O Legado Potter
O sol daquela tarde estava bastante convidativo, um jovem bruxo estava sentado em um pequeno café no meio de Londres distraidamente olhando o jornal. Harry Potter estava um tanto quanto mudado, o cabelo ainda continuava rebelde, mas já não estava tão comprido como antes, seu rosto perdera as feições delicadas de adolescente e agora seu rosto mostrava as feições de um homem. A barba por fazer mostrava que não havia ido para sua casa a pelo menos uns dois dias. A única coisa que continuava a mesma eram seus olhos verdes, que percorriam o local por sobre o jornal a procura de algum indício do que haviam denunciado ao departamento de aurores. Já faziam cinco anos que estava no Ministério e bem, somente agora estava realmente saindo em missões. Obviamente depois que saiu de Hogwarts e se mudara para um apartamento em Londres com Ron, as coisas ficaram um tanto mais complicadas. Rony podia até ser seu melhor amigo em todo o mundo, mas definitivamente não era nem de longe alguém organizado. Tudo bem que depois de dois longos anos estudando na academia de aurores, ele finalmente tomou jeito, mas foi uma luta conseguir se adaptar ao jeito desleixado do amigo. Se não fossem as idas e vindas da Sra. Weasley, Harry não sabia se tinham conseguido sobreviver morando sozinhos.
- É aquela... – ouviu a voz de Ron atrás de si. Ambos estavam de guarda no café um sentado de costas para o outro com jornais abertos apenas aguardando o momento certo - ... pelo menos foi o que Johns disse.
- Então vamos... – respondeu Harry - ... eu vou por essa rua e você dá a volta por aquela quadra atrás dela..., mas vê se tenta ser discreto dessa vez...
- O que quer dizer? Eu sou uma pessoa discreta! – disse Ron levantando-se e enganchando a toalha da mesa no cós da calça puxando todos os utensílios que estavam sobre a mesa fazendo barulho.
- É... deu pra perceber... – disse Harry discretamente começando a andar pela calçada. Esperava sinceramente que Ron conseguisse prender a bruxa antes que ela tentasse desaparatar. Já estava quase na metade do trajeto quando um zumbido tomou conta do seu ouvido, e algo começou a deixa-lo inquieto. Olhou em volta assustado, por mais que tivesse alerta alguém conseguiu lhe atingir com um feitiço? Era uma sensação estranha na verdade, como se tivesse de ir a algum lugar, mas não sabia dizer onde. Novamente um zumbido em seu ouvido e assim como aconteceu... desapareceu. – Que coisa doida... – disse ele baixinho e então meneou a cabeça novamente, continuou a andar e então ouviu um barulho vindo do beco onde possivelmente Rony estaria. Correu até os fundos do beco e encontrou Ron estirado no meio das latas de lixo. – O que foi que houve?
- Aquela Maluca tentou me azarar e eu escorreguei nessa casca de banana... – disse Ron levantando-se com a ajuda de Harry.
- E onde é que ela está? – perguntou Harry enquanto Ron se alinhava.
- Está ali... – disse ele apontando para o lado onde só então Harry notou um par de pernas para cima - ... meu feitiço a atingiu antes que eu caísse...
- Ufa... se a tivéssemos perdido novamente... Reginald iria nos fritar em um caldeirão de óleo fervente! – disse Harry indo até a mulher e colocando um par de correntes mágicas em suas mãos.
- Não estaríamos atrás dela se aquele idiota do Johns não tivesse deixado ela escapar por conta daquela poção do amor que o idiota bebeu... – respondeu Ron enquanto ajudava Harry a colocar a bruxa novamente de pé - ... como ele conseguiu passar no exame para auror? Comprou os examinadores?
- Ele é sobrinho do conselheiro Wildmore... – respondeu Harry enquanto ouvia a mulher gemer atordoada.
- Sabia que um idiota daqueles não podia ter passado se fosse como a gente... – disse Ron olhando em volta para ver se havia alguém a vista - ... vamos entrega-la logo e ir pra casa, preciso de um banho e Hermione vai me matar se não jantar com ela hoje.
- Eu combinei sair com a Sah hoje... – respondeu Harry - ... faz tempo que não saímos e como é a primeira noite de folga dela depois de seis meses...
- Então vou preparar algo romântico para Hermione... – Harry então encarou Ron - ... quê? Comprar comida no restaurante e arrumar a casa para esperar por ela é “preparar algo” sim!
- Não é não... – disse a bruxa ainda atordoada.
- Fecha a matraca! – ralhou o ruivo – Já estou com o meu traseiro dolorido por sua culpa!
- Acho que a culpa é a da casca de banana... – concluiu Harry rindo.
- Cala a boca Harry... – ralhou o garoto desaparecendo com um estampido assim como Harry e a bruxa logo em seguida.
Momentos depois estavam no átrio do Ministério da Magia, a fonte continuava a mesma embora Harry soubesse que Hermione estava fazendo muito esforço para transformar em algo menos ofensivo para os seres mágicos como elfos, centauros e todos os seres mágicos os quais os bruxos se achavam superiores. Hermione agora estava no departamento de leis mágicas, obviamente não quis ser auror, embora também tivesse talento para a coisa. Ela preferiu ficar atrás de uma mesa fazendo a parte chata e burocrática. Sarah havia concluído a academia de aurores e depois de seis meses fazendo estágio fora da Inglaterra, estava de volta para assumir um cargo no departamento de aurores. Harry realmente estava feliz com a volta da garota embora passar seis meses longe não fora tão fácil. Se manteve tanto tempo trabalhando e focado no serviço que as vezes nem dormia direito. Embora não tivessem tantas missões, e a maioria das vezes seu trabalho estava sendo “burocrático” como garoto propaganda do Novo Ministério da Magia, ele se sentia feliz. Estava sendo uma pessoa normal, ou tão normal quanto podia.
- Departamento de Aurores... – disse Ron assim que entraram no elevador. Harry sentiu seu estomago ir parar na parte da frente do seu corpo quando o elevador começou a se movimentar. Não demorou muito para que chegassem. O local era bem abaixo do átrio e um tanto escuro. Havia máquinas de escrever datilografando sozinhas em várias mesas e apenas duas ou três pessoas sentadas nas mesas uma delas era Sofie Scrimgeor. Harry tinha certeza de que ela era parente do antigo chefe do departamento, mas ele nunca perguntou embora ela vivesse puxando assunto com ele.
- Ah olá Harry... – disse ela assim que o bruxo entrou na porta - ... conseguiram pegar essa estelionatária de trouxas finalmente?
- Como assim “finalmente”? – ralhou Ron sério.
- Bem.. – Começou a bruxa um tanto sem jeito - ... é que como ela escapou da última vez...
- Ela não escapou... – disse Ron parecendo realmente insatisfeito com o rumo da conversa - ... se não fosse aquele...
- Tivemos um contratempo com o nosso suporte... – respondeu Harry educadamente - ... ela o enganou com uma poção do amor, por isso conseguiu fugir antes de chegarmos para pega-la... então... vou coloca-la na sala de interrogatório...
- Eu vou pra minha sala... – disse Ron ainda parecendo zangado.
Harry começou a andar com a bruxa “algemada” em direção a porta no final da sala quando Sofie levantou-se rapidamente para acompanha-lo. O que o deixou visivelmente desconfortável.
- Então... – começou ela - ... quer dizer que finalmente vai ter uma folga hoje, não é?
- Eu acho que sim... – disse ele abrindo a porta e colocando a bruxa algemada sentada na cadeira em frente a uma mesa. - ... eu espero que sim na verdade.
- Então talvez podíamos... – começou a garota a falar, mas então Hermione entrou na sala com no mínimo dois arquivos e uma pasta em seus braços.
- Harry... você não tem que pegar a Sarah no aeroporto? – perguntou ela com a maior doçura que conseguiu expressar.
- É... é... e já estou atrasado... – disse ele olhando para Hermione - ... não se importa de interroga-la sozinha?
- Não... imagina... qualquer coisa tem o Ron e a Sofie aqui para me ajudar... – respondeu Hermione com um falso sorriso que não fez questão de esconder. – Vai logo, e não monopolize ela por muito tempo, temos muito assunto para pôr em dia!
Harry rapidamente saiu da sala e foi até a sala de Ron pegar suas coisas. O Ruivo estava estirado na cadeira, com os pés sobre a mesa olhando o que parecia ser uma revista em quadrinhos.
- Esconda já isso ou Hermione é quem vai te fritar em óleo fervente... – disse Harry fechando a porta.
- Tá mais pra ela fritar você se não der um “chega pra lá” na Scrimgeor... – falou Ron se endireitando e apoiando os braços sobre a mesa - ... ela vive dando em cima de você apesar de todas as suas indiretas sobre a Sah.
- Eu já tentei deixar claro que não quero nada com ela, mas... – começou ele a dizer enquanto arrumava sua bolsa.
- Ela parece que não aceita um “não” como resposta... – respondeu Ron - ... eu não aceitaria nada dela se fosse você... lembra daquela maluca que tentou te enfeitiçar com a poção do amor?
Harry lembrava-se vagamente de um episódio em Hogwarts, mas como Nigel fora quem bebera o seu suco de abóbora por engano, ele nunca descobriu quem havia sido a autora. Embora o garoto tenha desenvolvido uma paixão desenfreada por duas alunas simultaneamente. Mas tinha de concordar com Ron, ele precisava definitivamente colocar um ponto final nessa história ou as coisas ficariam complicadas com Sarah por perto. Não que ela não confiasse nele, mas assim como Hermione, Sarah poderia ser “muito” indiscreta e meter um Avada na colega sem pensar duas vezes. Na verdade, ele tinha a mais absoluta certeza de que ela mandaria sem pensar mesmo.
- Bem eu já vou indo... – disse ele encarando Ron - ... Hermione está com a suspeita, ela me disse que se precisasse chamaria você..., mas acho que a Scrimgeor dá conta do recado...
- Beleza... quanto menos eu olhar para a cara daquelas duas... – disse Ron novamente pegando sua revistinha e apoiando os pés na mesa - ... mais rápido meu ranço passa... te vejo mais tarde...
- Muito provavelmente só amanhã... – respondeu Harry com um sorriso - ... você não tem um “jantar romântico” para organizar?
- Ah... verdade... – disse ele recordando-se - ... será que se eu disser para Hermione que surgiu uma emergência dou conta de arrumar tudo antes da Mione sair?
- Provavelmente... – respondeu Harry já abrindo a porta – ... mas eu contrataria alguém para fazer isso... já que pode ocorrer literalmente uma emergência...
- Ha... Ha... Ha... – riu sarcasticamente Ron enquanto Harry saia pela porta. Contudo assim que o bruxo saiu, Ron rapidamente pegou uma edição do Profeta diário e começou a folheá-lo - ... onde foi que eu vi aquele anuncio???
Já no átrio, Harry não via a hora de sair daquele lugar. Tudo bem que fora alí que perdera Sírius e bem, isso o deixava bastante incomodado as vezes. Porém não tinha muito o que fazer, ele era bom no trabalho, e fazia sempre o máximo que conseguia para cumprir com suas obrigações, mas sempre que chegava ali, as lembranças tomavam conta de sua mente.
- Talvez com Sarah aqui... as coisas fiquem mais suportáveis... – disse ele baixinho enquanto seguia rumo a uma das várias lareiras espalhadas pelo saguão.
Estava decidido a ir direto até o aeroporto, mas quando vira sua imagem refletida no espelho achou que sua namorada pelo menos precisava vê-lo mais apresentável. Olhou para o mapa e escolheu a mais próxima do apartamento que conseguiu. Subira os degraus de dois em dois até o número 13 e então abriu a porta. Ron ainda não havia chegado e por isso ele fora direto ao banheiro tomar um banho rápido, ajeitou os cabelos rebeldes apesar de curtos ainda lhe dava trabalho. Fez a barba e quando foi sair do banheiro, novamente aquela sensação de ansiedade o pegou, a sirene em sua cabeça começou a pulsar como se ele fosse enlouquecer. Não sabia o que isso queria dizer, será que teria de ir ao St. Mungus e fazer alguns exames? Meneou a cabeça, poderia ver isso mais tarde. Já estava atrasado e não queria deixar Sah esperando ainda mais. Já estavam longe a seis meses, não podia mais esperar para vê-la. Olhou em volta, procurou um jeans, uma camiseta branca. Agasalhou-se afinal, Londres no natal pode ser mágico, mas também é muito frio e úmido. Foi até a lareira e então com o pó de flu e em poucos minutos estava saindo na lareira no pub The Cauldron. Não era um pub muito popular afinal fazia poucos meses que havia sido inaugurado, mas ele como era de se esperar já havia ido várias vezes com Ron para investigações. Embora ele tivesse a certeza de que o amigo ia ali apenas pelos bolinhos e a cerveja amanteigadas que eram iguais as que Madame Rosmerta fazia no três vassouras. Infelizmente ela havia vendido o a taverna em Hogsmeade a alguns anos, o que deixou Rony muito deprimido.
O caminho até o aeroporto não era muito distante, apenas um quarteirão de distância. Haviam algumas pequenas lojas e barracas no caminho, mas ele já tinha a meses algo bem guardado e seguro em seu bolso. Parou diante ao sinal vermelho, sentia as mãos terrivelmente úmidas. Estava nervoso, decididamente estava muito nervoso. Era como se ele estivesse indo ao encontro com uma garota pela primeira vez e isso era realmente assustador.
- Tenha dó Harry! – disse baixinho para si mesmo – É só a Sah! Porque está tão nervoso?
Ouviu uma buzina e então o sinal abriu, ele correu para o outro lado da rua e então entrou no aeroporto. O vôo havia chegado na hora e ele bem, estava exatamente no horário. Olhou no painel onde mostravam os vôos, porém sentiu alguém passando as mãos por sua cintura.
- Porque demorou tanto?
- Eu é que pergunto porque não usou a rede de flu ou uma chave de portal... – disse ele virando-se e vendo Sarah com um sorriso.
- Ah você sabe... – disse ela com um suspiro - ... minha punição por entregar o chefe do comitê de avaliação da academia americana. Não podia fazer viagens internacionais... pelo menos não pelo modo mágico...
- E como ficou todo o processo agora? Pode voltar de vez pra casa? – perguntou Harry tirando uma mão dos bolsos e tirando uma mexa de cabelo do rosto da garota.
- Aí depende... – disse ela cerrando os olhos - ...como posso saber se posso voltar se você não me deu nenhum beijo ou abraço de boas-vindas?
Harry então segurou o rosto de Sarah com ambas as mãos e sorrindo, tocou seus lábios com o seus em um beijo. Seu coração batia acelerado, nem ele sabia que sentia tanta falta da garota até aquele instante em que seus lábios tocaram os dela. O beijo foi ficando mais exigente à medida que suas mãos desceram para os quadris da garota e então ela enlaçou seu pescoço com os braços. Harry a ergueu alguns centímetros do chão o que fez com que ela começasse a rir.
- Não via a hora de ver você... – disse ela dando-lhe um selinho nos lábios.
- Com tantos bruxos bonitões e sarados na américa... achei que já teria lhe perdido para algum... – disse ele e ela então fechara a cara.
- Aham... sei... – então com o dedo indicador começou a cutucar o peito do garoto - ... não sou eu que tenho uma fã obcecada trabalhando do lado de fora da minha sala no Ministério da Magia...
- Não acredito que Mione já abriu a boca... – resmungou ele meneando a cabeça, mas achando graça da namorada.
- Ué... as amigas servem para isso... – respondeu Sarah cruzando os braços - ... ela que não se atreva a mexer com você... ou vamos ter sérios problemas na divisão de aurores...
- Quer dizer que conseguiu? – perguntou ele com um sorriso e ela confirmou com a cabeça.
- Bem... ainda faltam ajeitar alguns detalhes, mas... sim... devo começar no departamento de aurores daqui a alguns dias... – disse ela e então recebera um abraço ainda mais caloroso do garoto.
- Não vejo a hora de ter você lá todos os dias... – disse ele lhe dando mais um beijo demorado nos lábios.
- Ah... vai dizer que você não vai enjoar de me ter todos os segundos possíveis do dia policiando você... – Harry sorriu pegou na mão da namorada e começou a andar meneando a cabeça negativamente enquanto ela falava.
- Eu nunca vou enjoar de você... já te disse isso milhões de vezes... – respondeu ele – Já pegou sua bagagem?
- Já despachei direto para meu apartamento... – disse ela apertando o braço do garoto - ... podemos comer? Estou morrendo de fome...
Harry tinha intensão de leva-la a algum lugar que fosse quieto e romântico, mas, Sarah optou por passarem no supermercado para fazerem compras. Ela queria fazer o jantar dessa vez e ele não a contrariou. Estava feliz por tê-la com ele e isso já era o suficiente por enquanto.
- Eu não sabia que você cozinhava... – disse ele algum tempo depois a ajudando a tirar as compras da sacola.
- Bom, não sou nenhuma chef de cozinha... – respondeu ela guardando alguns legumes na geladeira e fazendo uma careta - ... mas consigo me virar e muito bem... você não abasteceu a geladeira enquanto eu estive fora?
- Eu raramente vim aqui... – disse ele um tanto apreensivo - ... estive bastante ocupado nos últimos meses...
- Por causa da “Ordem Direta” – respondeu ela – Ou sei lá como chamam aquele movimento besta que andam fazendo...
- Mais ou menos... – respondeu ele – Aqui não tem tanto barulho quanto lá fora, mas, já está causando algum alvoroço.
- E o voto de sigilo? -perguntou Sah agora lavando alguns tomates – Espero que não tenha sido abalado depois do que houve em Nova York.
- Se refere a exposição da magia? – ela então confirmou com a cabeça – Não teve o impacto que esperavam... a maioria acha que foi só algum exibicionista maluco americano... você conhece os ingleses, acham americanos estupidamente exagerados... – Harry então foi até onde Sarah estava e passou as mãos por sua cintura a abraçando por trás. Apoiou seu queixo no ombro dela e ficara assim por alguns minutos.
O problema na realidade e que estava lhe tirando o sono não era exatamente um problema. Harry já estava há mais de um ano como Auror quando uma ideia surgiu em sua cabeça. Era quase tão forte quanto as ideias que precedeu sua fuga febril ao ministério atrás de Sírius no seu quinto ano exceto que este, ele sabia, não era algo que vinha de um sonho ou uma visão. Era algo realmente real e consistente em sua mente. Na verdade, ele se lembrou, muito claramente, da discussão dele com uma Condessa sobre o significado da Casa dos Black no salão principal durante os Niems.
“É mais do que uma propriedade e um título” - ela lhe dissera. – “ Mais do que um mero nome. A cor preta significava alguma coisa. É protegido e regulamentado a alguma força humana elementar, assim como o Baronato Greene já foi encarregado da força do ciúme e da ambição, e o Marquês de Rose moderou as marés inconstantes do amor.”
Mas a condessa recusou-se a contar-lhe o que a Casa de Black era o responsável. Ou talvez ela não tenha conseguido contar a ele. Porque talvez ela mesma não soubesse ou não se lembrasse. A ideia lhe ocorreu muitas vezes ao longo dos anos como uma mera curiosidade. Algo que ele poderia um dia decidir investigar em um capricho, caso ele tenha tempo e disposição. Até que os sonhos começaram para valer. Só que não eram exatamente sonhos, por mais que fossem simplesmente um senso de urgência mal definido, como o eco da mensagem de um ente querido. Uma voz, chamando os necessitados, ou algum compromisso importante, mas esquecido, incomodando a memória.
- Caraminholas na cabeça Potter? – perguntou ela e então ele riu. Essa celebre frase do chapéu seletor a ele no seu segundo ano, sempre o fazia rir. E obviamente Sarah reconheceu algum sinal nele. Delicadamente ele beijou-lhe o pescoço e sentiu-a estremecer em seus braços.
- Acho que você tem uma ideia... – respondeu ele girando o corpo de Sarah e a imprensando delicadamente contra a bancada - ... das caraminholas que tenho em mente...
Sarah passou os braços pelo pescoço de Harry e com um sorriso sapeca dera-lhe um beijo que foi aprofundado logo em seguida. Com agilidade ele a pegara nos braços e começou a carrega-la para o quarto. Estava com saudades de senti-la em seus braços e decididamente iria aproveitar cada segundo que pudesse a partir de agora.
***
Já se passavam das quatro horas da manhã, Harry abriu os olhos de súbito. A cabeça palpitando como da última vez que tivera aquela sensação de urgência. Sarah dormia a sono alto ao seu lado. Cuidadosamente ele tirou seu braço onde a jovem estava deitada. Ela se mexeu preguiçosamente virando-se pro lado o posto o que facilitou para que ele pudesse se levantar. Havia tido um sonho muito estranho com a antiga casa da Família Black. Uma caverna escura, um livro sobre um patamar estranho cheio de luzes. Não era a primeira vez que ele via essa cena, nas primeiras vezes isso parecia apenas sonhos malucos. Mas ultimamente as sensações eram aterrorizantemente vividas e com tamanha urgência que ele não conseguia mais controlar. Sentira isso naquela tarde mesmo quando estava efetuando a prisão com Rony. E pouco antes de encontrar Sarah no aeroporto. Olhou para o relógio, não iria acordar a namorada por algo que nem ele sabia exatamente como explicar. Mas sabia que ela descobriria mais cedo ou mais tarde. Foi então até o pequeno escritório, Sarah havia permitido que ele guardasse algumas coisas ali, coisas que estavam no Largo Grimmauld e que pertenciam a Sírius. Obviamente não tudo, mas, alguns itens os quais o próprio Dumbledore havia lhe entregado. Pegara uma xícara de chocolate quente, agarrou-se melhor ao seu roupão afinal estava frio do lado de fora e a lareira estava apagada a muito tempo, e sentou-se diante a mesa de cedro. Harry tinha essa sensação constante... mesmo durante o dia, em seu escritório ou sentado à mesa durante as refeições com Ron e Hermione. Harry ficava tentando controlar um choque de pânico sem direção, como se ele próprio fosse um estudante novamente, um nervoso primeiranista acordando e percebendo que a aula já havia começado, o exame estava prestes a começar e ele mal teve tempo de vestir suas vestes e correr, com o cabelo despenteado e os sapatos desamarrados, o mais rápido que pôde até a porta da sala de aula antes que ela o excluísse, tarde demais, fadado ao fracasso.
Ele não tinha ideia do que estava por trás de tudo isso. Ele só sabia que isso tinha algo a ver com as estranhas sugestões da Condessa Vandergriff sobre o título empoeirado que herdara e o significado do nome Black, e a responsabilidade de alguns antigos e fundamentais elementos da Aristocracia.
- Você deveria ir para Grimmauld Place... – Harry ouviu alguém dizer enquanto estava sentado na mesa revendo alguns papéis. Ele tinha ficado sentado no escritório naquela noite de inverno olhando para um livro, lendo a mesma linha repetidamente, sua mente completamente distraída e conduzida por uma urgência fantasma, impossibilitando a concentração e o sono. Um tanto irritado, ele olhou em volta e perguntou:
- Quem disse isso?
- Eu seu verme desajeitado... - respondeu um retrato em um canto alto e coberto de teias de aranha. sotaque nasal. Harry semicerrou os olhos para a escuridão acima. Foi o retrato de Phineas Nigellus Black. Ele achava que nunca tinha ouvido a fala particularmente daquele retrato, embora ele soubesse que o mesmo retrato do velho e desonesto diretor às vezes ocupava um quadro vazio no largo Grimmauld. Harry considerou o retrato por alguns instantes.
- Por que eu deveria ir para Grimmauld Place? – perguntou ele com um olhar desconfiado. Nunca aquele retrato havia falado com ele na verdade, somente uma única vez ele se dirigiu a ele, e não fora para falar e sim para insultar lhe.
- Porque você está claramente agitado a ponto de quase ficar completamente sem utilidade em qualquer coisa que faça. Reconheço os sinais. Vá e me poupe da sua frustração estúpida.
- Mas por que lá, exatamente? - Harry pressionou desconfiado. Mas Phineas Nigellus apenas cruzou os braços e recostou-se, seu rosto caindo na sombra e fechando os olhos.
- Você não obterá mais respostas dele, creio... - sugeriu outro retrato, era um casal na verdade, olhando para cima e para fora de seu enquadramento. - Mas eu espero que o conselho dele, por mais limitado que seja, possa ser frutífero para o seu Estado atual.
- Você sabe algo sobre isso? - Harry perguntou, abaixando os olhos para o retrato mais próximo.
A mulher que estava ao lado do homem do retrato, encolheu os ombros enigmaticamente. O homem mais uma vez falou - Só sei que estamos aqui confinados a aguentar o mal humor desse bruxo a cada minuto do dia. E se de qualquer maneira pudermos lhe prestar auxílio, via nossas próprias perspectivas únicas. Eu creio que perspectiva de Phineas Nigellus pode sem dúvida ser a mais única de todos.
Das sombras teias de aranha, Phineas Nigellus bufou arrogantemente.
- Vá... - suspirou o retrato de uma mulher, falando alto com sotaque escocês - Eu, pelo menos, não suporto ver você suspirar e apertar os olhos na mesma página daquele maldito livro por mais tempo!
Harry assentiu. Mesmo que não tinha ideia do que os retratos estavam falando, uma curta viagem poderia muito bem esclarecer a sua cabeça. E ele não ia ao Largo Grimmauld há anos. Ele partiu naquela mesma noite. Não sem antes deixar um bilhete para Sarah dizendo que precisava ir a um lugar, mas que não demoraria muito. Conjurara uma rosa e colocara ao lado da garota na cama. Não queria alarma-la e por esse motivo apenas deixou claro que precisou comparecer mais cedo no Ministério. Assim, ele vestiu um seu casaco mais grosso, uma manta. Calçou suas botas de neve e olhou pela janela. O tempo estava escuro e a neve ainda caía, com certeza estaria frio o suficiente para congelar seu nariz. Com cuidado fechou a porta do apartamento, e desceu para o saguão. Não havia ninguém na portaria por isso a sua aparatação fora até simples. Seus pés tocaram o chão no campo do quarteirão ao lado. Onde antes havia uma antiga fábrica de tecelagem. Faziam anos que ele não ia até aquele lugar. Uma sensação de “quietude” praticamente despertou em sua mente. Como se estivesse realmente fazendo o que devia fazer. Mas o que, ele realmente não sabia. Só sabia que tinha de estar ali. Tomando todo o cuidado ele seguiu pelo caminho até o endereço. Os números 13 e 11 exprimidos anormalmente davam a quem conhecia o feitiço, uma impressão de dislexia. Magicamente assim que ele parou diante do prédio, ele começou a se abrir. Ponto por ponto, sacada, janela e enfim a porta se materializou em sua frente. Harry usou sua chave e então abriu a porta. A casa estava as escuras, assim como a rua do lado de fora.
- Seja bem vindo Mestre! – Harry ouviu a voz de monstro e dera um salto.
- Olá Monstro... a quanto tempo... – respondeu Harry um tanto sem jeito - ... vejo que tem mantido tudo em ordem...
- Monstro mantem a casa limpa sempre que pode... – Harry ouviu a resposta do elfo mas tinha certeza de que não era verdade, afinal, havia uma fina camada de poeira no chão e sobre o que sobrava dos móveis. - ... o mestre veio fazer uma visita?
- Mais ou menos... – respondeu ele - ... queria saber se você sabe ou conhece algum motivo para Phineas Nigellus me pedir par avir até aqui.
- Apenas sei o que o antigo mestre Black falava... – disse o Elfo - ... quando o chamado chega, não tem como resistir...
- Chamado? – perguntou Harry curioso e impaciente ao mesmo tempo – Que chamado?
- Sim... – disse o elfo - ... todo mestre da casa Black foi chamado. Monstro não sabe lhe dizer o que é, ou o como é... apenas os Blacks devem saber.
- Mas eu não sou um Black... – respondeu Harry.
- Mestre Sírius deixou o título nobre dos Black para o Sr... – disse o elfo acompanhando Harry até a cozinha - ... então o senhor é quem tem o dever.
- Que dever? - Harry perguntou, incapaz de evitar a impaciência em sua a voz. - Sinto como se um Berrador estivesse disparando na minha cabeça há dias, só que está apenas gritando para mim, sem usar nenhuma palavra real. O que é isso?
- Monstro não sabe mestre... – disse o elfo agora parando diante de uma parede. - ... apenas sei que mestre precisa da chave.
- Chave? – disse Harry apalpando os bolsos, encontrou a chave da casa e entregou a Monstro que meneou a cabeça negativamente, as orelhas balançando como asas. Ele então encarou Harry.
- Sem chave, ninguém consegue abrir o cofre da família mestre... nem Monstro, nem o Mestre... ninguém – repetiu Monstro.
Realmente Harry estava se sentindo frustrado, a sensação de urgência em sua mente começou a apitar como se fosse uma sirene de bombeiros em meio a correria para apagar um incêndio. Olhou em volta, sabia que a resposta estaria ali, na verdade o centro da sua frustração tinha realmente haver com esse bendito cofre. Mas o que exatamente tinha ali dentro que lhe causava tanta agitação.
- Sírius devia saber... – disse ele baixinho.
- Mestre Sírius sabia sim... – confirmou Monstro - ... ele foi o último do sangue Black a saber sobre o legado.
- Mas infelizmente ele já não está mais aqui, não é? – respondeu Harry sarcástico logo se arrependendo em seguida. Monstro não tinha culpa de não saber sobre isso. O jeito era ele tentar descobrir, fosse o que fosse sobre esse “tão secreto” legado da família Black. Talvez se pesquisasse sobre isso... – Nah... Mione é melhor nisso do que eu...
Não tinha alternativa, teria que pedir ajuda a alguém se quisesse saber o que havia no cofre.
- Lamento mestre... – disse Monstro - ... somente o senhor deve saber sobre o legado, ou as consequências podem ser muito ruins. Em sua mente ele recordou-se do que a Condessa havia dito sobre isso, talvez fosse por isso que algumas das “cores” que levavam no sobrenome tinham desaparecido.
- Que ótimo... sei o que tenho que fazer... mas não sei como fazer... – respondeu ele. Eram sete horas da manhã agora. Precisava ir para o Ministério da Magia e além disso, dar notícias a Sarah, tinha certeza de que ela estaria preocupadíssima.
Harry então usou o pó de flu dessa vez, a lareira do Largo Grimmauld era boa o suficiente para manda-lo para o Ministério. Em poucos minutos estava saindo no Atrio, e encontrando Ron se despedindo de Hermione.
- E então... – disse ele assim que viu Harry se aproximando.
- E então o que? – perguntou ele entrando no elevador atrás do garoto.
- Ué... você não disse que ia falar com a Sah? – respondeu o garoto – Ficou esses tempos todos ensaiando!
- Eu não quis sobrecarregar ela com isso logo no primeiro dia dela de volta... – disse Harry coçando a nuca sem jeito - ... além disso, ela está super empolgada porque conseguiu uma vaga aqui com a gente...
- É sério? – perguntou Ron – Que ótimo, assim ela pode dar um jeito na Scrimgeor por você.
Harry apenas meneou a cabeça enquanto seguiam ao departamento de Aurores pelo corredor, sua cabeça realmente estava latejando. E sentia uma necessidade tremenda de voltar ao número 12 do Largo Grimmauld. Parecia que ele só conseguia ficar sossegado, e essa agitação sobre controle, se estivesse fisicamente lá. Só não entendia porque tinha de ser justamente agora, que Sarah estava com ele. Ele não podia contar a ninguém sobre esse “legado” e também não sabia por onde começar para encontrar a tal chave do cofre.
- Weasley! – eles ouviram uma voz vinda do corredor – Precisamos de você...
Ron apenas meneou a cabeça, Harry sabia que os seus superiores estavam lá apenas por serem “indicados” ou apadrinhados por algum bruxo influente do conselho. Mesmo Kingsley sendo o Ministro ainda em exercício, haviam coisas as quais ele não conseguia mudar.
- Vejo você mais tarde... – disse Harry. Sua cabeça na verdade estava longe. Vira ao longe no elevador Hagrid. Estava com saudades do guarda caças e pensou até em ir falar com ele, mas ele parecia não o ter visto. Então optou por ir para o seu escritório. Por sorte, sua “admiradora” como Sarah dissera não estava ou não havia chegado ainda então ele rapidamente entrou e fechou a porta. Se Hagrid estava no Ministério, bem ele podia estar fazendo alguma coisa para McGonagall. Se bem lembrava estariam todos se preparando para as festas de fim de ano, e bem, tinha certeza de que Sarah iria querer se reunir com sua tia assim que fosse possível. Ele sabia que apesar da falta de qualquer Argus Filch ou a Sra. Norris para causar terror nos corações dos estudantes rebeldes em todo o campus as coisas em Hogwarts não estavam exatamente bem. A gata Sra. Norris morrera quase 2 anos, em a tenra idade de quarenta e nove anos – idade antiga até para um Kneazle. Já Filch, acabara falecendo um ano antes da gata. Harry ainda se lembrou do longo elogio de Hagrid no funeral de Filch. O evento lotou a igreja rural nos arredores de Hogsmeade, para grande surpresa de Harry. Fora logo após ele ter sido aceito na Academia de Aurores. Ele se perguntou na época quantos dos presentes eram ex-estudantes que meio que esperavam que o velho irascível zelador voltasse de seu caixão, possuído de puro mau humor e teimosia, de volta para a escola, como um zumbi, para continuar seus deveres rabugentos na vida após a morte. Mas isso não aconteceu. Mas a visão de Hagrid chorando abertamente durante os elogios, assoando o nariz ruidosamente enquanto um enorme retrato emoldurado do rosto carrancudo de Filch, revirando os olhos em desgosto, ainda era uma visão ainda mais estranha. De acordo com Ron, agora, o posto de zelador era ocupado pelo jovem Romeo Edgecombe, e nunca poderia haver substituto mais adequado de acordo com o amigo. Os sobrinhos de Ron, filhos de Gina e Dugald McPhail, Theodore e Brigite estavam em Hogwarts agora. Os gêmeos eram a cópia de Fred e Jorge nos seus primeiros anos em Hogwarts. Edgecombe, um jovem robusto era a própria imagem dos choramingos, respeito e deferência de Filch, sorrindo para a equipe de um lado sua boca enquanto atacava venenosamente os alunos do outro. Harry sabia que Minerva McGonagall deveria manter um controle bastante rígido sobre o Jovem e desagradável homem. Mas Harry também sabia por experiência própria que homenzinhos desagradáveis tendiam a ser bastante uteis quando se trata de manter um senso de ordem, desde que sua mordida não ultrapassasse a casca.
Harry estava sentado em sua mesa quando a porta do escritório fora aberta. E a cabeça de Hermione entrou.
- Está ocupado? – disse ela, com um sorriso tímido.
Harry balançou a cabeça em negativa e fez sinal para que ela entrasse. Realmente não tinha visto a hora. Ficara tanto tempo divagando sobre Hogwarts que na verdade ele não vira a hora passar.
- Pensei em vir falar com você sobre o caso de ontem... – disse Hermione, mas Harry tinha sérias dúvidas se realmente era por isso mesmo que ela estava ali.
- Pode falar Mione... – disse ele - ... eu sei que está preocupada com que aconteceu ontem comigo e a Sarah e porque eu sai no meio da noite.
- Não... eu... – respondeu ela e então deixara os ombros caírem - ... Sarah me falou que não sabe porque motivo você desapareceu no meio da noite. Pensou que tivesse feito alguma coisa de errado...
- Não é... bem... tem uma coisa que preciso resolver no Largo Grimmauld... – disse ele tentando não contar o que realmente precisava fazer, afinal fora advertido a não falar sobre o assunto.
- Na casa do Sírius? Achei que já tinha vendido aquela casa... – respondeu Hermione.
- Não posso vende-la ainda... – disse Harry - ... não sem antes me assegurar de que as coisas nela estejam seguras. Você sabe... Monstro vive nela, a Ordem foi sediada ali, sem mencionar em vários outros segredos obscuros que podem estar escondidos ou enterrados naqueles porões...
- É... você tem razão... é preciso ter cautela... ainda mais com esse “movimento progressivo” ou “Ordem Direta” fazendo estrago sobre o fato do sigilo da magia... – Hermione levava muito jeito com política, o que era realmente surpreendente. – Acho bom você conversar com a Sah sobre isso. Ela estava visivelmente preocupada.
- Ela está aqui? – perguntou Harry em sobressalto.
- Não, eu a encontrei no café essa manhã antes do trabalho... – respondeu a garota ajeitando o cabelo. Harry pode notar um anel brilhante em seu dedo.
- Ron finalmente pediu sua mão? – perguntou ele rindo vendo o rosto rubro da amiga.
- Ele foi tão fofo... – respondeu ela abrindo o maior sorriso e não escondendo a alegria - ... tudo bem, ele comprou todo o nosso jantar no nosso restaurante favorito e fingiu que tinha cozinhado..., mas... bem... não tive coragem de estragar a surpresa que ele havia feito... afinal.... deve ter tido tanto trabalho para limpar a casa...
- Fico feliz por vocês Hermione... – disse Harry levantando-se e indo cumprimentar Hermione que lhe dera um abraço. - ... e desejo toda a felicidade do mundo, mesmo com no mínimo três “Weasleyzinhos” correndo pela casa.
- Harry... – Harry viu Hermione agora o encarando séria - ... você não está escondendo nada mesmo da gente, não é? Digo...
- Porque eu esconderia alguma coisa? – disse ele estranhando a pergunta – Vocês são minha família Hermione... e se tudo correr como eu planejo... bem... você já pode ter uma ideia...
- É eu sei... - A garota sorriu levantando-se. - ... Sah me disse que começa no ministério daqui a alguns dias... eu se fosse você daria um jeito de transferir a sua “colega” ali da frente... Além de não ser apta para esse departamento, só sabe perguntar sobre você...
- E eu continuo repetindo que a única bruxa nesse mundo que tenho nos meus planos tanto no presente quanto no futuro... se chama Sarah Leah Perks... – disse ele mostrando uma caixinha que estava em seu bolso - ... e em breve será Potter.
- Espero ser a madrinha... – respondeu Hermione sorrindo ainda mais - ... bem, eu tenho muita coisa para fazer antes do Jantar na casa da Sra. Weasley. Você e Sarah vão não vão?
- Vai depender da Sah... – disse ele - ... mas não acho que ela recusaria um bom jantar de noivado, ainda mais da melhor amiga.
- Vejo vocês lá então... – respondeu Hermione.
***
Haviam se passado mais ou menos quinze dias desde que Harry havia começado a sua busca ao “legado da família Black” e embora ele estivesse ficando ainda mais frustrado e irritado por não ter encontrado nenhuma pista significativa, Monstro era tão útil quanto uma vassoura de algodão doce.
- É inútil tentar achar algo que eu nem sei o que é... – disse para si mesmo novamente sentado no chão no quarto antigo de Sírius. Era um cômodo bem bagunçado na verdade, Sírius quando era adolescente amava motos e Rock Bruxo. Haviam vários discos espalhados pelo quarto, e mais pilhas deles dentro do que era um antigo guarda roupas. Sua busca havia começado no quarto da matriarca, da mãe de Sírius Sra. Black. Com relutância, Monstro deixou que ele entrasse (sem tocar em nada) garantindo que as mulheres da família, não eram as guardiãs do legado. E sim os homens. Se Sírius tinha sido o último, bem, ele devia ter deixado algo afinal não? Alguma pista, algum diário, alguma carta... testamento...
Mas infelizmente, Harry não tinha achado nada útil. Já tinha vistoriado a casa de cima abaixo, em todos os lugares possíveis que ele achou que talvez teria alguma dica sobre a possível chave não deram em nada e Phineas Nigellus não fora de nenhuma ajuda no fim. Ficava falando alto e rosnando no quarto vazio onde estava o quadro. Harry já estava perdendo a esperança de achar alguma coisa. Sem falar que Sah já estava ficando desconfiada de todas as suas saídas repentinas quando o “chamado” não lhe deixava dormir. Ela não havia dito nada, mas ele a conhecia bem o suficiente para saber que ela estava intrigada com isso. Uma coisa ele conseguia sentir, que agora que sua jornada estava em andamento, ele sentia uma inércia lentamente crescente atrás dele, pressionando-o para continuar conduzindo seu caminho sempre que ia para a casa dos Black. Contudo suas suspeitas se confirmaram numa manhã, quando estava saindo do chuveiro enrolado na toalha e encontrou Sarah de braços cruzados no quarto o encarando com a mesma cara que ela fazia quando estavam no colégio e ele escondia alguma coisa dela.
- Você vai me dizer o motivo de tantas visitas a essa casa no meio da noite ou vou ter de verificar pessoalmente seguindo você... – disse ela, os olhos cerrados fizeram com que ele engolisse em seco.
- Se eu pudesse lhe contaria... – disse ele – mas é algo que foi passado a mim quando Sírius me deixou a casa, juntamente com o título...
Quando disse isso sentiu uma dor forte na sua mente, e algo parecido com uma sirene ressoar dentro de sua cabeça. Ele sabia que não podia tocar no assunto, e ele não iria faze-lo, mas também não havia pedido por aquilo. O que exatamente era tão importante ser mantido em segredo?
Sarah então se aproximou dele o encarando com os braços cruzados, instintivamente ele levou a mão a sua cabeça afinal o zumbido ainda era forte e o fez piscar várias vezes para voltar ao normal.
- Não é nada perigoso ou é? – perguntou ela.
- Não... pelo menos eu acho que não... – disse ele - ... é só que além dessa “coisa” ficar me pressionando, eu não tenho ideia do que estou procurando...
- Bem... então... se tem de acampar lá para descobrir... – respondeu Sah e ele sorriu - ... acampe... não quero dividir você com uma casa velha e mofada...
- Se fosse algo que eu pudesse te contar... – disse ele e sentiu de novo o aviso - ... mas pela dor que isso causa, é algo que não posso mesmo...
- Tudo bem... não precisa me contar nada... mas acho injusto Sírius lhe passar algo sem deixar ao menos uma pista do que seja e como encontrar...
- Na verdade... eu até encontrei o local... – disse ele - ... preciso de uma chave, e eu já não tenho ideia de onde eu posso procurar... creio que Sírius também não tinha a mínima ideia de que isso passaria para mim quando me tornasse dono do Grimmauld Place. Acho que ele pensou que era “coisa de família” que morreria com ele...
- Faz sentido... – respondeu a garota - ... bem, ele pode ter deixado anotado em algum diário...
- Acho que Sírius Black não era do tipo que usava “diário”... – disse Harry imaginando a cena do padrinho escrevendo em um livrinho.
- Verdade... o pouco que conheço dele... acho que é mais do tipo que faz anotações na primeira coisa que via... – Respondeu Sarah. – Tentou ver as coisas antigas dele? Quem sabe... poderia ter algo anotado...
- O quarto dele é uma verdadeira zona de guerra adolescente do passado... – falou Harry rindo - ... até o quarto do Rony é mais organizado..., mas vou tentar mais uma vez... a casa é cheia de segredos, tem muita coisa lá que ainda eu não conheço...
- E esse “aviso” só se acalma quando você está na casa estou certa? – perguntou a garota passando o braço pelo seu pescoço.
- Geralmente sim... acredite... – disse ele dando-lhe um beijo rápido nos lábios - ... eu preferia mil vezes passar meu tempo livre aqui com você a ter de ficar numa casa mofada com um elfo mal humorado como companhia.
- Eu sei... – Disse ela retribuindo o beijo - ... então está esperando o quê para voltar lá e resolver isso de uma vez por todas? Ou esqueceu que temos a ceia de natal na casa da Sra. Weasley daqui a alguns dias?
- Não esqueci... – Respondeu ele enlaçando a cintura da garota com os braços - ... eu já te disse que te amo hoje?
- Hmmm .... – Ela gemeu fazendo cara de quem estava pensando e sedutoramente acariciando o abdômen de Harry - ... hoje ainda não..., mas pode compensar... – então passou os lábios pelo pescoço dele e colocou em seu peito duas peças de roupa – Vai logo e resolva isso antes que eu mesma coloque aquela casa no chão!
Dizendo isso, a jovem saiu do quarto deixando-o sozinho. O que fez Harry realmente ficar frustrado.
- Ahhhh qual é... – disse ele contrariado - ... assim não vale... está fugindo antes do combate???
- Não... estou te dando a chance de resolver isso antes que eu mesma resolva... – respondeu ela do outro cômodo - ... e acredite, se eu tiver de contactar Sirius Black no além túmulo... eu farei!
- Eu não duvido... – disse ele meneando a cabeça e começando a se vestir.
- O que disse? – ela então colocou a cabeça porta adentro, estava carregando um cesto de roupas.
- Que você é incrível... – respondeu ele rapidamente. – O que seria de mim sem você...
- Hummm se safou bem... – disse ela seguindo pelo corredor.
Algum tempo depois, e um pouco mais tranquilo por ter contado a Sarah o porque de seus súbitos sumiços, ele aparatou com um estalo decisivo. O mundo voltou ao lugar ao seu redor no meio do caminho. Ele estava numa rua apertada de Islington, lotada de carros estacionados, sacos de lixo e folhas mortas. Ele diminuiu o passo e olhou para cima, virando para a direita. O número doze do Largo Grimmauld não estava visível, é claro. Os números treze e onze pressionados juntos, agora de forma tão perturbadora, velho e decrépito que ninguém sequer notava diante do aparente erro em numeração. O poste de luz mais próximo estava quebrado, lançando uma mortalha de sombras sobre Harry onde ele estava. O tráfego podia ser ouvido além dos telhados, mas nada se movia na rua em qualquer direção. Harry pegou uma chave e convocou a entrada para o número doze, fazendo com que os apartamentos de ambos os lados se afastassem, como clientes bêbados abrindo espaço em um bar. Ele já tinha perdido as contas de quantas vezes havia ido até lá. Obviamente agora não precisava mais de tanta proteção já que os bruxos das trevas que ele um dia enfrentou estavam mortos ou escondidos, mas isso não queria dizer que a casa não era um chamariz para os adoradores das trevas, ainda mais, a família Black sendo tão escura quanto o próprio nome dizia. Como sempre depois de entrar, Harry fazia uma varredura na casa para saber se tudo estava no lugar. Por instinto reforçou as proteções já existentes e aplicara uma dose extra de proteção. Não que ele tivesse planos de usar a casa algum dia, mas sabia que não podia se desfazer dela. Algo dentro dele gritava sempre que pensava nessa hipótese.
- Se pelo menos eu conseguisse tirar todo o mal que essa casa expressa... – disse ele mais para si mesmo enquanto subia os degraus para o terceiro andar. Iria novamente até o quarto de Sírius tentar, (como disse Sarah) procurar alguma coisa que lhe desse uma pista sobre onde encontrar a chave do possível cofre da família Black. O que será que teria lá dentro de tão importante a ponto de fazê-lo perder o sono com aqueles “gritos incessantes” em seu cérebro. O quarto de Sírius não era exatamente diferente do quarto de Ron na Toca, a não ser é claro pelas fotos de mulheres de biquini e motocicletas. Harry sabia da paixão de Sírius pelas motos, especificamente pela sua, que estava no momento, na garagem do Sr. Weasley. Não que ele não gostasse de motos, mas não estava muito acostumado a andar numa. Contudo, agora com Sarah estando na cidade, talvez valesse a pena sair com ela de vez em quando. Só precisava saber se o Sr. Weasley teria conseguido concerta-la depois do acidente de Fred e Jorge com ela. Ele lembrava-se claramente dos dois estarem tentando impressionar umas garotas em Hogsmeade e sem saber como pilotar direito, bateram com tudo na fonte da rua central do vilarejo. Harry tinha sérias dúvidas se a Sra. Weasley sabia sobre o fato de a moto estar na sua garagem, mas não iria tocar no assunto. Brasões da Gryffindor estavam espalhados por todos os lados, obviamente entre as motos e as garotas de biquini. Harry deu uma boa olhada em volta, haviam papéis espalhados entre discos, o que sobrara de livros e é claro papéis de doces. – Ok Potter... mãos a obra...
Harry começou a olhar as folhas espalhadas, com um feitiço convocatório recolheu todos os papéis que estavam espalhados pelo lugar. Deixou-os em uma pilha em cima da cama. Fizera o mesmo com os papéis de doces, mas esses ele jogara dentro de um saco e deixou-o separado para jogar no lixo. A segunda pilha que se formou (e bem maior que a de papeis) era a de discos que o bruxo tinha. Realmente Sírius gostava de música. Tinha uma banda em específico, Harry achava que o padrinho deveria ser muito fã. O nome era Midnight Potion, alguns deles com pequenas escritas na capa. Não havia título... apenas um trecho “Em sua mente estão gritando, baby... Eu não não estou dormindo ultimamente... Tem algo ali na lareira... não parece algo muito amigável parece?... se pudesse me ajudaria? Mas é difícil... Há algo muito mais poderoso... basta olhar atrás do retrato ”
- Sarah tinha razão... Sírius faz o tipo “anotação em qualquer lugar”... – disse Harry baixinho. Se a banda ainda estava na ativa ele não sabia, mas haviam muitos discos dessa banda além de The Episkey. Que ele também não lembrava de ter ouvido falar. A terceira pilha eram de revistas, a maioria sobre motos e como conserta-las. A maioria eram revistas trouxas. Que ele sabia que se a mãe de Sírius tivesse as encontrado enquanto estava viva...
- Teria lhe dado um avada sem perguntar o que era... – disse ele jogando a última revista sobre a pilha. A revista então escorregou na pilha e caiu no chão com todas as outras revistas. A contra gosto e amaldiçoando a si mesmo por ter feito algo do gênero Harry foi até a pilha e sentou-se ao lado para organiza-la novamente. A revista aberta em uma matéria sobre Triumph 650 T 120 Bonneville. A um canto da revista, estava uma anotação de Sírius. Parecia um trecho de música também. – “Quando tudo estiver perdido... na mais profunda escuridão... eu vejo você... Sua voz continua me guiando... não consigo comer... não consigo dormir...” Não sabia que Sírius era compositor...
Harry observou a letra da música, mas embora isso parecesse estranhamente familiar, acabou deixando de lado já estava tarde e havia combinado de aquela noite pelo menos jantar com a namorada. Meio lutando contra sua mente, ele voltou ao apartamento. Sarah estava arrumando a mesa quando ele chegou. A cabeça zumbindo novamente, todo empoeirado da cabeça aos pés.
- Quer dizer que andou limpando a chaminé também? – perguntou a bruxa com um sorriso.
- Ainda não cheguei nessa parte... – disse ele meneando a cabeça. Sarah então se aproximou e tirou-lhe uma teia de aranha do cabelo.
- Acho melhor você tomar outro banho antes do jantar... – falou ela indo para a cozinha - ... não vai demorar muito e sei que você não comeu nada o dia todo.
- Como sabe disso? – perguntou ele tirando o casaco.
- Palpite... – disse ela sacudindo os ombros - ... vá se lavar, está cheirando a mofo...
Harry foi até o banheiro, tomou um banho rápido para tirar a poeira, trocou de roupa e voltou para sala de jantar. Sarah estava colocando a comida na mesa. Ele dera um beijo em seu rosto e como todo e qualquer cavalheiro puxou a cadeira para que ela se sentasse primeiro. Enquanto ela lhe servia, ele foi até a pequena cristaleira e pegou uma garrafa de vinho. Não que ele bebesse, mas havia ganho uma de presente e estava esperando uma ocasião especial para finalmente abri-la.
- Vinho? – disse a bruxa surpresa.
- Achei que era hora ideal para ele... – respondeu o garoto com um sorriso servindo a bebida numa taça - ... sei que não gosta de Firewisk.
- Não é que não goste... – disse ela - ... mas da primeira vez que bebi com Hermione, fiquei sem meus cílios... e não foi fácil fazer eles voltarem ao normal...
- Andaram fazendo uma festinha só de garotas? – perguntou ele sentando-se.
- Nada diferente do que você e Ron fizeram quando se mudaram para o apartamento novo... – disse ela com um sorriso. – Embora ache que foi um pouco mais comportado... não chamamos nossos ex colegas para uma festa...
- Eu não chamei ninguém... Simas, Dino e Nigel simplesmente apareceram... – disse ele dando uma boa garfada na lasanha que Sarah havia feito - ... wow... isso está ótimo...
- Você é que está com fome... por isso acha qualquer coisa ótima... – disse ela começando a comer - ... e não mude de assunto, se o trio do terror fez no seu apartamento o que fizeram na nossa formatura...
- Não, na verdade não sei... acabei indo dormir antes que acontecesse algo... – respondeu o garoto. – Eu dividi dormitório com eles, eu sei bem o que acontece depois de algumas cervejas...
- Aposto que não ficam cantando músicas patéticas como as garotas... – disse Sarah bebendo um gole de vinho - ... aliás, teve algum progresso na sua “caça ao tesouro”?
- Nada diferente dos outros dias... – disse ele com um suspiro desanimador - ... além de pergaminhos antigos de deveres, receita de poções e... cartas românticas de garotas... nada... também achei várias revistas trouxas sobre motos e discos de bandas... a maioria rabiscada como você mesmo disse... Sírius era do tipo que anotava o que precisava em qualquer coisa que visse na frente...
- Alguma banda em específico? – disse ela – Porque conheço várias pessoas que ficariam doidas por esses discos... na américa valem uma boa quantidade de galeões se quer saber...
- Eu não conheço nenhuma na verdade... – disse ele coçando a nuca – Midnight Potions e The Episkey... a primeira havia mais discos, acho que devia ser a favorita dele... também haviam poemas... tipo... pequenos versinhos sabe... anotados na capa dos discos e... em uma revista trouxa sobre Triumph 650, Sirius tinha uma igualzinha... digo... eu tenho uma...
- Midnight Potions são bem populares na américa... eu mesma conheço algumas músicas... – falou Sarah apoiando os braços sobre a mesa e cerrando os olhos para encara-lo - Ora... não me disse que tinha uma moto Sr. Potter... quando é que iria me levar dar um passeio com ela?
- Quando eu aprender a controlar aquela moto voadora... – disse ele com um sorriso - ... está na garagem do Sr. Weasley... se lembra quando Fred e Jorge tentaram agradar aquelas meninas?
- Eles usaram a moto do Sírius? – perguntou ela surpresa.
- Sim... o Sr. Weasley se achou no dever de concerta-la já que os filhos pegaram sem ele saber... – Harry dera mais um gole na taça de vinho - ... eu disse que não tinha problemas, mas... você conhece o Sr. Weasley.
- Eles são uma espécie rara de bruxos hoje em dia...– disse ela bebendo mais um gole de vinho - ... Hermione disse que não precisamos levar nada para a ceia de natal, mas, não queria chegar à Toca de mãos abanando...
- É que você realmente não conhece as ceias de natal da família Weasley... – respondeu o garoto – Decididamente, Sra. Weasley trabalha feito louca para fazer um banquete não se lembra quando fomos para lá antes do nosso último ano?
Sarah então concordou, ainda estava vivo em sua lembrança o fato de a Sra. Weasley ser contra os dois “se casarem” tão jovens. Mas não era exatamente isso que estavam planejando na época. Tinham apenas 17 anos, os hormônios a flor da pele, era normal quererem passar o tempo todo juntos.
- Eu te ajudo com a louça... – disse ele se levantando e ajudando a garota. Enquanto Sarah estava lavando a louça, Harry ia limpando a mesa. Entre suas idas e vindas da sala ouviu algo vindo da cozinha.
“Quando tudo é escuro e não há luz... Perdida na mais profunda estrela da noite... Eu vejo você... na na na na...”
Harry entrou na cozinha e parou vendo Sarah cantarolar enquanto lavava a louça.
“ Suas mãos estão cantando... Você não está dormindo ultimamente...Tem algo ali fora... E não parece muito amigável, parece?...Se eu pudesse eu a ajudaria...Mas é difícil... Há algo muito mais poderoso... E aqueles absurdos me dominando...Eu tive que romper porque, ah... Eu não quero me sentir assim, ah... Sua voz continua me guiando... Eu não posso comer ou dormir...”
- Onde você ouviu essa música? – perguntou Harry com urgência o que fez Sarah dar um salto.
- Que susto Harry! – disse ela secando as mãos na toalha ao lado – É This is the Night do Midnight Potions... eu te disse, eu conheço a banda... não sei porque me veio na cabeça...
- Eu vi essa música rabiscada na capa do disco deles... Mas não é essa letra... – afirmou ele.
- Não Harry... a letra é essa... eu te disse... conheço a banda... ganhei um disco de presente quando saí da Academia.... de Aurores... – disse ela fazendo uma pausa como se tivesse levado um susto e então pegou na mão dele e o arrastou até o quarto. Harry ainda estava tentando entender o que havia acontecido pois Sarah estava revirando algumas caixas que ela havia trazido da mudança e ainda não tinha aberto. Na terceira caixa praticamente destruída, Sarah levantou-se com um disco de vinil em suas mãos. – ACHEI!
A garota então veio ao seu encontro, dentro da capa do disco havia um encarte com todas as letras. Ela então retirou e mostrou a ele.
- Está aqui veja... – mostrou ela lendo a letra que estava cantando - ... o que está escrito na capa do disco de Sírius não é a letra da música Harry... eu não sei o que está escrito, mas não é a letra da música.
O cérebro de Harry então dera um estalo. Ele passou os braços pela cintura da garota em um súbito acesso de felicidade e então lhe beijara tão desesperadamente que ambos ficaram sem fôlego.
- Vai logo... – disse a garota com um sorriso - ... e vê se encontra o tesouro dos Black!
- Eu não sei o que faria sem você... – disse ele ainda sobre os lábios da garota.
- Estaria perdidinho... sem dúvida... – respondeu ela - ... anda... vai...
Rapidamente o garoto aparatou em frente o número 12, Grimmauld Place. Ansioso por finalmente saber sobre o tão “famoso legado”. Torcendo para que não fosse visto, ele rapidamente entrou na casa e subiu correndo os degraus até o terceiro andar onde estava momentos antes. As pilhas estavam exatamente iguais como ele as havia deixado. Pegou o disco e a revista e voltou a lê-los com atenção. Não fazia muito sentido. Foi então que ele se lembrou da letra que Sarah estava cantarolando e inverteu a posição dos dois itens colocando a revista na frente da capa do disco.
“Quando tudo estiver perdido... na mais profunda escuridão... eu vejo você... Sua voz continua me guiando... não consigo comer... não consigo dormir... Em sua mente estão gritando, baby... Eu não... não estou dormindo ultimamente... Tem algo ali na lareira... não parece algo muito amigável parece?... se pudesse me ajudaria? Mas é difícil... Há algo muito mais poderoso... basta olhar atrás do retrato”
Mais que depressa Harry desceu para o primeiro piso, onde ficava a sala de visitas. Havia uma grande lareira no lado oposto da porta e sobre ela o retrato do primeiro Black, por incrível que possa parecer, aquele retrato não falava ou se mexia. Como ele não tinha percebido isso antes. Com um movimento rápido ele tirou o retrato e dera de cara com um pequeno cofre, o qual havia uma espécie de Vortex, ele sabia que era só escrever a palavra ou frase certa e a porta se abriria, no caso o cofre.
- Que falta faz a Sarah nessas horas... – disse ele foi então que viu o lema da família Black estampado na tapeçaria - “Toujours pur” ... sangue puro...
Rapidamente ele escreveu as palavras. Ouviu um “click” juntamente com uma luz esverdeada e a porta do pequeno cofre se abriu. Ali dentro Harry pode ver uma chave simples, era feito de algum metal preto, talvez com quinze centímetros de comprimento, ornamentado trabalhada com uma cabeça anelada, uma haste longa e dentes geométricos complicados estendendo-se abaixo. Era um objeto bonito, apenas ligeiramente diminuído pelas camadas de manchas de ferrugem antiga que arranhavam e escureciam sua superfície.
Monstro apareceu logo em seguida. Harry olhou para ele com a chave em mãos e então o elfo começou a andar e ele rapidamente o seguiu. Harry olhou para o lado da sala enquanto eles passavam. A poeira estava em uma película espessa sobre todas as superfícies, nublando o espelho manchado, pesando nas cortinas de veludo fechadas. Claramente, o conceito de limpeza de Monstro era uma entidade única e interessante por si só. Juntos, os dois seguiram pela cozinha escura e depois desceram as escadas estreitas até o porão. Lá, nenhuma luz brilhou tudo menos a varinha iluminada de Harry. Sombras surgiram atrás da coleção antiga de móveis quebrados. O minúsculo fogão de ferro forjado estava tão escuro e frio quanto um túmulo. Monstro parou próximo ao fogão. Sem voltar atrás, ele disse:
- Chave Mestra, senhor.
Harry virou-se para o elfo e, estendeu a chave. Cuidadosamente, quase com reverência, Monstro estendeu sua mão enorme, aberta, permitindo que Harry colocasse a chave suavemente na palma da mão. Monstro fechou os dedos sobre ela lentamente e virou-se novamente.
Harry viu Monstro caminhar em direção à parede de tijolos vazia além do fogão. Observou enquanto o velho elfo levantava a chave e segurava-a aproximadamente dezesseis centímetros da parede de tijolos. Ele observou minuciosamente, como se procurasse algum quadrante oculto de espaço vazio. E então, estranhamente, metal tilintou em metal. Decisivamente, Monstro empurrou a chave para frente, encaixando-a como se estivesse em um buraco de fechadura invisível. O velho elfo girou a chave uma única vez no sentido horário. A luz roxa efervescente floresceu da fechadura, primeiro revelando um painel redondo de metal e o buraco da fechadura escondido. Harry tentou ao máximo observar cada detalhe do que Monstro fazia, afinal, se ele tivesse que visitar a casa algum dia e Monstro não estivesse. Bem, ele teria de fazer isso sozinho.
O painel era de tão preto como ônix, gravado com arabescos ornamentados no formato da antiga Letra inglesa B. O chiado da luz roxa se expandiu ainda, espalhando-se lateralmente para os lados, para cima e para baixo, revelando uma complicada porta circular feita de mesmo metal preto, cravejado de parafusos e rebites, enfeitado com rastejantes arabescos que destacava e abraçava cada detalhe. Quando totalmente visivel, a porta parecia um bolo redondo virado de lado, três metros de altura, composto inteiramente de placas de ferro preto, aneladas e aparafusadas juntos, tão pesados quanto uma catedral e duas vezes mais imponentes. A chave ainda projetava-se do centro, encaixado na placa da fechadura. Monstro baixou a cabeça e deu um passo para trás, recuando para lado distante. Harry ficou pasmo. Ele já tinha estado na sala do porão dezenas, provavelmente centenas de vezes. Ele nunca suspeitou que o porão guardasse um cofre secreto.
Harry deu um passo em direção à porta. No lado direito foi montado uma maçaneta grossa de metal, curvada para se adaptar ao formato da porta. Harry estendeu a mão para pegá-lo timidamente e tocou-o. Ele esperava que o ferro preto fosse frio, mas não estava. Estava agradavelmente quente, como a sombra de um dia de verão. O metal vibrou um pouco, como se estivesse conectado a alguma fonte de energia secreta e distante. A vibração disso levada até seu cotovelo. Ele engoliu em seco, nervoso, e então deu um puxão hesitante na porta. A porta destrancada, os ferrolhos já destrancados pela chave. Isto balançava silenciosamente, lento e pesado em dobradiças bem lubrificadas. O puxão inicial foi tudo o que foi preciso. A inércia balançou a porta em um arco irresistível e pesado, revelando uma espécie de célula sombria além. As paredes, piso e teto de o espaço era de pedra contínua, como se a sala fosse escavada em um bloco gigantesco e perfeitamente sólido de granito. A cela parecia perfeitamente vazia e escura, exceto por um único objeto no centro. Isto era uma espécie de pedestal ou pupto, construído com o mesmo material ornamentado de ferro preto gravado como porta, ancorado ao chão com punhos de ferro e parafusos tão grandes quanto eles. Sua base era larga e curvada em curvas barrocas. Seu corpo afilado para cima como um tronco de árvore, alargando-se delicadamente em direção a uma superfície plana de pedestal. Um único e pequeno objeto estava ali, em uma poça de misteriosa luz dourada. Harry deu um passo à frente, entrando no espaço. Não era assustador por dentro, semelhante a uma caverna, mas sem umidade. O ar estava fresco de alguma forma, misteriosamente perfumado com água corrente e flores que desabrocham à noite. Sobre o pedestal havia um pequeno livro, aberto em sua capa de couro, páginas em branco voltadas para a luz, como se esperassem para serem preenchidas. Harry se aproximou, incapaz de não olhar para o estranho livrinho e suas páginas em branco e cheias de expectativa.
- Está na hora, aparentemente... – ouviu uma voz atrás de si e quase caiu sentado no chão negro com o susto. Atrás dele, Sírius Black estava parado apenas observando. - Eu sabia disso dia chegaria. Só não pensei que isso aconteceria tão cedo. O dever será seu agora, tal como está.
- SÍRIUS??? – disse Harry incrédulo – Como... o quê???
- Bem garoto... se está me vendo é porque infelizmente eu não estou mais aqui... – disse ele - ... deixei essa lembrança ativa para quando você chegasse a descobrir como entrar. Me desculpe por tê-lo envolvido nisso, mas... infelizmente esse legado foi passado a você sem que eu me desse conta...
- Então você é... você está... – tentou dizer Harry mas as palavras não saíram.
- Creio que sim não é... – respondeu ele - ... infelizmente esse feitiço seria apenas ativado se eu não estivesse mais andando no mundo dos vivos...
- Mas como estou falando com você? – perguntou Harry.
- Magia realmente pura... – disse Sírius jogando elegantemente seus cabelos negros para trás - ... vamos nos ater ao que realmente importa no momento... está bem... não sei quanto tempo ainda esse feitiço pode me fazer ter um comportamento independente sem começar a repetir as coisas...
- O que é isso tudo? – perguntou Harry sem rodeios.
- Aparentemente, antes desta sala ser uma sala de estar ou um cozinha dos empregados, quando foi comprada pela primeira vez por Slade Willibrord Black, foi equipado com esta antecâmara para um esconderijo ultra secreto, há muito esquecido.- então Sírius se aproximou de Harry - Espero que tenha prestado atenção em como Kreacher acessa isto. Ele pode nem sempre estar aqui para ajudá-lo.
Harry meneou a cabeça, ele realmente havia prestado o máximo de atenção que conseguiu afinal, como Síriu acabava de dizer, Monstro talvez não estivesse lá quando precisasse acessar...
- O que significa tudo isso? – perguntou Harry indo até o pequeno pupto e observando o pequeno livro que estava aberto sobre ele. Suas páginas em branco iluminadas pela luz. - Dumbledore tinha um livro como esse - Harry respirou, ao mesmo tempo impressionado e confuso. - Eu o vi com isso anos atrás. Ele estava lendo no seu escritório quando fui levado lá depois dos pesadelos com Voldemort... E na manhã seguinte as aulas com Snape.
- O que Dumbledore tem é uma cópia de uma cópia de uma cópia - disse Sírius, sua voz quieta e sombria. O espaço parecia inspirar solenidade, não por obrigação, mas por uma espécie de respeito inato e secretamente vertiginoso. Harry de repente sentiu que precisava conter suas emoções, não porque elas fossem inapropriadas, mas porque, se ele lhes desse voz, ele poderia rir alto com uma alegria inexplicável, ou desabar em lágrimas inconsoláveis, ou saca sua varinha em busca de um vilão para derrotar ou de um monstro para matar. Aqui na presença do Livro, as emoções foram ampliadas em sua forma mais pura, os “eus” mais viscerais, angustiantes e inebriantes. Sírius continuou mantendo a voz baixa e firme: - Este é o Livro que todos os outros livros se esforçam para ser. Demorei um pouco para eu mesmo entender. E mesmo agora, eu mal consigo compreende-lo. Como uma criança pode compreender a necromancia quântica.
Harry desviou os olhos das páginas bege e douradas que aguardavam, virou-se para o padrinho, querendo entender. Precisando entender. Sírius encontrou os olhos de seu afilhado. - Todo título mágico é uma custódia do elementos da humanidade. E cada um é definido pela sua cor. Você mesmo deve ter observado isso. Greene é a favor da ambição. Roselier é por amor. Bluehann é para o intelecto. Mas Black... esse é diferente de todos eles.
- Porque Black é onde todas as outras as cores se juntam. São todos os matizes em um. – lembrou-se Harry;
- Isso é tão verdade quanto nossas mentes podem entender. – Disse Sírius sorrindo - O preto é a junção de todas as outras facetas da humanidade, onde se combinam e misturam. Black é a alquimia do amor e do ódio, covardia e coragem, ciúme e intelecto, vingança e redenção. Ordena todas as outras cores e as transforma em algo coeso, algo melhor e maior do que a mera soma de suas partes individuais. A tutela Black, Harry, é o elemento da História.
Harry piscou para o padrinho um pouco confuso, sem saber se tinha ouvido direito, mas Sírius apenas continuou.
- Achamos que as histórias são meras letras em papel. Apenas palavras ditas no ar. Mas em um multiuniverso de infinitas possibilidades, tecnicamente não existe ficção. Em algum lugar abaixo da linha das dimensões infinitas, cada elo a história é verdadeira. Nossas próprias vidas podem ser as histórias favoritas de algum outro universo.
- Então… este livro? - respondeu Harry com um sorriso de Sírius.
- É a última história verdadeira... – disse Sírius novamente - Sua, minha, de todos, em todas as versões do nosso mundo, onde todos eles se unem no maior enredo de todos. Este livro é a história futura que ainda está por vir, é a promessa de que tudo valerá a pena.
Harry olhou novamente para o livrinho simples. Em sua mente intelectual achou a ideia absurda à primeira vista. Como todas as boas histórias poderiam ser verdadeiras? Como poderia este livrinho conter uma biblioteca? Mas a sua mente mais profunda, a mente que uma vez apelou ao seus poderes ocultos do amor para salvar sua vida - para salvar Sarah.
- As únicas ficções reais - disse Harry, tentando compreender o que Sírius acabava de dizer - ... são as tragédias inúteis, as perdas sem resoluções. Elas são mentiras escritas no mundo pelo ódio. Mas o ódio é um mero vândalo, tristeza apenas grafites na arquitetura da glória. Algum dia, se tivermos cuidado com nossa responsabilidade, o trabalho do ódio será apagado. Todos esses detalhes inacabados e fios soltos e tristezas insatisfatórias encontrarão sua solução. Tudo estará ligado a uma conclusão perfeita que apaga todas as perdas e aumenta todas as alegrias.
- Isso garoto... e nossa responsabilidade é simplesmente garantir que o Livro permanece aberto. – Disse Sírius - Nunca presumir que a última palavra que foi escrita em um capítulo é trágica. Deixar que as histórias continuem sempre, todas se aproximando lentamente da conclusão universal e perfeita de que nenhum de nós poderia imaginar. Enquanto o Livro permanecer aberto... o final do livro de histórias ainda não foi escrito.
Harry queria tocar no Livro. Ele olhou atentamente e percebeu que, na verdade, não estava completamente vazio, afinal. Havia palavras ali, formando-se e fluindo, voando como asas de anjo no papel, quase, mas não totalmente invisível. Ele queria se aproximar, tentar ler, mas não ousou.
- Este é um dever maior do que qualquer um de nós. – disse Harry finalmente.
- E ainda assim - Sírius disse, um pouco tristemente - Homens muito menores que você suportaram isso, e com corações mesquinhos e orgulhosos. A administração da história traz seus benefícios. Há apenas um pouco mais de “acaso”, um toque a mais de “sorte”, um toque de “coincidência extra” que de alguma forma consegue sempre trabalhar a nosso favor, pelo menos a longo prazo. Eu soube disso em minha vida, mesmo antes de aprender sobre o Livro. Espero que você também tenha aprendido.
Harry assentiu e com um suspiro melancólico e seus olhos ainda nas páginas quase vazias.
- Conte-me sobre as outras vezes que você entrou no Cofre? – perguntou Harry a Sírius que ficou sombrio.
- Quando seus pais morreram... Eu estava muito triste. – disse Sírius - Eu precisava ver que ainda havia esperança. Esperança para um futuro onde até a morte pode ser obsoleta.
Agora as coisas faziam mais sentindo, por isso era tão importante que esse legado fosse passado a diante, mas não conseguia imaginar um “livro do destino” sendo escrito pela família Black, pelos homens cujo coração era tão mesquinho. Quanta maldade poderia ter sido feita se Sírius não tivesse herdado tal legado? Se esse livro tivesse caído nas mãos de Bellatrix! Ele sentia arrepios só de pensar.
- O livro me chamou. Assim como chamou você esta noite - Sírius encontrou o olhar de seu afilhado, sua expressão séria - Isto aconteceu no início do seu quinto ano de escolaridade. Foi uma época sombria, se você se lembra. As pessoas estavam com medo, apesar dos esforços para desacreditar você e Dumbledore... atormentadas por visões de destruição. E não tinha certeza de que eram meras visões. Muitos acreditavam que o fim estava sobre nós. Quando a história me convocou. E quando cheguei aqui, quando abri o Cofre, o livro estava fechado.
Harry quase engasgou com a ideia. Ele sussurrou: - Mas como é isso possível?
- Eu não sei como isso aconteceu, ou por quê. - Harry balançou a cabeça gravemente - Ninguém estava dentro do Cofre. Talvez a história tenha terminado própria, simplesmente porque a esperança era muito escassa no mundo. Talvez uma força sombria e inexplicável estava envolvida, fechando as páginas do Livro através de suas próprias fascinações malignas. Mas o Livro me chamou, é o guardião. E quando cheguei, descobri que não estava completamente fechado.” - Ele sorriu Fracamente. - Havia um marcador. - Ele tirou outra coisa do mesmo bolso. Ele ofereceu a Harry, delicadamente. Era um cartão de sapo de chocolate, surrado e com orelhas, a cartolina suavizada com a idade até o ponto de fragilidade. O espaço do retrato na frente do cartão estava vazia, mas o banner abaixo ainda estava legível por muito pouco. Harry então leu. Ele piscou e leu novamente. Ele balançou a cabeça e olhou impotente para o Padrinho.
- Isso é… meu nome - disse Harry pensativo e um pouco preocupado. – Harry James Potter. Ele o virou e viu um bloco de texto, branco sobre azul escuro. As primeiras linhas dizem:
HARRY JAMES POTTER
Auror Chefe,
Ministério da Magia,
Ordem de Merlin Primeira Classe, Dupla Premiada.
Famoso por sua busca e envio do cabala vil e covarde conhecida como…
Sírius cobriu o cartão com a mão, gentilmente retirando-o com um sorriso.
- O futuro, aparentemente... - ele disse, olhando ironicamente para Harry por cima do seu rosto. - Ninguém deveria saber muito por conta própria. Não sei como isso surgiu na História, mantendo seu lugar. Mas claramente, como o Livro, sua própria história ainda não terminou. Nunca terminei. E esta noite, um novo capítulo começa. A chave agora é sua responsabilidade, assim como o Cofre e seu livro. Assim como será de seu filho algum dia...
- Mas e se for uma menina? – perguntou ele a Sírius.
- Bem... ela poderá carregar o legado sem problemas... – disse o bruxo dando uma risada canina.
- Mas Monstro disse.... – Começou Harry mas Sírius o interrompeu.
- Monstro só repetiu o que meu avô falou a ele... porque como você sabe Harry, minha família não era tão generosa assim com o sexo feminino... o poder tinha que ser dos homens... acho que você me entendeu... – então Sirius se esticou todo - ... nem todos eram legais como eu...
Novamente Sírius dera uma gargalhada e Harry assentiu, embora sua mente estivesse girando, cambaleando. O que a carta do sapo de chocolate poderia significar? Mas como o próprio Sírius lhe disse, as vezes era melhor não saber sobre o próprio futuro.
- Vou ver você novamente? – perguntou Harry já sabendo a resposta.
- Sinto muito garotão... – disse Sírius encarando Harry com ternura - ... já cumpri minha história nessa vida... MAS, você... eu creio que deva ter uma bela jovem lhe esperando não é?
- Sim... – respondeu Harry com um sorriso tímido – Ela foi quem descobriu suas pistas na verdade... e bem, disse que se eu não desvendasse esse legado da família, ela iria atrás de você no além para descobrir o que era... queria que você a tivesse conhecido...
- Aposto que teria gostado dela... – disse Sírius gargalhando como se fosse um latido. – Não sabia exatamente como poderia deixar alguma pista a você sem que fosse obvio demais... ninguém além do escolhido podia conhecer o cofre e o livro. Nem seu pai sabia sobre isso. Eu mesmo só vim a saber quando meu irmão morreu... isso porque tive de voltar pra casa e me passaram o legado. A contra gosto, é claro... mas como minha “adorável mãe” sempre soube que as mulheres não podiam saber sobre isso... Regulos me deixou uma carta, explicando. E foi destruída assim que eu a li.
Sírius então dera um tapinha no ombro de Harry que sentiu algo apertar em sua garganta. Agora era definitivamente um adeus.
- Acho melhor você não deixar uma bela dama lhe esperando... – disse Síriu - ... e eu devo voltar ao meu... bem... seja lá o que quer que seja... é meio difícil você saber quando se é uma lembrança antiga... – novamente Sírius sorriu - ... não se preocupe, sei que vai executar essa tarefa melhor do que minha família... boa sorte Harry Potter!
Dizendo isso, a imagem de Sírius Black foi andando até os fundos da sala, desaparecendo na escuridão. Apesar de saber que não veria mais Sírius, Harry sabia o esforço que ele tinha feito em fazer uma magia daquelas, agora trabalhando como auror ele tinha noção do que era fazer algo do gênero. Olhou mais uma vez para o livro sobre o pequeno altar e então dera as costas a ele. Não precisava saber nada sobre o que estava escrito. Ele mesmo escreveria sua história e caso as coisas saíssem dos eixos bem, aí sim ele voltaria para colocar as coisas de volta aos trilhos.
Harry fechou a porta do Cofre com cuidado. Era seu dever agora. Ele girou a chave de volta, trancando novamente a cela e seu estranho talismã de esperança. Com um brilho roxo, a porta desapareceu novamente. Harry puxou a chave para fora do buraco da fechadura invisível. Ele o embolsou e deu uma tapinha no bolso, contente em sentir o pequeno, peso poderoso nele. Daquele dia em diante, ele manteria a chave sempre consigo.
***
Era véspera de natal quando finalmente Harry conseguiu sair do Departamento de Aurores. Sarah havia saído mais cedo para encontrar Hermione e a ajudar com os preparativos para a ceia de natal. Em sua mente já tinha tudo esquematizado como uma jogada de quadribol. Depois da ceia de natal, ele a chamaria para uma volta e daria o anel a ela. Não podia mais esperar, Hermione e Ron se casariam na primavera, e sua amiga já estava basicamente morando mais no seu apartamento com Ron. Bem, não era muito diferente dele, passava mais tempo com Sarah em seu apartamento do que no seu próprio. Não que estivesse reclamando, era tudo maravilhoso, mas, não achava certo com a garota ainda mais com sua tia. Então nada mais justo do que pedir sua mão.
- Vai pra casa comigo? – perguntou Ron enquanto fechava a porta do escritório.
- Vou sim... só tenho que passar na loja de presentes e despachar uns pacotes. – disse Harry – Era para ter feito isso ontem, mas com aquela confusão de bufadores acabei esquecendo.
- Isso me lembra que preciso comprar alguns de última hora... – falou o ruivo seguindo para a lareira mais próxima. - Nada melhor do que ir até o Beco Diagonal para as compras de natal.
Harry já tinha em mente, e na verdade sabia que Ron havia esquecido de comprar os presentes, então decidira fingir ter de comprar algo para que ele fosse também.
O tempo estava terrivelmente frio, porém a viagem para a Toca havia sido até que fácil. Embora ele estivesse chegado com o rosto chamuscado e claro, coberto de foligem, Sarah já havia deixado tudo preparado para que ele pudesse tomar um banho e ficar mais apresentável. Como sempre, a toca estava cheia. Tirando Gui e Fleur que estavam na França visitando os pais de Fleur, todos os Weasleys estavam ali. Sra. Weasley teve de estender a sala de jantar para poder acomodar todos que estavam ali. Um pouco antes do jantar a professora McGonagall chegou. Seu rosto ainda mais marcado pela idade e os cabelos tão brancos como as barbas de Dumbledore.
- Espero não ter me atrasado muito... – disse ela assim que terminou de cumprimentar a todos e dera um longo abraço em Sarah.
- Não... imagina Minerva... – disse Sra. Weasley - ... estávamos arrumando a sala de jantar para conseguir acomodar todos mais confortavelmente.
- Oh, pode deixar que posso fazer isso... – disse Minerva fazendo um floreio com a varinha tão rápido quanto as madeiras da toca começaram a estalar e se esticar. A mesa também fora transfigurada para que acomodasse todos.
- Nada como uma mestre em transfiguração para dar um jeito nesses imprevistos... – disse o Sr. Weasley com um sorriso. Então ele foi até Harry tomando cuidado para que a Sra. Weasley não o ouvisse - ... Harry posso falar com você um minuto?
- Claro... – disse ele levantando-se e indo até a sala.
- Não queria falar na frente da Molly sobre isso... você sabe como ela é com as coisas trouxas... – disse ele - ... mas com Sarah de volta, achei que talvez quisesse saber que a sua moto está em perfeitas condições novamente.
- É sério? – falou o garoto com um sorriso – Eu disse que não precisava se incomodar com isso Sr. Weasley.
- Era o mínimo que eu podia fazer depois que meus gêmeos delinquentes arrumaram... – disse ele - Espero que não se importe, mas acrescentei umas coisinhas para auto defesa caso precise sair em patrulha qualquer dia desses...
- Fico imensamente grato Sr. Weasley... – respondeu Harry estendendo a mão para bruxo que além de aperta-la puxara-o para um abraço.
- ARTHUR!!! – os dois ouviram a voz da Sra. Weasley.
- JÁ VOU QUERIDA...- disse ele em resposta.
Harry apenas sorriu enquanto via o bruxo sair rumo a sala de jantar. Sarah então estava entrando com uma taça de vinho e um pratinho com alguns petiscos que Sra. Weasley havia mandado.
- Obrigado... – disse ele dando um selinho em Sarah e depois pegando a taça de vinho.
- Alguma notícia sobre a moto? – perguntou ela
- Hmmm – gemeu ele enquanto dava um gole – Podemos ir com ela se você quiser depois daqui...
- E privar você de beber com os Weasleys? – disse ela com um sorriso – Pode enviar ela pra casa mais tarde. Além disso se prepare, Jorge e Angelina estão para chegar com os gêmeos.
Jorge e Angelina tinham recém concebido dois lindos ruivinhos. Como Sr. Weasley sempre dizia “A linhagem Weasley tem de continuar” e pelo visto era isso que eles estavam fazendo. Era até reconfortante ver crianças correndo pela casa sem preocupações.
- Olha quem chegou... – disse Hermione com um dos gêmeos de Jorge no colo.
- Pode ir logo se acostumando... – disse Harry - ... em breve é você quem vai estar com um desses no colo.
Ron que estava sentado na poltrona diante a lareira acabou se afogando com a gemada. O que causou um surto de risadas pela sala. A hora foi passando o jantar começou como sempre. O Sr. Weasley fazendo o seu tão famoso discurso de agradecimento pela família ter crescido, e é claro, por mais um natal eles estarem juntos. O banquete estava maravilhoso como sempre e exageradamente grande. As horas passavam e o momento que ele estava esperando também. O único problema é que sempre que ele tentava falar com a namorada sozinho, acontecia algo.
- Anda logo Harry... – disse Ron a certa altura da noite quando estavam apenas eles e a família Weasley e a professora Minerva. - ... Hermione já não tem mais assunto para manter a professora Minerva aqui por mais tempo...
Reunindo toda a coragem que ele tinha, e tentando controlar o nervosismo. Harry levantou-se o que chamou atenção de todos ali.
- Ok.. eu queria aproveitar que... estamos todos reunidos... – disse ele gaguejando um pouco.
- Pelo amor de Deus Harry... você enfrenta os bruxos das trevas a vida toda... está com medo que a McGonagall te transforme em um bule de chá se pedir a sobrinha dela em casamento? – disse Fred recebendo um belo peteleco da Sra. Weasley.
- Hmmm obrigado Fred... – disse Harry um tanto desconsertado - ... você facilitou as coisas para mim eu acho...
Harry então caminhou até onde Sarah estava sentada e apoiou-se em um dos joelhos fazendo a pose clássica.
- Eu sei que pode parecer meio cafona da minha parte, mas... – disse ele tirando a caixinha de dentro do bolso do casaco e tomando folego pois de algum modo sentia-se extremamente ofegante - ... Sarah Leah Perks, você quer se casar comigo?
- Sim... – respondeu a garota com um sorriso dando-lhe um beijo. Então aproximou-se do ouvido de Harry e sussurrou - ... você ainda tinha alguma dúvida que se livraria de mim?
- Nenhuma... – sussurrou ele para ela pegando em sua mão e colocando o anel.
- ATÉ QUE ENFIM!!! – exclamou Ron – Ele tem andado com esse anel a três meses...
- Você realmente sabe como estragar um momento Ronald Weasley... – gemeu Hermione.
- Bom... isso explica porque a Srta Granger teve tanto trabalho em me manter aqui esse tempo todo... – disse a professora Minerva se levantando e indo até a sobrinha e Harry – só posso dar-lhes felicitações e minha benção... e espero que cuide tão bem de minha sobrinha quanto ela cuida do Senhor, Sr. Potter.
- Com a minha vida... – respondeu Harry estendendo a mão para a professora.
- Eu acho bom mesmo... - disse ela com um sorriso - ... Oh, deixa de bobagens e me dê um abraço...
Harry fora praticamente puxado para um abraço carinhoso em sua antiga professora, o que foi estranho, pelo menos para ele já que sempre a via com uma espécie de muralha em volta de si. Sarah então se juntou a eles em um grande abraço. Que somente foi interrompido quando Theodore, um dos gêmeos de Gina conseguiu derrubar as panelas na cozinha.
Mais tarde naquela noite, enquanto estava deitado com Sarah em seus braços, Harry ainda lembrava das palavras de Sírius. O Chamado, como ele o nomeara era algo realmente importante. Embora fosse irritante quando a pessoa em questão, o escolhido não sabia o que isso significava. Ele não poderia compartilhar isso com Sarah, infelizmente, mas poderia contar que o havia encontrado. Que havia encontrado Sírius, não fisicamente, mas uma mera lembrança. Harry ainda não sabia se isso o deixara feliz ou triste, e como era de se esperar, o bruxo decidiu que, bem, não poderia se desfazer da mansão Black nem que ele quisesse.
E nos muitos anos que se seguiram, quando Harry ficou triste (e ele teve ocasiões para ficar triste) ele pensou no Cofre. Ele pensou na história. Às vezes, muito raramente, ele o visitava, diferente do que passara para achar as respostas, ele optou por deixar um diário, anotando todos os passos para se chegar ao cofre e o seu significado. Ele realizou os deveres que seu legado exigia. Ele lembrou a si mesmo as palavras de Sírius, infelizmente como a “lembrança” havia dito, Sírius nunca mais retornou. O “autor” ainda não havia terminado a história. Quanto a tristeza, era apenas um capítulo num enredo maior. Desgosto e perda eram as únicas ficções que existiam e elas não durariam para sempre. E o legado que um dia foi da família Black, passou a ser o Legado da Família Potter. O final feliz ainda não estava escrito. Mas algum dia... algum dia... seria
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