Luto de Harry
Harry e Gina seguiram pelos corredores desertos até a sala do diretor. Quando finalmente alcançaram o topo da escada em espiral e entraram na sala viram Rony sentado a um canto. Ele parecia muito cansado e também tinha os olhos inchados. Dumbledore estava atrás de sua mesa. Gina ajudou Harry a se assentar e então tomou uma terceira cadeira.
- O que você irá dizer dessa vez?- perguntou Harry.
- Você ainda não sabe, Harry.- disse Dumbledore calmamente.
- Que Hermione se foi? Que Hagrid se foi? E que pelo o que eu entendi todos vocês me enganaram, pois Sirius estava vivo?- perguntou Harry impaciente.
- Hogwarts será fechada.- disse Rony em uma medonha voz fúnebre.- Quase todos já se foram.
- O que?- perguntou Harry.
- Foi isso mesmo o que o seu amigo disse.- disse Dumbledore.- Você e o seu grupo de estudos de DCAT foram bárbaros, conseguiram impedir que a invasão tomasse proporções maiores, mas o esforço de vocês foi quase que em vão.
- Eu...- disse Harry se equilibrando em pé em uma perna só.- Eu não vou voltar para a casa dos Dursley!- disse ele.- Não vou não!
- Os Dursley não existem mais.- disse Dumbledore.
Harry simplesmente caiu assentado na cadeira com um baque surdo.
- Eles o que?- perguntou Harry.
- Mortos!- disse Dumbledore.- Na noite passada. Ao que tudo indica Voldemort cuidou deles pessoalmente enquanto seus homens faziam algum estrago na escola. Parece que a sua tia ainda tentou defender a família, mas ela não tinha nem chance contra o Tom. Assistiu seu primo Duda ser torturado, até a morte, depois o marido ficar inconsciente e então foi morta com uma Maldição da Morte.
- Mas como?- perguntou Harry sentindo-se ainda pior, odiava os Dursley, mas não podia deixar de sentir a morte deles.- Porque?
- Lembra-se quando lhe contei sobre a proteção de sua mãe?- perguntou Dumbledore.
- Sim.- disse Harry baixando a cabeça.- Enquanto eu pudesse chamar a casa dos meus tios de meu lar eu estaria protegido pelo sangue de minha mãe.
- Mas ainda existem Evans!- disse Gina.- Hermione me contou sobre um garoto o nome dele é...
- Marco Evans.- disse Dumbledore.- O pai dele era primo de Lílian Potter. A família dele foi morta também.
Harry baixou a cabeça. Estava perdido, sabia que estava. Não tinha mais a tal proteção de sua mãe. Não tinha mais casa. Não tinha mais Hogwarts. Não tinha mais o apoio de Hermione. O que seria dele?
- Eles não podem ter provocado tanto estrago em uma só noite!- disse Rony levantando o tom de voz.- Eles não podem!
- Isso é a Guerra, Rony.- disse Dumbledore.- Há alguns meses nós os surpreendemos. Eles atraíram vocês até o ministério e se o plano deles tivesse dado certo teriam sido todos mortos. Mas nós tínhamos um espião! E nós estávamos preparados para surpreendê-los, e foi o que fizemos. Nós frustramos a tentativa de roubar a profecia e de matar Harry. Nós mandamos vários deles para Azkaban e...
- Não adiantou nada! Todos fugiram!- disse Rony.
- Sim, Rony. Todos fugiram. Mas o pequeno tempo que passaram lá retardou parte de seus planos.- disse Dumbledore.- E nós fizemos ainda mais. Conseguimos inocentar Sirius, o que de uma forma ou de outra acabou adiantando o começo da caçada aos comensais.
- Mas Sirius morreu!- disse Harry ainda cabisbaixo.
- Oras Harry!- disse Dumbledore.- Você ainda não se deu conta de que o seu padrinho está ao seu lado novamente?
- Não!- disse Harry.- Foi tudo uma ilusão! A morte de Mione também foi uma ilusão! Isso é um sonho! Um pesadelo! Desses que parecem reais e que depois você acorda ensopado de suor. Logo eu vou acordar!
- Não! Não foi.- disse Dumbledore. Gina viu que seus olhos estavam cheios de pena.
- Eu sei que não! Mas eu estava febril quando Tonks e Lupin chegaram. Sirius não estava lá! Foi impressão minha! Ele tem me perseguido desde que Hermione se foi!- disse Harry. Seus olhos estavam arregalados e desfocados.- É uma ilusão! Eu estou ficando louco, Dumbledore! Louco!- ele cobriu o rosto com as mãos e balançou a cabeça de um lado para o outro.- Eu matei uma pessoa! Eu matei! Foi por isso que Hermione se foi! Foi um castigo. Pois eu matei Draco Malfoy.
- Você não o matou!- disse Gina.
- Matei sim, Gina!- disse Harry erguendo o rosto para ela.- Eu enterrei aquela espada...- disse apontando para a espada de Godrico Grifindor já de volta na parede.-... Nele!
- Você não o matou!- insistiu Gina.
- Não?- perguntou Harry, ele parecia ter aprendido a arregalar os olhos como Luna.- Então quem foi?
- Eu o matei, Harry!- disse Gina.- E não me arrependo disso!- completou.- Ele ainda estava muito vivo enquanto Hermione dava os seus últimos suspiros. Eu apanhei a outra espada na neve e terminei o serviço.
- O assunto não é esse!- disse Rony que parecia ser o menos alterado dos três.- O assunto é: O que será de nós daqui pra frente!? Tonks e Sirius disseram que seremos membros da ordem.
- Vocês já são.- disse Dumbledore.
- E o que acontecerá?- perguntou Rony.
- Primeiro vocês descansarão.- disse Dumbledore.- Principalmente você, Harry.
Harry tinha a cabeça novamente baixa.
- Depois vocês receberão algumas aulas, principalmente de Defesa Contra as Artes das Trevas.- disse ele.- E depois começarão a participar das atividades da Ordem.
- E quando, mais ou menos, será isso?- perguntou Rony que parecia um pouco reanimado.
- Em dois meses talvez.- disse Dumbledore.- Mas o primeiro passo para estarem prontos será esquecer as mortes desta noite.
Harry se levantou violentamente derrubando a cadeira, teve que se apoiar na mesa de Dumbledore para não cair.
- Você não entende?- perguntou ele.- Eu não vou superar nada! Eu não quero superar nada! Você acha que foi só mais uma pobre pessoa a morrer? Não foi não! Porque, para começar não foi só uma pessoa que morreu! Hermione morreu! A minha namorada, a pessoa que eu mais amava nesse mundo morreu!
- Acalme-se, Harry.- disse Dumbledore.
- E se você não se abala pela morte dela, pois deveria, garanto que ela seria uma ótima cabeça pensando nessa porcaria de Ordem, abale-se então pela morte de Hagrid!- Harry chegava a cuspir enquanto falava. Estava extremamente vermelho e furioso.- Rúbeo Hagrid morreu! Será que você não percebe? Aquele Centauro, Firenze, ele morreu! Você não consegue perceber a gravidade das coisas?- ele despejava as palavras como se o mundo estivesse preste a acabar caso ele não dissesse tudo rapidamente. Dumbledore tinha os braços cruzados e o observava com a mesma cara calma de sempre. A porta do escritório se abriu, mas Harry nem notou.- Não! Você só pensa nessa guerra! Guerra pra cá! Guerra pra lá! Você diz que se importa comigo, que sempre se importou, mas eu não acredito nisso!- Harry agora quase encostava o indicador no nariz cumprido de Dumbledore enquanto despejava toda a sua fúria.- Você FINGE que se importa comigo enquanto na realidade você só consegue pensar nessa guerra! Você está doente, Dumbledore! Você está tão doente que não consegue sequer lembrar das vidas que se perdem por sua ânsia de vitórias! Todos dizem que você é um grande bruxo, mas na realidade você não passa de um velho caduco fissurado em "ganhar a guerra contra o mau!" Eu não percebia antes, mas agora vejo nitidamente que o profeta diário e todos aqueles jornais que nos difamavam tinham razão sobre você!
- CALE-SE HARRY!- gritou uma voz em suas costas.
- Deixe o garoto, Sirius.- disse Dumbledore com se Harry fosse um garotinho de cinco anos de idade que brincava de jogar coisas frágeis e valiosas escada a baixo simplesmente por que era divertido vê-las se espatifar...- ele acabou de sofrer grandes perdas, precisa culpar alguém.
Dumbledore olhou Harry, ainda de pé, por cima dos óculos de meia lua e sorriu.
- Às vezes ele até tenha um pouco de razão.- completou ainda sorrindo.
- Nada justifica ele insulta-lo, Dumbledore.- disse Sirius. Rony e Gina olhavam para ele meio boquiabertos. Harry continuava paralisado sem se virar.
- Não se preocupe, Sirius.- disse Dumbledore se levantando mantendo o sorriso.- Ele fez acusações até piores na noite em que você se foi. Mas como você "já voltou" acho que vou deixá-los a sós, Rony, Gina, vamos descer e comer alguma coisa.
Harry continuou imóvel. Sua respiração estava acelerada e ele podia sentir o coração disparado. Se estivesse em um dia normal teria corrido até Sirius e o abraçado. Mas seu cérebro não estava trabalhando no ritmo normal.
Ele ouviu os passos pesados de Sirius atravessarem o escritório. Mantinha a cabeça baixa novamente. A perna doía. Ele fechou os olhos tentando retomar o controle de seu cérebro. Ainda tinha os olhos fechados quando Sirius levantou a cadeira e forçou Harry a se sentar. Quando abriu os olhos ele viu o padrinho assentado no lugar onde antes estivera Dumbledore.
Ele ainda usava as roupas surradas de sempre. Os cabelos muito negros lhe caíam sobre os olhos. O rosto ainda mantinha aquele mesmo traçado bonito apesar da barba a fazer. Parecia estar cansado, mas seus olhos negros cintilavam incrivelmente enquanto examinavam Harry minuciosamente. Harry, não sabia porque, evitava o olhar do padrinho.
- Engraçado.- Disse Sirius finalmente enquanto consultava o relógio.- Há exatamente 24 horas eu estive com Hermione na casa dos Gritos e ela me disse entusiasmada que você ficaria feliz ao me ver, mas parece que ela estava enganada.
- Sim! Ela estava enganada!- disse Harry erguendo os olhos que ainda se mantinham arregalados com aquele brilho alucinado.- Eu não consigo me sentir feliz após descobrir que fui enganado!
- Engraçado.- disse Sirius de novo.- Até nesse tipo de coisa você se parece com seu pai.
- Aposto que ele também não se sentiria contente ao descobrir que foi enganado!- disse Harry dando um sorriso sarcástico.
- Não!- disse Sirius.- Ele provavelmente já teria me dado um abraço se estivesse em seu lugar. È que ele agiu de forma semelhante quando seus avós morreram.
- Pouco me interessa a história de quando meus avós morreram!- disse Harry.- E eu não me pareço com meu pai! Eu não quero me parecer com meu pai. ALIÁS, EU NÃO QUERIA SER FILHO DO MEU PAI!
- Não diga tolices, Harry.- disse Sirius.
- EU NÃO ESTOU DIZENDO TOLICES!- gritou Harry se levantando.
- Então acalme-se.- disse Sirius.
Harry se assentou novamente e então sorriu.
- Vamos fazer um jogo de perguntas.- disse ele.- Vamos ver se você continua a ter inteligência depois de ter feito um tour por aquele véu ou se ele afetou os seus neurônios.
Sirius soltou um suspiro.
- Diga-me porque meus pais morreram.- disse Harry.
- Por que infelizmente a hora de algumas pessoas morrerem chega antes do que esperávamos.- disse Sirius sério.
- Resposta errada!- disse Harry.- A resposta certa é: Porque eles eram pais de um fulano chamado Harry Potter que por causa de uma maldita profecia estava destinado desde antes de nascer a se tornar o grande rival de Lorde Voldemort! Próxima pergunta: Porque Cedrico Digory morreu? Não! Não responda! Sei que não tem capacidade de acertar! Cedrico Digory morreu por estar ao lado de Harry Potter na hora errada. Pergunta três: Porque Rúbeo Hagrid, Hermione Granger, Draco Malfoy e o centauro Firenze morreram? Pois estavam tentando defender Hogwarts. E porque Hogwarts foi invadida? Pois nela Harry Potter estaria seguro. E porque os Dursley e os Evans foram assassinados? Pois eram as únicas pessoas que restavam da família de Harry Potter!
Ele finalmente olhou Sirius nos olhos. Mas estava tão fora de si que nem se preocupou com a tentativa do padrinho em dizer alguma coisa.
- Vamos concluir então, qual é a conseqüência de se aventurar ao lado de Harry Potter? Morrer! Morrer e morrer!- continuou Harry.- Porque uma guerra começou? Por que Harry Potter está vivo. E o que podemos fazer para esta guerra terminar? Matar Harry Potter! Morra Harry Potter!
- Você está doente, Harry.- disse Sirius sério.- Está fora de si.
- Não, não estou!- disse Harry.- Eu nunca estive tão lúcido em toda a minha vida!
- E será que o Sr. razão poderia me dizer o que vai fazer daqui pra frente?- perguntou Sirius.
- Estive pensando seriamente em tentar suicídio!- disse Harry enquanto apanhava uma pena de metal que estava sobre a mesa de Dumbledore - parecida com a que Hermione se cortara fazendo um dever há menos de três dias atrás - e tentava cortar os pulsos com ela.
Sirius deu a volta na mesa e tomou a pena da mão de Harry.
- Pois já que você não quer conversar sobre o que vai REALMENTE fazer de sua vida, eu, como RESPONSÁVEL por você decido que você deve ir para o seu ex-dormitório, juntar as suas coisas para voltar para aquela que agora é a SUA casa.- disse Sirius sério. Harry não se moveu.- O que foi? Não vai me obedecer?
- Acho que você se esqueceu que eu estou com um pequeno corte na perna que deve ser cuidado.- disse Harry em tom baixo, mas tão cheio de ódio quanto antes.
- Os bruxos que habitam a minha casa tem capacidade para cuidar desse corte.- disse Sirius.- Agora vá! Ande!
Harry respirou fundo e depois apanhou as muletas e saiu lentamente da sala. Chegava a tremer de ódio.
O castelo estava completamente deserto. Quando atravessou o buraco do retrato viu os malões de Rony e Gina no meio do salão. Ele ignorou a figura de Gina assentada próximo à lareira e subiu as escadas. Algum tempo depois Sirius entrou pelo buraco.
- E então?- perguntou Gina.
- Ele está mal.- disse Sirius tristemente.- Você sabe o que os pais de Hermione decidiram sobre o velório e as coisas dela?
- Dumbledore nos disse que os corpos foram enviados a St. Mungus.- disse Gina.- Serão liberados em dois dias. O enterro será no cemitério de Hogsmead a pedido de Minerva. Na Terça feira.
Ouviu-se um estrondo vindo de um dos dormitórios. Sirius e Gina subiram correndo. Harry havia atirado as coisas pelo quarto, derramado os ingredientes de poções, amassado o caldeirão, rasgado boa parte de suas roupas, os livros espalhados pelo chão e ele estava deitado no mesmo de barriga para cima arfando com os olhos arregalados vidrados no teto.
- Harry!- disse Gina.- O que você fez?
Harry não respondeu. Sirius o ergueu e o fez deitar na velha cama de colunas. Algum tempo depois ele adormeceu. Quando acordou na manhã seguinte ele se assustou ao ver que estava em seu quarto na casa de Sirius. Rony se encontrava assentado em sua cama. Os olhos perdidos no nada.
- Ah! Você acordou.- disse ele tristemente.
- Preferiria ter morrido durante o sono.- retrucou Harry.- Desde quando estamos aqui?
- Faz quatro horas que chegamos.- disse Rony.- São onze horas da manhã de Segunda feira se você quer saber.
- E onde está todo mundo?- perguntou Harry.
- Tonks e Gui foram com Gina até o ministério registrá-la como animaga.- disse Rony.- Luna está com mamãe na cozinha e Neville ainda está apagado no quarto que foi montado para ele, Zacarias Smith e Dino Thomas, que são os novos integrantes da ordem junto conosco.
Harry deu ombros.
- Mamãe ficará feliz ao saber que você acordou.- Rony falava com extrema melancolia.
- Vou dormir novamente.- disse Harry se virando na cama. Mas não dormiu. Apenas fechou os olhos e se perdeu no escuro. Ele ouviu pessoas entrarem e saírem do quarto. Sentiu a Sra. Weasley acariciar seus cabelos achando que ele dormia. Ouviu também quando Gina chegou contando que todos haviam deixado Hogwarts definitivamente. Que Simas sairia do hospital em uma semana e que Cho estava muito mal, que corria perigo de morte. Mas ele não se importou com nada. Talvez precisasse comer alguma coisa, sua barriga roncava loucamente, mas não queria. Ele só tornou a abrir os olhos na manhã seguinte quando ouviu a Sra. Weasley acordar Rony para o enterro de Hermione. Ele ouviu Rony se trocar e sair. Algum tempo depois a porta tornou a se abrir, alguém entrou e se assentou na cama de Rony.
- O enterro de sua namorada é hoje.- Era Isabel.
Harry fingiu que dormia.
- Eu sei que você está acordado.- disse ela.- E se quer saber a minha opinião...
- Eu não quero opinião de ninguém!- disse Harry secamente.
- Se quer saber a minha opinião...- continuou Isabel ignorando-o.- Acho que deveria ir ao enterro para se despedir de Hermione.
Harry deu ombros.
- Estou esperando você em quinze minutos na lareira da sala de estar.- disse Isabel antes de sair do quarto.
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- Não acham que deveríamos acordar o Harry?- perguntou Gina.
- Ele não está dormindo.- disse Sirius com impaciência.
- Isso passará, Sirius.- disse Tonks.- É normal que ele fique assim, era a namorada dele.
- Eu sei.- disse Sirius.- Eu também passei alguns dias fingindo de morto quando...quando os pais dele morreram, só que foi diferente, pois eu já estava em Azkaban. E então um dia eu acordei e resolvi que deveria me desgastar com outra coisa a partir daí. Eu tinha de me vingar. Tinha que acabar com Rabicho. E depois de quinze anos consegui.
- Foi você quem matou rabicho?- perguntou Gina.
- Digamos que eu provoquei o "acidente"!- disse Sirius com uma sombra de triunfo no olhar.- Não precisei sujar as minhas mãos.
- Você não devia falar esse tipo de coisa pras crianças.- disse a Sra. Weasley que acabara de servir mais suco de abóbora para Luna.
- Andem logo.- disse Fred que acabara de aparatar na cozinha.- Jorge seguiu na frente com Isabel. Não gostei nada disso, admito. Mas pelo menos aquele mala do Zacarias Smith foi com eles.
- Ok!- disse a Sra. Weasley.- Vamos andando. Fred tem razão, já estamos quase atrasados.
- E como nós vamos, mamãe?- perguntou Rony.
- Flu.
Harry desencostou da porta da cozinha e seguiu até a sala de estar onde encontrou Isabel.
- Zacarias e Jorge foram à frente.- disse Isabel.- Ande logo.- completou preparando a lareira.
Harry obedeceu e em segundos estava na lareira do três Vassouras. Ele saiu da loja e logo viu Lupin e McGonagall passando penosamente. Seguiu-os. O cemitério era um cemitério como outro qualquer. Nessa época do ano estava coberto de neve. Logo na entrada havia uma espécie de sala para funerais. Ele entrou. Havia ali dois caixões. Um de um tamanho normal e o outro demasiadamente grande. Já havia algumas pessoas ali. Entre elas os pais de Hermione e Olímpia. Harry tentou abaixar os cabelos rebeldes, mas logo entrou no salão em passos penosos. Parou defronte ao caixão de Hagrid. Ouviu Isabel chegar com os dois garotos em seguida. O gigante continuava com a mesma cara de sempre só que agora parecia extremamente pálido e tinha alguns buracos arroxeados em seu rosto onde antes estavam as flechas dos centauros. Harry não quis olhar por muito tempo. Continuou a sua caminhada até o outro caixão. Sabia que não queria ver aquilo. Mas era como se precisasse. No fundo ele precisava. Ele fechou os olhos quando notou que estava perto de mais e respirou fundo. Quando o abriu novamente ele a viu. Não estava mais suja de sangue, mas estava igualmente pálida a Hagrid. Harry tomou sua mão. Estava pesada e gelada. Ele a beijou. E então sacou a varinha.
- Orchideous!- disse e uma flor vermelha apareceu na ponta da varinha.
Ele a apanhou, guardou a varinha e encaixou a flor na mão de Hermione e a colocou novamente no lugar. E então ele ficou ali parado. Olhando para ela. Seu rosto estava calmo. Se não fosse pela palidez exagerada ele talvez diria que ela só estava dormindo. Ele ouvia o som das pessoas chegando. Algumas se aproximavam do caixão, mas ele sequer levantava os olhos para vê-las. Deve ter ficado ali por mais de duas horas. Os pensamentos vazios. Ele só tinha uma coisa em mente. Sabia que essa era última vez que ele a veria. Queria guardar os mínimos detalhes de seu rosto na memória. O salão já parecia cheio quando ele sentiu uma mão tocar seu ombro. Ele se virou. Era o Sr. Granger.
- Eu queria lhe devolver isso.- disse ele tirando uma caixinha do bolso do terno preto.
Harry pegou a caixinha. Sabia exatamente o que era aquilo. Limitou-se a guardar a caixinha no bolso das vestes.
- Eu...Eu sinto muito, Sr. Granger.- disse ele.- Por não ter conseguido cumprir o que lhe prometi.
- Eu provavelmente ficaria chateado contigo, Harry.- disse o Sr. Granger.- Mas Hermione o amava muito, e ela não gostaria que eu colocasse esse peso em suas costas.
- Eu também a amava, Sr. Granger. E ainda amo.- disse Harry antes do Sr. Granger se afastar.
Ele voltou a observar Hermione. Quinze minutos mais tarde ele seguia à frente do cortejo carregando o caixão já fechado de Hermione junto com o Sr. Granger, Gina e a Profª. McGonagall. Moody, Olímpia, Dumbledore e Lupin carregaram o de Hagrid.
-...Hermione Granger não foi só uma das melhores alunas que Hogwarts já teve. Ela era também um exemplo de pessoa. Uma digna Grifinoriana. Por sua nobreza e coragem.- Dizia a Profª. Minerva.- Sei que quando essa segunda guerra findar ela será lembrada como uma espécie de mártir, mesmo não tendo vivido para ver o fim. Que ela descanse em paz.
E logo tudo foi coberto por terra e flores. E logo as flores foram cobertas por neve. E todos começaram a partir. Mas ele permaneceu ali. Queria estar lá com ela. Queria muito. Mas logo a Sra. Granger o acolheu nos braços e o levou para longe daquela fria neve que voltara a cair. E ainda restava muita gente no salão. Muitos dos membros da ordem. O Sr. Lovegood, Vó Meg, professores de Hogwarts. Alguns alunos grifinorianos e até de outras casas também. Mas depois de algum tempo o salão começou a se esvaziar. Harry estava jogado em uma cadeira a um canto quando seu campo de visão foi tampado por alguém grande. Ele ergueu os olhos e viu o rosto carrancudo de Vítor Krum.
- Eu sentir muíto, Potter.- disse ele.
Harry se levantou.
- Eu esperar que focês ser feliz. Mas isso não acontecer.- disse ele antes de abraçar Harry de um modo que quase lhe partiram as costelas.- Espero que focê ficar bem e não deixar isso acabar com focê.
- Obrigado, Vítor.- disse Harry.
Ele se sentia novamente cansado. E conduzido pela Sra. Weasley ele voltou à ordem, onde se trancou no quarto novamente e se enterrou por completo em melancolia.
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