Festa; Parte II



Por Remus Lupin.


Eu me via como sempre fui, e não adiantava negar pra quem quer que fosse. Bastavam me olhar fixamente nos olhos e descobrirem os meus segredos, ou boa parte deles.

“ Aquele é o namorado de Dorcas...” Emmeline havia nos dito com o maior entusiasmo, e eu olhei mais uma vez, antes de engasgar.

Essa noite seria a festa de fim de ano, e por mais que eu quisesse ir algo me dizia que não. Não, não era a lua cheia ou algo generalizado, era algo que eu realmente não consigo explicar.

“ Você deveria ir, Moony, não tem nada a perder!” Exclamou mais uma vez Sirius. E eu concordava com ele, silenciosamente, não teria nada a perder.

“ É a festa de final de ano, cara. Todo mundo junto” Que raiva! Porque James tinha que ser tão insistente? É, no final eu aceitei. Consideração contava muito, e o respeito que eu tinha por eles era enorme.

A festa seria às 21h, mas também, bem pudera, uma festa organizada por Sirius e Marlene! Só rolaria bebidas e coisas do tipo, e eu sabia, no fundo eu sabia, que no final iria acabar tomando algumas. Ninguém é de ferro, poxa!

Faltavam 10 minutos para a festa, e eu me via batendo na porta da casa dos Black. Suspirei aliviado ao ver que fora Emmeline quem me atendera. Presenteou-me com um abraço convidativo, e eu retribuo. Logo subimos para o primeiro andar, que era onde aconteceria tudo. Parecia mais com um salão de festas, algumas mesas espalhadas no canto do aposento, um pequeno bar, jogo de luzes e uma mistura de músicas trouxas com as nossas músicas.

Olhei ao redor, só faltava Peter agora. E esses atrasos dele eram considerados normais ultimamente. Estavam todos unidos. Marlene ao lado direito de Sirius, conversando animadamente; James tentando estabelecer uma conversa entre Lily, que estava acompanhada de Dorcas; Emmeline estava comigo, de frente a todos, nenhum deles pareceu notar a nossa presença.

“ Vejam só quem chegou!” Praticamente gritou Line, e todos se viraram olhando, involuntariamente soltei um dos meus melhores sorrisos. Tentei fixar o olhar exclusivamente em uma pessoa, ver qual fora a reação dela ao me ver. Mas fora impossível, Pads veio voando pra cima de mim, agradecendo por eu ter ido.

“Pensei que não vinha mais, Moony.”
“Eu disse que vinha, num disse?” Retruquei sorrindo, enquanto tentava olhar para ela. Ok, mas onde estava ela? Estavam todos ao nosso redor, cada um com uma garrafa de cerveja amanteigada na mão, menos a Lily ela tava com suco de abóbora, e Dorcas que não se encontrava na roda, James me entregou uma garrafa, eu tomei um gole, sentindo-me mais aliviado. Mais umas sete dessa e eu juro que não poderia me reconhecer. E então brindamos à amizade.

Depois, sentamos todos em uma única mesa. Peter não chegara, e Dorcas já se reunira a nós. Brindamos novamente, com ela agora. Ela estava sentada a minha frente, eu estava entre Sirius e James, o primeiro ao lado de Marlene, e o segundo ao lado da sua ruivinha, como ele mesmo costumava nos dizer. Line ficou entre Dorcas Lily. Já haviam sido três garrafas minhas, eu me sentia sóbrio, e agradecia por isso. Eu evitava olhar pra ela, e sentia que ela fazia o mesmo. Uma música lenta começou a tocar, Sirius levou Lene consigo para a pista de dança, dançaram de rosto colado, lentamente. Eu então me imaginei com ela. Não! Balancei a cabeça de forma negativa. Não era certo, era? James acabou levando Lily à força, e não dançaram de rosto colado. Quem havia sobrado? Eu, Dorcas e Line. Um trio. E o que esse trio deveria fazer? Conversar. Ok, boa idéia.

“ Você viu, Rê, como a Dorcas combina com o Thomas?” Ah, sim, eu havia visto o quanto ele era pateticamente ridículo. Ah, eu me odiei por dentro por ter engasgado novamente. E pude ver que Dorcas fizera o mesmo.
“ Ele não é meu namorado.” Respondeu ela, e fuzilava discretamente Emmeline com o olhar, e eu percebi. Afinal, o que estava acontecendo? Não era pra eu estar agindo dessa forma. Não mesmo. Eu nunca havia me importado antes se ela namorava ou não, apesar de eu nunca a tê-la visto com um namorado. Levantei rapidamente o meu olhar, e ele se cruzou com o dela, arqueei levemente a sobrancelha, e soltei um leve sorriso. Éramos amigos, droga. Eu precisava agir como tal, mesmo que não conseguisse.

Emmeline a puxou pelo braço e a conduziu até a pista de dança, fiquei olhando por alguns segundos as duas dançarem. E então percebi que estava só. Logo cada um estaria bêbado ali. Todos, menos eu. É, eu não tenho tanta certeza disso, e tomei mais um gole da minha 4ª cerveja amanteigada. Em seguida, serviriam uísques de fogo, aumentando as chances dos garotos fazerem besteiras. Voltei a olhar para a pista, e vi James dançando com Lily. Soltei uma leve risada baixa. A mão dele estava segurando a cintura da ruiva, e eu poderia afirmar de pés juntos que via um sorriso pequeno nos lábios dela.

Deveria ter pegado algum livro em casa. Ou então ter obrigado Peter a ir à festa. Tudo bem que ele nunca teve uma conversa de que se dissesse “oh, que conversa” mas seria apenas uma conversa. E isso seria o suficiente. Permaneci calado, sentado na mesa, por mais ou menos meia hora. Até que então, todos voltaram a se reunir. Dormiríamos todos na casa de Sirius, idéia novamente dele e de Marlene. Seus pais não estavam lá, viajando ou coisa do tipo.

Marlene pediu para jogarmos o famoso Jogo da Verdade. Lily pareceu não contestar o suficiente, pois acabamos jogando. A ruiva foi obrigada a passar o final da festa ao lado de James e de mãos dadas com o mesmo. E só isso. Mais nada. Eu ri comigo mesmo. Era apenas esse o intuito da brincadeira, unir Lily e James. E eu esperava algo mais.

Quando todos já estavam suficientemente cansados para falar que precisavam dormir, arrumamos grande parte da bagunça, e rumamos para o quarto. O quarto das meninas, e os dos meninos. Eu, Sirius e James dormimos no quarto de Sirius, que possuía espaço o suficiente para caberem três camas. Lily, Dorcas e Emme dormiram em um quarto de visitas, não tão aconchegante como o nosso, mas cabiam as três lá.

Me cobri com o cobertor, e deitei todo reto, mirando o alto da casa, não demorei muito pra pegar no sono. E quem entrasse, era visível um pequeno sorriso transparecendo em meus lábios. Não me pergunte o motivo, nem eu sei ao certo. E sim, eu posso estar mentindo agora.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.