Eu estou aqui
Fechou o punho com uma força incrível, golpeando a velha mesa de madeira fazendo esta ganhar mais uma rachadura. Os olhos pareciam saltar para fora, enquanto a boca estava cerrada.
_Maldição!
Estava se divertindo ao controlar a mente dela, ao mostrar aos poucos o que faria com ela seria bem pior.
Rira milhares de vezes com gosto ao ver as lágrimas brotarem em seus olhos ao ver o garoto cicatriz no chão, morto.
Ela ali, com as roupas rasgadas e o semblante marcado pelo terror enquanto ele se divertia ao a vê-la morrer aos poucos. Mas claro que, iria se divertir mais uma vez com ela antes de matá-la de vez.
Bufou. Queria deixá-la entrar em pânico total, e ele vira que ela podia se mostrar a mulher mais forte e inteligente do mundo, mas que dentro de sua mente ela era nada mais que a garotinha que havia sido pega pelo Lorde quando tinha onze anos. Fraca e que precisava de ajuda.
Mas era engraçado como aquele maldito Potter tinha que sempre acabar com a graça dos outros. Principalmente a dele.
Dormiu ao lado dela a noite inteira, e, ela se sentiu tão segura ao ponto de nada deixar invadir seus pensamentos. Grunhiu.
Desgraça!
Pelo menos a tinha dado noção do que aconteceria. Só tinha que esperar o que viria pela frente.
Abriu os olhos, deparando-se com a figura daquele francês nojento. Girou os olhos, tentando buscar paz.
_Acho bom que tenha conseguido algo. –rosnou, fazendo o francês se encolher.
_Bom, achei o que você queria. O velho está nos Estados Unidos mesmo.
_Perfeito. – um sorriso cruel se formou naqueles lábios finos. – É lá para onde Duarte mandou a doce ruiva - passou a ponta da língua sobre os lábios, umedecendo-os. – Que vai cair na rede feito um peixe solitário. Sem a ajuda de ninguém.
_Tem o Potter. - arriscou o homem. Ele apenas sorriu.
_Venho competindo com o Potter desde os tempos de escola. Vou sair ganhando nessa. Ele, eu não tenho muito com o que me preocupar, quando eu aparatar com ela, Potter só vai ter noticias quando eu quiser que tenha. Quando eu souber que é hora certa dele ver a querida irmã do melhor amigo morrer.
_Se ela acabar caindo nas mãos dele, vai ter com o que se apoiar.
_Melhor para mim. – Ele abriu um sorriso que o francês julgou ser diabólico. – Ele vai ver o amor de sua vida morrer. –pigarreou. – Agora, quero todos os dados que achou de Severo Snape. Nosso querido traidor.
*****
Ela teve que fechar os olhos e abri-los novamente para ter a certeza de que aquilo não era um sonho.
As cobertas fofas e pesadas estavam no chão, mas ela achava que, do jeito que estava, estaria muito mais aquecida, onde com certeza, poderia dizer “Que viesse o mais rigoroso inverno” sem nenhuma duvida.
Fora a primeira a despertar dos dois. A respiração calma dele brincava levemente com seus cabelos e a orelha, onde, quando acordou, a fez ter um incrível arrepio.
Era como se tivessem voltado ao passado. Como se nada tivesse acontecido.
Ele estivera ali, preocupado com ela, mesmo que por parte dela ela tivesse sido infantil e criança, mas ele não temeu a estender a mão a ela e, dormir ao lado dela a noite inteira abraçado junto a ela.
Suspirou, fechando os olhos e sentindo o calor daquele corpo, que emanava junto ao seu. Estava bom demais para ser verdade.
Os braços ao redor de seu corpo, e o peito nu e definido servindo com encosto para ela, onde não recusou por um instante.
Ele não era apenas fama e beleza (E que beleza!). Ele era muito mais que isso, e ela sabia muito bem.
Ele era atencioso, carinhoso.
Molhou os lábios com a pontinha da língua, passando a ponta dos dedos delicados levemente sobre o peito dele. O toque da pele dele sob seus dedos era muito bom, e aquela sensação tentadora só a deixava com a consciência mais clara que aquela lembrança de aconchego e preocupação só lhe traria dor e sofrimento mais tarde, por saber que ele não quer mais nada com ela, por achá-la uma traidora.
Aquilo a incomodou bruscamente. Estava claro que, por mais de tudo que passara, ela ainda sentia algo - por mais que negasse – por ele. Estava mais claro do que nunca ao notar que amanhecera em seus braços.
_Eu não quero. –murmurou pesarosa a si mesma, enquanto podia ouvir a respiração dele.
Lembrou-se de quando passou a primeira noite na França. Aquela havia sido uma noite em claro para ela, onde chorara a maior parte do tempo.
Lembrava-se perfeitamente de que depois, havia ido com os olhos inchados para a Academia de Aurores de lá, e que logo no primeiro dia, havia virado o motivo de caçôo pelos veteranos.
“Você bateu a cara ou tem esses olhos inchados por natureza mesmo?!”
Bufou ao lembrar daquilo.
Tinha pelo menos que admitir que, fora um enorme prazer ganhar de todos eles numa luta, onde somente um seria o vencedor. E o vencedor havia sido ela.
Deixou que um sorriso brincasse com seus lábios, enquanto sentia o moreno soltar um longo suspiro, seguido de um bocejo.
_Gi? –disse numa voz rouca, falha e cansada. Ela inclinou o rosto, a fim de ver aquele semblante cansado, mas tranqüilo.
_Bom dia. – sorriu, quando viu que ele a encarou preocupado. Aquele jeito cuidadoso, carinhoso.
_Como se sente?
Ela nem havia pensado naquilo desde que acordara. Amanhecera tão quentinha, tão acolhida pelos braços fortes do moreno que nem passara pela sua cabeça sua febre e exaustão. Inspirou fundo, procurando alguma dor interna. Sorriu mais uma vez ao ver que parecia bem melhor que na noite anterior.
_Acho que tudo foi causado pela queda de pressão - deu os ombros, ainda fitando os olhos daquele moreno. Não entendia, mas aquele olhar profundo a deixava incrivelmente confusa, intrigada. Por que ele gostava de lhe confundir? De fazê-la que, pensasse que em momentos havia esquecido de tudo, de todo aquele passado negro e que o amava de dentro, acima de tudo e de qualquer coisa. Porém em outros momentos, seu desejo era dar um grande pontapé nele, e ver que tudo que sentia era somente coisa e uma criança boba e que achava que o mundo era um incrível mar de rosas; grande mentira.
Ele apenas permaneceu em silencio. Também não se soltara dela. Estava tudo muito bom para acabar com aquele momento, aqueles pensamentos, e aqueles sorrisos doces que ambos estavam lançando um para o outro.
A realidade é que era muito bom estar perto daquela ruiva. Ela era um perfeito terremoto. Suas provocações, suas ironias... Suas malícias.
Tudo fazia um complemento perfeito para aquela mulher de cabelos cor de fogo.
Ela encostou mais uma vez a cabeça em seu peito, deixando escapar um bocejo enquanto esticava as pernas para se espreguiçar, como quem estivesse fazendo uma bela manha.
_Que horas são? – ele negou com a cabeça.
_Não sei. Mas não deve ser muito cedo. Eu ouvi o telefone há umas duas horas, o que infelizmente me acordou.
Ela sentiu algo percorrer-lhe pela espinha.
_Você então está acordado desde então?
_É bem por aí.
Seu coração acelerou. Ela não havia dito nada de comprometedor, mas só de imaginar se tivesse dito, o que poderia acontecer.
Xingou-se ao sentir uma pontinha de desapontamento quando imaginou ele ouvindo tudo o que ela sentia naquele momento.
_Mas – ele a despertou de seus pensamentos, fazendo-a mais uma vez, encara-lo. – Estava tudo muito bom aqui, com você.
Aquela frase teve muito efeito sobre Gina. Ela sentiu seus lábios ficarem secos, e o peito dar um leve solavanco tirando os inúmeros pensamentos que vieram à tona.
Abriu a boca para tentar falar, mas não emitiu som algum. Imaginou-se como estaria sua cara naquele momento. Parecendo uma criança tola que havia recebido uma carta de um admirador secreto.
_Estou com sede. – disse mais para si mesma do que para ele, mas ouviu-o dizer:
_Quer que eu pegue um copo de água?
Ele fez menção para levantar, mas ela pousou as duas mãos, quase ficando sobre ele. Algumas mechas ruivas caíram de encontro a sua face alva e descansada, e ela apenas soltou um sorriso.
_Mas eu prefiro ficar assim.
Ela viu que ele ia dizer alguma coisa, mas ficou completamente sem jeito, o que a fez sorrir. Ele iria ter que aprender que, não era só ele que era bom naquele jogo.
Viu que a tentativa de falar era inútil, então se limitou a soltar um sorriso maroto, ao qual ela achou lindo aos olhos dela e murmurou próximo ao ouvido dela:
_Ruiva, ruiva. Não me tente.
Ela não entendeu mais uma vez o porquê, mas aquilo estava muito divertido e excitante, onde ela não conseguia pela primeira vez controlar suas emoções. Passou um braço em torno do seu pescoço, enquanto passava a ponta dos dedos levemente sobre a curva do pescoço, onde o fez soltar um longo suspiro, que a fez mais uma vez, sorrir.
O calor que circulava ambos era incrível. Uma experiência que ambos nunca presenciaram, onde não importava qual era o fim daquilo, sabiam que iriam se arrepender.
Ele mordeu o lábio quando ela ficou sobre ele, enquanto sentia o leve tecido de seda da camisola bater contra seu corpo, e o calor e a essência daquela ruiva já estava começando a entorpecê-lo.
_Desculpa por ontem – ela começou num tom baixo, onde ele pode notar perfeitamente o tom sensual naquela voz doce e suave, que o fez passar as mãos pelos ombros dela, descendo até os braços da ruiva.
_Você precisava de ajuda. Não a culpo pelo meu atraso. Só não te desculpo por uma coisa, ruiva.
Ela se aproximou dele, deslizando as mãos pelo peito do moreno, onde o fez fechar os olhos.
_Ah é? – ela encostou a cabeça no ombro dele, depositando um leve beijo, que fez um fogo percorrer pelo seu corpo. – E qual?
_Você entrou de biquíni naquela banheira. É inadmissível.
Ela soltou um leve riso, onde o fez achar que o Paraíso havia descido a Terra, mesmo sabendo que parecia muito impossível.
Tudo nela o agradava, desde a planta dos pés até a raiz dos cabelos. Nunca, mas nunca mesmo havia deixado de pensar naquela mulher, que sabia ser durona em certas horas e bem quente em outras.
Deixou encostar a cabeça no fofo travesseiro, enquanto ela se afastava um pouco, deixando os fios vermelhos caírem em perfeito desenho com os seios fartos, numa visão tentadora.
_Digamos que eu pensei que você fosse um garoto malvado e bem curioso – ela molhou os lábios com a pontinha da língua, massageando a cintura dele, enquanto escorregava com o corpo, fazendo com que os rostos ficassem completamente próximos – que gostasse de quebrar regras.
_Ainda gosto – ele sorriu maliciosamente, fazendo-a entrar em um delírio interno.
Ela estava com o controle completo da situação, e tinha a plena consciência disso, mas não estava nem um pouco preocupado. Queria ficar com aquela ruiva para si, sentir seus lábios sobre os seus, mais uma vez, o gosto de sua boca, coisa que hoje procurava lembrar com vontade e muito desejo. Queria muito mais que aquilo.
Ela soltou um sorriso malicioso, enquanto sussurrava em seu ouvido num tom quente:
_Você me provocou, isso não é bom. Estou sendo obrigada a ir contra meus pensamentos, querido.
Ele a trouxe para mais perto de si, sentindo o cheiro de rosas invadirem-lhe as narinas, e um calor incrível entre seu corpo quando ela começou a fazer pequenas brincadeiras com a língua em seu pescoço.
_E você está entrando num terreno que não vai sair depois, ruiva. – ela sentiu a voz mais rouca dele atingir-lhe os ouvidos, deixando-a mais insensata do que antes. Mas estava pouco se danando para sua sensatez.
Apenas não queria que aquilo acabasse.
Não entendia por que estava fazendo aquilo, mas não era uma necessidade.
Era um desejo. Para pelo menos, achar que nunca perderia aquele moreno maravilhoso na sua vida. Que o teria a seu lado, como tinha agora.
Parou, olhando-o nos olhos. Sua vontade era dizer que o amava, mesmo estando muito confusa por causa do passado. Aqueles olhos verdes que a deixavam tanto intrigada estavam exibindo um maravilhoso brilho, no qual ela não sabia explicar.
Fechou os olhos, tentando marcar em sua memória todos aqueles momentos. Parecia como naquela vez, num dia de natal na torre, onde ela quase havia tido a primeira noite em que sentiria completa ao lado dele.
Onde, desde aquele momento, ela sabia que ele era para ser seu até o fim dos tempos.
Queria reacender aquela chama que havia entre eles no passado. Aquela que, tamanho o amor que ambos tinham, era capaz de mover céu e terra.
Chegou perto da face dele, observando-o com o fogo da paixão que ali existia. Os corpos colados, as respirações ofegantes, em busca um pelo o outro.
_Que disse que eu quero sair desse terreno, Harry? –ele fechou os olhos, enquanto ela acompanhava o gesto, fazendo o mesmo.
Os lábios roçaram levemente um contra o outro, aos poucos. Aquilo tudo parecia ser um sonho para ambos, e, quando ia finalmente voltarem a se sentir como um único ser, como antes, a porta do apartamento se escancarara e uma voz aguda soltou em voz alta:
_SERVIÇO DE QUARTO!
Gina soltou um som estranho, em mescla assustado, enquanto se levantava de cima de Harry, rodando para o lado oposto, que a fez cair no chão e soltar um gemido de dor e raiva.
_Droga! –exclamou, enquanto deixava o corpo estender-se no chão e bufar, enquanto o moreno sentava-se na cama, parecendo não muito alegre com aquilo tudo.
Uma mulher baixinha, com o cabelo bagunçado presos em um coque muito malfeito entrou, com uma vassoura e um balde na mão, mas largou-os no chão e soltou um gritinho quando viu o moreno com as pernas esticadas e os braços cruzados enquanto uma ruiva levantar-se do chão, com a mão no lombo.
_Já te disseram que é bom bater na porta antes de qualquer coisa? – o tom de voz dele saiu num jeito irônico e bem mal-humorado. A camareira ficou com a face rosada, corada, passando a mão nervosamente pelo braço enquanto a ruiva fechava o semblante.
_Desculpe, é que geralmente no horário de almoço todos os hospedados estão no restaurante. E...
Gina queria rir com aquela cena. O moreno levantara-se, enlaçando-a pela cintura enquanto fuzilava a mulher com os olhos. Ele passou a mão pelos cabelos bagunçados, numa expressão nervosa.
_Mas nós acabamos de nos casar. – Ela teve que olhar pela janela para abafar o riso daquela situação.
Casados. Bem que iria ser ótimo acordar daquela maneira todas as manhãs.
Com aquele moreno do lado, com um sorriso gratificante de que valia a pena viver.
“Ai, ai, ai. Pare de pensar nisso! Pare de pensar nisso!”
_Bem... Desculpem-me se eu... Atrapalhei vocês dois...
Atrapalhou? Ela havia destruído o momento mágico daquele momento. A chance de se perdoarem naquele exato momento. Camareira desgraçada.
Imaginou se a cena seria realmente excitante; a camareira criaria asas graças a um feitiço e ela sairia voando daquele lugar, sendo jogada por um grande pontapé que ela teria o imenso prazer de dar.
Queria soltar um grande riso ao imaginar aquilo, mas apenas permitiu que um sorriso sarcástico brincasse em seus lábios.
_Se não quer se despedida, acho bom sair daqui antes que eu perca a minha paciência - ela começou, perdendo o sorriso e adquirindo uma olhar assassino. Era a vez de Harry querer rir, mesmo que por dentro, sonhava em lançar um belo Avada Kedavra nela e ninguém além dos dois iria saber.
A mulher arregalou os olhos a ruiva, e, girando nos calcanhares tratou de sair dali num piscar de olhos, com dificuldades de carregar às pressas o balde cheio de água e a vassoura.
Quando a porta se fechou com um estrondo, era como se os dois tivessem combinado, soltaram primeiro um riso abafado, antes de cair em gargalhadas.
_Eu não acredito nisso! – Gina foi até a porta, olhando-a fechada. Subiu a alça da camisola azul marinho de seda, com um sorriso bobo no rosto.
_Só você? – Harry sorriu, vindo a seu encontro, passando a mão pelos cabelos negros e desgrenhados. Gina sentiu o lábio ficar seco imediatamente. Ele fechou o semblante, olhando para a porta – Ainda não acredito que essa louca varrida entrou aqui.
Ela apenas sorriu, passando a mão por uma madeixa de seu cabelo. Estava sem graça, quando notou que o braço dele roçou levemente contra o seu, fazendo uma corrente elétrica percorrer pelo seu corpo. Mas ela não notou exatamente para onde ele estava olhando.
_Gi.
_Sim? –sua voz estava vaga, assim como seu olhar. Estava absorta em pensamentos, em lembranças que não eram tão distantes assim. Era exatamente de poucos minutos. Como desejava que tivesse rolado algo...
_Bom... Você... Você estava disfarçada como comensal, não era?
A primeira coisa que lhe veio à cabeça fora que ele iria tocar naquele assunto. Passou a mão esquerda pelo braço direito, como se estivesse tentando se acalmar. Por que certas coisas insistiam em tocar na ferida das pessoas?
_É sim. –respondeu com toda a coragem que não havia nela, tentando ignorar os calafrios que percorriam por sua pele. – O que tem?
_Eu fiquei curioso. Você tem...
_Tenho...?
_A marca?
_Que?
_A Marca negra.
_Ah – ela sentiu um imenso alivio ao ele estar falando daquilo. Talvez nem tanto, mas era melhor do que ele tocar no assunto de quando ele a encontrou, horas depois daquele acontecimento. Mas, de alguma forma, aquilo a fazia se lembrar dos momentos horríveis que participara ali com os comensais, seus medos, como tivera que batalhar para conseguir entrar no grupo de comensais. –Tenho sim.
Afastou os fios cor de fogo para longe do ombro direito, revelando uma tatuagem de cores fúnebres marcadas na pele macia como seda da ruiva.
Ele ficou observando atentamente a caveira, onde dela saia uma cobra, enquanto ela olhava para o outro lado da sala, respirando com certa dificuldade.
_E não tem como tirar isso?
_Bom. Estavam tentando ver alguma poção, mas por enquanto eles não descobriram nada para remover, o que é uma pena – suspirou. – Já assustei três pessoas por que ia comprar pão e fui com uma blusa que deixava o ombro a mostra. –ela sorriu amargamente. – imagina saírem correndo aos berros “Comensal! Comensal!”.
Ele riu levemente, mas notou que ela não havia colocado muita graça naquela frase. Pigarreou.
_Desculpa se... Eu incomodei você com essa pergunta.
_Não é a pergunta que me incomoda. –ela deu os ombros. – Muito menos essa tatuagem. A única coisa que me incomoda é que não fui capaz de cumprir meu trabalho. Ainda ser – pigarreou, tentando conter a primeira lágrima que começava a brotar de seus olhos. – humilhada por seres tão imundos. –ele ia abrir a boca quando ela o interrompeu. Parecia que ela queria desabafar, de quão grande estava entalado em sua garganta. – Isso faz me sentir imunda.
Ela viu que ele ia abrir a boca para falar alguma coisa, mas interrompeu mais uma vez, como quem queria colocar um fim naquilo.
_Vamos descer. A gente pode ir almoçar num restaurante trouxa aqui perto. –sem esperar resposta, rumou em direção ao quarto, procurando secar as primeiras lágrimas que tentaram querer descer.
****
_Então você...?
_Exatamente.
Ele soltou o primeiro sorriso que, em anos ela não via. Aquele sorriso sincero, iluminado. Sentiu um grande poder chamado calma emanar seu corpo, e agradeceu a Deus que sabia que ele iria ajudá-la a tirá-lo de lá.
_Mas, Lia como?
_Eu ganhei influencias nesse tempo. –ele fez uma careta descrente, fazendo-a rir – Está achando que não sou influente?
_Isso tem dedo da Thamires?
Droga. Por que ele sempre descobria as coisas?
_Seu estraga prazeres.
_De nada. – ele sorriu, passando a mão pelos cabelos negros bagunçados. Ela não pode deixar de acompanhá-lo num sorriso também. – Mas ela não estava viajando?
_Voltou semana passada. Então aproveitei e falei com ela. Sabe das influencias dela.
_Ser for igual a você...
_Lucas Preston perdeu a graça. – Ela riu ao o ver soltar uma gostosa gargalhada. – Estou falando sério! Para de rir!
Ele parou, tentando firmar uma pose séria, mas ela não se preocupava. Aquele brilho maravilhoso que ele exibia naqueles olhos negros estava a deixando desnorteada. Como era boa a presença dele.
_Te amo tanto. –sussurrou, fazendo-o parar de rir. Mas também não ficou sério. Seus olhos marejaram levemente, fazendo-o tocar no rosto da morena.
_Eu só estou lúcido, e com vontade de viver por que você teve o cuidado de sempre me ajudar com isso. – molhou os lábios com a pontinha da língua, enquanto ela o acompanhava com o olhar. – Você lembra de todos os problemas que passamos aqui? Meus ataques? Minhas tentativas de me matar? E foi por Deus cara, foi por Deus que eu não me matei. Ele me ajudou, colocando uma alma preciosa na minha frente, para que cuidasse de mim e velasse por mim enquanto eu estivesse aqui. E ela se chama Cecília.
Ela sorriu.
_E Deus me colocou você para provar que eu ainda posso ser amada e amar alguém com tanto fervor no qual faria tudo por você. Agradeço a ele por isso. Por ele ter unido nossas almas.
Ele sorriu mais uma vez, fazendo suas pernas ficarem bambas.
_Eu também.
_E eu vou tirar você daqui, em breve, você vai ver.
*****
Esticou os pés, arrumando os óculos escuros sobre a face, num sorriso tentador a qualquer alma feminina. Aquele dia ensolarado estava dando um contraste perfeito para um banho de piscina e muito sol.
Soltou um longo suspiro, enquanto olhava o seu melhor amigo dar um longo gole na bebida, de uma única vez.
_Não sei como você não cai logo na primeira, seu pinguço.
Rony riu, passando a mão pelos cabelos ruivos completamente molhados, junto ao corpo de quem havia caído na piscina há pouquíssimo tempo.
_Eu não tenho mais dezesseis. Nem sou puro o suficiente para tomar só suco de abóbora.
_Não importa, você parece mais pinguço a cada dia que eu ando com você.
Não era verdade. Ele sabia que o melhor amigo só bebia quando estava muito nervoso, ansioso. Antes de começar um trabalho pesado, que seria trabalhoso e muito cuidadoso.
_Não é bem assim, Harry. Você é pior do que eu. Sabe muito bem, quando saíamos às sextas. Bem, isso foi antes de eu ficar noivo da Mione, mas, não importa. Você fazia sucesso entre a mulherada, seu galinha.
Ele riu, fingindo uma careta ofendida. Seu olhar cruzou com o de uma moça muito bonita, de cabelos bem negros e os olhos cor de mel. Um corpo escultural também naquele biquíni amarelo, fazendo-o soltar um sorriso maroto entre os lábios finos, e para sua aprovação, a morena retribuiu no mesmo gesto. Se quisesse chegar agora, ela estaria... No papo.
O ruivo notou o ato do amigo, soltando um leve riso.
_Eu disse. Você não muda nada.
_Mas eu-.
_Quero só ver quando alguma mulher realmente pegar você de jeito. Aquele jeito que você vai largar esse seu fogo no rabo e vai praticamente babar em cima dela. – riu, com um olhar significativo. – Apesar de que eu acho que você já encontrou.
Ele ignorou o ultimo comentário, dando os ombros.
_Não vou ficar babando atrás de mulher. Não vale a pena. Quando você menos esperar vai ter um belo par de chifres.
_Nunca vou levar um par de chifres da Mione, e sou muito feliz em babar por ela.
_Mas vai dizer que não reparou na garota. –ele sorriu maldosamente ao ruivo, que arqueou a sobrancelha, confuso.
_Que garota?
_Aquela amiga da Gina, Cecília, não é?
_O que tem a Cecília?
_Vai dizer que você não reparou nela, por que vamos e venhamos ela é uma morena de tirar o fôlego.
O ruivo suspirou pesadamente, tentando evitar algum tipo de engasgue. Ficou em silencio por um momento, mudando de assunto.
_Harry, por que você e minha irmã foram descer em plena uma e meia da tarde?
Ele não agüentou, rindo na cara do melhor amigo. Rony era mesmo péssimo em tentar mudar de assunto, mas resolveu dar uma trégua.
_Gina estava doente. E queria que eu ficasse com ela ontem a noite. Então dormimos juntos. No bom sentido, Rony - completou exasperado ao ver os olhos do amigo ficarem com um olhar já meio atacado.
_Não iria me impressionar se não fosse. –resmungou – Primeiro, foi tomando banho os dois juntos, e agora isso - Harry ia interromper quando ele disse – Ou vai me dizer que ela pediu para que você esfregasse as costas dela na forma mais inocente?
_Não estávamos tomando banho juntos, Rony. – revirou os olhos ao ver o amigo rir com sarcasmo.
_E ela estava molhada por que soa feito um porco em decomposição à noite, é? – desdenhou.
_Não. – “sua besta leguminosa!” – Ela tinha ido me pedir uma escova de cabelo, e eu a molhei com a mangueira do chuveiro. Algum problema nisso ou acha que a água vai deixá-la grávida? – ironizou, fazendo o ruivo bufar.
_Duas coisas que não se encaixam. Por que você a molhou à toa e PRA QUE ELA IA PEDIR UMA ESCOVA EM PLENA DUAS DA MANHÃ? –gritou, fazendo duas garotas loiras olharem para ambos, com risadinhas abafadas antes de saírem de perto. Harry teve vontade de afogar o ruivo na piscina.
_Talvez por que meu cabelo estivesse embaraçado? – soou uma voz por trás deles, de forma exasperada. Rony deu um sobressalto, enquanto ele e Harry viravam-se para encarar a dona da voz, acompanhada pela amiga. Harry suspirou pesadamente ao reparar como ela estava vestida, virando o rosto para encarar a piscina onde brincava somente duas crianças com uma bola.
Os cabelos ruivos presos em um alto rabo de cavalo, com finíssimas mechinhas caindo à face, onde os óculos escuros e os lábios avermelhados contorcidos em um sorriso de canto, entreabertos davam um ar perigoso e sensual à ruiva.
Mas não era somente o rosto da ruiva que estava perfeito. O fato era aquele biquíni vermelho e aquela saída de praia no mesmo tom, deixando à mostra as curvas que a ruiva adquirira nos treinamentos para auror. O fato simplesmente era admitir que ela estivesse perfeita.
_Você não acha que está meio doente pra sair com um biquíni para querer tomar sol e entrar numa piscina? – fechou os punhos e lançou um olhar mortal a irmã, que sorriu docemente.
_Eu estava doente ontem, maninho. –sentou na cadeira ao lado deles, com um sorriso no rosto. – Hoje, antes da festa de abertura, eu tenho o direito total de me divertir.
Levantou os óculos, deixando à mostra o magnífico brilho que aquelas íris amêndoas estavam aquele dia. Ela estava perfeita demais.
O irmão foi tentar falar alguma coisa, mas ela fora mais rápida.
_Escuta, Ronald. Eu não tenho mais onze anos, muito menos fico perdendo meu tempo escrevendo em diários. Acho que tenho muito mais maturidade do que você até. Então o que eu fiz ou deixei de fazer não é problema seu - inspirou fundo. – Aliás, você faz até pior debaixo do edredom com a Hermione. – Terminou ao ver o irmão estar com as orelhas vermelhas e a cara ameaçadora. A única coisa que fez foi sorrir marotamente.
_Virginia... Molly...
_É eu sei. –ela fingiu uma careta inocente. – Meu nome é lindo. Mas... Acho que eu vou ir tomar um banho de piscina. –e deixando um beijinho no ar, caminhou até a piscina onde sorriu cinicamente para dois homens que a cumprimentaram de forma ousada.
Harry observava-a de cima em baixo. A forma que andava a forma em que seus quadris remexiam-se graciosamente, como uma boneca. O jeito que os cabelos ruivos balançavam conforme andava, deixando visivelmente a mostra o brilho sedoso deles. E o corpo... As linhas e curvas a mostra estavam o levando ao delírio.
_Eu vou proteger a sua irmã deles Rony - sorriu ao amigo, que bufou ligeiramente, cruzando os braços enquanto Cecília estava deitada na cadeira ao lado bem distraída lendo uma revista.
_Agora sim que você me deixou realmente apavorado, Potter – o moreno riu, balançando a cabeça negativamente e indo de encontro à piscina.
Gina parou na borda, olhando para o movimento. Os cabelos molhados, onde alguns fios grudavam na face enquanto o resto do corpo, a partir do busto para baixo, estava completamente submerso pela água da piscina.
Colocou uma mecha ruiva atrás da orelha e soltou um leve suspiro.
A primeira palavra que veio na sua mente ao ver Harry deitado numa das cadeiras com aquele bermudão e sem camisa foi “perfeito”.
_Meu Deus - murmurou, balançando a cabeça negativamente. Não podia estar voltando a sentir tudo aquilo de volta, seria idiotice da parte dela.
_Falando sozinha? –ouviu uma voz chegar aos seus ouvidos de forma rouca e sensual. Arrepiada, deu um pulo ao sentir a respiração dele perto a ela.
Resmungou, cruzando os braços a altura do peito.
_E se eu estiver? – ele deu os ombros à resposta dela.
_Vou dizer que você é louca.
Ela sorriu amargamente, olhando para onde o irmão estava há poucos minutos atrás. Ele parecia que havia se entediado e ido embora, sobrando apenas uma Cecília ainda toda distraída na revista.
_Já estou acostumada a me chamarem de louca mesmo.
Ele riu de uma forma que ela julgou bem sensual, mas decidiu culpar a água que estava gelada demais por ter ficado arrepiada.
_Eu diria que você é realmente louca... – ele chegou perto do ouvido dela, onde estava encurralada entre ele e a parede da piscina. Suspirou pesadamente, mas resolveu encarar o olhar dele – Louca por mim...
Ela sorriu marotamente, fazendo-o tremer na base. Pensou que ela iria bater nele, ou começar mais uma de inúmeras discussões, mas ela continuou com aquele sorriso mesmo depois de dizer:
_Quando você acerta, acerta em cheio.
Ele arregalou os olhos ao ver que ela não rira ou dissera aquilo num tom de sarcasmo, mas sim num tom de quem não estava brincando. Ainda que, mesmo se achasse isso, aquele brilho em seus olhos estava mostrando que não era uma brincadeira.
Suspirou pesadamente, a procura de uma resposta decente. Mas sua mente parecia não querê-lo ajudar, pois somente passava num flashback da voz da ruiva dizendo a mesma coisa “quando você acerta, acerta em cheio”.
Abriu a boca, mas não emitiu som algum. Não percebeu, mas a ruiva soltou um leve sorriso em mescla divertido e vitorioso na face.
Riu sem jeito, tentando colocar o melhor sorriso sexy nos lábios.
_Eu sei... – ele foi falar, quando ela, sorrindo, passou o dedo indicador no peito molhado dele, fazendo pequenos círculos. A reação imediata foi se arrepiar ficando em silêncio. Ela mordeu o lábio, sorrindo maliciosamente.
_Você é bom demais para ser verdade. – sussurrou, fazendo com que seus corpos se aproximassem. – É amigo, companheiro, doce e - ela riu levemente, fazendo-o ficar embriagado – muito quente.
_Você... Está... Tentando-me... Gi... – sorriu fraco, com dificuldade de segurar o calor que começava a emanar seu corpo. Não estava muito certo de que se controlaria por muito tempo a agarrar aquela ruiva ali mesmo e capturar aqueles lábios que naquele dia pareciam incrivelmente mais irresistíveis.
Ela sorriu simplesmente, enlaçando o moreno pelo pescoço.
_E eu estou fazendo isso direito, querido? – ele soltou um leve riso, de puro nervosismo. Ela estava sim é conseguindo fazer ele de gato e sapato dela.
_Pode ter certeza que... Sim. – sentiu mais um arrepio ao sentir as unhas dela levemente passarem contra sua nuca, num carinho que o estava deixando louco. Tentou recuperar os sentidos, olhando a ruiva. – Gina é melhor você parar.
_Por quê? – disse num tom manhoso, ainda continuando. – Você não gosta?
_Gosto. – respirou com dificuldade. – É por isso mesmo que estou pedindo pra você... Parar. Daqui a pouco não vou me controlar.
Ela abriu um sorriso na qual não soube decifrar o que ela queria dizer com aquilo. Mas ela estava completamente satisfeita consigo mesma. Então ele não era o único que a deixava como uma completa idiota e maluca. Essa comprovação a deixou ousada, confiante.
Estava tudo indo muito bem, mesmo que alguma vozinha no fundo de sua mente gritava algo como “Passado”. Ou será que era “Pássaro”? Ela não estava muito preocupada em saber mesmo.
_E você quer manter o controle? – ele colocou uma mecha ruiva dela atrás da orelha. Ai, ai, ai. Agora ela sabia que não podia mais culpar a água da piscina por aquele arrepio teimoso.
Ele estava sem jeito, e era a primeira vez que ele ficava sem jeito. Lembrou-se nos tempos de escola. Era sempre ele que mantinha tudo sob o controle...
Ele que tinha aquela ardência toda entre os dois.
Também, como ela ia emanar sedução como trasgo na versão nerd que era?
Riu internamente ao pegar-se pensando nisso.
Mas agora ela estava ali, emanando todo aquele poder e sedução, deixando-o todo sem jeito de tentar jogar algum joguinho. Era a melhor coisa... Saber que agora ela estava madura e havia mudado. Agora ela também sabia jogar e conquistar.
_Gina – arfou – É bom você saber que... Esse jogo é para dois.
Ela sorriu, mordendo o lábio.
_Que jogo, meu bem?
_Esse joguinho de - parou de falar para segurar um leve gemido ao sentir as mãos delicadas da ruiva passarem desde o seu pescoço a seu ombro, indo até o peito para finalmente chegar a seu tórax.
_Sim? – ela o olhou inocentemente. Ele estava queimando por dentro e ela sabia disso.
Seu olhar estava diferente com ele. Seu fundo gritava, esperneava, chutava tudo imaginário ao seu redor, gritava passado e tudo o mais, mas ela já havia dito que o “pássaro” não ia incomodá-la. Ela queria apenas aproveitar o momento que estavam ali. Ela e Harry.
Ele inspirou fundo, decidindo por vez deixar aquele lado surpreso com a ruiva de lado. Admitiu que, já estava na hora dele tomar alguma atitude.
Pegou as mãos da ruiva, fazendo-as enlaçar seu pescoço, enquanto fazia com que seus corpos ficassem completamente colados um no outro.
Então sorriu, ao a sentir soltar um suspiro mais pesado ao sentir o peito dele pressionar seu corpo, fazendo com que ela pudesse sentir o calor daquele corpo. Harry parecia uma parede de concreto. Uma parede de concreto quente.
Segurou o rosto dela com uma mão, numa forma carinhosa. Logo após, correu-a até sua nuca, como se estivesse segurando-a. Ela fechou os olhos e soltou um novo suspiro ao sentir a pontinha da língua dele brincar com seu fogo, fazendo vários caminhos na curva de seu pescoço, que estavam marcando um caminho vivo nela.
_Sabe o que eu gosto mais em você? – sussurrou em seu ouvido, sentindo uma sensação prazerosa ao senti-la mexer com seus cabelos negros. Ela sorriu meio débil, se xingando eternamente por ter perdido o jeito e cedendo as caricias dele.
_Deixe-me adivinhar – ela abriu os olhos, num sorriso malicioso – Das minhas sardas? Da minha boca? Ou do meu corpo? – sentiu mais um arrepio ao velo rir levemente, com um brilho inacreditável em seus olhos verdes, que mostravam que ele estava pegando fogo.
_Não. – ele aproximou seu rosto de tal modo que, era possível sentir a respiração um do outro, e a tentação que ambos os lábios demonstravam a cada um. – Gosto dessa sua maneira, dessa sua forma turrona... Mas principalmente – ele parou para observá-la nos olhos. Nunca havia visto um sorriso como aquele. Tão misterioso e tão belo, coisa que somente ela tinha. Aquele fogo todo que se espalhava pelo corpo dos dois era inacreditável. – Gosto dessa mudança em você. Dessa sua paixão pela vida que leva... Esse amor que você desperta em qualquer um.
Ela jurava que ele iria dizer depois “Desse amor que você despertou novamente em mim”, mas ele ficou em silêncio, apenas a observando e esperando-a falar.