Capitulo 10



CAPITULO X

Quatro horas mais tarde, Hermione entrou na sala de estar, onde Harry a esperava, já. Ele olhou-a de cima a baixo com ar apro­vador. Ela procurara ficar o mais bonita possível, com o vestido branco do dia em que o conhecera e os sapatos de salto alto que saíra para comprar assim que ele a deixara em casa, naquela tarde.
Dias antes, Harry insistira em emprestar-lhe algum di­nheiro, apesar de seus protestos. De nada adiantara explicar que não poderia pagá-lo, pois ele declarara que só o fato de ela tê-lo tirado do 'Cova' e levado para casa em segurança pagava tudo.
Fitando-o com um sorriso, ela notou que havia um brilho estranho nos olhos verdes. Um brilho de desejo.
— Andou bebendo? — indagou.
— Nem uma gota. Você está linda.
— Obrigada.
— Vamos — ele convidou, pegando-a pela mão. — Deve estar com fome.
— Não muita — ela replicou. — Cecília também vai?
— Não. Tem outro compromisso, acho. Ou, então, depois de me ver perder boas jogadas no golfe e de descobrir que tenho uma tendência plebéia para gostar de piqueniques em parques, ficou cheia de mim.
— O que está querendo dizer?
— Que, graças a você, Cecília está me vendo sob uma luz diferente. Que grande casamenteira é Hermione Granger!
Indignada com o sarcasmo, ela puxou a mão, soltando-a.
— Bem, se ela não vai ao restaurante, não há motivo para irmos.
— Claro que há. Você poderá me dizer do que é que uma mulher gosta num homem — Harry sugeriu.
— E você me ouvirá?
— Com a maior atenção — ele prometeu, sorrindo.
Vinte minutos depois, entravam num restaurante de luxo e o maitrê levou-os a um reservado no fundo do salão, junto a uma janela imensa. Entregou-lhes dois cardápios com capa de couro cor de vinho e retirou-se.
Hermione abriu o seu, mas não pôde concentrar-se na lei­tura da lista de pratos. Sentia que Harry a observava e isso deixava-a nervosa. Olhando-o por cima do cardápio, franziu a testa com ar de severidade.
— Harry, pare com isso — ralhou baixinho.
— Parar com o quê?
— Sabe perfeitamente. Vim aqui com você porque é seu aniversário e para falar do que podemos fazer para que Cecília se apaixone. E você fica me olhando!
— Gosto de olhar para você, Hermione.
— Deixe de bobagem. Já escolheu o que vai comer?
Harry não teve tempo de responder, pois um garçom parou junto à mesa, curvando-se educadamente.
— O que gostaria de pedir para beber, sr. Potter? — per­guntou, demonstrando que Harry era conhecido naquele lugar elegante.
— Uma garrafa de champanhe francês, Maurice.
Hermione torceu o nariz, desgostosa, enquanto o garçom se afastava.
— Seria preferível não tomar nada de álcool, Harry. Você fica meio... louco, quando bebe.
— Quero tomar champanhe no meu aniversário e ponto final — ele teimou.
O garçom retornou com uma garrafa numa bandeja de prata. Encheu duas taças e Harry ergueu a sua num brinde mudo, levou-a aos lábios, tomou um gole... e engasgou!
Pousou a taça na mesa, tossindo discretamente.
— Que diabo! — resmungou.
No mesmo instante, sentiu que o beliscavam no braço e virou-se para ver quem se atrevera a fazer aquilo. Hermione não movera um dedo.
— Você viu? — perguntou Harry, dirigindo-se ao garçom.
— O quê, senhor?
— Alguém me beliscar?
— Não, senhor.
— Então há alguma coisa errada com esse champanhe.
Maurice olhou-o com ar ofendido.
— É da melhor safra, senhor.
— Ah, é? Então, por que está com gosto de leite azedo?
— Leite azedo?! — ecoou o garçom, arregalando os olhos. Hermione suspirou.
— Posso experimentar para tirar a dúvida — ofereceu-se, pegando a própria taça, que ainda não tocara.
Tomou um gole e fechou os olhos, saboreando o líquido borbulhante.
— Mas é soberbo! Tem gosto de estrelas!
O garçom abriu um sorriso deslumbrado.
— Foi isso mesmo o que dom Pérignon, o monge que inventou o champanhe, disse, quando experimentou pela primeira vez sua criação.
— Esse aí não tem gosto de estrelas coisa nenhuma. Tem gosto de leite! — teimou Harry, no momento em que o garçom afastou-se, ainda sorrindo.
— Talvez o monge estivesse se referindo à Via Láctea — sugeriu Hermione com um sorriso malicioso.
Ele sorriu com relutância, mas o momento de irritação passara.
— Acho que imaginei o gosto de leite — admitiu.
— Bem, isso resolvido, vamos tratar do assunto mais importante, ou seja, o que deve fazer para que Cecília se apaixone por você — decidiu Hermione.
Assim, enquanto comiam, ela falou de como um homem devia comportar-se para agradar uma mulher. Não tomou mais nada do champanhe, de modo que sua taça conti­nuava cheia, quando a sobremesa chegou. Comeu com delícia sua tortinha de morangos com creme chantilly, falando das fantasias femininas, de como uma mulher precisava sentir-se especial.
— Que desperdício — ele murmurou em dado momento, olhando para a taça dela. — Um pecado.
— Tem razão — ela concordou.
Sucumbiu à tentação e tomou mais um pouco da deliciosa bebida. Depois, mais um pouco.
No fim da refeição, tirara os sapatos e pousara os pés entre os tornozelos cruzados de Harry, deixando que um delicioso calor de prazer a percorresse.
— Adoro morangos — declarou, olhando para o prato de sobremesa vazio. — Chantilly, então, me leva ao céu.
— Não tem medo de engordar?
— Nunca tive esse problema. Cecília vigia o peso?
— Eternamente. Há uma infinidade de coisas que não come.
— A vida é muito curta para que uma pessoa a passe preocupando-se com essas coisas —- filosofou Hermione. — Compreendo isso agora, que me tornei anjo.
Harry não estava com vontade de contestá-la. Ela estava linda demais, para que ele estragasse tudo, tentando curá-la da mania.
— Você foi criado por seu pai e sua mãe? — ela perguntou de repente.
— Não. Eles se separaram quando eu era bem pequeno e minha mãe criou-me sozinha. Quando ela morreu eu es­tava com dezesseis anos e meu pai me levou para a casa dele. Fiquei lá durante dois meses e depois fui embora, porque a experiência não foi boa para nenhum de nós.
— Que coisa triste — ela disse baixinho.
— É a vida, Hermione.
Mais tarde, ao chegarem ao apartamento, ele parou perto da porta e ficou olhando para ela com ar estranho.
— O que foi, Harry?
— Nada. Só estou olhando. Você é linda.
Nervosa, ela se sentou no sofá.
— Espero que o jantar tenha dado bons resultados e que você tenha aprendido um pouco sobre as necessidades de uma mulher.
— Foi ótimo — ele declarou. —- Mas não creio que meu relacionamento com Cecília vá mudar. Desista dessa causa perdida, Hermione.
— Não é uma causa perdida.
— Como pode ter tanta certeza?
— Porque se eu mudei, você também pode mudar.
— Mudou? Como?
— Antes de ser anjo, eu mentia e xingava. Agora, não faço mais nada disso.
— Meu caso é diferente. Se houvesse uma chance de me apaixonar por Cecília, não me sentiria tão atraído por outra mulher.
— De quem está falando?
— De você. Depois que a tive em meus braços, na cama, não pude mais esquecer a maciez do seu corpo e a doçura de sua boca.
Hermione sentiu-se corar.
— Aquilo não vai mais se repetir. De modo algum eu me perderei no meio do caminho para o céu. — Ele não fez comentários e ela se levantou, espreguiçando-se. — Bem, acho que vou dormir.
— Mas é meu aniversário, Hermione — observou Harry, sorrindo. — Fique mais um pouco comigo. Por falar nisso, obrigado pelo piquenique e pelo bolo. Adorei.
Ela tornou a sentar-se.
— Que bom que gostou.
— Nunca apreciei tanto aquele parque. Fazia muito tem­po que eu não ia lá.
— Cecília não gosta de parques?
— Não. E detesta crianças, poeira e besouros. Mata aranhas inofensivas e não sabe apreciar as coisas simples da vida.
— Talvez ela mude — comentou Hermione suavemente. — Talvez venha a gostar das mesmas coisas que você.
— De tudo o que eu gosto? — ele perguntou, sentando-se no braço do sofá.
Acariciou o rosto macio que ela erguera para ele. Hermione estremeceu.
— Está com frio? — perguntou Harry.
— Não, isto é... um pouco. Sua lareira funciona?
— Acender a lareira, no verão? — ele estranhou. — Bem, mas se você quer...
Levantou-se e foi ajoelhar-se junto à lareira.
— Não estou vendo lenha — ela observou.
— Transformei-a numa lareira a gás — ele explicou. — E um sistema mais limpo e mais prático.
— Que pena.
Ele ligou o aparelho e voltou para o sofá, mas dessa vez sentou-se ao lado de Hermione e passou um braço por seus ombros.
— Estou com calor — declarou.
— Apague o fogo, então.
— Duvido que isso me refresque — ele replicou sugestivamente.
Inquieta, Hermione levantou-se, fingindo abafar um bocejo.
— Estou mesmo com sono, Harry. Vou para a cama. Até amanhã.
Dirigiu-se para a porta que levava aos dois pequenos dormitórios e ao escritório, mas ele saltou do sofá e pegou-a pelo braço. Abraçou-a num movimento repentino e cobriu-lhe a boca com um beijo.
Hermione sentiu que amolecia e que o coração batia mais forte. Não resistiu, quando ele apertou-a contra o corpo. Ergueu os braços e enlaçou-o pelo pescoço, suspirando. Gemeu baixinho, dominada pelo desejo, quando ele aninhou uma coxa musculosa entre as suas. O beijo aprofundou-se, violento e faminto. Ela oscilou, como se o chão perdesse a firmeza sob seus pés.
Harry ergueu-a nos braços e sem interromper o beijo carregou-a para o quarto que ocupava. Colocou-a gentilmen­te na cama e o colchão de água balançou. Deitou-se ao lado dela, observando o lindo rosto que a luz do abajur deixava mais encantador. Pegou uma das mãos pequenas e beijou-a repetidamente, até que ela abriu os olhos, fitando-o com um sorriso.
Com um gemido sufocado, ele tornou a apossar-se dos lábios carnudos e, sem poder conter-se, acariciou um dos seios redondos e rijos. De súbito, sentiu água fria na pele.
Água fria? Separou-se de Hermione com brusquidão, enten­dendo o que acontecera.
— Não acredito! — exclamou. — O maldito colchão deve estar com um vazamento! Veja, as roupas de cama deste lado estão ensopadas!
Ajudou Hermione a levantar-se e apalpou-a, notando que apenas a barra do vestido estava molhada.
— Vamos para o seu quarto, meu bem.
— Não.
— O que foi que disse?
— Eu disse "não".
— Hermione...
— Não entende, Harry? Íamos cometer um erro. Não posso fazer certas coisas. Sou um anjo. Esqueci, por um momento, mas não vou mais me esquecer. Nunca.
Sem esperar que ele replicasse, saiu do quarto, decidida a ficar longe de Harry Potter. Não podia trocar o céu por um instante de prazer terreno.





Obs:Oiii pessoal!!!!Capitulo postado!!!!!Espero que tenham curtido!!!!Com o término de "O principe encantado", eu postarei até o final de semana uma nova fic!!!!Bjux!!!!Adoro vocês!!!!

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