Capitulo 9



CAPÍTULO NOVE


 --- O que está fazendo? — questionou Harry, espantado, quase deixando as la­tas caírem no chão.

— O que parece que estou fazendo? — retrucou Hermione, de­sabotoando mais dois botões.

— Espere! — Harry se apressou e pousou a mão sobre a dela, impedindo que concluísse a tarefa.

Ela o interpretara mal? Ele não a queria? Hermione enrubesceu, envergonhada, quando ele retirou a mão como se tivesse se quei­mado.

— Não tem que fazer isso, Hermione. Ele parecia contrariado. Provavelmente, embaraçado, disse a si mesma, as lágrimas ameaçando entrar em cena.

— Sinto muito — gaguejou, baixando a cabeça, os cabelos caindo em seu rosto, enquanto tentava abotoar o vestido desajei­tadamente. — Devo ter entendido mal... — Sentiu um nó na garganta, as lágrimas querendo romper o dique. Tinha que sair dali rápido. Levantou-se, mas Harry a segurou pela mão.

— Não que eu não queira — assegurou ele, percorrendo seu rosto com a ponta dos dedos, como que sob a ação de uma força magnética potente demais.

— Então o quê? — sussurrou ela.

 — Está se recuperando de um compromisso desfeito. — As palavras dele saíam entrecortadas.

— Luna acha que devo dizer que estou passando por um ajuste de relacionamento — declarou Hermione, sorrindo nervosa, meio chorando. Harry enxugou a lágrima solitária que corria por sobre seu rosto

— Você não está pronta para isso ainda.

— Não? — desafiou ela. — Sinta as batidas do meu coração — Pegando a mão direita dele, posicionou-a sobre o seio esquerdo. Sentia a pulsação dele tão forte quanto a sua própria.

— Não está pensando com clareza — disse ele, quase desesperado. Hermione sentia a confiança voltar. Podia ver o desejo em seus olhos verdes. Estava diante de um homem tentando fazer a coisa certa quando queria justamente o oposto.

— Estou pensando com muita clareza — garantiu ela, passando a língua nos lábios para umedecê-los. Harry rapidamente voltou o olhar para sua boca.

— E quanto a Wayne? — questionou, com voz rouca.

— Está acabado.

— Como pode ter certeza?

— Assim... — Inclinando-se para a frente, ela o beijou. Era a primeira vez que tomava a iniciativa, e praguejou contra si mesma por não ter feito isso antes. Pois era Harry o homem suficientemente autoconfiante para fazer concessões, que a queria como ela era, tão selvagem quanto quisesse, tão livre quanto de­sejasse.

O beijo de Hermione refletia tudo o que ela sentia, dizia coisas que ela não conseguiria. A mensagem vinha do fundo de seu coração, e ele correspondeu da mesma forma, ardentemente, sem barreiras, sem nada a esconder. Não houve fogo em seu beijo, nenhum jogo de sedução. Somente um senso de urgência e desejo, ao cobrir-lhe a boca com a sua instintivamente.

Hermione foi tomada por um fogo nascido de um mar de chamas quando ele penetrou-lhe a boca com a língua. E correspondeu, deslizando os braços ao redor de seu pescoço, agarrando-o como se à própria vida, os joelhos enfraquecendo, levando-a numa espiral de prazer. E era apenas um beijo.

Harry apalpou-lhe o seio, elevando a excitação em mais um nível. Depois de acariciar-lhe cada curva do corpo, com o polegar massageou-lhe o mamilo, murmurando de prazer ante a reação. Ela se espantava com a intensidade de sua alegria, quando ainda tinham duas camadas de roupas entre eles. Sentiu vontade de remover aquelas barreiras de modo que tivesse toda aquela força em contato com seu ser.

Segundos depois, ele passava a mão por trás de sua orelha e lhe acariciava a nuca, posicionando seu rosto num ângulo mais adequado ao próximo arroubo, não sem antes contornar-lhe o decote com beijos. Rapidamente, ele acabou de desabotoar o ves­tido, atacando então a parte frontal do sutiã, reclamando do com­plexo vestuário feminino. Hermione detestou ter que parar de explorá-lo a fim de ajudá-lo a livrá-la de suas roupas, seus dedos se entrelaçando, assim como suas línguas.

Assim que conseguiram, Harry se ocupou em explorar com os lábios o novo campo aberto entre seus seios. Ela deslizou os dedos por seus cabelos, agarrando-se a eles em desespero, sentindo a língua dele sobre a pele nua. Um segundo depois, ele a tomava em seus braços e a carregava para o quarto. Pousando-a cuidadosamente sobre a cama, ele quis confirmar:

— Tem certeza?

— Absoluta — murmurou ela.

Não falaram mais nada, a comunicação verbal abandonada em favor de meios mais diretos e tão primitivos quanto a própria terra. Em vez de remover o vestido por cima, Harry o desabotoou até o fim, abrindo-o como um presente, revelando os tesouros. Hermione protestou quando ele lhe pôs os braços de lado, impedindo-a de se agarrar a ele enquanto ele se servia.

Murmurando alguma coisa sobre paciência, Harry mapeou cada centímetro de sua pele macia, a técnica se diversificando em var­reduras, empurrões, lambidas, desde o pescoço até o umbigo, e descendo ainda mais. Estremecendo de desejo, Hermione sentia que ia explodir em chamas. Erguendo a cabeça, Harry olhou para ela. Deus, que pro­messas seu olhar transmitia! Fitando-a com seus olhos verdes, enviava energia, da mesma forma que seu corpo.

As promessas iam se materializando ao toque de suas mãos habilidosas a deslizar por suas pernas nuas, dobrando-lhe os joelhos, antes de passar à parte interna das coxas, realizando movimentos circulares, aproximando-se cada vez mais da parte de seu corpo que ardia por ser tocada. A paixão emanava de todo seu ser enquanto ele mergulhava para beijá-la, sombriamente, intimamente, a língua penetrando-lhe a boca ao mesmo tempo que seus dedos lhe penetravam o ponto mais íntimo.

Os movimentos da língua imitavam os movimentos dos dedos, em sincronia. Hermione agarrou a colcha, atormentada pelo desespero que to­mava conta de seu ser, levando-a num turbilhão que se intensi­ficava a cada movimento da mão dele, crescendo, crescendo até atingir as beiras do êxtase. Ele ergueu a cabeça e a fitou, os olhos obscurecidos de paixão, enquanto ela estremecia de prazer. Sua expressão atordoada o excitava ainda mais. Lamentando, ele retirou a mão, pois sabia que tinha que diminuir o ritmo, ou explodiria.

Mas Hermione tinha outros planos. Colocando as pernas ao redor dele, ela,montou sobre ele. Harry gemeu quando ela se sentou sobre seu sexo, as mãos varrendo-lhe os ombros. Impaciente, ela ergueu os braços, livrando-se do vestido, que caiu sobre o as­soalho. O sutiã também foi logo descartado. Sem nenhuma ilu­minação, exceto o luar que entrava pela janela, ela desabotoou a camisa dele com precisão metódica, sem deixar de se esfregar contra ele um segundo sequer. O atrito era tão excitante para ela quanto para ele.

Ela podia sentir a potência dele se pressionando contra o jeans, e apressou-se em abrir-lhe a camisa, assim como ele fizera com seu vestido, não permitindo que ele ajudasse. Inclinando-se para a frente, massageou-lhe o tórax até o umbigo, sorrindo quando ele fez um movimento instintivo. Murmurando algo sobre paciência, ela se sentou e dirigiu o olhar para o volume dentro do jeans dele, apalpando-o numa demonstração de astúcia feminina. Desabotoou o botão superior antes de se inclinar e delicadamente puxar o zíper com os dentes, bem devagar.

— Está bem — grunhiu Harry, afastando-a para se livrar das roupas sozinho. Ao mesmo tempo que despia a calça, pegava um pacotinho na gaveta do criado-mudo, passando-o para Hermione. — Começou isso, agora termine — murmurou.

Hermione desabou. Não era a reação que ele esperava. Olhando para a própria mão, viu a razão da surpresa. Ele lhe estendia uma caixa de aspirinas.

— Está vendo o que faz comigo? — resmungou ele. — Nem posso pensar direito.

— Adoro ver o que faço em você — assegurou ela, com um sorriso malicioso, estendendo-se para apalpá-lo. — Ver e sentir...

Resmungando, ele vasculhou a gaveta novamente, desta vez pegando a camisinha que estivera procurando, a qual entregou a Hermione com os dedos trêmulos. Ela o protegeu com o látex pouco antes que ele a cobrisse com o próprio corpo. Segurando-lhe o rosto com as mãos, ele a beijou carinhosa­mente. Ela o puxou para mais perto, sentindo seu peso, sentindo-o movimentar-se para dentro dela. A cada avanço, chamas eram reacendidas prometendo um descontrole total. Ela segurou a respiração ao sentir aquele prazer novamente, a pulsação aumentando, crescendo, impelindo-a para a frente... para cima... antes da explosão de alegria. Gritando o nome dele, ela se agarrou a seu corpo, a única coisa sólida no mundo, ajustando-se de maneira selvagem, à medida que as ondas a assolavam. Em seguida, ele se enrijeceu, pois também atingira o clímax, e se deixou ficar entre seus braços. Hermione foi a primeira a falar.

— Lembra daquela história de combater o fogo com água? — murmurou, lânguida. — Acho que acaba de provar que combater fogo com ondas é a experiência mais incrível na face da terra.

Tinham as pernas ainda entrelaçadas e permaneciam em sa­tisfeito abandono. Harry sorriu possessivo.

— Vai me deixar convencido.

— Alguma coisa está dando sinais de vida — notou ela, se­dutora, dobrando o joelho e passando o pé na barriga da perna dele. Na posição em que se encontrava, podia sentir as batidas de seu coração. — Quantas... aspirinas você ainda tem? — in­dagou, sorrindo inocente.

— Uma caixa cheia — respondeu ele, erguendo-se só o sufi­ciente para provar o que dizia, expondo todos os pacotinhos. Outro pensamento ocorreu a ela.

— Diga que não as comprou na drogaria da cidade.

— Não comprei na drogaria da cidade — repetiu ele, obediente. — Aposto que eles nem vendem isso lá.

— Vendem de tudo lá, de aspirinas a zíperes.

— Zíperes, hein? — A voz dele era um grunhido aveludado. — Isso me lembra...

Ele se ergueu até que estivessem emparelhados, nariz com nariz, peito com peito, rigidez e maciez. Passando a mão pela perna dela, ele a fez se enroscar nele. Esfregando o nariz contra o dela, sorriu quando ela abriu os olhos, apreciativamente, en­quanto outra parte de sua anatomia se esfregava contra ela.

— Parece que é hora de outra... aspirina, não? — sugeriu ele, malicioso. Assim que se aprontou, ele voltou para ela, mais uma vez, levando-a àquela sensação de queda livre, antes de se unir a ela no turbilhão da paixão desesperada.



Harry acordou sentindo o perfume das flores invadindo o quarto pela janela. Naquela manhã, entretanto, o perfume parecia mais agradável e intenso. Erguendo-se, descobriu o motivo: tinha o nariz enterrado nos cabelos sedosos de Hermione, que dormia en­colhida junto dele. Harry se apaixonara por Hermione havia algum tempo, embora não pudesse precisar desde quando. Por ocasião do primeiro beijo, planejado para pôr as irmãs Beasley de lado? Ou já quando ela espatifou a torta de framboesas em seu peito? Jamais saberia. Só sabia que a amava. Nunca se sentira assim antes.

Amava tudo nela, sua coragem ante a adversidade, seu espírito, seu humor, seus cabelos sedosos e perfumados, o jeito como encolhia os dedinhos do pé quando estava feliz, seu sorriso, sua lealdade. Deixou de sorrir. Ao mesmo tempo que sabia que a amava, não sabia o que ela sentia por ele. O fato de ela ter ido para a cama com ele não significava que ela o amava. Ela afirmara que estava tudo acabado com Wayne, mas ainda lutava para organizar as emoções.

Harry se deu conta de que, no passado, as mulheres haviam se aproximado atraídas por sua aparência, mas se repeliam por sua inabilidade em amar, por seus hábitos solitárias. Sempre fora um solitário... exceto com Hermione. Por que levara tanto tempo para perceber isso? E o que teria acontecido se não houvesse retornado a Greely e a encontrado novamente? Nem queria pensar na vida sem ela. Escuridão eterna. Afastou-lhe a franja dos olhos ternamente. Queria se casar com ela. Queria passar o resto da vida com ela, envelhecer com ela. Mas o que Hermione queria? Apenas esquecer Wayne?

Harry ficou olhando para seu rosto como se tentasse ler seus pensamentos, ou seu coração. Ela o amava. Só que ainda não sabia disso. Mas ele ia mostrar-lhe isso, convencê-la de que era ele o homem certo para ela.

— Prepare-se, Hermine Granger — murmurou, decidido. — Você vai ser cortejada.



— Concentre-se, Hermione — ordenou ela a si mesma, tentando pela quarta vez totalizar os registros de empréstimos da biblioteca na calculadora. A cada vez chegava a um número diferente.

Definitivamente, não estava com cabeça para trabalhar. Só pensava em Harry e na noite incrível que partilharam. Apa­gando as operações anteriores na calculadora, reintroduziu os números. A biblioteca de Greely ganharia um sistema computado­rizado em breve, ao menos era o que lhe prometiam todos os anos. O triste fato era que nunca havia fundos disponíveis. Sendo assim, continuava a tocar o serviço à moda antiga.

Harry era antigo, também, sob certos aspectos. E incrivelmente avançado em outros. Sorriu sonhadora mais uma vez. Ainda tinha , dúvidas quanto a alguns aspectos, mas sabia ter feito a coisa certa na noite anterior. Acordara sem remorsos, e então ele a acompanhara até sua casa sem que ninguém os visse. Fora arriscado, mas não cruzaram com ninguém nos dois quarteirões do trajeto. Evidentemente, era madrugada ainda. Hermione insistira em que Harry a acompanhasse somente metade do caminho. Afinal, um dos vizinhos estava de férias na Califórnia e a outra casa estava vazia e à venda. Não queria se arriscar a ser vista com o mesmo vestido da noite anterior. Tinham que ser discretos. Se bem que nada houvera de discreto em seu compor­tamento com Harry na noite anterior. Mostrara-se selvagem e livre. Jamais sonhara em fazer nada daquilo com Wayne.

Simplesmente não tinha comparação. Nunca imaginara o que estava perdendo até que Harry lhe mostrara. Simplesmente pre­sumira que costumava-se superestimar os aspectos físicos de um relacionamento. Agora, entendia que não. Olhando para a calculadora, percebeu que o número total de empréstimos no mês anterior alcançava dez milhões. Espantou-se, uma vez que a biblioteca só tinha vinte e poucos mil livros. Resmungando, limpou o visor novamente. Por fim, conseguiu. Pouco menos de seiscentas retiradas. Era um resultado condizente. No verão, o movimento na biblioteca caía. A freqüência aumentava no outono, quando as crianças re­tornavam à escola e passava a contar com a ajuda de estudantes secundários encaminhados através de um programa de integração.

Assim que preencheu os formulários, lançou-se a uma tarefa mais agradável: atualizar o mural junto à porta de entrada, anun­ciando aos usuários a venda de livros doados. O número de livros não integrados ao acervo era alto este ano. Acabou o serviço bem na hora do almoço, que faria na companhia de Luna. Harry quisera ir buscá-la, mas já assumira o com­promisso com a amiga e não queria desmarcar. Precisava con­versar com Luna sobre seu último "ajuste de relacionamento." Após colocar a plaquinha de "fechado para almoço" na porta, Hermione e sua melhor amiga compraram hambúrgueres e batatas fritas na lanchonete mais próxima e foram para a casa de Hermione. Não queriam que ninguém ouvisse sua conversa.

— Vamos, sei que está querendo me contar alguma coisa — incentivou Luna, tão logo se acomodaram. — O que aconteceu?

— Fiz. A noite passada. Com Harry. — Hermione acompanhou a vibração da amiga. — Puxa, não posso acreditar que confessei desse jeito.

— Para que servem os amigos? — questionou Luna, devorando as batatas para se acalmar. — Para dividir os segredos. Continue. Me conte os detalhes.

Hermione olhou para a amiga, que erguia as sobrancelhas, e dali a segundos as duas riam à solta, como faziam quando adolescentes. A mãe de Luna costumava encontrá-las rolando de rir, de algo que só elas entendiam. Protegendo o estômago, que doía de tanto rir, Hermione enxugou as lágrimas de alegria.

— Que ridículo — criticou, por fim. — Nem sei de que estamos rindo. Você sabe?

Luna balançou a cabeça, tentando controlar a expressão risonha, mas ao ver Hermione descontrolou-se de novo. Mais dois minutos se passaram até que se recompusessem.

— É tão bom rir assim — comentou Luna, nostálgica. Hermione assentiu.

— É mesmo.

— Já fazia muito tempo...

Hermione concordou novamente.

— Gosto do seu Harry — comentou Luna.

— Também gosto dele — murmurou Hermione.

— Eu diria que você sente mais que isso por ele, Hermione — observou a amiga.

— Ele não é o meu Harry — corrigiu Hermione, intransigente.

— Por que não?

— Não sei para onde esse relacionamento com Harry está indo.

— Para onde quer que vá?

— Não tenho certeza. Faz tão pouco tempo que Wayne...

— Então, por que decidiu começar com o Harry? Não levou a sério o conselho de Beatrice sobre as folhas de roseira, levou?

— Mais ou menos... — Hermione refletia. — E não começou ontem. Várias coisas fizeram com que eu me relacionasse com Harry. Mas alguns pontos ficaram claros para mim. O principal é que vejo Wayne de outra forma agora.

— Quer dizer, com a Rosie?

— Não, nada disso. Isso não me aborrece. Para dizer a verdade, nem estava prestando muita atenção neles. Não, me refiro ao incidente com Wayne e o xerife.

— Espere aí! Não sei nada sobre isso.

— A pedido de Wayne, Johnny Givens tentou bater em Harry na noite passada. — Vendo a expressão chocada e confusa de Luna, Hermione acrescentou: — Johnny anda saindo com Peggy Sue, e Wayne contou a ele, que já estava meio bêbado, que Harry estava dando em cima dela, o que era mentira. Tinha acontecido o contrário. Peggy Sue é que deu em cima do Harry!

— E Johnny ficou com ciúmes e começou uma briga com Harry — completou Luna. Hermione assentiu.
— Eu vi o que aconteceu. E Wayne também. Mas quando o xerife apareceu, Wayne alegou que não vira nada, e Johnny disse que Harry é que começara a briga. O xerife ia levar os dois para a delegacia quando intervi. Assisti à cena, e sei que Wayne tam­bém assistiu. Ele estava tentando colocar Harry em apuros.

— Porque estava com ciúmes — concluiu Luna.

Hermione confirmou.

— Você sabe como Wayne detesta perder — ponderou Luna. — Em tudo. Ele é muito competitivo. Eu o ouvi dizendo que deixou você e Harry vencerem aquela corrida ontem.

A chegada de Magic interrompeu a conversa. A gata sentira o cheiro de dos hambúrgueres lá do quarto onde estava e descera correndo para a sala. Depois de escorregar num tapete e quase bater num batente, conseguira sossegar um pouco.

— Li em algum lugar que gatos domésticos fazem até quarenta e cinco quilômetros por minuto — comentou Luna, sorrindo. — Não sei se é verdade.

— Não me surpreenderia.

Hermione partiu um pedaço de hambúrguer, que colocou sobre um papel e deixou sobre o assoalho. A gata abocanhou a porção e ficou olhando, esperando mais, como que dizendo: “Bem, foi um bom aperitivo. E o prato principal?” Hermoine partiu mais alguns pedaços da carne moída e acres­centou um pouco de conserva, explicando:

— Ela gosta de conserva.

A comida desapareceu em instantes. Luna contribuiu para saciar o gato ao lembrar:

— Se ela gosta de conserva, talvez goste de pão também. Tem cheiro de hambúrguer e, já que ela não enxerga muito bem, não vai notar a diferença.

— Claro que vai — declarou Hermione. — Veja.

A gata comeu a carne, mas só cheirou o pão antes de erguer a cabeça felina questionando: “O quê? Acham que sou idiota?” Largou o pão e passou a patinha na cabeça toda.

— Muito bem — declarou Luna à gata, antes de retomar o trabalho de casamenteira.

— E eu vou muito mal — retrucou Hermione, comparativamente. — Foi difícil pensar no trabalho esta manhã. Só fiquei pensando em Harry.

— Espero que as coisas se acertem — declarou Luna. — Você merece ser feliz.

Merecia? Às vezes Hermione tinha dúvidas.



— Cerejas na neve... isso é nome de esmalte? — perguntou Harry, sentado na beira da cama de Hermione. Haviam passado a tarde juntos, jantado e assistido a dez mi­nutos de vídeo antes de subir e fazer amor. E ainda não eram nem dez horas. Harry trouxera um prato com uma generosa fatia de torta de framboesa enquanto Hermione, recém-saída do chuveiro, fazia as unhas às pressas.

Corando ao ser surpreendida na tarefa, ela fechou o vidrinho de esmalte, tendo já pintado quatro unhas dos pés. Harry lhe passara o prato e agora assumia a tarefa, lembrando que tivera muita experiência com pintura quando criança. Ele usava um robe de seda, que ela certo Natal enviara ao pai só para recebê-lo de volta com um bilhete em que ele declarava nunca haver usado uma "coisa" assim. Agora, ela se sentia grata pela devolução do presente, porque Harry ficava maravilhoso nele. Recostado na cabeceira da cama, ele mantinha os pés dela sobre o estômago e cuidadosamente lhe pintava as unhas.

— Como vai o machucado da farpa de madeira?

— Cicatrizou bem — informou ela.

— Ao contrário do meu.

— De que está falando?

— Disto. — Deixando o vidrinho de esmalte de lado, ele mos­trou o polegar para ela. Dobrando a perna, ela se aproximou para ver melhor. — Uma lembrança permanente de nosso pacto de sangue. Você nos cortou com uma faca de bife um dia antes de eu ir embora — recordou ele. — Infeccionou e eu fiquei com essa cicatriz.

Ela olhou para ele, os olhos cheios de remorso.

— Desculpe.

— Não importa. Houve uma época em que eu olhava para essa cicatriz e ganhava força.

Inclinando-se para a frente, ela beijou a pequena marca. Vendo seus olhos escurecerem, rapidamente voltou à posição normal.

— Ainda não terminou — comentou ela, referindo-se à pintura das unhas.

— Acertou — concordou ele, com um sorriso. — Estou apenas começando. — Deu uma última pincelada na unha do dedinho.

— Esse esmalte seca rápido — acrescentou ela, sem fôlego ante a excitação.

— Pare de rir — ameaçou ele, colocando o vidrinho de esmalte de lado. — Vai arruinar todo o meu trabalho. Erguendo o pé direito ainda mais, ele analisou o trabalho, bem como a perna dela toda nua. Considerando que ela não estava vestida, a vista era muito íntima.

— Pare com isso! — Ela quase derrubou o prato com a torta ao tentar baixar o lençol e a perna. — Não sabia que se tornaria um depravado com fetiche de pé — acusou, parecendo chocada.

Harry não respondeu, embora o sorriso revelasse muitas inten­ções, todas em raio X. Deslizou os dedos longos entre os dedos do pé dela, antes de voltar a atenção e os carinhos para a planta. Hermione estremeceu à sensação deliciosa do toque criativo dele, explorando-lhe o pé como se fosse Cristóvão Colombo na Amé­rica. Ele logo expandiu a exploração para os joelhos. E, durante o processo, puxava-a para mais e mais para perto, usando a própria perna, trazendo-a mais para a beira da cama. A região atrás dos joelhos era muito sensível ao toque excitante. Ele ergueu-lhe a perna a fim de beijar atrás do joelho, forçando-a a ficar apoiada nas costas, enquanto a suspendia, literal e figuradamente. Ela sentiu lambidas na recém-descoberta zona erógena.

Assim que concluiu o jogo de sedução nessa parte do corpo, ele lhe baixou a perna direita e ergueu a outra, repetindo todas as atenções dispensadas à primeira. Ela estava toda arrepiada, embora não sentisse frio. Na verdade, estava queimando! Sentia as artérias nas têmporas pulsarem, bem como na base da garganta, na parte interna das coxas. Já se agarrava aos lençóis quando ele finalmente concluiu a operação. Harry a olhou por um momento, prometendo o paraíso, puxando-a pelo calcanhar até que ela assumisse a posição de montaria sobre ele. O robe estava aberto, revelando-o em toda sua glória.

— Aspirina — lembrou ele, ante uma provocação dela. — Precisamos de aspirina!

Inclinando-se, ela abriu a mão para revelar uma camisinha. Tomando o artefato, ele trabalhou rápido na colocação antes de agarrá-la pela cintura, posicionando-a sobre si. Sussurrando seu nome, ela o guiou para dentro dela, fechando os olhos sob intensa satisfação. Movendo-se juntos, eles fizeram amor devagar e sensualmente, ela sobre nele, suas pernas envolvendo-o.

Certo instante, ela lançou a cabeça para trás para dis­persar um pouco da energia que a tomava em turbilhão. Mur­murando palavras de incentivo, ele se inclinou para a frente e a beijou no pescoço. A cada movimento deles, o lençol escorregava, até que finalmente ficaram pele contra pele. Harry sentiu prazer em expandir seu ato de amor. Tomando fôlego, eles tombaram para o lado antes de rolar pela cama go­zando o prazer que a colocava ora por cima, ora por baixo dele. Foi selvagem, doce, passional, prolongado, exótico e prolongado. Quando o orgasmo veio, foi tão intenso que Hermione sentiu o corpo todo pulsar de alegria genuína. Harry experimentou igual prazer. Levou algum tempo até que eles conseguissem se mexer. Olhando para Harry, Hermione sorriu, lânguida.

— Não acredito que fizemos isso. — Olhando mais atenta­mente, ela observou: — Está com framboesas por todo o peito!

— Você também — murmurou ele. — Ainda bem que sei consertar isso. — E passou a lamber a fruta doce de sua pele nua.

Hermione não acreditava ter-se reanimado tão rápido após ter estado no fim do mundo com Harry. Quanto a ele, foi com enorme prazer que lambeu cada porção de framboesa de seu corpo trêmulo.

— Não tem framboesa aí! — protestou ela, quando ele passou a língua num lugar mais íntimo.

— Mas é tão doce quanto se tivesse — replicou ele, com um sorriso de lobo. Baixando a mão, Harry retomou o seu jogo de sedução. Hermione sentia espasmos de prazer tão intensos que erguia os quadris da cama... Algum tempo depois, Hermione disse o nome de Harry num ge­mido e então o quarto caiu em completo silêncio.

De repente, chegou um barulho do corredor. Logo em seguido, um rangido na porta pôs Harry em alerta, pronto a encarar um intruso.

— Que diabo é isso?

Hermoine estava sem fôlego para falar. Sentia como se cada osso de seu corpo estivesse derretendo. Sequer podia fechar os punhos. Nu, Harry foi até a porta, abriu-a e viu Magic no chão, as patinhas dianteiras arranhando a madeira. Levou um segundo para organizar as idéias. O som que ouvira fora produzido pela gata.

— Ela não gosta de ser trancada fora — esclareceu Hermione, conseguindo juntar forças.

Ouvindo a voz da dona, Magic foi em direção da cama, ao pé da qual ficou ronronando, olhando Harry intensamente. Sem saber por que, Harry procurou o robe no chão.

— Não se preocupe, ela não enxerga bem — informou Hermione, sorrindo.

— Está se divertindo com tudo isso, não é? — resmungou ele.

— Já me diverti bastante hoje — desdenhou ela, com sonolenta satisfação.

No minuto seguinte, já estava dormindo. Indo até a cama, Harry afastou os cabelos dela do rosto. Deitando-se a seu lado, puxou os lençóis cobrindo a ambos, tomando cuidado para não desalojar Magic. Harry apagou o abajur, mas não conseguiu desligar os pensa­mentos. Hermione ainda não dissera que o amava. E ele ainda não sabia como acertariam os detalhes de uma vida a dois.

Simples­mente não havia muitas oportunidades em Greely para um arquiteto. E não conseguia imaginar Hermione se mudando para Chi­cago. Ela mesma dissera que odiara sua temporada na cidade grande. O que fazer, como resolver esse dilema? Harry sentiu a velha insegurança voltar. Não tinha experiência nesse assunto de amor. Não fazia idéia de como lidar com isso, como fazer dar certo. Como ter certeza de que Hermione realmente o amava? Ficou lutando contra aqueles demônios pessoais durante boa parte da noite, ciente de que, com apenas mais dois dias de férias, seu tempo se esgotava. E já estava ficando sem opções.




Obs: Bjux a todos!!!!!

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Comentários (1)

  • Isis Brito

    Esse Harry é muito besta!  Te declara logo pra ela, rapaz!! =D

    2011-08-27
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