No Beco Diagonal
Laura nem pensou duas vezes e logo entrou pela passagem. Seus olhos não paravam um só segundo, parecia que queria olhar tudo ao mesmo tempo. Começou a andar e olhar as lojas com vontade de comprar tudo que via pela frente! Havia muitas pessoas circulando de um lado para outro, muitos de preto, com roupas estranhas....todos bruxos!
Laura se beliscou para ter certeza de que não estava sonhando. Sentia-se como se tivesse entrado dentro do livro Harry Potter...
Continuou caminhando e parou em frente à loja de Artigos de Qualidade para Quadribol....viu uma vassoura lindíssima...queria comprar e sair voando....
Mas não poderia perder a oportunidade, queria comprar algumas coisas. Então foi até o Gringotes e trocou quase todo dinheiro que tinha na bolsa, não era muito, mas dava para se divertir um pouco.
Primeiro entrou na loja do Sr. Olivaras.
.
- Bom dia, Senhorita!
- Bom dia, Sr. Olivaras! Quero uma varinha.
- Deixe-me tirar suas medidas. – Ele pegou a fita e começou a medir Laura. – Com que mão a Senhorita segura a varinha?
- Direita.
- Vamos ver....tenho aqui uma “pelo de unicórnio – freixo, 23 cm”, experimente!
Laura pegou a varinha e tremeu toda, cheia de emoção e sacudiu um pouquinho a varinha para lançar algum feitiço. Neste momento saiu da varinha um raio forte e Laura caiu para trás e se assustou. Normal, pois era a primeira vez na sua vida que ela pegava uma varinha, e foi bem desastrosa!
- Oh, não – disse o Sr. Olivaras – com certeza não é essa, deixe me ver.....que tal essa “cordas de coração de dragão – freixo, 18 cm”.
Laura tentou outra vez, mas também foi um desastre.
- Também não. Um momento só..... – O Sr. Olivaras foi até o fundo da loja, subiu numa escada e pegou a caixa mais empoeirada que tinha. – Aqui: “pena de fênix, sequóia, 18 cm”. Deve ser esta, vá com suavidade....
Laura sentiu um arrepio e pega a varinha, balançou com suavidade.....Saíram luzes coloridas da varinha, muito brilhantes..
- É essa, com certeza!!! Mas....estranho.....de onde a senhorita é?
- Bem....eu....venho de longe, muito longe!
- Não importa, é que essa varinha .....é a mesma do.....bem, deixa prá lá! Bobagens!
Laura achou estranho o comentário, mas não se importou, saiu da loja radiante, estava realmente nas nuvens. Estava tão aérea que nem via por onde andava....e acabou esbarrando num bruxo que vinha caminhando apressadamente na direção contrária.
- Perdão, Senhorita.
- Não foi nada.... – e Laura , ao ouvir aquela voz aveludada e forte, novamente arrepiou-se e ergueu o olhar para ver o rosto daquele homem.
Mas ele já tinha virado de costas, fazendo voar sua longa capa. Laura olhou para os cabelos pretos, razoavelmente compridos e estranhamente sebosos e falou:
- Ei, Senhor! – Ele se virou rapidamente, fazendo com que novamente sua capa voasse e olhou para Laura....e ela sentiu um calor subindo pelo seu corpo.....era ele.... – P...p...p...Prof. Snape?
- Sim, sou Snape. A senhorita me conhece?
Laura sempre foi enlouquecida pelo Prof. Snape, o professor de Poções de Hogwarts. Era seu personagem preferido do livro....”mas não é um personagem...é real!” – Laura pensava. Suas pernas ficaram bambas e teve que respirar fundo antes de falar....estava quase com falta de ar, tamanha sua emoção ao ver na sua frente, ao vivo e a cores, aquele homem.
- Pessoalmente não conhecia, mas já....digamos...ouvi falar muito a seu respeito.
- Ouviu falar de mim? Onde? Aquela louca da Rita Skeeter ousou publicar algo sobre mim no “Profeta Diário”? – Falou com um olhar assassino.
- No “Profeta Diário”? Não, com certeza não foi lá que li a seu respeito.
- Então onde? – Ele estava com uma expressão assassina misturada com curiosidade, revirou os olhos e cruzou os braços.
- Bem.....não é tão simples explicar....é uma longa história.....
- Gostaria de saber, mas estou com pressa, fica para outro dia...
- Antes de o senhor ir embora, eu queria lhe pedir uma coisa... – já que Laura chegou até aqui, não custava arriscar mais um pouquinho. Queria conhecer Hogwarts.
- Então fale rápido.
- Eu gostaria muito de, se possível, conversar com Dumbledore. – Laura começava a criar algumas idéias na sua mente e Dumbledore era mais fácil de se conversar do que Snape. Ele tinha muito mais paciência, e poderia ajudar a concretizar uns planos.
- Dumbledore? Para que?
- É um assunto particular.
- Humpf! – Snape a olhou com desconfiança - Bem, estou indo me encontrar com ele na Florean Fortescue. Aliás, ele está me esperando já ha algum tempo, por isso estou com pressa. Vamos logo.
- Sim! Agora mesmo!
- Qual seu nome?
- Meu nome é Laura Steen – Ela ainda não tinha dito que era trouxa. Snape nem falaria com ela se soubesse!
Chegaram na Florean Fortescue, a sorveteria do Beco Diagonal. Dumbledore estava sentado se deliciando com uma enorme taça de sorvete.
- Severo! Vejo que foi rápido com suas compras! Nem me deu tempo de terminar meu sorvete. Quer me acompanhar?
- Não, obrigado – Snape não era muito fã de sorvetes – Tem uma pessoa que quer lhe falar. – E ele apontou para Laura. – Srta. Steen.
- Ah....traga ela aqui.
Laura chegou perto de Dumbledore. Parecia realmente que tudo não passava de um sonho, estava ao lado de Snape e Dumbledore, era inacreditável! E ele também era exatamente como descrito no livro e até usava aqueles óculos de meia-lua.
- Olá Srta. Steen, sente-se! Aceita um sorvete? Este de limão é ótimo!
- Obrigada Sr. Dumbledore, eu adoraria um de chocolate. – E o sorvete prontamente apareceu na frente de Laura, que levou um susto.
- Sente-se, Severo! Vai ficar aí de pé por quê? – Dumbledore olhou novamente para Laura e lançou aquele olhar que passou por toda a alma dela....pareceu que lia todos os seus pensamentos, e disse: - A senhorita não é daqui, é?
- Não, venho de outro país, mais precisamente do Brasil.
- Brasil! Interessante! É difícil ver bruxos brasileiros aqui em Londres. Aliás, faz uns 30 anos que não me encontrava com um! – Ele falava tudo aquilo, mas parecia que sabia de tudo.
- Bem....na verdade.... – Laura olhava para Snape e para Dumbledore, sabia que não poderia esconder por muito tempo, respirou fundo e tomou coragem – não sou uma bruxa, sou trouxa.
Snape fez um olhar assassino e falou:
- Trouxa! Como entrou aqui? Isso não pode ser verdade, vamos ter que rever a segurança.
- Espere, Severo, deixe-a falar.... – Dumbledore, como sempre, tinha toda a paciência do mundo.
- Eu entrei pelo Caldeirão Furado.
- Como sabia? – Snape ficava cada vez mais nervoso – Alguém lhe disse? Quem lhe deixou entrar? Como enxergou o bar? Ele tem uma proteção antitrouxa!
- Calma, Severo, deixe que termine a história!!
- A história é um pouco longa....
- Tudo bem, temos tempo, pode contar. – Dumbledore se ajeitou na cadeira para ouvir Laura começar a falar, enquanto Snape estava com um olhar querendo degolar Laura.
- Eu sempre fui fã dos livros do Harry Potter, então....ops! – Laura, em um impulso, deixou escapar sobre os livros.
- Livros? Livros de Harry Potter? Era só o que faltava!– Snape olhou com uma expressão mais furiosa ainda para Dumbledore e Laura. – Não sabia que a Celebridade de Hogwarts estava escrevendo livros....Que história é essa, Alvo?
- Depois lhe explico, Severo.....continue, Laura. – Dumbledore parecia que sabia dos livros.
Laura não se incomodava nem um pouco com todo aquele mau humor de Snape. Na verdade achava até engraçado. “Rowling descreveu tão bem Severo Snape”: Laura pensava e tentava controlar o riso.
- Bem, lá explica tudo como funciona, só que até hoje eu pensava que tudo não passava de ficção....Até que, passeando pelas ruas de Londres, avistei o bar e entrei. Sabia como proceder para que a passagem se abrisse e, como não tinha uma varinha, peguei uma caneta, pedi a ajuda de Merlim, fiz um pensamento forte e bati três vezes.....e vim parar aqui! Simples!!!
- Como? Com uma caneta? Uma trouxa! Impossível! – Snape estava que não se agüentava mais de tanta raiva.
- Srta. Steen – Dumbledore falava calmamente – tem algum parente bruxo?
- Não, com certeza! São todos trouxas.
- Mas vejo que tem poder mágico. Se não tivesse, não teria nem enxergado o bar e muito menos entrado aqui no Beco Diagonal.
- É, pensei nisso, mas realmente meus parentes são todos trouxas.
- Interessante – Dumbledore fazia cara de pensativo. – Talvez a senhorita tenha conhecido algum bruxo e, ele lhe deu alguma poção milagrosa – neste momento Snape olhou para Dumbledore e fez uma cara de nojo -, ou fez algum feitiço ou até o sangue de vocês se misturaram.....
- Que eu saiba, nunca conheci nenhum bruxo de verdade – Laura ficou curiosa com a história que poderia ter por trás disso, mas resolveu mudar de assunto – Dumbledore, gostaria de lhe perguntar uma coisa.
- À vontade – ele sorria.
- Sei que as aulas em Hogwarts começam em setembro e....gostaria...se possível, principalmente agora que existe alguma possibilidade de eu ter algum mísero poder mágico, de estudar lá, ou, pelo menos, que me permitisse conhecer....
- Ridículo! – Snape, que tinha ficado um pouco calado tentando controlar sua raiva, explodiu!
- É, parece mesmo que a senhorita tem alguma dose de sangue mágico, teríamos que verificar a origem....mas não é só isso que precisaria para entrar em Hogwarts. Desculpe, mas qual a sua idade?
- Tenho 25 – disse ela com voz desanimada.
- Ela não tem idade para estudar lá, Alvo. Os alunos do primeiro ano entram com 11, você sabe – Snape argumentou contra Laura. Ele tinha certeza de que estava agredindo verbalmente Laura. Ela já esperava por essa reação dele.
Laura pensava:
“Quanto mais furioso ele fica....mais lindo...mais sensual....Estou ficando cada vez mais louca por esse homem!
”
- Bem, depois de verificarmos a questão do seu sangue, teríamos que pedir uma autorização do Ministério da Magia – Dumbledore falava olhando para Laura e Snape.
- Sim, mas as duas coisas me parecem bem difíceis!! Não sei nem por onde começar.
- A senhorita aceitaria fazer um exame de sangue? Precisamos saber detalhes. Esse é o primeiro passo.
- Claro!!
- Severo, vamos até o Caldeirão Furado e lá coletamos uma amostra do sangue da Srta. Steen.
Durante o exame, Snape teve que tocar em Laura. Segurou firmemente no braço dela com uma de suas mãos. Com a outra pegou sua varinha e lançou um feitiço que fez um pequeno corte no dedo indicador de Laura.
- Aaaaaiiiiii! – Laura gemeu, mais para fazer uma “ceninha” para ele, porque nem sentiu dor.
- Bruxos precisam ter muita coragem, senhorita – Snape falou sarcasticamente enquanto pegou um vidrinho e coletou algumas gotas do sangue de Laura.
Laura, aproveitou que ele estava bem perto, e olhou nos olhos de Snape. Eram negros e profundos, com certeza escondiam muitos segredos. Também sentiu o perfume dele, que era maravilhoso, provavelmente uma mistura de ervas.
A cada minuto que passava ao lado de Snape, Laura ficava mais e mais atraída por ele. Já estava ficando difícil esconder o desejo que sentia.
Quando terminou de coletar as gotas de sangue, ainda segurando o braço de Laura, pegou novamente a varinha e lançou um feitiço que cicatrizou o dedo dela.
Snape estava tão furioso com tudo isso que nem notou nada em Laura. Tentava se controlar, não queria discutir com Dumbledore, ainda mais na frente de uma trouxa, mas não agüentava mais aquele assunto.
- Pronto. Agora terei que levar para análise. Isso leva algum tempo.
- Tenho certeza de que em dois dias você consegue a resposta, não é, Severo? – quis confirmar o Prof. Dumbledore.
- Sim, dois dias são suficientes – Snape estava emburrado.
- Então teremos que aguardar. Volte aqui no Caldeirão Furado daqui a dois dias que já teremos a resposta. E, dependendo disso, veremos a sua situação em relação ao Ministério.
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