Capitulo 7



Obs1: Capitulo dedicado a Mione03 pelo aniversário dela que foi no dia 17. Por favor, espero que você me perdoe por não ter postado no dia!!!Como eu sempre digo: "Antes tarde do que nunca" e como pode ver eu não esqueci de você!!!hehehe...Parabéns!!!!Bjux!!!


CAPITULO SETE

--- A caminho da delegacia! — exclamou Hermione. — Mas por quê?
— Porque o delegado é o único que pode investigar as im­pressões digitais.
— E qual é a desculpa de Alberta para precisar dessa infor­mação? Certamente, ela não acha que pode ir à delegacia e pedir que identifiquem Harry.
— Está esquecendo, minha querida, que o delegado foi colega de jardim-de-infância de Alberta. Acho que ele sempre teve medo dela. Com razão — acrescentou Beatrice. — Você sabe do que ela é capaz.
Hermione lamentou.
— Não acredito que tenham feito isso com Harry.
— Bem, se ele não fez nada, então, não vai acontecer nada com ele — ponderou Beatrice.
— Não podem convidar alguém à sua casa para tirar suas impressões digitais!
— Não foi o único motivo. Queríamos fazer algumas perguntas também.
— Oh, Beatrice — Hermione balançou a cabeça.
A velha senhora estava constrangida ao confessar:
— Me senti tão culpada quando ele queimou a língua com o chá fervente... Mas era o único jeito de fazê-lo beber o copo d'água.
— Diga a sua irmã para ficar longe de Harry — advertiu Hermione, veemente. — Ou ela vai ter que se entender comigo!
— Acho que isso não vai intimidá-la, Hermione — respondeu Beatrice, timidamente.
— Isso porque ela nunca me viu zangada antes — resmungou Hermione, ameaçadora. — Mas tudo isso vai mudar se ela aprontar outra dessa. Diga-lhe isso, Beatrice!
— Direi, querida.
— E quero que me prometa que vai me contar se a sua irmã tiver outra idéia brilhante.
— Idéia brilhante? Bem, ela comprou aquele telescópio pos­sante que está querendo há anos, mas ainda vai ser enviado pela empresa de compras por catálogo. Dizem que não poderão enviar antes de setembro.
— Graças aos céus: Lembre-se, Beatrice. Me mantenha infor­mada se Alberta tentar outras atividades de espionagem, e lhe garanto todos esses romances maravilhosos de que gosta tanto!
Beatrice festejou.
— Ora, obrigada, querida. Farei o melhor. — Depois que a senhora saiu, Hermione guardou a mangueira na garagem e decidiu dar uma passada na casa de Harry. Precisava alertá-lo quanto às irmãs Beasley, e quanto a Alberta em particular.
Hermione se desolava à idéia de Harry sendo crivado de perguntas por duas horas pela incansável Alberta. E tudo por sua causa. Ele não merecia isso. E certamente não merecia ser investigado pelo delegado. Tinha que alertá-lo.
Hermione avistou Harry perto do lago, atirando pedras que des­lizavam na superfície da água. Ela lhe ensinara esse truque quando eram crianças. Haviam até competido, ela com vantagem esmagadora, exceto na época em que ele partiu, quando ele já tinha as habilidades mais desenvolvidas.
— Está segurando a pedra de maneira muito inflexível — criticou ela. — Precisa relaxar mais quando atira.
— É como nos velhos tempos — murmurou Harry, desdenhoso, rolando os dedos compridos pela pedra ao perceber que o que sentia por ela ia muito além de amizade antiga.
Eram outros tempos, e seus sentimentos também eram novos. Quanto a relaxar, não fora capaz disso desde que ela partira zan­gada, havia poucos dias.
Harry decidira dar um tempo a Hermione. Para quem pleiteava ser o sensato nessa dupla, ele certamente estava se saindo um grande fracasso. Ela dizia que amava Wayne. Por que era tão difícil para ele aceitar essa idéia? Porque doía demais.
— Vá falando.
— Soube que as irmãs Beasley o convidaram para um chá esta tarde.
— Correto,
— Deram muito trabalho?
— Sobrevivi.
— Lamento.
— Lamenta que eu tenha sobrevivido? — replicou ele, seco.
— Não, claro que não. Estou me referindo ao que teve que passar nas mãos delas.
Ele voltou o rosto para olhar bem para ela.
— Não tive que passar por nada. Optei por ir.
— Não acho que soubesse em que estava se metendo quando aceitou o convite. Sabia que elas tiraram suas impressões digitais?
— Isso explica as luvas brancas — murmurou ele. Olhando a expressão dela, acrescentou: — As duas usavam luvas brancas. Pensei que fosse um chá formal. Agora, percebo o que estavam, tramando. Mas por que elas tirariam minhas impressões digitais?
— Para ver se você é realmente Harry Potter. Beatrice me disse que Alberta está na delegacia neste exato momento.
Surpresa, Hermione viu Harry cair na gargalhada.
— Não é engraçado — repreendeu ela.
— Não mesmo — concordou ele, com um sorriso lento, preguinhas aparecendo nos cantos de seus olhos. — Agora, todos vão saber que tenho duas multas por excesso de velocidade. É tudo o que ela vai descobrir.
— Não posso acreditar que ela tenha feito isso. Sinto muito. Você não merece esse aborrecimento. Chegou aqui para pensar, e ao invés disso duas abelhudas tiram suas impressões digitais.
— Só para matar a minha curiosidade, por que elas não acre­ditam que eu sou quem afirmo que sou?
— Porque você está muito diferente.
Harry assentiu, tomando uma expressão preocupada.
— É inacreditável como as pessoas julgam os livros pela capa. Não importa o conteúdo. É só a imagem. Tudo aparências. E isso modifica a maneira com que as pessoas vêem você, a maneira com que tratam você.
— Não a maneira com que todos tratam você — negou ela.
— Você também não me reconheceu.
— De imediato, não. Vinte anos é um longo tempo, Harry. E você também não me reconheceu — recordou ela.
— Não até você atirar aquela torta em mim. Quando vi aquele olhar de sangue em você, soube que era você.
Ele tomou uma expressão divertida que logo se transformou em outra, cheia de intenções, à medida que seu olhar se intensi­ficava sobre ela. Hermione conseguia traduzir a mensagem daquele olhar apenas parcialmente. Não tinha as respostas para as per­guntas que via ali. Só sabia que, quando ele a olhava assim, seu coração disparava, seus dedos dos pés se encolhiam e seus pen­samentos se embaralhavam. Trêmula, desviou o olhar.
— Então, o que vamos fazer? — indagou, sem fôlego.
— Continuamos com os planos — respondeu Harry. — A cidade ainda comemora o Quatro de Julho?
Hermione assentiu.
— Devíamos ir juntos.
Ela devia ir ao psiquiatra, pensou Hermione. Mas concordou:
— Certo.
O que estava fazendo ali exatamente? O plano parecera simples de início: Harry vindo em seu socorro, abafando os comentários que se referiam a ela como a "pobre Hermione". Ótimo. Funcionara.
Agora, referiam-se a ela como uma mulher fatal, andando por aí com o homem misterioso.
Estava evitando ir à cidade, a não ser para trabalhar, e seus armários vazios refletiam isso. No entanto, acabava de concordar em ir ao maior evento da cidade na companhia de Harry, o que certamente provocaria ainda mais comentários.
Mas, se ficasse era casa, também seria alvo de comentários, concluiu, sensata. E era hora de fazer o que queria, ao invés de pensar no que era mais apropriado ou adequado. Era hora de viver para si mesma.
Sendo assim, sentou-se junto a Harry, que estava na ponta do atracadouro, com os pés mergulhados na água para se refrescar. Ele não fez nenhum comentário quando ela tirou as sandálias e se acomodou a seu lado, embora seu sorriso denunciasse a sa­tisfação.
O tempo passou, e Hermione ficou imaginando por que não po­diam ser amigos assim todo o tempo, ainda que sistema defensivo detectasse sinais de perigo. Arriscaria seu relacionamento com Harry na tentativa de conseguir Wayne de volta? Valeria a pena? Nesse instante, achava que não.
Se bem que era a primeira a admitir que não estava pensando claramente. Por que era tão difícil saber o que queria?
— Uma moeda por seus pensamentos — ofereceu Harry. Ela suspirou.
— Estava pensando que a vida pode ser muito complicada.
— Talvez essa próxima etapa do nosso plano finalmente a leve ao que quer — comentou Harry.
O problema era que Hermione não tinha mais certeza do que queria, ou, mais precisamente, de quem queria. Esse fato a as­sustava mais do que o cancelamento de seu casamento dias atrás.

Hermione estava um caco, emocionalmente, duas horas antes de Harry chegar para levá-la às comemorações do Dia da Inde­pendência. Não conseguira ajeitar os cabelos, e tivera dificuldade em escolher o que vestir. Segundo a previsão do tempo, aquele seria outro dia quente. Suas opções eram um vestido vermelho, ou uma bermuda da algodão com detalhes navais.
Uma vez que se comprometera a trabalhar na bilheteria do parque de diversões logo após o desfile, devia vestir algo bem confortável, ainda mais tendo que se trocar para a quadrilha no início da noite. Já separara o vestido xadrezinho vermelho de saia rodada, perfeito para a ocasião. Não que pretendesse dançar muito. Mas o evento era patrocinado pelos mentores da cidade, e ela, como bibliotecária, devia comparecer.
Por fim, decidiu-se pelo conjunto de bermuda, pois era fresco, mas mostrava muita carne, e tinha bolsos nos quais poderia esconder as mãos, caso ficasse nervosa ou ficasse tentada a revidar sobre alguém.
No lugar do cinto, amarrou um lenço vermelho de algodão sobre o cós da bermuda, dando cor ao conjunto. Então, inclinou-se para bem junto do espelho a fim de verificar a sombra nos olhos, enquanto Magic brincava com as pontas do lenço sobre a pia.
— Sua trapalhona — censurou Hermione, endireitando a gata, lembrando novamente como a reação de Harry em relação ao ani­mal fora diferente da de Wayne.
O ex-noivo sempre tentara dar ordens a Magic como se ela fosse um cachorro e não uma gata. Sempre tentara controlá-la, sem pensar.
Fazia sentido que um solitário como Harry apreciasse a inde­pendência dos gatos. Seguro de si, não se abalava quando um animal não fazia o que lhe ordenava. Agora que pensava nisso, lembrava que Harry não tentara dar ordens a Magic, deixando-a fazer o que quisesse, simplesmente.
Hermione fitou os olhos felinos como se houvesse feito uma des­coberta maior. A expressão de Magic era de suprema indulgência.
— Certo, gosta mais de Harry do que de Wayne — reconheceu Hermione — Mas não posso escolher o homem da minha vida se­gundo as preferências da minha gata.
Magic balançou a cabeça, como quem diz: 'Por que não?'
— Não tem lógica — resmungou.
'E conversar comigo tem?', Hermione quase via esse comentário nos olhos da gata.
Hermione interrompeu a conversa com a chegada de Harry. Ele usava um jeans cortado, mostrando as pernas longas e esguias. A camiseta era vermelha. Ela notou que, contrário à moda atual, Harry nunca usava camisetas com inscrições. "Não preciso de ca­misetas para declarar o que penso", foi seu único comentário, quando ela tocara no assunto.
Ele estava certo. Seus olhos verdes falavam mais que qualquer camiseta, e a mensagem visual nunca falhara em atingi-la. Davam idéia do homem que era. Além disso, comunicavam que ele a queria. Mas agora aquele desejo se obscurecia por outra coisa. Arrependimento? Sentiu o coração palpitar. Para variar, Harry foi o primeiro a desviar o olhar.
— Ainda não estou pronta — murmurou ela, convidando-o a entrar, — Sente-se, estarei pronta em um minuto.
Ela se foi espalhando um perfume adocicado de colônia. Harry reconheceu o aroma. Era de uma flor que ornava o chalé, entorpecendo-lhe os sentidos durante a noite. E Hermione usava a mesma fragrância, o que a relacionava a noites insones, a sonhos. Seus sentimentos por ela ficavam mais intensos a cada dia. Mais in­tensos do que ele mesmo imaginara.
Um miau pedinte chamou sua atenção para Magic, sentada a seus pés. Assim que Harry se sentou no sofá, Magic deu início ao ritual de posicionar as patas sobre seus ombros, olhando-o fixamente. Ele podia jurar que vira a gata sorrir antes de pular para junto de um feixe de raios de sol no assoalho.
Magic parou de repente, com os olhos brilhando e o rabo balançando sem parar. Em vez de procurar algum brinquedo, ou inventar alguma brincadeira, debatia-se com o próprio rabo. In­crédulo, Harry observava a gata se repreendendo.
Hermione chegou no meio da apresentação da gata. Desconso­lada, balançou a cabeça e disse:
— Já tem quatro anos. Não devia saber que esse rabo é o dela, após todo esse tempo?
— Há um provérbio chinês sobre gatos e rabos — comentou Harry. — Algo relacionado a um gatinho novo se amolando com o próprio rabo. Quando um gato mais velho perguntou por que, o gatinho respondeu que mantinha a felicidade no rabo. Já que o gatinho queria ser feliz, ficava mexendo no rabo para conseguir isso. O gato mais velho disse que não havia necessidade de ficar mexendo, pois, já que o rabo fazia parte dele, ele tinha felicidade, e devia mostrar isso com orgulho ao invés de ficar se amolando.
A história atingiu Hermione, que imaginou se ela andava se amolando atrás da felicidade, perseguindo inúteis sonhos com Wayne, em vez de aproveitar os momentos de felicidade que tinha com Harry.
— O que foi? — perguntou ele, percebendo que ela o olhava fixamente.
Ela sorriu e se esticou para tocar no machucado que cicatrizava perto de seu olho.
— Está fechando — observou ela, deixando as pontas dos dedos sentirem sua pele morna.
Ficaram olhando um para o outro, enquanto uma energia fluía nas duas direções. Pairavam perguntas que nenhum dos dois podia responder.
— É melhor irmos — sugeriu Harry, por fim.
Hermione assentiu, baixando a mão com relutância e sorrindo ante a sensação interna que já se tornava familiar. De uma coisa tinha certeza: Harry curava seu sistema nervoso... e se apossava de cada vez mais partes de seu coração.
Harry tinha a mão no braço de Hermione quando se embrenharam na multidão ao longo dos três quarteirões na rota do desfile. O bairro comercial de Greely era formado por apenas dois quarteirões, e os edifícios da rua principal, tipicamente americana com suas fachadas da década de 1870, parecia tirada de uma ilustração de Norman Rockwell, ou das páginas do clássico Rua Principal, de Sinclair Lewis.
Hermione deu um sorriso a Harry, levando-o ao meio-fio em frente à confeitaria.
— Não pode ver aí de trás. — Ela queria protegê-lo dos olhares curiosos dos residentes de Greely, indicando uma pequena aber­tura. — Aqui. Está perfeito. — Passou uma bandeirinha para ele. — Olhe, já vão começar.
Harry olhava, mas para Hermione, não para o desfile. Nem a banda da escola secundária de Greely marchando sobre sua cabeça o distrairia. Sua atenção estava totalmente voltada para o rosto expressivo de Hermione.
Era a primeira vez que a via tão animada, e só agora percebia o quanto a traição de Wayne a machucara, tanto que precisara de um amigo para recuperar a alegria de viver. Essa era a Mione que sonhara ver, a Mione que se divertia e sorria, que encarava a vida com confiança e vivacidade.
Ela procurou a mão dele quando o carro alegórico com Wayne e o time de futebol passou. Ele desejou que o gesto tivesse sido espon­tâneo, não uma desforra junto ao ex-noivo. Se bem que ela não olhava para Wayne... ao contrário, observava-o com algo novo no olhar.
— Parece que engoliu um peixe — provocou ela.
— Só vi quem está no próximo carro — comentou ele.
— Quer dizer Alberta? — respondeu ela.
Sim, Alberta Beasley estava sentada num trono no carro "Dia dos Fundadores".
— Não precisa mais se preocupar com ela — assegurou Hermione. — Eu já a preveni.
— Foi muito corajoso da sua parte — elogiou ele, divertido.
— Disse a ela para manter as mãos longe de você.
— Fico aliviado em saber que a minha virtude está a salvo da covarde Alberta Beasley — declarou ele, solene.
Hermione socou-lhe o braço.
— Sabe do que estou falando.
— Sim. Sei do que está falando — disse ele, suave, adorando essa nova Hermione. — Ninguém se mete com Mione.
— Assim está melhor — concordou ela. O sorriso dela era uma obra de arte, na opinião de Harry. Mais lindo que as linhas do edifício Sullivan, mais inspiradores que os vãos de uma catedral gótica.
Encerrando o desfile, um dos caminhões do serviço voluntário de bombeiros passou tocando a sirene. Harry também estava em alerta. Hermione era um sonho impossível.
Como ter um negócio próprio?, desdenhava uma voz interior. Não podia fazer nem uma coisa, nem outra. Não tinha como oferecer segurança a Hermione. Além disso, ela amava Wayne. Era bom ter o fato em mente. Sem dúvida, ele a tentava, mas quanto tempo a atração duraria? Não queria só um caso rápido com ela. Queria fazer amor com ela até o final dos tempos.
— O desfile acabou — comentou Hermione. — E hora de ir para o parque. Tenho que verificar a caixa de donativos para a biblioteca e depois trabalhar na bilheteria por uma hora. Este ano, a biblioteca vai receber parte dos lucros; a sociedade sustenta alguns programas.
Harry era humano. A simples menção da palavra "sustenta" levou seus pensamentos aos seios bem sustentados de Hermione. Seus olhos desceram à abertura em V da blusa sem mangas, que revelava só um pedacinho daquela carne macia. Ela era uma gata, uma garota bem americana... uma mulher, corrigiu ele, rápido. Não havia dúvida. Tinha as curvas bem feitas, não as linhas ima­turas de uma garota.
Ela prendeu os cabelos para cima, provocando nele imagens loucas de arrebatamento. Queria passar os dedos por aqueles ca­belos sedosos...
Enquanto Hermione trabalhava na bilheteria, Harry foi passear pelo parque.
— Harry! — gritou uma voz de mulher. — Harry, é você? — Uma loura corada corria em sua direção.
— Me desculpe, mas...
— Sou eu! Peggy Sue... Peggy Sue Hammond... Está lembrado, não?
A mulher de seus sonhos quando tinha onze anos e cuja janela espionara na esperança de vê-la de sutiã preto.
— Olá, Peggy Sue — respondeu ele. — Como tem passado?
— Muito bem, mas não quero falar de mim. Fale de você. Olhe só como está. — Ela o devorou com o olhar. — Você desabrochou tarde... mas, querido, valeu a pena esperar.
Harry lembrou que sutileza nunca fora o ponto forte de Peggy Sue.
— Sabe que todos nesta cidadezinha estão falando de você? — continuava ela. — É claro que não costumo dar ouvidos às fofocas. Mas trabalho no salão de beleza na rua principal. Rosie trabalha lá também. Assim, todas ficamos sabendo de sua encrenca com Wayne. Não que eu atire pedras. Deus sabe, após dois di­vórcios, não estou em posição de julgar ninguém. Então, o que faz aqui em Greely depois de tanto tempo?
— Estou passando as férias.
— Querido, ninguém passa as férias em Greely. A maioria das pessoas aqui não pode esperar para tirar os pés dessa lama.
— Parece que muitas pessoas optaram por ficar — retrucou Harry, apontando para a multidão reunida no parque.
— Vieram das redondezas, e esse é o único divertimento em suas vidas pobres. Estamos falando de gente que se gaba de ir até Illiopolis, só para dizer que foram até o meio do Estado, como se isso fosse grande coisa.
— Também estamos falando de pessoas que oferecem apoio aos vizinhos nas horas de dificuldade, pessoas que se preocupam com as outras, que têm um forte senso de valores e comunidade — ponderou Harry, tranqüilo.
— Ora, com certeza. É por isso que permaneci — proclamou Peggy Sue, rapidamente mudando de assunto. Passando a mão pelo braço de Harry, perguntou descaradamente: — Por que não fica comigo esta tarde e mostro como posso cuidar bem de você?
— Estou aqui com Hermione.
Peggy Sue fez um gesto de desprezo.
— Ela ainda é louca pelo Wayne. Nem vai perceber se você sair.
— Sim, vou perceber — declarou Hermione, vindo por trás de Harry. — Olá, Peggy Sue. Sempre na caça, não é?
Peggy Sue olhou para Hermione como se ela tivesse chifres.
— Harry, gostaria de apresentar minha amiga Luna. Ela está esperando por nós. Vai nos desculpar, Peggy Sue.
— Que discreta — notou Harry com um sorriso lento.
— A mulher é uma barracuda ambulante — resmungou Hermione.
— Uma barracuda atraente — notou ele.
— Se gosta do tipo comum. Tenho mais fé em seu bom gosto.
Antes que Harry fizesse qualquer comentário, alcançaram Luna.
— Harry, gostaria de lhe apresentar minha melhor amiga, Luna Lovegood. Luna, este é Harry Potter.
— Você trabalha na drogaria — reconheceu Harry, estendendo a mão.
Luna timidamente assentiu.
— É isso mesmo.
Harry teria conversado mais, não fosse envolvido pela sra. Cantrell, que insistia em que ele atuasse como juiz num concurso de tortas.
— É uma das minhas especialidades — comentou Harry, com ar inocente. — Em particular, tortas de framboesa.
Deixadas a sós, Hermione e Luna puderam conversar sem rodeios.
— Como vão as coisas? — perguntou Luna.
— Acho que estou com sérios problemas — reconheceu Hermione. — Pensei que amasse Wayne. Agora, não sei mais nada.
— Li alguma coisa que pode ajudá-la — interveio Beatrice, com um aceno do lenço. — A lenda diz...
— Beatrice, não a vi aí parada! — exclamou Hermione, inter­rompendo a senhora. Lembrava-se perfeitamente bem da lenda dela sobre os gerânios!
— Que foi, querida? Não precisa ficar vermelha. Essa lenda não tem a ver com esperma.
Luna ficou boquiaberta.
— Vocês, jovens, pensam que sabem tudo — censurou Bea­trice, balançando a cabeça. — De qualquer forma, naquele mesmo livro de ervas que informava sobre os gerânios, li alguma coisa que pode ajudá-la, Hermione. Quando uma garota está dividida entre dois amores, deve pegar duas folhas verdes de uma roseira, e você tem aquela de flores cor-de-rosa junto à cerca, ainda que a cerca precise de pintura. Bem, você pega as duas folhas, escreve o nome de Harry numa e o de Wayne na outra. A folha que ficar mais tempo verde é a do seu verdadeiro amor.
— Beatrice...
— Não precisa me agradecer, querida. Nós, românticas, temos que ser solidárias. Oh, estou vendo o senhor Killian ali. Preciso falar com ele. — Removendo o lenço do cinto do vestido, foi-se.
— O que foi isso tudo? — perguntou Luna.
— Nem queira saber.
Chegou a vez de Luna trabalhar na bilheteria, e Hermione ficou sozinha. Olhando ao redor, tentou apreciar as festividades sob a perspectiva de Harry. Muitos eventos teriam lugar durante o dia: o concurso de tortas, a briga com bolas d'água, uma competição de comer melancias, à qual se seguiria o concurso de atirar se­mentes de melancia a longa distância com uma cusparada.
Nesse instante, acontecia um animado jogo de ferraduras, um dos mais procurados, cercado por uma pequena multidão. Os mais velhos mascavam fumo e os mais novos, chicletes, de modo que todos apresentavam o mesmo movimento facial.
Brim era o tecido obrigatório. Alguns mais antigos vestiam jardineiras; os demais, seus jeans de domingo. Hermione sorriu ao ler uma mensagem na camiseta de Larry Hickman: "Debulhadores de Estrume da América". Freqüentara a escola com ele. Na ver­dade, seus laços com todas essas pessoas vinham da infância.
Eram boas pessoas. Decentes, trabalhadoras, de bom coração. Quando sua família partiu para a Califórnia, apareceram muitos voluntários para tomar conta dela. Ficara com Luna, cujos pais a tomaram sob sua proteção, juntando-a ao punhado de cinco filhos como se ela também fosse sua. Até se aposentar e se mudar para a Flórida, no último inverno, continuaram a recebê-la em todos os feriados e reuniões familiares.
E não foram os únicos. Desde que retornara da universidade, Hermione nunca tivera dificuldade em conseguir ajuda, para tirar neve do passeio, para fazer pequenos consertos nos encana­mentos, para tomar canja de galinha quando pegava uma gripe.
Greely era seu lar, puro e simples. E continuaria a ser seu lado apesar do que Wayne lhe fizera. Aliás, avistou-o no parque, ser­vindo de alvo na barraca em que seus alunos tentavam acertar boladas no balanço e derrubá-lo na água. A parte sua atitude, era inquestionável seu carinho pelos garotos que treinava.
Mas fora lamentável a falta de senso dele ao deixar aquele bilhete covardemente na biblioteca. Incapaz de resistir à tentação, Hermione pegou a fila a fim de atirar bolas e tentar derrubar Wayne. Quando chegou sua vez, notou o olhar espantado do ex-noivo, um segundo antes de acertar o alvo, fazendo-o cair no tanque de água. Sorrindo triunfante, sentiu-se plenamente vingada.
A antiga Hermione jamais consideraria desforrar-se dessa ma­neira, para começar. E, fazendo-o, certamente se sentiria culpada em seguida. Mas não se sentia culpada. Nunca mais se sentiria.
Voltando-se, viu Harry se aproximar. Por um momento, ele pareceu tão espantado quanto Wayne, embora logo aprovasse.
— Belo tiro — comentou ele, com um sorriso.
Um homem de poucas palavras, esse era Harry, concluiu Hermione. Mas, quando dizia alguma coisa, suas palavras continham mais do que significariam isoladamente. Sua voz tranqüila con­tinha orgulho e aprovação quando ele perguntou:
— E agora?
— Vamos comer. A menos que ser juiz num concurso de tortas tenha tirado seu apetite — observou ela, rindo, lembrando-se dos concursos que vira nos anos anteriores.
— Tenho o estômago forte — assegurou ele.
Pararam numa área coberta com lona branca e amarela, cheia de mesinhas e cadeiras dobráveis. A barraca era sustentada por cordas, deixando todas as laterais abertas. O cheiro de hambúrgueres e chur­rasco tomava conta do ar. Encheram os pratos de comida.
— Deixe espaço para a sobremesa — aconselhou Hermione, com um sorriso. — Não terá vivido nada até experimentar o sorvete caseiro da senhora Forbes.
A resposta de Harry foi abafada pela voz tonitruante da velha Alberta:
— Aí está você. Estive procurando por toda parte. Descobrimos seu segredo, Harry Potter. Já sabemos que não passa de um ex-detento!



Obs2:Oiii pessoal!!!!Capitulo postado!!!Espero que tenham curtido!!!!Até o final da semana tem mais!!!!Bjux!!!!Adoro você!!!!

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