhou também na expectativa para Narcisa.

As sobrancelhas de Narcisa arquearam-se de imediato. “Oh, eu... eu não tenho nada de especial planeado, de facto,” ela respondeu. Depois, juntou as mãos. “Oh, isso seria tão agradável! Vou já mandar uma coruja à Molly para lhe dizer que iremos todos,” acrescentou. Depois, sorriu melancolicamente. Este seria o primeiro Natal sem Lucius. O pensamento fê-la satisfeita. Antes o Natal não era nada assim.

Anteriormente, Narcisa não podia decorar a mansão ou até pôr uma árvore de Natal, nada que tivesse a ver com a época festiva. Até dar e receber presentes era inexistente. Lucius nunca lhe tinha dado nada senão poder gastar dinheiro e a Draco ele dava apenas ‘necessidades’. A vassoura, livros raros sobre Magia Negra, uma espada. Que espécie de pai dava ao filho aquelas coisas no Natal?

“Meu pobre Draco,” ela pensou ao ver a face sorridente de Ginny. Ao contrario de Ginny, Draco tinha sido arrancado da sua infância que tão bem merecia, como todas as outras crianças. À idade muito nova dos dois anos, Draco tinha sido ensinado em não acreditar no Pai Natal ou em qualquer outra fantasia infantil. Como resultado, Draco tinha crescido sem nenhum osso sonhador no seu corpo. Isso tornou-o frio, muitas vezes cruel, tal como Lucius tinha querido. Por isso, Narcisa esperava que Ginny conseguisse tirá-lo da miséria que o pai lhe tinha trazido.

“E tu, minha querida,” Vladimir disse de repente enquanto Ginny, mais uma vez sem sucesso, levantava o seu copo de café à boca, “o que vais fazer hoje?” ele perguntou.

“Bem, vou sair para comprar alguma coisa para o Draco,” Ginny respondeu. Depois, riu maliciosamente. “Eu ainda não lhe comprei nada. Não lhe digam, está bem?” Estava para levar a caneca à boca finalmente para beber o café quente, quando de repente uma língua lhe tocou nos dedos. Dando um grito assustado, Ginny levantou-se abruptamente e deixou a chávena de café cair no chão. Partiu-se em cinco pedaços, o café respingou para todo o lado, no seu vestido, na toalha branca. O Puffskein, por sua vez, olhou-os com culpa. Mas o olhar de culpa desapareceu de imediato ao cheirar o aroma delicioso de café. A sua língua apareceu de novo, lambendo o café derramado no chão.

“Mau Puffy!” Vladimir exclamou inclinando-se e dando uma palmada no puffskein, que estava demasiado ocupado para prestar atenção. “Mau, mau Puffy!”

“Deu o nome de Puffy ao seu Puffskein?” Ginny perguntou, tendo ainda a coragem de soar sarcástica. Riu-se divertida. “Podia chamá-lo de Buffy! Porquê mudar o B para P?”

“Oh, a coisa de Puffy só saíu dos meus lábios por impulso,” Vladimir disse, rindo-se. “Desculpa pelo teu café, querida, foi só que...”

“Nada de desculpas,” disse Narcisa de repente, com os olhos esbugalhados.

Ginny e Vladimir viraram-se para ela só para a ver olhando o chão, com os olhos ainda esbugalhados. Então, os dois viraram a sua atenção para o puffskein que sufocava. Narcisa choramingou de repente com surpresa e desagrado ao ver a boca de Puffy com espuma. Imediatamente, Ginny dobrou-se sendo seguida por Vladimir.

“O que... o que...” Ginny gaguejou ao ver o puffskein rebolar vivamente, com a boca espumando uma substancia branca e cremosa. Segundos depois, parou. Estava morto.

Vladimir afastou de imediato o Puffskein. Olhando para a piscina de café, Vladimir tocou de leve com o dedo. Levou o dedo ao nariz sinistramente, cheirando de leve. Ginny olhou para ele com as sobrancelhas erguidas em confusão, enquanto Narcisa foi chamar os criados para limpar a sujidade. Então ele praguejou em voz alta. Narcisa parou de repente.

“O quê?” Ginny perguntou quando Vladimir se levantou. Levantou-se também. “O quê? O que aconteceu?” ela ordenou.

Vladimir virou-se para ela, a sua face com uma expressão grave. “Veneno,” foi tudo o que ele disse antes de andar para frente e para trás na sala.

“Veneno?” Ginny e Narcisa perguntaram ao mesmo tempo.

“O que quer dizer, Avô?” Ginny perguntou.

Vladimir parou e virou-se para ela. “O teu café tinha veneno.” Vladimir respondeu com calma.

Com aquilo, o queixo de Ginny caíu com o choque, incapaz de dizer alguma coisa. Ao reparar no silêncio surpreso dela, Vladimir olhou para longe. Primeiro tinha sido a carruagem, depois o café... respirou fundo, os seus olhos pestanejavam depressa. Parece que Virgínia anda a ter demasiados ‘acidentes’ ultimamente. Ele pensou, as suas suspeitas aumentando.

Saindo do seu transe, Ginny baixou-se para examinar o café derramado, cheirando ligeiramente. “Casca de ovo de Runespoor, sangue de raízes venenosas de heras,” o seu cérebro reconheceu os diferentes cheiros picantes. “Poção Xiphias!” O seu cérebro gritou depois. Então levantou-se mortificada. Olhou horrorizada o Puffskein morto no chão. Se não fosse o Puffy, ela estaria morta agora! Quem queria que ela bebesse aquela forte poção usada por feiticeiros ilegais para tranquilizar perigosas bestas marinhas? Vladimir estava certo. Era veneno. Era veneno para os humanos e as criaturas domésticas. Mas então, o pensamento de alguém servir poção Xiphias INTENCIONALMENTE era bastante absurdo! Talvez tudo fosse um acidente. Talvez tudo fosse assim simples.

“O que foi?” Narcisa perguntou ansiosa. Quando ela viu a expressão pensativa de Vladimir e de Ginny, ela gemeu. “Oh, hoje não. É Natal.”

“Casca de ovo de Runespoor, sangue de serpente marinha e pedaços de raízes venenosas de heras,” Ginny narrou ao encarar Vladimir. “Xiphias,” ele concluiu por fim.

“Muito provável,” Vladimir disse, acenando pensativo. Quem ia querer Virgínia morta?

Ginny virou-se, demasiado preocupada com os seus próprios pensamentos. Quem planeara tal poção? “Se eu me lembro correctamente, casca de ovo de Runespoor e sangue de serpente só podem ser comprados na rua Knockturn-Al,” Ginny continuava a pensar para si mesma. Sim, estava certa. Ainda se lembrava da voz de Snape dentro da sua cabeça.

“Então e a Poção Xiphias? Weasley!”

“Rara, Professor, porque os ingredientes não estão à venda em boticárias normais. Mas a maioria dos ingredientes podem ser encontrados em lojas de feitiçaria negra como a rua Knockturn-Al.”

“E quais são os ingredientes?”

“Fígado de Runespoor, sangue de serpente marinha e pedaços de raízes venenosas de heras.”

“Menos dez pontos para os Griffindor! É casca de ovo de Runespoor e não fígado, para sua informação, Sra. Weasley. Juro que estas a ficar cada vez mais como a Granger e o Weasley. Uma doida sabe-tudo e um estúpido armado em esperto!”


“Não vais sair hoje, Virgínia.” Vladimir disse de repente quando dois criados entraram na sala de jantar para limpar aquela porcaria. “Sabe Deus o ‘acidente’ que pode acontecer e…”

“Mas avô!” Ginny exclamou.

“Não, Virgínia,” ele disse com firmeza. “Ouve-me, rapariga! Eu não sei o que aí anda agora. Nós não sabemos quem te quer matar e eu absolutamente…”

“Quem me quer matar?” Ginny respondeu sem conseguir acreditar. Abanou a cabeça ao andar para frente e para trás em frente ao homem mais velho.

“Isto é ridículo! Ninguém me quer matar avô! Foi só um acidente,” ela continuou, atirando as mãos ao ar. “Tudo o que sabemos…”

“Dois acidentes no mesmo mês?” Vladimir disse em voz alta. “Realmente, Virgínia…”

“Não podemos resolver isto o mais pacificamente possível?” Narcisa perguntou com suavidade ao sentir a tenção crescer. A descoberta do quão teimosa Ginny podia ser quando queria chocou-a. Mas aí, Vladimir era também bastante teimoso. Colocar os dois juntos, sairiam os dois ambos a perder. “O que está acontecendo? É véspera de Natal e são só coisas más!” Ela lamentou-se. Talvez estivesse enganada. Talvez este ano o Natal não fosse melhor que antes quanto Lucius era vivo.

“Não esta acontecendo nada, mãe,” Ginny disse com firmeza. Atirou um olhar com segundas intenções para Vladimir. “Foi só um acidente. Provavelmente um dos elfos domésticos… pôs sem intenção a poção no meu café. Muito provavelmente enganaram-se na poção de aquecer que eu pedi. Talvez nem fosse suposto colocar no meu café! Talvez…”

“Virgínia, se eu disser…”

“Avô, por favor,” Ginny pediu na sua voz suave e implorativa. “Oiça, eu vou apenas sair e comprar alguma coisa para o Draco. Não vou demorar, prometo.”

“Se lhe queres dar alguma coisa para o Natal vai e faz algo diferente na cama! Uma dança exótica ou assim!” Vladimir exclamou.

“Pai! Francamente!” Narcisa falou abruptamente, tapando a boca com a mãe, enquanto Ginny ficava corada num instante. Vladimir olhou para Ginny com segundo sentido.

Por um momento, Ginny pensou na lingerie vermelha que Hermione lhe tinha dado. Depois abanou a cabeça. Não, a última coisa que ela queria fazer era vestir algo como aquilo em frente do Draco. Virou-se para o homem mais velho e franziu as sobrancelhas com desaprovação mas mesmo assim corando; por sua vez os olhos de Narcisa estavam esbugalhados com o choque.

Vladimir ignorou a forma como as duas mulheres o olharam e clareou a garganta. “Eu apenas não consigo acreditar que te vais meter nesse sarilho todo por causa daquele rapaz! Comprar-lhe um presente de Natal! Por que é que não compraste mais cedo?” ele exclamou.

“Eu… eu esqueci,” Ginny disse pouco convincente. Bem, na verdade, ela tinha esquecido! E toda a vez que Draco estava por perto, não havia simplesmente tempo para pensar em prendas de Natal! Tudo o que era preciso para ela esquecer o assunto era apenas um beijo, depois um pedacinho mais e antes que ela reparasse era demasiado tarde para sair, o pensamento de comprar presentes já longe da sua mente! Virou-se para Vladimir, e usando o seu olhar mais implorativo e de cachorrinho abandonado que derretia até o coração mais frio disse: “Por favor?”

Vladimir franziu as sobrancelhas, sem ter certezas. Com aquilo, Ginny abanou a cabeça cansada.

“Eu vou ser rápida. Vou aparatar. Vou apenas sair, comprar alguma coisa e volto depois para casa. Não vou falar com estranhos ou… ou aceitar bebidas ou café de…”

“Eu não sei, Virgínia,” Vladimir disse, também abanando a cabeça. “Tenho um mau pressentimento,” ele pensou silenciosamente. “O que vai aquele garoto dizer quando voltar para casa para te encontrar ensanguentada ou pior, morta? Com o teu marido longe, nós somos responsáveis por…”

“Ele ficaria feliz?” o seu cérebro respondeu. Ginny suspirou e acenou com a cabeça. “Olhe, ele tem um nome e é Draco e eu agradeço que se preocupe assim tanto comigo,” ela disse com um sorriso fraco no rosto. “Mas eu prometo que vou ter cuidado,” acrescentou com o braço direito levantado.

Com aquilo, a expressão severa de Vladimir suavizou-se um pouco. Ele olhou-a por momentos antes de baixar a cabeça derrotado. “Pronto, vai,” ele concordou por fim. “És uma rapariga teimosa. Mas se acontecer alguma coisa, eu mato o canalha com as minhas próprias mãos e depois estrangulo o teu marido!”

Ela riu-se. “Obrigada!” Ginny disse alegremente ao tirar a varinha e passando-a em frente ao vestido. Quase de imediato, a mancha de café desapareceu. “Eu volto antes que se dê conta!”

“Vai antes que eu mude de ideias,” grunhiu Vladimir ao acenar a mão num sinal de dispensar. Virou-se rudemente.

Ginny soltou um risinho. Encarando a Narcisa que estava preocupada, sorriu. “Ele não é um querido?” perguntou jovialmente.

Apesar de tudo, Narcisa encontrou-se a sorrir. Ela não conseguia acreditar que Ginny tivesse coragem para rir naquela situação, em especial de Vladimir. De facto, ela era uma rapariga muito diferente. Perguntou a si mesma como lidaria o Draco com aquela mulher. As personalidades deles chocavam terrivelmente. “Tem apenas cuidado, querida,” foi tudo o que conseguiu dizer.

“Terei,” Ginny disse quando Fields lhe entregou o casaco. Ela vestiu-o rapidamente. “Até logo,” ela disse antes de pegar na varinha e desaparecer diante deles.

*********

“Acha que recebo hoje?” Ginny perguntou ao Sr. Archer mais tarde naquele dia. Tinha acabado de efectuar uma compra, ordenando tudo através de coruja. Para o presente de Draco tinha decidido comprar um conjunto de romances trouxa, isto é, os romances de Jostein Garder. Julgando pela personalidade de Draco, ela achou que romances sobre história e filosofia valiam absolutamente a pena ler. Além disso, aqueles eram os únicos romances que ela não tinha encontrado na colecção trouxa dele. Ela olhou para o livreiro sem certezas, mordendo o lábio inferior, de pé em frente ao balcão duma curiosa livraria que frequentava em Hogsmeade.

“Eu garanto, Sra. Malfoy, que vai receber tudo esta noite,” o vendedor explicou, mostrando um sorriso convincente. “Acabei de mandar uma coruja ao Albert informando a sua compra,” o Sr. Archer disse, olhando-a através dos seus óculos pequenos. “De momento ele está trabalhando numa livraria trouxa, garanto que vai receber tudo hoje.”

“Oh está bem,” Ginny disse finalmente convencida. Depois sorriu. “Muito obrigada, Sr. Archer,” ela agradeceu muito educada.

“É sempre um prazer, pequena Virgínia,” o senhor idoso disse afectuosamente. “Volte em breve!”

Ginny sorriu ao pegar na mala. “Acredito que voltarei,” respondeu amigavelmente. “Feliz Natal!”

O homem mais velho riu. “Bom Natal para si também!”

Com aquilo, Ginny sorriu uma última vez e virou-se para ir embora. Andou até à saída da loja quando de súbito alguém lhe chamou à atenção. Franzindo as sobrancelhas, parou e olhou à sua volta encontrando um par de olhos cor de violeta fixos nela por cima duma estante perto da saída da loja. O seu coração deu um salto repentino.

Quando os seus olhos castanhos cruzaram-se com os olhos violeta, a mulher apressou-se até à saída, com o casaco preto esvoaçando atrás. Abriu a porta com as duas mãos rapidamente e correu para fora da loja.

“Espere!” Ginny chamou e correu atrás da mulher. “Por favor espere!”

Mas a rapariga continuou a andar com vivacidade, como se fosse surda. Ginny deu o seu melhor para acompanhar a mulher em fuga, travando desesperadamente uma luta contra a multidão de compradores de presentes de última hora.

“Espere!” Ginny chamou em voz alta, sem ligar aos olhares curiosos das pessoas. “Bianca Fairfax!”

À menção daquele nome, a mulher parou finalmente. Virou-se para Ginny, a sua expressão era indecifrável.

Ginny andou até ela apressadamente com medo que a mulher mudasse de ideias e fugisse de novo, ou melhor, desaparatasse. Quando chegou perto por fim, bufando e arquejando ofegante, com as bochechas rosadas do exercício repentino, olhou para a mulher com confusão e choque. Estava inundada de perguntas. Seria aquela a Bianca Fairfax? Mas ela estava morta, certo? Ou teria apenas desaparecido? Mas que raios estaria a pensar? Perseguir um completo estranho… estava quase a pedir desculpas e ir embora quando a mulher sorriu sem humor.

“Vejo que já sabe.”

Ginny pestanejou de surpresa. “Sei o quê?” ela perguntou, pesando a questão. “És a Bianca Fairfax, certo?” Ginny perguntou depois de um momento, reparando no longo cabelo negro e nos olhos cor de violeta.

Em vez de responder, a mulher virou-se. Estava quase a se afastar, quando de repente parou. Virando-se para Ginny de novo, estreitou os olhos. “Quer saber quem sou?”

Com aquilo, a cabeça de Ginny debateu-se imenso sobre o que responder. Primeiro olhou-a pensativa. Mas a curiosidade ganhou e então Ginny acenou relutantemente, esquecendo por completo a promessa feita a Vladimir. “Três Vassouras, então?” Ginny perguntou; se iam conversar era melhor que fosse num lugar cheio de gente, certo?

“Muito bem,” a mulher disse, sinalizando para que ela a seguisse. Andaram em silêncio no meio da multidão barulhenta. Depois de alguns minutos andando, chegaram à entrada do famoso café. A mulher deixou Ginny entrar primeiro.

“Olá Ginny!” Madame Rosmerta cumprimentou de imediato ao vê-la ocupar a mesa do costume. Ginny sorriu ao ver a dona andar aos ziguezagues ate aquela meã. “O costume?” perguntou ao chegar ao pé de Ginny. Os olhos dela foram até à senhora ao pé em silêncio. Levantou as sobrancelhas interrogativamente para Ginny.

“Sim!” Ginny respondeu enquanto a mulher de cabelo preto se sentava à sua frente. “Cerveja de manteiga quente para um dia frio de Inverno. Então como estão as crianças?” ela acrescentou. Então Ginny olhou para a sua companhia, sorrindo. Ao ver a expressão cortante e desinteressada dela, Ginny decidiu não a apresentar de todo. Parecia que a Madame Rosmerta também tinha reparado no humor frio e antipático da mulher porque nem se importou em perguntar à Ginny sobre ela.

“Oh, eles estão bem!” Madame Rosmerta respondeu a rir, decidindo por fim ignorar a companhia estranha de Ginny. “Dana já tem quase quatro e o Pete tem dois anos! E ele aprendeu uma palavra nova hoje!” a dona d café exclamou orgulhosa.

Ginny sorriu. “Qual?”

“Oh, o habitual,” Madame Rosmerta disse, acenando com a mão delicadamente. “Dada.”

Com aquilo, Ginny deu umas gargalhadas enquanto a outra soltava um grunhido impaciente. Madame Rosmerta ficou séria.

“Como vai a vida de casada?” ela perguntou a Ginny depois de um momento.

“Oh, está tudo óptimo,” Ginny disse sem pensar. Depois o seu sorriso transformou-se num olhar sério ao reparar na expressão divertida que a outra mulher lhe lançou.

A Madame Rosmerta riu-se. “Então eu acho que não deve demorar muito até que anuncies à comunidade mágica a chegada dum novo membro?” ela perguntou com segundas intenções. Claro, ela estava a falar de filhos.

“Bem, não… sei,” Ginny gaguejou, forçando um sorriso. Desviou o olhar ao sentir o sangue subir à face. “Veremos.”

“Muito bem,” A senhora disse por fim. “Então é uma cerveja de manteiga e…” virou-se para a companhia de Ginny interrogativamente.

“O mesmo,” a mulher respondeu, sem olhar para cima.

Madame Rosmerta acenou com a cabeça. “Duas cervejas de manteiga quentes,” ela finalizou antes de se afastar.

Uma vez sozinhas, Ginny olhou para a senhora sentada à sua frente. Reparou na cor incomum dos olhos, o preto profundo do cabelo e as maçãs do rosto cremosas. Ginny não podia negar que aquela mulher possuía uma beleza rara e clássica, que ela tantas vezes vira nos seus livros de história. Ela tinha vestido um manto azul-escuro que servia perfeitamente para acentuar as suas curvas. Fazia também salientar ainda mais a cor violeta dos olhos, tornando-a misteriosa e intensa ao mesmo tempo.

“Ela é a versão do Draco em feminino.” o cérebro de Ginny falou sem querer. Uma inveja subtil apoderou-se sobre ela de imediato. Se aquela era a Bianca Fairfax, então não podia de certeza censurar o Draco por a querer!

Depois dum momento, Madame Rosmerta voltou com as cervejas de manteiga. “Aqui têm, senhoras,” disse servindo duas canecas com vapor da popular bebida. “Aproveitem!”

“Obrigada,” Ginny murmurou. A Madame Rosmerta acenou antes de se afastar.

Finalmente sozinhas, Ginny respirou fundo, inalando o cheiro suave da bebida à sua frente. Depois olhou a mulher sentada diante de si mais uma vez. “Quem és?” Ginny perguntou por fim.

A mulher virou-se para ela, rodeando a caneca com a mão. “Não te preocupes, não sou a Bianca,” ela respondeu indiferente. Parou para tomar um pequeno gole da sua cerveja de manteiga.

Ginny franziu as sobrancelhas com aquela resposta indireca. “Se não és a Bianca Fairfax então… então porquê… porquê…”

“Eu sou a sua gémea,” a mulher respondeu, pousando a caneca delicadamente. “Rebecca Fairfax.”

O queixo de Ginny caiu. Ela olhou-a incapaz de falar. Rebecca soltou uma gargalhada, mas continuando a observar Ginny de maneira penetrante. “Vá lá,” ela incentivou. “Pergunta.”

Com aquilo, Ginny fez um olhar sério e desafiador. “Porque achas que quero perguntar alguma coisa?” Ginny disse com uma voz com frieza.

Rebecca abanou a cabeça. “Eu consigo ver-te por dentro, Virgínia,” ela disse. Ginny susteve a respiração ao ouvir o seu nome sair dos lábios daquela mulher. Como é que ela a conhecia?

“Além disso, tu perseguiste-me rua abaixo, ainda te lembras?” ela acabou a frase, divertida.

Ginny deu o seu melhor para controlar o seu feitio. Mal conseguia acreditar naquela mulher! Falava tal e qual como o Draco! Tudo nela era tão semelhante ao Draco! Tinha o mesmo sorriso arrogante que a deixava sempre tão furiosa! Ginny respirou fundo calmamente. “Conta-me tudo,” disse por fim.

Os olhos de Rebecca estreitaram-se. “Porquê deveria?”

Rebecca olhou-a durante um longo momento. Ginny tentou o seu melhor para desviar o olhar mas não conseguiu por muito tempo não fixar os olhos naquele cor de violeta hipnotizante. Então, sentiu algo quente dentro da cabeça. E depois, depois veio dor. Uma dor excruciante. Fechou os olhos de imediato, levando as mãos às têmporas. Estremeceu quando a dor aumentou mais. Parecia que a sua cabeça estava a se partir ao meio, com duas mãos fantasmas a entrar na sua mente mais a fundo. Forçou os seus olhos a se abrirem, e sentiu a intensidade com que Rebecca a olhava, penetrando na sua alma. Então, da mesma maneira como tinha começado, tudo parou. A dor tinha desaparecido. O lábio de Ginny tremeu quando olhou para Rebecca.

“O que é que me fizeste?” Ginny perguntou ao estremecer. Sentiu as suas mãos ficando mais quente com a dor a se afastar. “O que é que tu és?”

Rebecca sorriu arrogantemente. “Eu só brinquei dentro da tua cabeça,” ela disse misteriosamente, ignorando a segunda pergunta. “Queres saber tudo, certo?”

Por um momento, Ginny interrogou-se porque teria aquela mulher parado de brincar com ela. Seria verdade? Teria visto ela alguma coisa de especial dentro da sua mente? Afinal, tinha sentido mesmo algo inexplicável penetrando dentro de si, não só da sua mente mas também da sua alma. Era como se ela fosse um livro e a estivessem a ler. E esse pensamento assustou-a um pouco. Se assim fosse, então que espécie de mulher seria aquela para possuir tamanha poderosa magia? Rebecca poderia facilmente tê-la levado à loucura! Ai porque não tinha ouvido Vladimir? Por sim, decidiu então olhá-la apenas em silencia, esperando mas com mais cautela.

Quando Rebecca percebeu que Ginny não iria proferir nada, clareou a garganta. “Draco era um amigo de infância,” ela disse finalmente, sentido uma repentina hostilidade no ar. “Nós tínhamos sete anos, Bianca e eu, quando o conhecemos.”

“Conhecemos?” Ginny perguntou franzindo as sobrancelhas.

Rebecca acenou. “O meu pai e o pai dele eram parceiros de negócios,” ela esclareceu. Fez uma pausa e bebeu um gole da sua cerveja de manteiga. Depois dum momento, falou de novo. “Como eles eram parceiros de negócios, os Malfoy eram convidados para jantar e festas com frequência…”

“Não estavam cientes que o Lucius era um Devorador da Morte? Que ele estava do lado do Voldemort?” Ginny perguntou espantada e horrorizada com o facto duma família de feiticeiros normais convidar um homem como Lucius para jantar.

“Os meus pais eram Devoradores da Morte,” Rebecca disse. Quando viu o olhar ainda mais horrorizado de Ginny, riu-se desdenhosamente.

“Isso responde às tuas perguntas?”

“Continua,” Ginny respondeu em vez, bastante chocada.

“Bem, os meus pais podem ter sido Devoradores da Morte, mas eu e a minha irmã fomos educadas sem ligar a nada disso,” ela continuou. “Apesar de ser claro para todos que Lucius estava a dar o seu melhor para educar o seu filho para a magia negra, mesmo assim Draco era só um menino.”

“Então…” Ginny incitou.

“Draco não levava nada a sério, sendo só uma criança naquela altura. Ele não estava ciente do que o esperava, como é óbvio. Não estava ciente do quão importante o seu futuro papel seria para o círculo do Voldemort,” Rebecca explicou. “Eu ainda me lembro, ele era um rapaz querido nessa altura. Nós costumávamos brincar o dia todo sem dar importância a nada. Aparentemente, Draco e Bianca tornaram-se mais chegados.”~

“Mas Lucius matou a tua gémea, certo?” Ginny perguntou. “Porquê?”

“Lucius matou-a porque a Bianca, com o seu espírito querido, estava a suavizar o Draco. Ele sabia que a minha gémea estava a se tornal nalguém especial para o seu filho. Nós não estávamos interessados em Artes das Trevas nem em Voldemort. Lucius tinha medo do que a nossa amizade com Draco pudesse fazer. Ele temia a nossa influência. Ele também não queria que o Draco tivesse nenhuma fraqueza, visto que isso podia ser usado contra ele. E se eles tivessem crescido juntos, era sem dúvida nenhuma que Bianca seria a sua fraqueza,” Rebecca disse, os seus olhos tinham escurecido. Ginny percebeu a fúria que ia na sua voz e isso fez o seu coração chegar até ela. “Infelizmente, a mente deturpada de Lucius viu aquilo como uma oportunidade para endireitar o Draco. Ele encorajou aquela amizade, tornando-os chegados como numa. Então quando a amizade se aprofundou, ele matou-a, em frente ao filho.”

Ginny prendeu a respiração com horror. Aquilo era terrível! “Lucius era o próprio diabo!” o seu cérebro sibilou. Fechou os olhos por momento ao relembrar a morte de Bianca na sua mente. Lucius era cruel e desumano. Tinha criado um trauma de infância ao Draco, um trauma que não seria facilmente esquecido. Ele tinha sido aquele que ensinara Draco a odiar! Ele tinha sido aquele que o ensinara a ser chocante e cruel! Ele tinha tornado Draco naquilo que ele é hoje! Ginny estava furiosa. Estaria Vladimir ciente daquilo? Ela desejou fortemente que aquele monstro fosse ainda vivo para o poder matar com as próprias mãos!

“Como soubeste isto tudo?” Ginny perguntou horrorizada. “Como soubeste dos planos dele?”

“Eu vi tudo isto nele,” a outra mulher respondeu curtamente. “Mas ninguém ligou. Afinal, eu só tinha oito anos.” Parou e respirou fundo. “Ele não matou apenas a minha irmã, mas sim a minha família toda. Eu acho que foi ordem de Voldemort, apesar de não fazer ideia porquê iria ele mandar Lucius acabar com a minha família!” Rebecca continuou amargamente. “Eu fui a única a sobreviver. Depois daquilo, as coisas nunca mais foram as mesmas.”

“Para onde foste depois?” Ginny perguntou de repente.

Os olhos de Rebecca estreitaram-se.

“Estamos a falar sobre o Draco, não sobre mim,” ela respondeu com severidade. “Nunca mais voltei a ver Draco de novo. Nunca tentei.”

Ao ouvir aquilo, Ginny teria acenado a concordar se os seus ouvidos não tivessem arrebitado ao ouvir o tom sentimental na voz dela. As suas suspeitas aumentaram quando viu o brilho subtil no olhar de Rebecca. “Tu amas o Draco, não é?” Ginny perguntou com voz rouca.

Os olhos de Rebecca esbugalharam-se com aquela pergunta repentina. Depois com medo que tivesse dito demais, olhou para o lado, colocando a barreira emocional de novo. “Ele amava a minha irmã,” ela disse com voz baixa. “Ele não viu nada de especial em mim.”

“Mas… mas tu só tinhas oito anos! Como…”

“Esse sentimento não tem idade, Virgínia.” Rebecca disse. Depois a sua face suavizou-se um pouco. “És muito parecida à Bianca,” ela disse calmamente. “Não o posso culpar por te ter escolhido.” Por um momento, Ginny viu um tremeluzir de tristeza nos olhos dela.

“Vieste atrás dele, então?” Ginny perguntou ao olhar para ela de modo penetrante. Foi uma surpresa quando entendeu que o seu sangue estava de facto a ferver de raiva e ciúmes. Mas para completo espanto e choque de Ginny, Rebecca abanou a cabeça.

“Que bem faria isso?” ela respondeu enigmaticamente. Logo de seguida ergueu-se da cadeira sem se importar em acabar a cerveja de manteiga. Estava quase andado até à saída quando de repente encarou Ginny. “É melhor teres cuidado, Virgínia,” ela disse depois dum momento. “Tem cuidado com as pessoas em quem confias.” E com aquilo, Rebecca deixou sete Sickles na mesa, tirou a varinha e desaparatou antes que Ginny pudesse perguntar o que queria ela dizer.

**********

“Tem cuidado com as pessoas em quem confias.”

Era perto da meia-noite. Ginny penteava os cabelos. Olhou para o seu reflexo pensativamente; ainda tinha as últimas palavras de Rebecca a ecoar na sua cabeça. O que quereria ela dizer com aquilo? Ginny lembrou-se dos seus ‘acidentes’. A carruagem, o café envenenado… Estaria tudo interligado? Se assim fosse, quem a queria morta? Não, eram apenas acidentes, nada mais. A última coisa que ela queria era ficar assustada e preocupar a sua família. Levantou o olhar e viu Draco entrar, desabotoando automaticamente o colarinho.

Os pensamentos de Ginny voaram de imediato para ele, lembrando-se da horrível história que Rebecca tinha contado mais cedo. O seu coração apertou de dor quando os seus olhos o seguiram pelo quarto. Se a Bianca estivesse viva, que espécie de homem seria o Draco agora? Ela não se conseguia impedir de ponderar. Claro que se Bianca estivesse viva, Ginny não estaria sentada ali, vestida pronta para dormir e observando o seu ‘marido’ tirando o cinto. Apesar de tudo, mordeu o lábio ao notar a sensualidade que Draco emanava. Ele estava andando até à casa de banho com a camisa aberta, Ginny podia ver o peito liso dele.

“O avô vai voltar para a Mansão Malfoy no dia 27,” Draco disse jovialmente ao entrar na casa de banho, sem reparar no olhar que Ginny lhe lançava. Deixou a porta entreaberta, Ginny podia observá-lo a tirar a camisa.

“Parece que tudo se está a resolver,” ele disse ao voltar para o quarto e andar até à cama. Sentou-se sem se importar em vestir algo para lhe tapar o peito nu. Estava a tirar os sapatos quando reparou no silêncio fora de normal de Ginny. Ele olhou-a e viu a face dela sem expressão. Ficou desconfiado. “Vejo que já estás pronta para dormir.” Ele disse reparando na camisa da noite branca e decente. Quando Ginny sorriu apenas para ele, Draco fez um ar sério. “Vem aqui,” ele chamou, dando palmadinhas no lugar ao seu lado.

Sem uma palavra, Ginny levantou-se e andou até à cama. Estava quase a se sentar ao lado dele, quando Draco puxou-a para o seu colo. Ela não resistiu e antes que pudesse dizer alguma coisa, ele calou-a com os seus lábios.

Ginny fechou os olhos e deixou o seu corpo tomar o controlo, entrando no refúgio que eram os beijos de Draco. Abriu os lábios logo que o sentiu gemer de prazer, e antes que pudesse levar as mãos para acariciar o cabelo dele, Draco rebolou para o lado, deitando-a na cama e prendendo o corpo dela debaixo do seu.

Ele olhou-a por um momento. Logo depois começou a rir. “Presente de Natal adiantado?” perguntou dengosamente, olhando-a ainda com alegria.

“O quê?” Ginny perguntou confusa, com o corpo já quente.

“Com todos esse botões e fitas segurando essa camisa da noite no seu lugar,” ele parou e percorreu com os seus olhos as filas e filas de botões todos alinhados daquela roupa por baixo do peito nu dele. “Vai demorar uma eternidade para te tirar a roupa. É como desembrulhar um presente enquanto que o dador morre de felicidade.”

Ginny riu calmamente. Draco ergueu as sobrancelhas. “Ah, atreves-te a rir de mim, Virgínia?” ele perguntou com suavidade.

“Eu riu sempre de ti,” Ginny respondeu.

Draco sorriu com arrogância. “Vamos ver se tu consegues rir se eu fizer isto,” ele disse ao se preparar para beijar o pescoço dela. Logo ali, algo dentro de Ginny parou. Colocando as mãos à sua frente, ela afastou-o gentilmente. Draco franziu as sobrancelhas com confusão devido aquela reacção fora do normal.

“Amanhã é a manhã de Natal e eu não quero acordar tarde,” Ginny disse de modo doce.

“Então vamos fazê-lo muito depressa.” Draco disse com urgência, beijando-a de novo. Ginny riu mais uma vez e parou-o de novo com as mãos.

“Todos vão estar à nossa espera para abrir os presentes,” ela disse sem fôlego. Depois olhou para baixo com timidez. “Eu não os quero a pensar ou suspeitar de nada,” ela olhou-o com outro significado.

“Deixa-os pensar ou suspeitar. É legal. Estamos casados,” ele falou devagar enquanto tentava beijá-la mais uma vez. “E além disso, eu estou a abrir o meu presente agora, muito mais cedo que eles,” ele acrescentou quando os seus dedos começaram a desabotoar a camisa da noite dela.

“Draco,” murmurou Ginny contra os lábios dele. Quando Draco não lhe prestou atenção, ela levou as mãos levemente ao peito dele e afastou de modo gentil. “Quero conversar.”

Com aquilo, Draco parou abruptamente. Levantou o seu corpo e olhou para ela, confuso. Estaria ouvindo direito?

“Queres conversar?” ele perguntou incrédulo.

Ginny acenou. “Sim, eu quero conversar.” Depois sorriu com doçura. “por favor,” ela acrescentou.

Ao ver aquele sorriso, Draco rolou os olhos e cedeu. “Pronto,” ele disse por fim, saindo de cima dela, rebolando para o lado. “Fala.”

Ginny sorriu, virando-se de lado para ele. Draco virou-se também e não muito tempo depois, um silêncio constrangedor instalou-se entre eles. Ele clareou a garganta e ergueu as sobrancelhas interrogativamente.

“Então,” Ginny começou. “Como foi o teu dia?”

Draco olhou-a com seriedade mas sem perder a bondade. “O quê?” ele perguntou surpreendido com aquela questão repentina.

Ginny respirou fundo. Aquilo não estava a tomar o rumo que ela queria. “Eu perguntei como foi o teu dia.” Ela repetiu.

“OK, Virgínia,” Draco disse, abanando a cabeça. “Porquê isto?” ele perguntou, arqueando uma sobrancelha.

“O que queres dizer?” Ginny disse com desagrado. “Eu apenas te perguntei como tinha sido o teu dia!”

O olhar sério de Draco aumentou. Esfregou o nariz cansado, perguntando-se que história de carochinha estaria a sua mulher aprontando agora. Alguma coisa estava acontecendo de certeza. Tendo passado aquelas duas semanas apaixonantes com ela debaixo dos lençóis era suficiente para lhe garantir que Ginny não era de conversar à noite tanto como ele. Olhou para ela e suspirou.

“O que se passa?” ele perguntou gentilmente. “Conta-me.”

Ginny baixou a cabeça para esconder a surpresa. “Como raios sabe ele que se passa algo?” ela perguntou a si mesma olhando para aqueles suaves olhos cinzentos. A sensibilidade dele tocou-a e sem saber, Ginny sorriu sem energia. Ao vê-la assim, ele suspirou de novo e puxou-a de modo gentil para perto. Ela obedeceu logo e decidiu deixar a cabeça no abdómen dele. Quando Draco sentiu-a chegar perto aninhando-se, ele riu e acariciou-lhe os cabelos sedosos.

“A tua mãe perguntou-me por ti,” Ginny disse finalmente. Um pequeno suspiro escapou dos lábios dela ao sentir o movimento suave dos dedos dele nas suas madeixas vermelhas.

Draco acenou. “OK,” ele disse suavemente.

“Bem, ela… ela perguntou-me onde estavas,” ela disse com hesitação. Depois ergueu a cabeça e olhou-o penetrantemente. “E eu nunca me senti tão estúpida em toda a minha vida!” ela exclamou. Sentou e virou-se para ele, estreitando os olhos.

Os olhos de Draco esbugalharam-se com a explosão repentina, quebrando por completo o feitiço querido e emocional entre eles. “O que queres dizer com isso?” ele perguntou. Tentou se aproximar. “Ginny…”

“Nada de Ginnys!” Ela exclamou, afastando a mão dele. Ela sabia bem onde aquele ‘Ginny’ e o tom da sua voz ia dar. Ele nunca a chamava de Ginny a não ser… “Ela esperava que eu soubesse onde estavas! Não posso culpá-la! Afinal de contas, sou a tua mulher, mesmo sendo isto…”

Draco respirou fundo e exasperadamente.

“Eu fui ao Ministério da Magia e tive uma reunião muito vigorosa com o chefe do Departamento da Lei Mágica que é o teu irmão, claro. Aparentemente, ele não queria o meu apoio e era fortemente contra a ideia de Dumbledore e Fudge de me nomearem o novo chefe do esquadrão de força da Lei Mágica, visto que passei os últimos 17 anos da minha vida rodeado por Magia Negra. Dumbledore e Fudge acharam que seria uma ideia esplêndida me conceder a chefia ao departamento visto que o meu conhecimento sobre as artes negras e os artefactos de magia negra seria de muita ajuda,” ele fez uma pausa e sorriu para ela. “Depois fui a Gringgots, claro, cuidar dos bens financeiros da família. Sabias que o meu pai tem 2 milhões de galeões como dívidas que eu agora tenho de pagar? Apesar de eu não fazer a menor ideia onde vou buscar o dinheiro para pagar aquilo. Depois do almoço, fui à minha reunião marcada com o teu irmão mais velho Percy, ao departamento de Magia Internacional, para ser mais exacto, onde pude saber mais sobre que tipos de negócios são mais lucrativos numa altura como esta. Pronto, contei-te tudo. Feliz?” ele perguntou por fim, olhando-a na expectativa.

Mas em vez de acenar com satisfação, Ginny afastou-se dele com uma expressão miserável. “Ron fez-te a vida negra?” ela perguntou suavemente.

A pergunta repentina surpreendeu Draco. Na verdade, ele esperava que ela não se importasse com o que os seus irmãos lhe fizessem, ou até talvez ficasse contente que o tratassem mal. Mas ali estava ela, sentindo-se toda triste e incomodada. Respirando fundo, puxou-a parar perto de si, mas Ginny decidiu se deitar de lado, olhando a parede oposta.

Draco abanou a cabeça cansado. Ele estava à espera duma mulher querida e feliz a quem voltar para casa toda as noites depois dum dia cansativo. Interrogatórios eram a última coisa que ele precisava agora. Ele estava quase a dizer alguma coisa quando Ginny suspirou.

“E tens de te preocupar com as dívidas do teu pai também?” ela perguntou. Na verdade, era uma surpresa para ela ver que Draco era tão responsável com as finanças da sua família. Não era o mesmo Draco que ela conhecera há 12 anos atrás.

Ele olhou-a e beijou o ombro dela. “Bem, vamos ver… considerando que sou o seu único filho, sim, acho que tens razão,” ele respondeu com aquele sarcasmo suave tão típico. Com aquilo, Ginny virou-se para ele, franzindo a testa com irritação. Ele sorriu. “Finalmente olhaste para mim,” ele disse.

O olhar sério de Ginny aumentou. “Não te incomoda nada?” ela perguntou reparando no tom de confiança na voz dele. Parecia que ele não estava incomodado com aquilo, mesmo sendo claro que os Malfoys estavam a enfrentar uma crise financeira; era Vladimir que os impedia de afundar naquele momento.

“Se eu pensasse assim, como diabos iria ultrapassar isto?” Draco respondeu arrogantemente. “Não ajuda nada me preocupar em vez de fazer-mesmo-alguma-coisa-sobre-o-problema, Virgínia.”

“Então porque não…” ela parou e mordeu o lábio. Estava quase a sugerir que ele pedisse um empréstimo ao seu avô mas tinha a certeza que essa sugestão só ia começar uma briga estúpida entre eles. Ela sabia o quanto Draco detestava o seu avô. Nem por sombras pediria ele ajuda. Não, não era uma boa ideia. Depois pensou nos 201 milhões de galeões que iria receber.

O pensamento fê-la franzir as sobrancelhas.

Na verdade, desconcentrava-a ver a reacção do Draco perante a mudança do testamento. Ele parecia calmo e nada afectado e falava sobre isso o menor que podia. Para além do facto de que era impossível vê-lo durante o dia ou passar um dia inteiro com o Draco, ele costumava lhe lançar um olhar severo dizendo larga-o-assunto sempre que estavam juntos. Mas de alguma maneira, ela conseguia ver o desagrado de Draco com o que o seu avô tinha feito.

Ginny também não gostava da decisão repentina do Vladimir. O que iria ela fazer com todo aquele dinheiro e sem ninguém especial para partilhar? Que bem lhe iria fazer? Nunca tinha sido muito fã de dinheiro ou coisas caras e roupas luxuosas.

Não estava habituada a gastar em abundância. Crescendo sendo uma Weasley tinha lhe ensinado isso bem. Ela jurou fazer alguma coisa quanto ao assunto. Iria ficar apenas com a sua parte justa e dar o resto ao Draco. Depois de toda a gentileza que Vladimir lhe tinha mostrado, ela não achava justo lhe roubar a sua merecida fortuna. Claro que tinha de ser cuidadosa para o Vladimir não descobrir. Aquele homem era sábio quando se tratava d ‘planos perspicazes’. Iria lhe trazer um grande problema e ao Draco também se fosse apanhada. Isto também a fazia ponderar o que estaria o Draco planeando fazer.

“Talvez lhe pudesse dar uma parte?” ela pensou. Mas depois ao se lembrar da situação deles, era forçada a riscar aquela hipótese. Draco era um homem teimoso e honrado. Iria matá-lo ter a ajuda da sua ‘mulher’ com as dificuldades financeiras. Ele tinha crescido a acreditar que os homens ganhavam e as mulheres gastavam, o que ela achava ser bastante absurdo e desgostosamente chauvinista. “Quão medieval consegue ele ser?” ela pensou para si mesma. Não, ao oferecer aquilo só dar mais uma briga estúpida entre eles. Além disso, o mero pensamento sobre aquele dinheiro só a fazia lembrar do acordo que tinha com ele. E isso magoava-a, apesar dela não conseguir compreender porquê.

“O que estas a pensar?”

Ginny pestanejou ao ouvir a voz suave dele. Forçou a sua atenção de novo nele e abanou a cabeça. “Nada,” ela disse.

Draco fez um ar sério. “Eu pensava que querias conversar?” ele disse.

“E quero,” Ginny acrescentou.

“Então porque não me dizes no que estás a pensar?” Draco perguntou. “Diz-me,” ele disse sedutoramente.

Ginny, como resposta, olhou para baixo. Ela viu a mão direita dele e sem pensar, colocou a mão nas suas, levando-as um pedacinho para mais perto do rosto só para poder olhá-las, como se isso fosse uma coisa normal de se fazer. Draco franziu as sobrancelhas com aquele gesto. Ele não estava à espera que ela tivesse aquele momento, mas não a parou. Olhou para o rosto dela e ficou surpreendido por ver as sobrancelhas dela contorcidas em concentração. A surpresa passou para choque quando os dedos dela ficaram entrelaçados nos dele. De novo, aquele sentimento quente apoderou-se do seu peito. Respirou fundo e mexeu os dedos nos dela, sentindo a textura suave da pele dela, pensando o quão delicado era.

Ginny mordeu o lábio quando sentiu os dedos dele. Era uma carícia lenta, ela sempre tinha adorado aquelas mãos. Além de que adorava o toque das mãos contra o seu corpo, aquelas mãos também eram suaves e tinham dedos compridos e elegantes que era tão raro de ver em homens. Então ela olhou para o anel de ouro no dedo dele. Depois também olhou para a sua própria mão e viu o mesmo anel. Era um sinal que eles estavam casados, uma prova que ela pertencia ao Draco, mesmo que por pouco tempo. De imediato, um medo desconhecido apoderou-se dela. Um homem como o Draco podia magoá-la profundamente. A não ser que ela fosse muito cuidadosa, ele e aquele negócio temporário podia facilmente destrui-la. Ginny estava quase para afastar a sua mão da dele quando Draco trouxe-a aos lábios de súbito, piorando o medo ainda mais.

“Então como foi crescer com seis irmãos?” ele perguntou enquanto beijava os dedos dela, sem saber das emoções que se debatiam dentro dela.

“Bem, foi… foi divertido,” ela gaguejou. Estava a ter dificuldade em se concentrar com aqueles lábios suaves contra a sua pele. “E foi solitário também.”

Draco franziu a testa parando com os beijos por fim. “Solitário?” ele perguntou com curiosidade.

Ginny acenou com a cabeça. “Bom, eu sou, afinal, a única rapariga,” ela respondeu com suavidade. “Era muito difícil fazer amigos, pelo menos para mim. Ron estava demasiado ocupado a salvar a sua pele, o mesmo com o Harry e a Hermione. Eu mal conheci o Bill e o Charlie visto que eles saíram de casa ainda antes de eu saber dizer Alohomora e quanto ao Fred e ao George, eles estavam sempre ocupados a pregar partidas às pessoas. E o Percy era o mais distante de todos. Às vezes ele até se esquecia que tinha irmãos, então quem é que esperava que ele se lembrasse da irmã também,” ela fez uma pausa e abanou a cabeça pensativamente. “Era solitário porque foi difícil namorar quando andava em Hogwarts. Ron, Fred e George estavam sempre prontos para bater em todos os que me convidassem para sair.” Depois ela riu-se suavemente. “Mas foi divertido,” acrescentou. “Eu jamais, jamais os trocaria por nada no mundo.” Virou-se para o Draco. “Então e tu?” ela perguntou. “Como foi viver sem irmãos sem irmãs?”

“Bem,” ele fez uma pausa e decidiu puxá-la para perto de si. Ginny descansou a cabeça no peito dele, forçando-se a esquecer a ideia de que ela podia magoar e destrui-la. Agora que estavam a partilhar um pouco, nada mais importava senão aquele momento… bom, pelo menos por agora. “Foi divertido e solitário ao mesmo tempo,” ele disse por fim.

Ginny olhou para ele com ar sério. “Estás a gozar de mim?” ela perguntou um pouco irritada.

“Não,” Draco disse filosoficamente. Ginny descansou a cabeça de novo no peito dele e preparou-se para ouvir. “Foi divertido porque tive tudo aquilo que queria. Eu tinha dúzias e dúzias de criados esperando pelo meu sinal e eu podia mandar nas pessoas a toda a hora.” Ele riu-se quando viu a testa de Ginny franzida com desagrado. “Oh e eu consegui todas as mulheres que queria,” ele acrescentou de repente. “Depois eu… AU!” Ele fez uma expressão magoada porque Ginny lhe tinha esmurrado o estômago. “Isso magoou, sabias!!” ele refilou.

Ginny apenas sorriu amável. Depois a sua face ficou sombria. “Porquê solitário?”

“Precisas perguntar?” Draco esclareceu enquanto esfregava a sua face corada. “Quer dizer, é óbvio, certo?”

“Não tiveste nenhum…” Ginny parou de repente ao se lembrar de Rebecca e Bianca. Ela olhou para Draco pensando na pergunta.

“Nenhum o quê?” Draco perguntou.

Ginny olhou para ele estupidamente. Ela não conseguia pensar em nada bom para dizer! Estava cheia de medo em estragar aquele momento ao falar do passado doloroso dele! Como resposta, Ginny levantou a cabeça e colocou os lábios nos dele.

Apesar da repentina decisão de beijá-lo agradou ao Draco, também o baralhou. Ele juntou toda a soa força de vontade para separar os lábios dos dois. Olhou-a pensativamente. “Eu pensei que querias conversar?” ele perguntou, rindo.

Ginny beijou-o de novo. Bom, ela queria, mas agora… “Mudei de ideias,” ela murmurou contra os lábios dele, com as mãos indo para baixo, baixo…

Draco sorriu contra os beijos dela. Ele suspirou de prazer ao sentir as mãos dela já desabotoando as calças dele. Nunca lhe tinha ocorrido que ela podia ser agressiva se assim o quisesse. Isso agradou-o. “Agora sim estamos a conversar…” ele falou devagar ao colocá-la com facilidade por baixo dele e cobrindo o corpo com o seu.

*********

“They looked up and saw a star
Shinning in the east beyond them far,
And to the earth it gave great light
And so it continued both day and night…”

“(Eles olharam para cima e viram uma estrela
Brilhando distante a este
E então à Terra deu grande luz
E Assim continuou de dia e de noite…)”

Molly sorriu ao ouvir Fred, George e Sylvia contar aquela bonita canção de Natal naquela noite. A qualquer momento, Ginny e Draco, juntamente com a mãe e o avô dele, iriam chegar para jantar. A ideia de ver a sua filha excitava-a, e entretanto ocupou-se a arranjar a mesa de jantar, colocando toda a fantástica comida que tinha preparado. Depois ela franziu a testa ao ouvir Fred e George aldrabando a canção de Natal, entretendo Sylvia. Ela virou-se para eles; tinha uma expressão de desaprovação.

“George, pára de mudar a letra da música,” ela censurou.

“Mudando a letra, mãe?” George perguntou enquanto Fred e Sylvia riam. “Eu não mudei nada.”

Molly abanou a cabeça e suspirou. “Rapazes!” ela pensou. “Quando é que vão crescer?”

“Tia Wheezy?” a pequenina perguntou de repente, olhando à volta. Fred pegou nela ao colo e George foi à frente para atormentar o Percy.

“Ginny deve estar quase a chegar, Sylvia.” ele disse ao ir para a sala de estar. Pôs a Sylvia no chão. Quando os pequenos pezinhos tocaram no tapete, Sylvia correu logo para a lareira e tentou chegar às grandes meias de Natal penduradas.

Fred olhou à sua volta para o resto da família. Bill, Charlie e o seu pai estavam ocupados a estudar o manual da sua nova aquisição trouxa, um carro. Ron e Hermione estavam lá, ao pé da lareira, ocupados a impedir a filha de comer os doces. Hermione estava a fazer um feitiço para a Sylvia não chegar às meias enquanto que Ron estava ocupado a sossegar a menina no seu colo.

Fred então olhou para a outra esquina, onde o filho de Bill de oito anos, Robert, estava a abanar e rodopiar a varinha diante das duas filhas de Percy, Miranda e Patrice, provavelmente demonstrando a sua primeira magia aprendida. À volta deles estava Percy e George. Ele riu-se quando viu a face horrorizada de Percy e a face histérica de George.

Aparentemente, Percy não achou muita graça à Crosta Desmoronada de Natal dos Weasley, porque ele estava cuspindo e engasgado pela surpresa que eles tinham colocado: lesma comestível. Pelo contrário, Jane e Grace estavam ocupadas cuidando do Robert se ele fizesse alguma coisa de errado e Fleur estava também a rodopiar com a varinha mudando a cor das decorações da árvore de Natal, cheia de concentração. Parecia que ela não conseguia decidir que cor queria, azul ou rosa ou amarelo… Não tinha solução, aquela mulher, pensou Fred. A única que faltava era a sua irmã mais nova, Ginny, e Harry, claro. O Natal não ficaria completo sem o Harry.

“Tu disseste que aquilo era comestível!” Percy explodiu, ao andar até à mesa de café para afastar o sabor amargo daquele ‘doce’ de Natal.

“Mas é comestível!” exclamou George, seguindo-o.

“Mas não sabe a comestível!” Percy respondeu de volta. “Sabe horrivelmente mal! Sabe a lesmas!”

“Mas são lesmas!” George gritou de volta. “Que a outra coisa podiam saber? Duh!”

“Oh pára de refilar, Percy,” Bill disse, tirando a atenção do manual do carro. “Tu cais sempre nas partidas deles. Já não estás habituado?”

“Mas de qualquer forma, eles vão matar as crianças ao vender aquela… aquela coisa horrorosa!” Percy disse, a sua voz estava cheia de autoridade. Ele olhou com suspeita para os presentes de Natal em cima da lareira.

“Hey!! As nossas coisas não são horríveis!” Fred disse. “Isso paga a comida e a roupa, sabes! Pagam as contas!”

“Sim pois!” George apoiou. “E é comestível! Não vai matar nenhuma criança!”

“Senhores, por favor,” a mulher de Percy interveio, Jane. Ela levantou-se e entregou um copo ao marido. “Aqui, querido, bebe isto. Vai tirar o gosto do sabor.” Depois ela olhou para os gémeos e piscou o olhos. “Essa foi boa!” Ela murmurou para o Percy não ouvir. Fred e George riram.

Então, Molly veio da cozinha. Ela olhou à sua volta e acenou com a varinha. “Rapazes!” ela chamou. Bill, Charlie, Percy, Fred, George e Ron olharam todos para a mãe. Quando Molly tinha a certeza que eles prestavam atenção, acenou com a cabeça. “Venham até à cozinha, eu tenho algo que quero dizer.” E com aquilo, virou-se e desapareceu para a cozinha.

Bill e Charlie olharam um para o outro na dúvida, encolheram os ombros e largaram o manual do carro. Ron murmurou um pouco irritado ‘o que foi agora’ e entregou a Sylvia já mais calma à sua mulher. Ele seguiu os seus dois irmãos mais velhos para a cozinha e Fred e George decidiram ficar a falar do Percy mais um pouco.

“Até agora eu não consigo entender o que é que a Jane gosta no Percy?” Fred murmurou para George.

“Sim, ela tem um bom sentido de humor,” George respondeu de volta. “Completamente diferente do Percy Prefeito.”

“Eu ouvi isso,” Percy disse ao passar por eles. Ele andou até à cozinha. “Venham, a mãe está a chamar,” ele acrescentou com severidade.

Tanto Fred como George reviraram os olhos e foram até à cozinha. Uma vez lá dentro, Molly pediu para se sentarem. George sentou-se ao lado de Ron, Fred no lugar vazio ao lado de Bill. O resultado foi seis homens crescidos todos a olhar para cima, como se ainda fossem crianças. Molly clareou a garganta.

“Agora eu quero esclarecer as coisas,” Molly começou olhando para as faces em expectativa dos filhos à sua frente. “Todos vocês sabem que Ginny vem com o seu marido, como é óbvio?” Dentro da cozinha houve acenos de cabeça e murmúrios, excepto de Ron, que cruzou os braços e fez olhar sério. Molly clareou a garganta. “Eu sei que alguns de vocês não gostaram da ideia da vossa irmã casar com o Draco Malfoy,” ela parou e deitou um olhar severo ao Ron. Ron apenas encolheu os ombros e desviou o olhar fazendo caretas, “mas por favor lembrem-se que hoje é Noite de Natal. Não façam nada nem digam nada para estragar esta noite à vossa irmã, entendido’”

“Mãe!” Bill queixou-se. “Isso é um completo insulto para mim e o Charlie. Desde quando é que fizemos ou dissemos algo de errado para o Draco ou a sua família?”

“Ele tem razão. Está a nos tratar como crianças,” Charlie acrescentou. “Pelo amor de Deus, nós já somos crescidos!”

“Então provem-no!” Molly respondeu de volta, dando ao mau humorado Ron um olhar severo. “Todos entenderam?”

Percy foi o primeiro a responder. “Sim, mãe,” ele disse em tom claro.

“Sim, está bem,” Fred e George murmuraram. Então, Fred levantou-se e olhou para a mãe, “podemos ir agora?”

“Ron?” Molly perguntou, virando a atenção ao Ron. Ron apenas acenou como resposta. Molly abanou a cabeça. “Ronald Weasley!”

“Sim, mãe.” Ron resondeu suspirando.

Com aquilo, Molly acenou, finalmente satisfeita. Estava quase a pegar na varinha quando ouviu o gritinho excitado de Sylvia. Ginny e Draco tinham chegado. Ela tirou o seu avental depressa e foi até à porta da cozinha. Mas antes de sair, virou-se com os olhos entreabertos. “Não se esqueçam do que falámos, rapazes,” ela disse num tom de aviso. Quando ouviu os murmúrios e suspiros cansados de acordo, foi então até à sala, com os filhos seguindo atrás.

*********

“Tia Wheezy!” Sylvia guinchou ao correr até Ginny. Ginny riu com gosto e pegou na menina ao colo.

“Olá Sylvia!” ela exclamou enquanto enchia a pequena face de beijos. Depois virou-se para o Draco. “Diz olá ao teu tio, querida,” ela ensinou. Os olhos de Draco esbugalharam-se.

“Olá Tio Wheezy!” Sylvia cumprimentou ao lhe dar um beijo sonoro na bochecha. Ginny riu ao ver os olhos de Draco quase saltando da cara. Ele ficou quieto apenas sorrindo, sem saber o que fazer ou dizer. Entretanto, grandes gargalhadas se fizeram ouvir vindo detrás deles, e quando Sylvia olhou viu Vladimir e Narcisa tirando os casacos de Inverno. Ao ver o homem mais velho, Sylvia debateu-se contra os braços de Ginny e correu até Vladimir. “Malfy e Cissy!” ela gritou.

“Malfy?” Ginny franziu as sobrancelhas.

“Cissy,” Draco acrescentou parecendo tão confuso quanto Ginny.

“Ha! Ela chamou-me Malfy!” Vladimir começou a rir ainda mais ao pegar na menina e jogá-la ao ar. Narcisa também se riu com o seu novo nome, tinha a face brilhando ao ver Sylvia rindo feliz.

“É bom ver-vos de novo, querida.” Ginny virou-se a tempo de ver a sua mãe andar até eles com os braços abertos. Ela sorriu o aceitou o abraço apertado da mãe. “Feliz Natal, querida,” ela acrescentou dando um beijo a Ginny.

“Feliz Natal para si também, mãe,” ela felicitou. Molly então virou-se para Draco ao vê-lo cumprimentar Arthur com um aperto de mãos. Quando se olharam olhos nos olhos, Molly sorriu com bondade para Draco. “Para ti também, querido.”

Draco acenou com a cabeça suavemente. “Feliz Natal, mãe,” ele disse educado.

“Molly, é tão bom te ver!” Narvisa cumprimentou ao dar à mãe de Ginny um abraço. “Como vai tudo?”

“Oh, tudo bem,” Molly respondeu com agrado.

“Posso ajudar na cozinha?” Narcisa perguntou. “Eu estou com vontade de ajudar e aprender. Talvez possa me mostrar as suas receitas,” a mãe de Draco acrescentou ao seguir a outra senhora até à cozinha.

Ginny abanou a cabeça ao ver as duas indo para a cozinha. Ela também viu Arthur apertando a mão ao Vladimir e Draco cumprimentando os irmãos dela com excepção de Ron, que tinha desaparecido. Vendo que estavam todos ocupados, ela foi ter com as senhoras.

“Ginny!” Grace exclamou levantando-se. “Feliz Natal!”

“Olá! Feliz Natal a todas!” Ginny cumprimentou enquanto Hermione lhe arranjava espaço para ela se sentar também. Ginny sentou-se no sofá ao lado de Hermione.

“Então como vai a vida de casada?” Jane perguntou de rompante.

“Bem.” Ginny respondeu. Olhou para Draco que estava ocupado a conversar com o Bill e o Charlie. “Óptimo até agora!”

“Com um marido tão bonito como aquele?!” Fleur exclamou. Ela apreciou a camisola de gola alta de Draco e as calças pretas a combinar. Mais cedo, Fleur também tinha reparado que ele estava a usar um casaco preto comprido em vez de um manto e ele nunca tinha estado tão sexy. “Clari que tudo estaria óptimo!”

“Oh sush, Fleur!” Grace disse. “Não é como se o teu marido não fosse tão bonito como o de Ginny!”

Com aquilo, Fleur mostrou o seu sorriso de Veela e deu risinhos. “Oh claro! Bill é muito bonito!” ela disse em voz alta. À menção do seu nome, Bill olhou na direcção dela e encontrou o olhar de adoração da Fleur. Ele piscou o olho e Fleur deu mais risinhos. Ginny abanou a cabeça. Fleur continuava a mesa Veela que ela conhecia. Depois Fleur olhou para Ginny, os seus olhos aumentando e tamanho. “Oh minha nossa! Esse colar é tão lindo, Ginny!” ela exclamou olhando para o colar de pérolas à volta do pescoço de Ginny.

“Oh isto!” Ginny disse ao tocar no colar. “Narcisa ofereceu-me neste Natal.”

“É tão lindo,” Jane disse ao tocar de leve nas pérolas do colar. “Combina bem com os teus brincos.”

“Eu aposto que custa uma fortuna!” Grace acrescentou ao reparar na cor creme e branca do colar.

“Então o que te ofereceu o Draco?” Hermione perguntou com curiosidade. “Quantos presentes é que ele te deu?”

“Bem, ele deu-me uma mini bolsa de maquilhagem,” Ginny respondeu pensativa. “Sem contar claro, com o presente que ele me deu na noite anterior.” ela pensou, ficando com a face logo quente. Depois de ter dado a sua bolsa de maquilhagem a uma empregada, Draco comprou outro conjunto. Ainda se conseguia lembrar o quão excitada tinha estado naquela manhã de Natal. Eles tinham aberto os presentes com chocolate quente nas mãos e não se tinham sequer importado com os papeis rasgados e espalhados pelo tapete da sala.

De Draco, ela recebeu o novo conjunto de maquilhagem, um colar de pérolas da Narcisa, montes e montes de chocolate suíço para lhe durar uma eternidade do Vladimir e da sua mãe recebeu os tradicionais doces de Natal que o Draco e o Vladimir comeram sem pedir. Ginny começou a sorrir ao se lembrar do pulo de alegria de Vladimir ao abrir o seu presente de Natal. Diante dele estava a colecção completa dos livros da Buffy, a caçadora de vampiros que ele tanto queria. Claro que ela tinha sabido sempre disso, até antes de ele ter insinuado. Na verdade, nunca tinha esperado ter um maravilhoso Natal com o Draco e a sua família.

“A sério?” Hermione perguntou incrédula. Não conseguia acreditar que o Draco daria algo tão… comum como um conjunto de maquilhagem. Bom, considerando quão rico o Draco era… Mas então, ela não tinha nada a ver com isso, certo?

Entretanto, Draco olhou à sua volta até ver Ginny sentada, rindo com as outras senhoras. Quando os olhos deles se encontraram, ela ergueu as sobrancelhas na dúvida, perguntando se ele estava bem. Surpreendentemente, o gesto querido trouxe luz e aquele sentimento quente. Draco pestanejou e mostrou um sorriso grande. Ele deu uma risadinha ao ver as bochechas de Ginny corando. Ele colocou a sua mão esquerda no bolso e sentiu o metal frio contra os dedos.

Mais cedo naquele dia, depois de ter recebido o seu presente de Natal, Ginny tinha lhe dado o seu broche rosa, o segundo presente. Quando Draco lhe perguntou por que é que ela lhe estava a dar a sua jóia de família, ela respondeu que só ele podia tê-la, visto que ela possuía também a relíquia dos Malfoy, o colar da serpente. Apesar de ele ter achado aquilo absurdo, mesmo assim não conseguia afastar aquele sentimento estranho que sentiu desde a primeira vez que olhou para o broche. Sentiu algo inexplicável que o fez segurar e sentir a jóia contra a sua pele. Não conseguiu se separar do objecto, até o trouxe para ali com ele no bolso.

“Eu estou a ver o pai e o teu avô a terem o dia mais feliz das suas vidas com aquelas coisas trouxas todas!” Bill disse ao ver Arthur levar Vladimir ao seu escritório.

“Parece que sim,” foi tudo o que Draco disse. Depois suspirou satisfeito ao sentir a jóia rosa ainda segura no seu bolso. Então, a campainha tocou. Hermione levantou-se para abrir a porta. Ela exclamou: “Harry! Entra, entra! Feliz Natal!” e Bill disse “Ah! Finalmente vamos jantar,” ao andar até à porta com o Charlie atrás. Draco fez uma expressão séria, não sabia bem o que fazer. Sentindo o desconforto dele, Ginny levantou-se imediatamente e colocou-se ao lado de Draco. Olhando para ele, ela sorriu e apertou a mão dele de leve.

“Feliz Natal!” Harry cumprimentou ao entrar na casa com o filho ao lado. Bill e os outros apertaram as mãos e as senhoras deram um abraço ao Harry e ao Nathan. Quando o coro de felicidades acalmou, o olhar de Harry encontrou-se com o de Ginny. Ele respirou fundo ao ver Draco de pé ao lado dela, olhando-o cuidadosamente. Então ele foi até ao casal, deixando Nathan correr com a Sylvia.

“Feliz Natal, Ginny,” ele desejou. Ginny acenou e forçou um sorriso ao sentir a tenção a crescer no ar. Harry virou-se para o Draco e apenas acenou: “Malfoy.”

“Potter,” Draco disse com rigor, acenando também. Como era óbvio, nenhuma família sabia da luta que eles tinham tido durante a festa de casamento. Era também óbvio que tanto Draco como Harry queriam manter todos no escuro quanto a essa luta, visto que ambos agiam civilizados e rigidamente educados um para o outro.

“Muito bem! Estamos todos aqui! Vamos comer!” George gritou. Com aquilo, todos foram até à sala de jantar, a senhoras trazendo as crianças com elas. Harry virou-se e sem uma palavra, seguiu o Fred, deixando-os sozinhos.

Ginny aproximou-se de Draco. Sentindo-a perto, ele inclinou-se um pouco para ela. “Estás bem?” Ginny murmurou no ouvido dele antes dos mesmo se sentarem ao lado de Grace e Charlie. “Desde que acabámos a escola, o Harry passa o Natal connosco.”

Draco deu uma risadinha. “Claro,” ele respondeu mas na verdade, ao ver a grande família de Ginny, isso deixou-o estupefacto. Ele nunca esperaria que tantas pessoas coubessem tão agradavelmente na modesta sala de jantar dos Weasley. “Provavelmente com um pouco de magia.” ele supôs ao olhar para os rostos felizes e sorridentes à sua volta.

Eles começaram a Seia de Natal com barulho, as crianças rindo e provocando confusão e várias mãos passando pratos de comida ali e acolá. Apesar de haver bastante barulho de utensílios, Draco não perdeu o ambiente feliz e de Natal à sua volta. Estava por todo o lado, ele achou contagioso. As conversas eram leves e agradáveis e cada frase acabava com uma gargalhada. Uma inveja pequena apoderou-se dele. Ginny tinha por ter uma família tão feliz.

Ele olhou para cima e viu o seu avô conversando alto com o Arthur Weasley sobre elevadores trouxas e a sua mãe estava ocupada com Molly falando sobre as mais recentes receitas e moda. Ele reparou que desde que tinha casado com Virgínia, Narcisa sorria e ria muito mais. Isso agradou-o, a sua mãe merecia muito mais.

“Podias me passar o molho, Draco?” Ginny perguntou de repente ao pousar a faca. Draco pestanejou e olhou para ela.

“Claro,” ele respondeu e estendeu o braço para o molho e quando o entregou, os dedos dele tocaram nos de Ginny de leve.

Ginny sorriu. “Obrigada,” disse calorosa. Ela estava quase a colocar molho no seu peru quando viu o prato de Draco. Ela olhou para ele e viu-o comer o seu com vontade. “Fica melhor com o molho,” ela disse depois, colocando o líquido castanho escuro no seu prato.

Draco engoliu e abanou a cabeça. “Eu gosto mais assim,” ele respondeu, levando o seu copo de vinho à boca e bebendo um pequeno gole.

Ginny abanou a cabeça e cortou um pouco do peru. Depois sem pensar, levou-o até ele. “Pronto, prova isto,” ela disse. Os olhos de Draco esbugalharam-se com o gesto. Ginny riu-se. “Vá lá, eu prometo que não te vai matar.”

Com aquilo, ele abanou a cabeça, abriu a boca e deixou que Ginny colocasse o pedaço de carne dentro da sua boca, como se não tivesse outra escolha. Ele mastigou devagar, depois o seu rosto alegrou-se. Vendo aquilo, a sua mulher riu de novo. “É saboroso?” perguntou, dando uma dentada também.

“Brilhante!” ele disse ao tirar uma colher cheia de molho e espalhando no seu jantar. Depois, inclinou-se para ela. “Eu não gosto nada do olhar que o mini Potter te anda a lançar,” ele murmurou na brincadeira.

“O que queres dizer?” Ginny perguntou depois de engolir a comida. Ela olhou para Nathan e viu-o a olhar para ela com adoração. Quando os olhos castanhos dela encontraram o verde dele, ele mostrou um sorriso querido e tímido.

“Olha, ele está a se atirar a ti!” Draco provocou, tocando com o cotovelo em Ginny.

Ginny riu. “Pára, ele é só um rapazinho,” ela respondeu, abanando a cabeça. “Ele é querido e eu gosto dele.”

“Vejo que tenho competição renhida,” Draco disse de leve. Depois olhou à sua volta. “Agora que já conheço a sala de jantar,” ele fez uma pausa e olhou para ela; os olhos brilhavam com travessura. “Talvez mais logo me possas mostrar o teu quarto?”

Ginny deu uma gargalhada e abanou a cabeça. “Não, nós vamos nos divertir esta noite em frente à lareira com a minha família toda,” ela disse.

“Pronto,” Draco murmurou. “Mas não penses que te deixo escapar assim tão facilmente mais tarde Virgínia,” ele acrescentou com rapidez. Com aquilo, Ginny engoliu uma gargalhada, abanou a cabeça e decidiu ignorá-lo. Ela olhou para cima e encontrou Harry a olhá-los; a sua expressão era enigmática, ignorando a conversa animada entre Ron e Fred sobre vassouras e Quidditch. Ele estava sentado à frente dela, ao lado de Ron e Hermione. Ela mordeu o lábio, não desviando o olhar do olhar verde dele só para reparar que por detrás dos óculos os olhos se estreitaram. Ela desviou o olhar. Teria ele estado a observar os dois? Ela sentiu-se desconfortável de repente.

Pouco tempo depois, o jantar acabou por fim. Arthur, Bill e Vladimir decidiram ir até à garagem ver o carro que Arthur tinha comprado recentemente. Hermione e as outras senhoras foram par a sala tomar café e chá, discutindo assuntos domésticos triviais. Charlie e Percy conversavam sobre as novas leis do Ministéro para a protecção de criaturas mágicas. Ginny foi convencida pelas crianças para ler uma história no quarto de dormir enquanto que George dava em segredo ao Robert, Sylvia e Nathan um conjunto pesado de cartas explosivas se eles quisessem animar as coisas um pouco. (“Eu não quero coisas explosivas no meu quarto!” Ginny disse severa.) O resto dos senhores, Harry, Ron, Draco e os gémeos ficaram a discutir Quidditch enquanto jogavam às cartas.

“Nunca esperei ver uma vassoura mais rápida do que a Flecha de Fogo!” George disse enquanto examinava as cartas de Fred. Depois virou-se para o Harry. “Eu ouvi dizer que os Ballycasttle Bats têm a nova Flecha de Fogo 360.”

“Bem inacreditável!” Fred exclamou ao atirar uma carta para meio da mesa. “Ficaram completamente indestrutíveis!” Depois virou-se para Draco, que estava ocupada com as suas cartas. “Ouvi dizer que a tua família tem uma grande colecção de vassouras. É verdade?”

Draco ergueu as sobrancelhas. “Bem, sim, visto que toda a minha família é um grande fã de Quidditch,” ele respondeu ao jogar uma carta e ir buscar outra ao baralho. “Mas eu tenho outras coisas mais importantes para fazer do que continuar essa colecção,” ele acrescentou simplesmente.

“Tipo o quê?” Ron perguntou com severidade enquanto arranjava as suas cartas. “Do género ir para a Rua Knocturn-Al?” ele acrescentou com maldade.

Draco levantou o olhar, Fred e George clareavam a garganta atrapalhados com a tenção a crescer. Harry fez um barulho de gozo, ignorando o tom desafiador de Ron.

“Não o negues, Malfoy!” Ron disse maldoso. “Toda a gente sabe que tu andas a pavonear-se todo na Knockturn-Al.”

Draco respirou fundo, tinha a mão esquerda no queixo e a direita nas cartas. “Bem, eu não estou a negar nada,” ele disse calmamente, recusando ser provocado. Depois, ele atirou alguns discos no meio e disse ao Fred, “eu aumento a aposta!”

Ron virou-se para o Malfoy, à espera do resto da resposta. Quando nada veio, Ron cerrou os dentes zangado. “Qual é o problema, Malfoy?” ele perguntou. “Não nos podes contar o teus planos maléficos?” ele perguntou enquanto Harry ficava em silencia, deixando o Ron falar.

Draco mostrou um dos seus sorrisos carismáticos, um sorriso que não chegou aos olhos. “Só podes estar a trabalhar muito no Ministério para teres essa noção absurda de que eu faria algo assim,” ele respondeu com frieza.

Fred e George olharam um para o outro nervosos. Então Fred deu uma gargalhada. “Eu gostava imenso de ver a Angelina Johnson!” ele disse em voz alta, desesperado por mudar o assunto. “Eu nunca mais a vi desde que ela foi jogar para os Holyhead Harpies!”

“Tu não enganas ninguém, Malfoy!” Ron disse sombrio, ignorando a tentativa de Fred para tornar o jogo o mais amigável possível. “Toda a gente sabe que o teu sangue é amaldiçoado!”

“Se é isso em que acreditas, então eu não posso fazer nada,” Draco respondeu.

Então, Harry fez um barulho de desprezo. “Tal pai, tal filho,” ele murmurou, mas em voz alta o suficiente para os outros quatro homens ouvirem.

Com aquilo, o feitio de Draco explodiu. Ele virou-se para Harry, os olhos brilhavam com uma fúria inexplicável. “Nunca, mas nunca mais voltes a dizer isso!” ele avisou Harry perigosamente. “Nunca me compares com ele! Eu sou muito diferente daquele homem!”

Harry mostrou um sorriso desdenhoso. Ele atirou as cartas à mesa e levantou-se sem acabar o jogo. “Queres resolver isto lá fora, Malfoy?” ele perguntou, no seu tom de voz havia insulto.

Os olhos de Draco estreitaram-se quando ele também deitou as cartas na mesa. Ele levantou-se e Fred colocou imediatamente as mãos à frente deles para os parar. George estava ocupado a obrigar o Ron escarnecedor a parar o Harry.

“Ainda não aprendeste a tua lição, Potter?” Draco perguntou acidamente, referindo-se ao incidente da festa de noivado. Quando Harry o olhou com raiva, Draco abanou a cabeça. “Não, não vale a pena,” ele murmurou e deu uma volta. A última coisa que ele queria era começar outra disputa à frente do seu avô e da família toda de Ginny na noite de Natal. Ele estava quase a se afastar quando de repente sentiu um aperto no peito. “Ginny!” o seu cérebro gritou. Ele olhou para cima, procurando Ginny. O seu coração deu mais um apertão. “Ginny!” ele gritou de repente, correndo para o quarto dela, para grande surpresa de todos. Ele cerrou os dentes ao subir as escadas. Ele sentiu-a! Ele sentiu o medo dela! Ela estava em perigo!

“O que se passa?” Molly chamou atrás do Draco a correr. “Draco!” ela chamou enquanto os outros adultos murmuravam na dúvida. Quando ela viu o olhar nervosa na face de Draco, correu mais depressa atrás dele, com o Ron e o Harry seguindo logo de perto.

Logo ali, gritos chegaram do quarto de Ginny. Gritos de crianças. Draco praguejou em voz alta e deu um pontapé na porta, abrindo-a. “Ginny!” ele gritou olhando à sua volta. Num instante, as crianças pararam e olharam para ele, cheias de medo. Ele suspirou aliviado ao vê-las a todas bem.

“Ginny?” ele chamou, entrando no quarto ao mesmo tempo que Sylvia e os outros começavam a chorar. Então, ele parou. Em frente dele contra a parede estava Ginny, com os olhos abertos do choque e com três facas espetadas na madeira por detrás dela. Por um momento, ele pensou que ela tinha sido esfaqueada mas quando olhou com mais cuidado, viu que duas das facas estavam mesmo ao lado dos ouvidos de Ginny e a terceira por cima da cabeça, formando um triângulo mortal. Julgando pela pequena distancia entre as facas e a face de Ginny, Draco concluiu que se Ginny não se tivesse mexido, as facas teriam acertado no alvo. Ele suspirou aliviado enquanto Hermione levava as crianças para fora.

“Ginny,” ele disse suavemente ao ver o lábio dela tremendo.

“Draco?” ela murmurou ao ouvir a voz familiar. “Draco és tu?”

“Sim,” ele respondeu. “Vem cá, está tudo bem agora.”

Com aquilo, Ginny rendeu-se e começou a chorar… a tenção, o medo e o choque caindo ao mesmo tempo sobre ela. “As crianças? Elas… elas…”

“Não, elas estão bem,” Draco respondeu. Então, ele virou-se para a Molly que tinha um olhar perto da loucura. “Ela está bem, mãe,” ele disse. Então pegou na Ginny ao colo e colocou-a na cama.

Molly suspirou por fim aliviada. “Vamos deixá-la descansar primeiro,” ela disse obrigando o Ron e o Harry a sair do quarto, muito para desagrado do Ron. A última coisa que Ginny precisava era ter todos fazendo uma nervosa confusão à volta dela. “Chama-me se precisares dalguma coisa.” E com aquilo, ela afastou-se e fechou a porta com cuidado.

Uma vez sozinhos, Draco sentou-se ao lado dela na pequena cama. Ele abafou Ginny com os cobertores até ao queixo e segurou na mão dela. Ginny não reclamou; sentir a mão dela na sua dava-lhe conforto e segurança. Ela fechou os olhos e logo adormeceu cansada, a experiência assustadora deixou-a fatigada.

Vendo-a adormecida, Draco virou a sua atenção para as facas na parede e olhou-as pensativamente. Estaria Ginny em perigo? Quem faria uma coisa daquelas? Ele abanou a cabeça. Não eram mais acidentes… Nada fazia sentido! A carruagem, o café com veneno, agora aquilo? Ele desviou o olhar com raiva, a verdade tinha caído com força.

Quem quereria a Virgínia morta?



Fim do Capítulo 11.



Próximo Capítulo: O colar perdido e os planos diabólicos


N/T: E pronto, chegaram ao fim da décima primeira parte. Nunca mais tinha postado, mas volto sempre. Como andei por fora, não sei bem os sites de fanfics que ainda existem, portanto quem quiser ajudar para eu ficar mais dentro do assunto, um obrigada! Eu coloquei no ff.net, no 3vassouras e na floreios e borrões. Mas não sei mais sites ainda activos ou novos. Por isso, sugestões, se as houver! =) Outra ajuda seria em arranjar um beta-reader. A minha beta de 5 anos (ou mais, haha) está de férias, portanto quem quiser capítulos enormes de tempos a tempos, é só mandar email. De resto, como sempre, todos os comentários e criticas são sempre bem-vindos. Quem quiser também ser avisado do próximo capitulo, é só mandar um email, que eu depois aviso também. Um beijo grande, até um dia destes. Vanilla

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