Quinto Capítulo



Sentiu um frio percorrer-lhe o corpo. Olhou ao redor, na penumbra, procurando um sinal da sua presença, talvez enrodilhada em um sofá, ou de pé ao lado da janela.
Mas ela não estava lá. O coração disparou. Ela não teria sido capaz! Não poderia ter se vestido e ido embora, enquanto ele estava tentando esquecer as mágoas.
Não era possível! Ele podia ter agido como um idiota, mas Hermione não poderia fazer uma coisa dessas!
Lembrou-se de que Malfoy estivera sempre à espera. Começou a se mover tão confuso e amedrontado que suas pernas bambearam!
Era o uísque, ele disse para si mesmo. Assim mesmo, sentia vontade de matá-la, por assustá-lo daquela forma. Começou a abrir e fechar portas, até que chegou a uma porta trancada que dava para um dos quartos vagos.
Aliviado, enfureceu-se com a atitude dela. Esquecendo-se da sua própria culpa, bateu na porta com força.
—Se não abrir esta porta, vou arrombá-la! — ele ameaçou e continuou a esmurrar a porta, até que ela se abriu repentinamente.
Hermione já estava se afastando, antes mesmo de ele entrar.
—Nunca mais faça isso. — ele reclamou, aproximando-se dela.
—Nada tenho a falar com você. — ela replicou, em um tom indiferente que o deixou gelado.
O desejo de recriminá-la desapareceu, restou apenas a necessidade de lembrá-la quem ditava as ordens naquela casa.
Chegando junto da cama, ela se preparou para deitar. Adiantando-se, ele a impediu, segurando-a pelos pulsos. Ignorou-lhe os protestos e as tentativas que ela fazia para se libertar. Determinado e sem dar uma palavra, ele a pegou no colo e carregou para fora do quarto.
—Você é um primitivo, debaixo dessa camada de civilização. —ela gritou, debatendo-se.
Ele parou e, inclinando a cabeça, beijou-a, tão violenta e imperativamente que ela se sentiu sufocada.
—Fui o suficientemente primitivo? — ele perguntou, sem se demonstrar ofendido pelo tratamento. Ao contrário, ele estava gostando de tudo aquilo, já que começava a se sentir primitivamente excitado.
Harry fechou a porta atrás de si com o pé. A cama os esperava.
Jogou-a sobre a colcha azul, e se atirou sobre ela.
Os olhos de Hermione dardejavam todo o ódio que lhe ia na alma.
Com os cabelos desfeitos, ela tentou se defender com os punhos cerrados.
—Saia de cima de mim. — ela gritou. —Você não passa de um grande bruto, e está cheirando a uísque!
—E você tem o gosto de champanhe e de mulher. Minha mulher! —Harry rosnou, gostando imensamente do papel de homem primitivo, que lhe permitia o raro luxo de ser o dominante.
Os seios de Hermione ondulavam debaixo do sólido peito de Harry, e o seu baixo ventre estremecia deliciosamente debaixo da virilha dele. Sentiu a rigidez do seu desejo e lutou ainda mais. Ele a conteve e se manteve senhor da situação, com um sorriso cínico.
Ela reagiu, dizendo:
—Draco estava certo sobre você. Você é um...
Segurando-a com força, ele a interrompeu com um beijo. Não a deixaria falar sobre Draco naquela cama! ele pensou, determinado. Continuou a beijá-la até que ela desistiu de socá-lo e passou a acariciar-lhe os braços que a subjugavam.
Harry sentiu o prazer do triunfo e o calor do desejo percorrer-lhe o corpo. Amou-a como se não houvesse amanhã, e como ainda persistisse o fantasma do ressentimento, ele a fez chegar várias vezes ao limiar do prazer para depois iniciar tudo de novo.
—Odeio quando faz isso. — ela soluçou, cheia de frustração
—Você iria me odiar muito mais, se eu não o fizesse. — ele respondeu.
O arfar de Hermione transformou-se em uma lamúria porque ela sabia que ele tinha razão. Aquele som provocou um sentimento nele que mulher alguma poderia entender. Penetrou-a com força e em demonstração de absoluta posse.
—Você me pertence, lembre-se disso na outra vez que se envolver com outro homem!
Se ele pretendia que ela respondesse, não foi o que aconteceu.
Com um girar de corpo, ela o surpreendeu assumindo a posição superior, ficando por cima dele. Nos momentos seguintes, ele experimentou a sensação de se sentir seduzido por uma mulher, que se empenhava em fazê-lo sentir a dubiedade do seu papel.
Mas isso não aconteceu, ele não era um adversário fácil. Mas Hermione agindo daquela forma se tornava irresistível, era a própria sensualidade nascida para dar prazer a um homem. Beijou-o e o cavalgou até levá-lo ao céu. E quando ele começou a sentir o limiar do gozo e as batidas do coração aceleraram, ela se vingou, desligando-se dele abruptamente.
De pé sobre ele, com as mãos na cintura e os cabelos desalinhados emoldurando-lhe a face, ela perguntou:
—E a quem você pertence, Harry?
Aquela era sua pequena, bela e ultrajante sedutora! ele pensou e, com uma risada de apreciação, sentou-se e a abraçou pelos quadris, forçando-a a baixar novamente.
A batalha evoluiu para um nível diferente. Ela soluçou e protestou, agarrando-o pelos cabelos, tentando se libertar. Finalmente, perdeu o equilíbrio e desabou sobre ele. Rosnando e tremendo, mas ainda na luta, correspondeu beijo com beijo, carícia com carícia, prosseguindo nas mais intrincadas carícias, que os levaram a prazeres jamais experimentados.
Quando ele voltou a ocupar a posição que lhe competia, por cima e profundamente mergulhado nela, a derradeira viagem começou. Quentes, banhados de suor e completamente fora deste mundo, perseguiram a escalada do prazer com uma compulsão que não os deixava perceber mais nada ao redor.
Ele chegou ao clímax primeiro, já que ela estava determinada que isso acontecesse. Seguiu-o segundos depois, e ficaram unidos por longo tempo depois do orgasmo.
Sim! Ele pensou profundamente satisfeito, enquanto jazia pesado sobre ela, procurando recobrar a respiração. Aquilo era o elixir da vida, e que Malfoy fosse para o inferno. Que fosse para o inferno sua própria mãe que desaprovava aquele relacionamento! ele acrescentou, sem poder repetir a maldita ameaça de seu pai. Intimamente a percepção de que deveria se manter ao lado de Hermione começava a suplantar qualquer outra certeza.
Debaixo dele, completamente envolvida por seu corpo e cheiro, Hermione imaginava se teria forças para se mover. Sentia-se drenada de energia, e seus músculos pareciam não corresponder ao seu comando.
Não conseguia entender era como pudera corresponder àquelas carícias depois de tudo o que acontecera. Deveria ter sentido repulsa pelo seu toque, deveria ter permanecido como uma estátua debaixo dele. Mas isso não acontecera...
Fraca. Você é uma fraca, ela se incriminou, miseravelmente, fazendo um movimento para que ele se lembrasse de que ela ainda estava lá, em caso de ele ter se esquecido, perdido que estava no próprio prazer.
Com um beijo na testa, ele demonstrou consciência da sua presença e depois a livrou do seu peso, posicionando-se bem juntinho ao lado dela.
—Você se mexe como nenhuma outra mulher. — ele murmurou, com a voz rouca.
Seria aquilo um elogio? ela se perguntou. Não pretendia ser rotulada e avaliada de acordo com o seu desempenho sexual. De fato, se estivesse em condições, teria se levantado e ido embora, seriamente ofendida!
Mas estava sem energia, aquele era o grande problema. Precisava estar com ele, embora não quisesse. Ele era arrogante, egoísta, insensível e...
Suspirou junto ao pescoço de Harry, que, voltando-se a beijou. Quando o beijo terminou, ela acariciou-lhe os lábios com os dedos, sem poder crer que ele pudesse beijar tão suavemente e não sentir algo mais profundo do que um simples desejo por ela.
—As vezes, desejaria não o ter conhecido. — ela disse baixinho.
—Só às vezes? — ele perguntou.
Erguendo os olhos, ela pensou que ele estaria sorrindo. Entretanto, ele tinha uma expressão sombria ao olhá-la, admirado por vê-la mais bela do que qualquer artista poderia representá-la.
—Quer que eu me desculpe pela forma como agi? — ele perguntou, com a voz rouca, demonstrando sinceridade.
Não, ela pensou com tristeza, quero apenas que me ame. Com um nó na garganta, teve de esforçar-se para não chorar, enquanto sacudia a cabeça.
—Só quero que me prometa não fazer nada daquilo novamente. —ela replicou.
Os olhos verdes demonstraram arrependimento.
—Pela minha vida. —ele prometeu, selando a promessa com um beijo, que repetiu vezes e vezes, até que promessas e beijos se tornaram uma forma de sedução.
Aquele lado humilde e prestativo do caráter orgulhoso de Harry, mais do que a anterior rudeza, teve o poder de demolir a resistência de Hermione, cujos dedos começaram a acariciar-lhe os cabelos despenteados e os músculos definidos.
Ele fora feito para ser adorado, ela pensou, para fazer qualquer mulher se derreter de paixão. Esse pensamento a levou a transformar aqueles beijos de arrependimento em um banquete de delicias. Deitou-se de costas e o atraiu para cima de si, em uma maravilhosa intimidade que a fazia cerrar as pernas sobre o corpo dele e se arquear no ritmo sensual do amor.
Ele deixou de beijar-lhe a boca, para experimentar as outras partes do seu corpo. Ela arfou de prazer quando sentiu que ele lhe beijava os seios. Agarrou-se aos cabelos dele, deslizando as mãos para as costas musculosas de pele acetinada. Ele aprofundou-se na carícia, passando a sugar-lhe os mamilos. Isso bastou para que Hermione se sentisse totalmente tomada pelo fogo do desejo, tão rapidamente que começaram tudo de novo. Dessa vez, sem a batalha dos egos.
Em segundos, ele a tinha para si e, abandonando seus mamilos intumescidos, ele pediu:
—Posso?
—Oh, sim. — ela respondeu, consciente de que estavam mais do que prontos.
Dessa vez, ele a penetrou com a gentileza de um homem consciente da sua força. Ela o aceitou desejosa, e não se surpreendeu ao perceber que ambos chegaram ao clímax ao mesmo tempo.
Hermione perguntou-se se um dia seria capaz de deixar aquele homem e, no instante seguinte, questionou-se se ele realmente desejava que tudo terminasse?
Como que lendo os seus pensamentos, Harry soergueu-se sobre ela, os olhos enevoados de paixão, a boca quente e úmida, ávida.
—Isto é muito especial. — ele disse, com a voz rouca. —E só nosso.
— Algumas vezes, sinto como se você me odiasse. — ela murmurou.
—Não, nunca. — ele respondeu, tomando-lhe a boca com um beijo e afastando-lhe todos os pensamentos.

Na manhã seguinte, o doce roçar dos lábios de Harry em sua face a acordou. Abrindo os olhos, ela sorriu para ele.
Recém-barbeado e exalando um delicioso perfume, ele já estava vestido para ir ao trabalho, com um terno cinzento e camisa azul clara que ressaltavam a sua pele dourada.
—Levante-se, vista-se e venha tomar o café comigo. — ele a convidou. — Tenho uma surpresa para você.
—Uma surpresa? — ela repetiu, espreguiçando-se com um bocejo.
—Venha. — ele murmurou, demonstrando mistério.
Ela estendeu os braços, como em uma súplica por ajuda.
—Mostre-me agora. — ela pediu baixinho.
Ele pegou-lhe as mãos e as beijou, e depois as soltou, falando com firmeza:
—Não, senhora. Primeiro você vai ter de se aprontar e descer.
Saiu do quarto, deixando-a curiosa. Hermione percebera o leve sorriso em seus lábios, e ficou a imaginar como uma boa noite de amor podia fazer os sentimentos mudarem. Aquele homem era um enigma, em um minuto parecia querer se livrar dela, e no outro morria de prazer em seus braços. Agora estava querendo agradá-la com surpresas. Não conseguia imaginar como ele havia conseguido algo para surpreendê-la às sete da manhã.
Harry era inventivo, ela pensou com ternura saltando da cama para ir tomar um banho e se vestir, com algo especial, como ele havia pedido. Escolheu um terninho de linho branco adornado com acessórios âmbar, que combinavam com a cor dos seus olhos.
No caminho para a copa, olhou pela porta da cozinha e se admirou por não ver a governanta que usualmente lhe dava o bom-dia. Ainda preocupada com a ausência de Carlotta, entrou na ensolarada copa para encontrar o seu desjejum favorito composto de frutas frescas e café fumegante esperando por ela na mesa. E o seu homem reclinado na cadeira, lendo o jornal da manhã.
Ele parou de ler e observou-a se aproximar, com os olhos cheios de admiração.
Perfezione. — ele murmurou, enquanto ela se inclinava para lhe dar um beijo de bom-dia.
Grazie. — ela respondeu, demonstrando alívio. — Foi o melhor que achei para vestir.
O sol ressaltava o tom dos seus cabelos, e reluzia em contraste com o âmbar da blusa de modelo conservador que ela usava. Nos pés, vestia sapatos clássicos, e um colar simples de pérolas lhe adornava o pescoço esguio. Sua maquiagem de tão natural era quase imperceptível. E o mais importante, o seu sorriso era uma demonstração de que tudo estava bem.
— Onde está Carlotta? — ela perguntou, ao se sentar.
— Deixou recado dizendo que está doente. — Harry explicou. —Encontrei a mensagem dela na secretária eletrônica, no meio de centenas e algumas outras...
Hermione sentiu a mão tremer ao pegar o bule de café. Lembrou-se que Draco havia dito que deixara um monte de recados na semana anterior. Ficou na expectativa, esperando ver o que Harry iria dizer.
Entretanto, ele não disse absolutamente nada, e quando ela ousou olhar para ele, viu-o imerso na leitura do jornal. Percebeu que ele não iria fazer menção às chamadas de Draco. E não seria ela quem iria fazê-lo, pondo em risco toda aquela maravilhosa harmonia.
Dessa forma, procurou dizer alguma coisa.
—Carlotta falou do que se trata?
O jornal moveu-se nas mãos longas e fortes, em uma demonstração silenciosa de que Harry estava ciente das chamadas de Draco e de que ela iria fingir que elas nunca haviam acontecido.
—Gripe de verão. — ele respondeu. —Ela não quer nos contaminar. Dessa forma vai ficar de cama pelo resto da semana.
—Pobre, Carlotta. Preciso mandar-lhe um cartão de breve restabelecimento. — ela murmurou, acabando de se servir de café. —Foi você que preparou tudo isso? — ela perguntou.
—Hum... — foi somente o que ele respondeu. Será que ele estava aborrecido? Estaria incomodado por saber que ela não iria falar sobre os recados de Draco?
Molti grazie, mi amante. — ela retrucou, mantendo o tom amável. —Esse ato de atenção é definitivamente a maior surpresa destes últimos tempos.
A sonora gargalhada tipicamente masculina a fez estremecer, e ela se sentiu aliviada quando ele dobrou o jornal e deixou-a ver o bom humor refletido na bela face.
Ele não estava preocupado com Draco. Algumas mensagens tolas não iriam interferir na harmonia deles.
—Coma sua fruta e beba o seu café. — ele disse, em um tom de indulgência. — Temos aproximadamente dez minutos antes de viajar.
—Viajar? — ela franziu a testa. — Por quê? Para onde iremos?
—Eu vou para Veneza. — ele replicou, enquanto se levantava. —E você, mi bellisima, virá comigo.
Dito isso, ele lhe deu um leve beijo nos cabelos e começou a se dirigir arrogantemente para o hall de entrada.
Era a primeira vez que Harry queria que ela o acompanhasse em uma viagem de negócios, o que parecia muito em nome da harmonia, ela pensou sombriamente.
—Quando decidiu me levar consigo? — ela perguntou. —Antes ou depois de ouvir as mensagens da secretária eletrônica?
Ele parou de andar e se voltou, um semblante subitamente talhado em bronze.
—Antes. — ele respondeu, demonstrando um ar de incredulidade. — Foi o fato de saber que Carlotta não poderia vir trabalhar que fez com que a escolha recaísse sobre você. — ele respondeu. —Porque nenhuma mulher se demonstra desleal com Harry Potter enquanto ele está em outro lugar, capisce?
Oh, ela entendia tudo muito bem. Ele não confiava em deixá-la sozinha em Milão sabendo que Draco estava na cidade.
—Então a surpresa que me prometeu não foi uma surpresa agradável. — ela concluiu, sorrindo cinicamente. —Bem típico de você, dar com uma mão e tirar com a outra.
—Ao contrário. — ele argumentou. — A viagem para Veneza pode constituir um prazer para nós dois. Depende da sua vontade de que seja assim.
—Ou não, se, ao contrário, eu decidir ficar aqui. — Hermione ponderou.
A conversa o fez voltar. Quando chegou ao lado dela, inclinou-se para apoiar uma mão no espaldar da cadeira, a outra na mesa. Havia um sinal de ameaça em seus olhos. Colocando o garfo na cesta de frutas, Hermione escondeu as mãos sobre o colo para que não demonstrassem o seu tremor. Sentou-se rígida, e lhe devolveu o olhar.
—Você prefere ficar aqui?
Havia desafio na sua expressão. Se respondesse que sim, ela estaria mentindo, sem se esquecer de que seria também uma confirmação das suas suspeitas. Dizer que não, iria alimentar o seu ego, o que ela não desejava, pelo menos naquele momento.
Ela preferiu abrir o jogo.
—Draco é meu amigo. Por que você não pode aceitar isso?
Ele continuou a olhá-la firmemente.
—Você prefere ficar? — ele repetiu.
Entretanto, Hermione desviou o olhar, demonstrando irritação.
—De certo que gostaria ir com você. — ela disse, dando um suspiro. — Mas, não sob pressão, não porque você acha que deve ser assim.
—Eu poderia jogá-la para fora de minha vida. Essa é uma outra opção.
—Eu poderia sair por minha própria vontade! — ela exclamou. —Acho que seria a melhor das opções.
—Você virá comigo? — aquele homem não cedia nem um pouco que fosse.
—Sim! — ela respondeu, levantando-se impulsivamente, cheia de raiva.
Ele a olhou com uma expressão de caçoada.
—Então, coma a sua fruta e beba o seu café. — ele sugeriu, afastando-se novamente. — Passe pelo meu escritório quando estiver pronta.
—Não vou precisar mais de dez minutos para arrumar tudo aqui antes de ir. — ela dardejou impacientemente.
—Por você, mi amante, poderei até mesmo atrasar o nosso vôo!
Magnânimo na vitória, ele a deixou parada, sem saber se ria ou esbravejava. Ganhou o sorriso. Vinte minutos depois, ela estava com raiva novamente porque ele não lhe havia dito que iriam pernoitar em Veneza, e ela não pudera fazer as malas.
—Compre o que precisar, quando estivermos lá. — Harry disse, demonstrando que para ele dinheiro não significava muito.
—Querer apenas mais cinco minutos não me parece extravagância. — ela se queixou.
—Tempo é dinheiro para mim, cara. — ele respondeu.
—Então, sinto muito o dinheiro que lhe custei por me esperar. —ela acrescentou ironicamente. —Só lhe causo problemas.
Com sarcasmo ou não, ele riu para ela.
—O meu maior problema vai ser manter a minha atenção centrada nos negócios, tendo-a por perto. — ele murmurou preguiçosamente.
—Espero então que você passe todo o tempo em um estado de permanente concentração.
—Enquanto isso, você vai ficar fazendo o quê?
—Gastando o seu dinheiro, o mais rápido possível. — respondeu ela.
Ele riu e a beijou até que o elevador chegasse. Hermione finalmente deixou de se importar com a idéia de que ele estava procedendo daquela forma somente para mantê-la afastada de Draco. A harmonia entre eles estava de volta, e ela estava feliz. Feliz por toda a sorte de atenções que Harry lhe propiciou durante a breve viagem para Veneza, e durante o trajeto para o hotel, através dos canais. As pessoas se voltavam e olhavam, por ela estar com Harry Potter. Tudo se tornava mais fácil, as pessoas mais atenciosas. Ele era rico, conhecido, bonito e solteiro. As mulheres a invejavam, e os homens gostariam de desfrutar de todas as vantagens que ele tinha.
Deixando-a em segurança no hotel, ele saiu para tratar dos seus negócios. Hermione fez compras e comprou a mais não poder. Gastou o tempo restante percorrendo os roteiros turísticos, no meio da turba que derretia no calor do verão.
Quando voltou à suíte do hotel, estava tão cansada que apenas ocupou-se em encher a banheira de água quente e mergulhar nela.
Sobre a cama as compras e no chão as roupas que havia tirado.
Atrasando-se um pouco para voltar, Harry sorriu ao ver as evidências do que ela estivera fazendo. Hermione era desorganizada por natureza, apesar de se esforçar para se corrigir a fim de não irritá-lo.
Mas ele não ficou irritado. Na verdade, gostava de andar pelo quarto e sentir a presença dela. A porta do banheiro estava entreaberta, e ele podia ouvir os ruídos que indicavam o que ela estava fazendo.
Foi a coisa mais fácil do mundo, ele se despir e ir se juntar a ela. Imersa até o pescoço na espuma aromática, ela sorriu ao vê-lo se aproximar. Ergueu os joelhos para que ele tivesse espaço na outra extremidade da banheira. Depois, dando um suspiro de satisfação colocou os pés no peito dele, enquanto Harry estendia as longas pernas de ambos os lados dela.
—Teve um dia atarefado? — ele perguntou.
— Gastei o seu dinheiro. Agi como turista, passei muito calor. Arruinei os pés e voltei para sobreviver. E você? — ela perguntou.
—Ganhei algumas liras e investi outras tantas. — ele disse, com um encolher de ombros. — Exerci a minha influência em vários lugares, e voltei para fazer amor com uma mulher adorável.
Os olhos de Hermione brilharam.
Bellisima. — ele murmurou baixinho, começando a massagear-lhe a sola dos pés.
Ela adorou. Fechando os olhos, recostou-se na banheira e se deixou levar por aquela sensação deliciosa.
Harry a agradou de várias maneiras nos dias que se seguiram.
Jantaram em lugares desconhecidos pelos turistas, caminharam de mãos dadas através das ruas estreitas e escuras. E fizeram amor pela noite afora. Quando tinha de deixá-la para comparecer a reuniões de negócio, ele as abreviava, para demonstrar o verdadeiro intuito que o levara a Veneza.
Isso era para Hermione uma demonstração de que estava se tornando cada vez mais importante na vida dele, mais do que alguma vez imaginara.
Quando tomaram o avião de volta para Milão, na sexta à tarde, ele estava certo de que estava pronto para uma decisão séria. Mas...
Harry queria ver o que Malfoy havia planejado antes de se declarar. Hermione não havia mencionado o nome de Draco nem uma vez, mas será que ela se comunicara com ele? Saberia o que Malfoy estava planejando? Será que sabia quanto ele, Harry, estava preocupado?
Será que se importava com seus sentimentos?
Precisava saber de todas essas respostas antes de se comprometer, afinal, ele tinha o seu orgulho a ser preservado!
Apenas um pequeno instante de hesitação iria fazer a diferença, embora Harry não houvesse como saber.
Chegaram ao apartamento no fim da tarde da sexta-feira, para encontrar Carlotta de volta ao trabalho, sorrindo e dando-lhes as boas-vindas como de costume. Ela agradeceu pelo cartão-postal que Hermione mandara para ela e depois passou a transmitir uma série de recados, a maioria de negócios, mas alguns da mãe de Harry que desejava que ele lhe telefonasse o mais rápido possível.
—Alguma coisa com o meu pai? — ele perguntou.
Ao que Carlotta sacudiu a cabeça negativamente.
—Eu perguntei sobre ele. — ela respondeu. — Sua mamma me assegurou de que está tudo bem com ele.
Ele demonstrou alívio e decidiu fazer a chamada para casa mais tarde.
Esse foi um erro.
Havia também várias chamadas de Draco Malfoy para Hermione, as quais demonstravam que ela se mantivera fiel e não entrara em contato com ele enquanto estiveram em Veneza. Desejou abraçá-la e beijá-la por isso, mas conteve-se em nome do bom senso e também porque ela evitara fazer qualquer pergunta sobre os pais dele.
Ronald telefonou enquanto eles estavam saboreando uma xícara de café diante da tevê. Harry se sentia em paz consigo mesmo e com a bela criatura enrodilhada ao seu lado. Conversaram como dois bons amigos. Ronald agradeceu pelo quadro que haviam dado como presente de aniversário de casamento, e pela intenção que haviam tido. Harry se portou como se soubesse exatamente o que Ronald estava querendo dizer, mas não sabia, e sua expressão era cínica quando se lembrou de quão facilmente deixara Hermione se esquivar de responder sobre a pequena contradição entre eles. Depois, Harry sugeriu que jantassem em algum lugar após a vernissage de Malfoy.
Foi naquele instante que a tensão começou a crescer. Hermione sentou-se longe dele. Estudando-lhe o perfil, ele ouviu Ronald dizer que ele e Luna não compareceriam à vernissage daquela noite já que iriam passar o fim de semana no lago de como com os pais. Ronald sugeriu que se encontrassem na quarta-feira, e Harry concordou rapidamente e desligou.
—Algum problema? — ele perguntou imediatamente.
—Nenhum. — ela respondeu. — Acho que vou tomar banho agora...
Mas Harry não era fácil de ser enganado.
—Malfoy só poderá feri-la se você deixar. — ele disse calmamente.
—Não é a mim que Malfoy fere, Harry. — ela replicou, dando-lhe um sorriso triste, antes de sair.
Ela estava se referindo a ele, de certo, e era uma estranha experiência saber que ela estava certa. Malfoy tinha o poder de feri-lo, ferir o orgulho e o ego de Harry. Hermione se recusara a aceitar qualquer crítica que envolvesse Malfoy, enquanto que em relação a Harry ela podia atribuir todos os defeitos possíveis. E isso o magoava muito.

Surpresos com a Mione? Vocês já deveriam ter percebido que ela está muito dependente de Harry para abandoná-lo sem pré-aviso. Apesar de tudo, ela o ama. E não tem como negar, eles dois são completamente loucos… Mas vocês vão ter uma grande, super, hiper, surpresa no próximo capítulo … Confusões, muitas confusões…
Bjao

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