O Comensal no Trem Fantasma



CAPÍTULO 3: O Comensal no Trem Fantasma (EdD 03)


Atrás do castelo do trem fantasma um homem de boné e macacão comandava os controles do brinquedo, em uma casinha. De repente ele ouve um “TOC TOC TOC” e olha pro lado. Na porta, um sujeito baixinho, careca, com uma luva na mão direita e um capote preto acena para que ele saia. Ele não entende bem, mas abre a porta:

- Em que posso ajudar? - pergunta.

- Venha cá, preciso de sua ajuda. - diz o homem. O rapaz então desce o degrau e se aproxima.

- Me desculpe, mas eu tenho que continuar a controlar o brinque... GHACK! - o homem baixinho agarrou o rapaz pelo pescoço com uma força incrível na mão direita e o ergueu no ar, enforcando-o. O rapaz tenta em vão se soltar ou gritar, mas em poucos segundos o seu pescoço faz um “tlac” e o baixinho solta o corpo do rapaz no chão, morto. O homem então olha dos lados, resmunga alguma coisa e vai até um poste ao lado da casinha, onde três canos de fios grossos entram em uma caixa de controle, e da casinha, vaia para o gigantesco castelo. Ele se aproxima e olha, para, em seguida, tirar a luva preta, exibindo uma mão prateada e reluzente. Ele junta os fios e com um puxão os arranca de uma vez.


*



CLANC! Faz o castelo, quando o brinquedo inteiro desliga e os carrinhos dão um tranco violento, parando no lugar.

- O... que foi isso?! - perguntou Rony, olhando a escuridão completa.

- Acho... Que acabou a eletricidade. - disse Harry, olhando a escuridão à sua volta. Em seguida poucos pontinhos isolados de luzes se acenderam, marcando a silhueta dos presentes.

- As luzes de emergência se acenderam. - disse Hermione - É melhor já descermos e continuarmos até o fim à pé. Já íamos parar mesmo...

- Jura? Será que demora pra chegarmos ao fim? - perguntou, ansioso, Rony.

- Os bombeiros do parque devem vir tirar o pessoal. Não seria melhor esperarmos por eles? - sugeriu Harry.

- Bombeiros? O que são bombeiros? Eles servem pra nos ajudar a sair daqui? Eu quero um!

- Não, Rony. - explicou - Bombeiros são trouxas treinados para salvar outras pessoas quando precisam de ajuda. Nosso caso, por exemplo. Eles devem vir até aqui atrás da gente.

- Então... Vamos ficar aqui.

- Hey! Vocês não vêm? - gritou Fred, animado, do fim do corredor mal iluminado, junto com Gina e Jorge - Andem! Já chegamos na parte em que devemos continuar à pé. - os três então se olharam, e seguiram em frente.


*



Do lado de fora, um grupo de bombeiros entrava no brinquedo pelo mesmo lugar que os carrinhos enquanto pelo outro portão outras pessoas saíam. No lado de trás, o bruxo de capote sussurrava "Alohomora", abrindo a porta de manutenção. Nisso, um homem com uma grande capa preta - o mesmo que Harry e Hermione viram - e tatuagem de caveira no braço se aproximou e sussurrou:

- Rabicho... Os bombeiros... Estão entrando no castelo, eles vão encontrá-los...

- Psssst! - resmungou Rabicho. - Ande, Avery, ande. Entre logo. Farei um feitiço para impedir a saída dos garotos, nenhum bombeiro se aproximará, rápido, entre!

O Comensal entrou pela porta, saiu deslizando a capa e sumiu na escuridão. Rabicho deu dois passos pra trás, trancou novamente a porta e sumiu de vista.

- Tenho a impressão de andar em círculos. E esse caminho que quando mais a gente anda mais escurece... Lumus! - disse Hermione, com um tom de ansiedade na voz, tirando a varinha da jaqueta e iluminando a sua ponta. Todos os outros se olharam sem saber se poderiam fazer o mesmo, mas levaram em conta o fato de o parque ser "meio bruxo" e o de que fazer da varinha uma lanterna não era exatamente uma magia feita fora de Hogwarts, então sacaram as suas e repetiram “Lumus” em coro, aumentando a luminosidade.

- Não seria melhor se nós nos separássemos? - sugeriu Jorge - Aí a gente acha a saída mais rápido e grita pra quem ficar pra trás, certo? - o restante se olhou pensando e acharam melhor se separar - Então tá... Então vamos lá. Eu e Fred vamos juntos, Rony, você vai com a Mione e Gina, você vai com o Harry.

As duplas se formaram e saíram andando. A cada encruzilhada uma dupla se separava, até que ficaram a sós. Os bonecos horrendos estavam estáticos por causa da falta de luz, mas o cenário e as teias de aranha pendurados ainda contribuíam para o clima de terror, junto com o silêncio absoluto.

- SST! - fez Fred para Jorge - Estou escutando passos. Fica quieto!

Os passos aumentaram, aumentaram, até que um homem com capa preta passou pela frente deles, num corredor. Parou e voltou. Ao tirar o capuz, tinha a cara de Voldemort, um rosto que mais parecia uma caveira com pele, os olhos muito vermelhos. Os dois gelaram, arregalaram os olhos e apontaram a varinha na direção do homem, que ergueu a sobrancelhas e perguntou com uma voz fanha:

- Hey, vocês estão bem? Acharam mais alguém perdido no castelo? - o homem parou uns instantes, levou as mãos no rosto e arrancou a máscara. Era um rapaz moreno, de cabelo rastafári - Mas eu não conheço vocês! Trabalham aqui no parque? - os irmãos desceram as varinhas até a cintura, se olharam alguns instantes, voltaram a olhar para o rapaz, deram de ombros e Fred novamente apontou a varinha.

- Petrificus Totalus! - e PLOF, o cara caiu duro no chão, paralisado - É... Foi mal aí, trouxa. - e continuaram a andar.

Em outro lugar, Harry andava apressado, com a varinha iluminada em punho, enquanto Gina tentava acompanhá-lo. Sua varinha se enroscou em algumas teias de aranha, e ao tenta tira-la, acabou tropeçando num ladrilho alto e caindo de cara no chão.

- Ai! - gemeu, pondo-se rápido de joelhos. Harry parou, olhou para trás e perguntou se estava tudo bem - E... Está, não precisa se preocupar... - Gina se apoiou em uma das pernas, mas quando foi levantar sentiu um ardor no joelho e viu que o arranhão sangrava.

- Deixa eu te ajudar, você machucou o joelho. Não vamos conseguir correr mais. - Harry voltou até onde ela estava e a segurou pelo braço. - Vamos, levante-se. Gina apoiou-se nos ombros de Harry e ela se levantou gemendo baixinho "não foi nada". Ele voltou a olhar para frente, mas dessa vez segurou Gina pela mão - Vamos, fique segurando na minha mão. Vamos diminuir o passo. Acho que ando apressado. – riu.

Alguns instantes depois Harry parou de repente e levou de novo a mão à testa, e dessa vez ela ardia de verdade. Gina parou e perguntou se estava tudo bem, mas ele continuava com a mão na testa, olhando para frente sem parar.

- Tem alguma coisa nesse trem fantasm... - de repente uma rápida brisa gelada atravessou o casal, vindo pelas costas deles.

- Harry... Potter...

Gina virou-se para trás e deu um pulo, encaixando-se no peito de Harry, que virava e tirava a mão da testa. Era o Comensal da Morte, parado com as mãos no bolso e olhando fixamente Harry. Um homem calvo, com os olhos cinza, sem sobrancelhas e com brincos de prata nas orelhas. Olhava Harry fixamente, com um olhar cheio de ódio misturado com triunfo. Quando deu um passo à frente, Gina deu um grito para chamar os irmãos.

- Comensal! Tem um Comensal da morte aqui atrás da gente! Tem um...

Nessa hora Harry a puxou pela cintura e tentou paralisar o Comensal com a varinha, mas Avery foi mais rápido e desarmou o garoto com um “Expelliarmus”.

- Não tão rápido, Sr. Potter. Ainda temos muito que conversar.

- Hey! Fred! Você ouviu? Foi a Gina! Ela gritou!

- O que será que está havendo? – ralhou Fred, saindo correndo pelos corredores com Jorge no encalço – Parece... Que ouvi ela gritar sobre um Comensal...

Num outro corredor, Rony olha para trás.

- V... Você ouviu, Mione? Lá embaixo, a Gina gritou...

- Que hora nós subimos para o outro andar? Nós nos separamos no...! – resmungou Hermione, olhando as paredes tremendo. Nem terminou de falar direito – Nós temos que voltar, Rony! Vamos!

- Mas... mas...

- Alguém enfeitiçou esse lugar! Por isso não achamos a saída! Como fui burra! Burra! Nos separaram de propósito!

Os dois deram meia-volta e começaram a correr em direção aos gritos. No andar de baixo, Harry estava encostado na parede, abraçado a Gina, que não sabia o que fazer. O Comensal se aproximou vagamente, sorrindo, com a varinha em punho. Harry só observava a sua, caída longe do seu alcance. De repente, um barulho. O Comensal virou-se, gritando “Crucio!”. O feitiço atingiu Fred, que caiu de joelhos no chão, gemendo de dor. Gina correu por debaixo do braço de Harry e saltou na varinha dele, pegando-a e rolando para longe. Na mesma hora Avery tentou lançar um feitiço, quando Harry avançou e lhe deu um soco em cheio no rosto, fazendo-o cambalear para o lado. “Expelliarmus!” – e a varinha de Avery voa longe; ele se virou violentamente e agarrou Jorge pelo colarinho, e, usando o máximo da força do braço, jogou o irmão de Rony contra a parede. Harry recuperou a varinha e juntou-se novamente à Gina, do outro lado do corredor.

- Corram! Corram para a saída! Voltem e chamem Dumbledore! Vão! – gritou para os gêmeos.

Jorge ajudou Fred a se levantar, recuperando-se do “Crucio”, e voltaram correndo pelo mesmo lugar de onde vieram. Antes, Fred apontou a varinha e murmurou algum feitiço, que fez vários pássaros brilhantes do tamanho de coleirinhas começarem a voar e bicar a cabeça do Comensal, que socou os bichinhos, fazendo-os explodirem em pozinhos luminosos que o cegava cada vez que eram golpeados. Assim, Harry juntou-se a Gina e correram por outro lado. Pouco tempo depois, Avery, livre dos passarinhos, pôs-se ao encalço de Harry novamente. De repente Harry e Gina atravessaram uma porta com cortinas pretas e deram de cara com um beco largo, sem saída. Nas paredes havia armaduras medievais e armas enferrujadas, cheias de teias de aranha, cabeças de plástico nas paredes e uma estátua de vampiro que tinha pouco mais de dois metros de altura, encolhido numa capa. Na parte de cima havia uma sacada que mostrava um corredor do andar superior.

- Essa não... – gemeu Gina baixinho. – Estamos presos.

- Vamos ter de subir! Rápido! – disse Harry, acenando para que Gina subisse na sacada para o último andar.

Mas nessa hora Avery apareceu na porta, com os olhos faiscando.

- Chega de palhaçada, moleques...


*



Do lado de fora os bombeiros olhavam o castelo inteiro. Duas ambulâncias estavam paradas atendendo às pessoas que passaram mal. Arthur e Molly estavam angustiados, pois nada de nenhum dos meninos aparecer. Nisso chega Dumbledore, acompanhado de Leah, ambos assustados com a situação.

- Onde estão os garotos, Arthur? – perguntou o professor.

- Não sei, professor! Ainda estão lá dentro...

- Mas... – disse Leah, vagarosamente, erguendo as sobrancelhas – Os bombeiros já olharam todo o castelo e não viram ninguém.

- Todas as pessoas foram retiradas sem problemas, Sra. Málaga. – disse um bombeiro, que parecia ser o chefe deles.

- Mas meus filhos! Ainda estão lá dentro! Eu tenho certeza! - dizia Molly desesperada com a ‘incompetência’ do trouxa.

- Não há como haver mais alguém lá dentro, minha senhora, todos já foram tirados de lá com seguran...

- Pai! Dumbledore! Professor Dumbledore! – da entrada do brinquedo vinham Fred e Jorge, correndo, ofegantes. Alvo, Leah, Arthur e Molly se aproximaram. A mãe os abraçou:

- Meus filhos! Vocês estão bem! Onde estão os outros? Fiquei t...

- Mãe, pára! – gritou, ofegante, Jorge, perdendo o equilíbrio e agarrando-se às vestes de Dumbledore – Um Comensal! Tem um Comensal da Morte lá dentro! – Molly deu um grito e levou as mãos à boca – Ele... Ele enfeitiçou o castelo e nos prendeu lá dentro... Ele... Ele está com Gina... E Harry!... Rony... Ele e Hermione também ficaram lá!... Ele acertou Fred com o Crucio... Vocês têm que...

Na mesma hora, a expressão de Dumbledore se travou em um ódio muito grande e jogou o olhar para o castelo. Ele largou Jorge no chão e correu para a entrada do brinquedo, puxando a varinha da vestimenta, disse “Lumus!”, e foi seguido por Leah e Arthur, que fizeram o mesmo. Molly ficou com os filhos, que acharam melhor serem atendidos pelos bombeiros sem resmungar.

*


Dentro do castelo, Hermione e Rony continuavam correndo sem parar, enquanto Harry se mantinha estático, apontando a varinha para Avery, que fazia o mesmo para o garoto. Alguns instantes se seguiram até que os dois gritaram “Expelliarmus!” juntos, fazendo as varinhas voarem longe. Sem elas, ambos não tinham como se defender. Avery, então, correu em direção a Harry, que tentou desviar da investida. Mas o Comensal foi mais rápido e deu uma cotovelada no estômago do garoto, fazendo-o cair de costas no chão. O Comensal voltou e agarrou as duas varinhas. Ao se pôr de pé, riu e apontou a varinha em direção a Harry, que tentava se levantar. Avery gargalhou.

- Fim da linha, Harry Potter! Você vai morrer... AGORA!

Nessa hora, alguma coisa, ou melhor, alguém saltava do sobrado do último andar bem na cabeça do Comensal, levando-o a se estatelar no chão de costas e largar a varinha de Harry. Era Hermione, que se punha de pé de novo, ofegante. Do alto do sobrado Rony se debruçou, gritou “Sua louca!”, e pulou ao lado de Harry, levantando-o. Avery, muito bravo, pôs-se de pé novamente, e virou para a garota, gritando “Imperius!”. Hermione desviou do feixe de luz, mas não precisava, sequer passou por perto dela. Segundos depois, sentiu alguma coisa erguê-la no ar. Era a estátua do vampiro, que acordava sob o comando do Comensal. O bicho então firmou o braço na jaqueta da garota e a bateu com toda força contra a parede, sem largá-la. Ela deu um gemido doloroso e pôs as mãos na parede, para tentar tirar o rosto das pedras, mas novamente o vampiro juntou força e a mandou de encontro com a outra parede. E assim ficou brincando de “iô-iô” com Hermione. Rony aproveitou a distração do Comensal e avançou, dando-lhe um empurrão e lançando-o nas armaduras enferrujadas. O vampiro, sem o comando “Imperius”, já que o Comensal tinha se distraído por demais, parou, segurando Hermione no ar. Ela sacudiu a cabeça para tentar espantar a dor, e escorria sangue de uma das suas sobrancelhas. Harry correu até ela e olhou para cima.

- Mione, erga os braços! – ela sacudiu a cabeça de novo e torceu o nariz com um “ãh?” – Anda! Levante os braços!

Ela levantou os braços e ela acabou escorregando pelas mangas da jaqueta, caindo nos braços de Harry.

- Ah... Obrigada pela dica... – respondeu meio zonza, com a mão na testa.

Nessa hora Avery levantou do meio das armaduras, muito bravo e com a boca machucada, e com um machado velho nas mãos, que tinha caído junto de uma das armaduras.

- Chega de brincadeira, seus pirralhos... – e avançou sobre Rony, que desviou do golpe de machado. A arma bateu no chão com um grande barulho de metal, soltando faíscas no atrito com a pedra do piso e abrindo uma rachadura.

- Ops, - murmurou Rony- acho que esse machado NÃO é de mentirinha...

Harry aproveitou o desequilíbrio do Comensal e deu-lhe um chute no estômago, fazendo ele se desequilibrar mais uma vez. Mas Harry também escorregou e ficou próximo do alcance de Avery, que ergueu o machado, num golpe quase certeiro. Harry deu um grito abafado e deu dois passos apara trás, caindo de costas no colo de Hermione, levando a amiga pro chão. O machado tinha raspado de leve no rosto do garoto, abrindo um corte do queixo até próximo da orelha, um grande arranhão, mas que partiu os óculos de Harry quase no meio, lançando-os longe. Ele limpou o corte que começava a sangrar com a manga da blusa, e se pôs de pé, seguido por Hermione.

Rony tentou desviar do Comensal e correr até a varinha de Hermione, presa na jaqueta, nas mãos no vampiro, mas o bruxo das trevas também percebeu o movimento e lançou o machado para trás, fazendo o cabo de ferro golpear o queixo de Rony, que cambaleou até bater de frente com uma armadura e cair no chão, quase desmaiado. Gina correu de encontro ao irmão. Harry e Hermione se separaram e correram cada um para um lado: ele correu para a estátua do vampiro, intencionado a pegar a varinha mais próxima, a de Hermione, enquanto ela correu para a de Harry, no outro canto da sala, no chão. O Comensal juntou pedaços da armadura e tentou acertar Hermione, que foi se agachando até saltar e cair em cima da varinha de Harry. Quando Harry puxou a varinha da amiga da jaqueta, um jato de feitiço o jogou de costas na parede. Ele sentiu a vista se encher de estrelinhas, não conseguiu se manter de pé e, ao sentar no chão, ergueu os olhos. Viu Avery dar dois passos em sua direção. Hermione deu um impulso e se pôs de pé. Avery apontou a varinha para o rosto de Harry e quase espumava de ódio.

- CHEGA! ISSO ACABA AGORA HARRY POTTER...

Dumbledore, Leah e Arthur corriam ofegantes pelos corredores, quando escutaram um “AVADA KEDAVRA!”, seguido de um relampejo, um flash verde que iluminou alguns corredores do castelo, fazendo o trio parar num solavanco e se olhar.

- Meu Deus... – murmurou Leah. Dumbledore e Arthur se precipitaram e voltaram a correr sem parar pelo corredor.

Gina estava agarrada a Rony, que começou a abrir os olhos. Harry, encolhido, protegia o rosto com uma das mãos. Ele abriu um dos olhos e focalizou a sala. Avery estava de pé, com a varinha apontada para ele.

- O que... – murmurou Harry. Gina permanecia estática. Num piscar de olhos, o corpo do Comensal cambaleou. As pernas dobraram e ele tombou com os olhos abertos em direção a Harry, que se apoiou na parede e levantou, deixando o corpo de Avery cair com um barulho abafado no chão. Abriu os olhos para tentar focalizar melhor, em seguida, boquiaberto, ergueu devagar o rosto. Hermione estava estática, com os olhos brilhando, fitados em Avery, no chão, e a varinha de Harry na mão, apontada para onde estava as costas do Comensal. Ela olhou então para Harry e jogou a varinha no chão. Espremeu-se contra a parede, e tremia, tremia muito:

- Eu... Eu... O que foi... Que eu fiz?

Rony tentou se erguer, mas não tinha firmeza nas pernas. Harry continuava na parede, olhou para a varinha de Hermione em sua mão e depois voltou a olhar a amiga. Ele levou a mão à cabeça e deu uma leve balançada, como se estivesse espairecendo as idéias. Depois de um suspiro muito grande e profundo, olhou Rony e Gina.

- Vocês estão bem? – perguntou. Os dois acenaram com a cabeça. Depois olharam Hermione, que mordeu os dedos da mão – E você...?

Nesse instante surgiram correndo Dumbledore, Leah e Arthur. Eles pararam e arregalaram os olhos ao ver o Comensal caído. Málaga quase deixou sair um grito de espanto quando viu os garotos feridos e o Comensal morto.

- Mas quem... – balbuciou Arthur sem entender. – Nós ouvimos... um feitiço imperdo... – na mesma hora Alvo ergueu a mão cortando a fala de Arthur, continuando a olhar fixamente o Comensal.

- Não vê, Sr. Weasley?... - e devagar ergueu a sobrancelha, fitando Harry, que tremeu ao sentir o olhar de Dumbledore. Ele não parecia feliz ao ver o que tinha acontecido – Pensávamos que depararíamos com um de nossos meninos como vítima... Mas... - em seguida Dumbledore ergueu o corpo, endireitando-se. Parecia tentar pensar. Alguns momentos de silêncio absoluto passaram pelo lugar. Dumbledore tinha uma expressão estranha, era como se estivesse... decepcionado, preocupado, já que um dos seus alunos, obviamente, tinha matado o comensal – Mas quem deles seria capaz de executar um “Avada Kedavra” com tanta PERFEIÇÃO?... - Dumbledore correu os olhos em todos eles e ignorou o fato de Hermione estar tremendo de pavor.

- Alvo... – sussurrou Leah – Por favor, depois... Vamos levá-los pra fora, estão com medo, machucados...

Os garotos se juntaram. Hermione não tinha coragem de sequer erguer a cabeça e mordia os lábios com tal força que poderia arrancá-los. Dumbledore continuou a olhá-los, enquanto Arthur ajudava Gina e Rony a levantar. Harry, também de cabeça baixa, olhava Hermione.

- Então... Vamos embora. Se alguém tiver algo para me dizer, estarei à inteira disposição. – disse o professor, num tom de voz baixo.

Harry se aproximou de Hermione, pôs a mão sobre seu ombro e deu um leve aperto de consolo. Ela ergueu os olhos e falou, tremendo, encarando as costas de Dumbledore.

- Professor... Professor, fui... Eu. Fui eu que executei o “Avada Kedavra”...

- Hum... – respondeu Dumbledore, erguendo a cabeça por cima do ombro. Olhou a menina mais alguns momentos, e, sem desfazer a expressão, completou – ...Vamos embora.

Ele deu as costas, ao passar pelo corpo de Avery, ergueu a mão e murmurou algo baixo, fazendo o corpo dele levitar e seguir ao lado do professor como um cachorrinho obediente. Todos o seguiram, Leah olhava dos lados como se um outro Comensal a atacasse, saindo da parede, Arthur saía apoiando os filhos, e Harry atrás, olhando para o chão. Ele parou na porta e viu que Hermione ainda estava parada no mesmo lugar, sozinha na sala, olhando para eles. Ele deu um sorriso meia boca e suspirou, como quem dissesse “depois a gente resolve”. Esticou a mão para a amiga. Ela deu alguns passos em direção a ele e parou. Olhou com os olhos cheios de água e sussurrou:

- O que você acha que vai acontecer comigo, Harry?

Harry olhou para o lado, voltou a olhar a amiga e respondeu:

- Não sei o que pode ou o que vai acontecer. Mas você salvou minha vida. Pra mim é isso que importa. - e passou o braço pelos ombros da amiga, levando-a junto para o caminho da saída, e lhe deu um beijo na cabeça, tentando acalmá-la – Agora vamos embora.

*


N.A 1: Esse capítulo, digamos, é um dos divisores de água de toda a Espada dos Deuses. Hermione executa um Avada e mata um comensal. Ainda que ela tenha feito isso no 'calor do momento', contra um comensal que queria matá-los, e que mataria Harry se ela não o fizesse, ainda assim é a pior maldição das maldições imperdoáveis, ela é menor de idade, e, enfim, está ferrada, especialmente porque a fic foi escrita logo depois do livro 4, onde as Maldições Imperdoáveis estavam em alta. De agora para frente, a fic começa a voltar os olhos para Hermione. Tudo o que acontecerá com ela daqui para frente, vai influenciar na série toda, especialmente na última fic da série. Mas a EdD é grande, e tudo acontece devagar e sutilmente. Aliás, Hermione divide com harry o papel ed protagonista da série. Se vocês forem acompanhando a fic, vão perceber isso. Então não estranhem, daqui rpa frente ela passa a ser mais o centro das atenções que o próprio Harry. =)

N.A 2: Eu sempre tento, ao máximo, fazer uma fic boa de ser lida, agradável aos olhos. Por isso estou me esforçando bastante pra pegar qualquer erro de digitações ou português que tenha nos capítulos, detesto o nível em que o português está, coitado. Às vezes tem review do fanfiction que eu simplesmente não entendo o que o leitor quer dizer! Então vocês leitores, e vocês, escritores, PRINCIPALMENTE, tratem de estudar mais, ler mais, tomar mais cuidado com o que vocês escrevem. Tentem usar o dicionário, arrumem um beta reader DECENTE. Sejam vocês de shippers não cannon, como Draco e Gina, Harry e Hermione, Rony e Lunna; sejam de shippers slash como Sirius e Remo, Harry e Draco; ou ainda sejam os dos shippers cannons Rony e Hermione e Harry e Gina, por favor, tentem subir o nível do português. É muito difícil fazer uma fanfic realmente boa de enredo. Mas se você escreve direitinho e tem uma fic mediana, acredite, você vai agradar. Mas se você tem um enredo excelente e uma merda de escrita, acredite, você vai destruir sua história! Caprichem mais! Os leitores e a lingua portuguesa agradecem.

N.A 3: Acostumem com minhas NAs enormes! =) Eu sempre converso muito com os leitores, seja assunto sério, seja besteira pura. Gosto disso. Sei lá, faz eu ter mais intimidade com outros fãs que nem eu. =)

N.A 4: Tô tentando me adaptar mais à formatação do floreios. Como disse, me esforço pra fazer uma coisa agradável aos olhos. Acho que colocando um espaço entre os parágrafos fica menos empinhocado, não?

N.A 5: Separar Harry e Gina e Rony e Hermione em casais fez mta gente achar que seriam shippers da fic. Não tem nada a ver. Separei eles apenas porque tinha que ser assim. Como eu já disse, sou H/H, apesar de não ter H/H nessa fic e eu de fato nunca ter escrito fic de romance H/H. Bom... vamos ver se consigo atualizar a EdD 2x por semana aqui! Até lá! =/

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