Nem tudo é o que parece (3/3)



Capítulo 46: Nem tudo é o que parece – Parte 3: O fim de outro ano... Os bons morrem jovens.



Ele caía, caía, caía. Por um túnel estreito e escuro. O único ruído que sentia era se seu corpo dolorido batendo contra as paredes do túnel. O frio era horrível. Sentia uma dor queimante em sua face, se não fosse só na face seria em toda a cabeça e na perna esquerda; Como se tivessem encravado mil agulhas pontiagudas.

Continuava caindo, continuava batendo nas paredes. Quis gritar, mas não escutou nenhum som saindo de sua boca. Começava a ficar angustiado, algo lhe impedia de respirar, como se tivesse algo enorme. Depois de se chocar contra uma das paredes, conseguiu virar o corpo e ver o que tinha mais abaixo. Nada, nem a mais miserável luz chegava no túnel. E ele continuava caindo e batendo nas paredes.

Começou a escutar vozes. Pessoas que falavam. Não pôde precisar o que diziam. E enquanto mais baixo caía, mais frio, dor e angustia se apoderava dele. E de repente conseguiu destinguir claramente o som de muitas vozes que o chamavam:

-Harry! Harry!

-Está voltando a si!

-Calem-se! Esperem um minuto!

A escuridão se dissipou pra dar lugar a uma claridade que fazia seus olhos doerem e o cegou por um momento. Quando suas pupilas as acostumaram a luz, só conseguiu ver um monte de borros, tão próximos dele que pareciam estar em cima dele. Tateou pela almofada que estava do lado dele, encontrou seus óculos e os pôs.

A primeira coisa que viu foi um monte de rostos aliviados ao ver que ele tinha acordado.

Distinguiu os conhecidos rostos de Rony, Mione, Jill, Hagrid, Mc Gonnagall, Madame Pomfrey e Fleur Delacour. E a duas pessoas que não conhecia. Ele nunca tinha visto a enfermaria tão cheia de gente. Um dos desconhecidos se aproximou dele e pôde vê-lo bem. Era muito parecido com...

-Dumbledore? – murmurou e desejou não ter dito nada. Uma pontada lhe atingiu na nuca e sacudiu seu dolorido corpo.

-Sim garoto. Aberforth Dumbledore. Não pedirei que fale, haverá tempo pra isso depois.

-O ministro tem razão – alegou Madame Pomfrey, incomodada – Vamos, deixem-no descansar! Saiam!

Depois que todos saíram, um pouco contrariados da enfermaria, madame pomfrey lhe disse.

-Sei que tem muitas perguntas, mas não fale! Ouviu? Seu diagnóstico: Um dente quebrado, a perna esquerda quebrada (já consertarei isso, não se preocupe). De todo jeito, ficou melhor do que eu pensei... Quando você chegou aqui estava em coma. Agora beba isso – lhe ajudou a levantar um pouco o rosto e lhe fez beber algo de um copo – Pra dormir sem ter sonhos.

O ar pareceu dissipar-se. Um sono profundo se apoderou dele, como se toda a dor desaparecesse. Quando ele apoiou a cabeça no travesseiro, já dormia.

Horas mais tarde, de noite, a porta da enfermaria se abriu sem que se visse quem o fez.

Jill saiu da capa da invisibilidade e se aproximou da cama de Harry, que dormia.

-Meu garoto dorme... – murmurou Jill, passando uma mão pela cabeça dele que dormia profundamente. Ela pegou uma cadeira, se sentou e pegou a mão dele. Ficou o olhando. Uma voz do fundo surgiu e inquiriu:

- “Meu garoto” Djilah?

Jill engoliu saliva e se virou.

-Mãe! O que faz aqui a essa hora?

-Por deus Djilah! Faz três dias que eu durmo aqui. Está com uma cabeça... Sabe? Te vi preocupada demais.

-Sim. – murmurou Jill – E?

-Posso te perguntar algo?

-Depende. – respondeu ela, prevendo a pergunta.

-Gosta mesmo desse garoto? – perguntou sua mãe sorrindo.

-Eu sabia! – exclamou ela – Se importa?

Jill corou. Sua mãe continuou sorrindo e respondeu, não dando importância.

-Na verdade não. Não tem importância, só perguntava, mas as coisas não são o que parecem... E Djilah...

-Sim?

-Já são meia noite, vai dormir.

-Mãe é sempre mãe! – riu Jill.

-Claro que sim! Se não, não seria sua mãe. Boa noite. – sua mãe a abraçou e sussurrou – Sabe? Seu pai estaria orgulhoso de como se comportou na quarta-feira.

-Boa noite.

Seu pai... Jill lembrava muito dele. Dhissem sadjib.

Ele era quem tinha a custódia do Coração de Shiva, um enorme cristal de poder tanto destrutivo quanto protetor.

Coração de Shiva... Uns homens encapuzados de preto (provavelmente comensais) assaltaram sua casa. O pai de Jill tinha protegido sua mulher e filha atrás do cristal e de si mesmo. Ali se escondiam dos contínuos Avada kedavra que os comensais lançavam. O cristal vibrava... Não agüentou muito mais: quebrou-se em milhares de fragmentos e ao mesmo tempo, feriram mortalmente Dhissem. Os encapuzados recolheram os pedaços maiores e desapareceram.

Os pedaços restantes se converteram em Olhos do Dragão.

Jill fechou os olhos...

Hermione lembrava...

Hagrid os encontrou em péssimo estado. De todo jeito, ela era quem tinha terminado melhor a luta. Não viu o que aconteceu com Riddle. Hagrid ia acompanhado de bruxos, animagos, centauros, gigantes e outras criaturas. Eles vinham da libertação de Durmstrang. Todos ajudaram levar Harry, Rony e Jill que estavam inconscientes.

Rony era o mais preocupado de todos. Estava muito mal: cheio de feridas e respirava de forma agitada. A forma que ele a salvou... (Se referindo a Hermione) Pobre Rony, ela finalmente se deu conta de que gostava dele também e cuidou dele durante a viagem. Assim como Jill, ao acordar, o fez com Harry.

Rony não podia dormir.

Havia acordado na mesma noite em que chegaram a Hogwarts. De todo jeito, madame Pomfrey os obrigou a passar a noite na enfermaria. Pensava em sua irmã... O enterro simbólico, já que o corpo de Gina (Que vocês sabem, estava perambulando pela Londres trouxa, sem que nenhum bruxo soubesse onde ela estava) nunca foi encontrado. Só chamaram ele da sua casa (Grifinória). Todos estavam ali, inclusive a prima Marietta. A senhora Weasley não cabia em si de dor. Havia perdido sua caçula, a pequena e delicada Gina...

Rony lembrou da Câmara Secreta.

Dois dias depois de Harry ter saído do coma, Harry foi permitido a sair da enfermaria pra passear. Madame Pomfrey não estava muito conformada com seus passeios, mas seria impossível ele ficar ali por muito mais tempo. Estava quase são, exceto por uma estranha sensação que tinha cada vez que ficava nervoso. Madame Pomfrey lhe assegurou que isso também desapareceria sem deixar seqüelas.

No fim de tudo, não era isso que o tinha afetado mais...

As palavras de Gina o confortavam, mas não era o suficiente, ele queria a presença dela ali com ele, espantar a tristeza de todos.

Acabou ficando muito amigo da mãe de Jill, depois das longas conversas.

-Sabe? Fazia falta ao “seu garoto” a presença de uma mulher adulta que o aconselhasse – brincou a mãe de Jill.

-Cala a boca! Não é meu garoto! – gritou Jill.

-Como queira – respondeu sua mãe, meio incomodada – A propósito, Jan escreveu hoje. Quer saber como você está.

Hermione chegou até onde elas estavam conversando e perguntou:

-Quem é Jan?

-Um pirralho indesejável. – respondendo Jill, sabendo que incomodaria sua mãe.

-É seu irmão – disse a mãe dela, indiferente – E não diga pirralho!

-Não é meu irmão – murmurou Jill, depois que sua mãe saiu dali.

-Sabe Harry? A vida continua. Não quero que se deprima a toa, é jovem de mais pra isso. As coisas acontecem e pra evitar a depressão, não podemos fazer nada que não esteja a nosso alcance.

-Foi minha culpa – murmurou ele – Se colocou entre a maldição e eu. Não poderia ter feito aquilo. E ela mentiu. Disse que tudo ficaria bem.

-Não se deu conta do que ela quis te dar? Não tem um presente mais bonito que a vida. Deu a própria vida – “Espero que isso funcione” ela pensou – pela sua, porque te amava. E tem muita gente que gosta de você, tem muitas coisas a fazer, muitas razões pra lutar e viver. Entendo que esteja triste... Eu também passei por algo parecido. Mas a pessoas que amamos não se vão jamais: basta que não a esqueçamos. Além do mais: Nem tudo é o que parece Harry!

-Sua mãe é filosofa? – perguntou Mione a Jill, depois de escutar uma das muitas conversas.

-Sim! As vezes sua maneira de psicanalizar é esgotadora. E Rony?

-Ele está melhor – assegurou Hermione.

-Menos mal. Tomara que Harry esteja bem, de toda forma, mamãe realmente acredita em sua sensibilidade, espero que funcione.

As aulas tinham acabado faz dois dias e Harry e seus amigos estavam aliviados por isso. Tudo foi insuportável demais com a escola cheia de gente.

Rony chegou até onde elas conversavam.

-Olá – saudou Rony.

-Olá Rony. Como vai, depois disso tudo?

-Sobreviverei. – sorriu tristemente – mas sinto muito a falta dela – terminou referindo-se a Gina.

-Ai Rony, sinto tanto... – murmurou Hermione, abraçando-lhe.

-Por favor! – exclamou ele – Quem disse que no fim não tem reencontro? Tem que confiar nele...

-... Porque senão, a vida não teria sentido – completou a mãe de Jill, aparecendo por detrás deles. – sabem? Aberforth acha que é melhor que estejam sob custóidia de alguém competente, então...

-Iremos de férias pra casa do ministro? – interrompeu sarcasticamente Jill.

-Não seja boba Djilah – se exasperou sua mãe – Passarão o verão em minha casa... Se lhes permitirem é claro.

-Bem, eu vou saindo, ah! – disse Harry – só vou ir dois dias depois de vocês! – ele volta, mas fica distante dos outros.

-Certo e vocês? – ela perguntou.

-Não é um problema pra você senhora Henderson? – perguntaram Hermione e Rony ao mesmo tempo.

-Claro que não! Ofereci-me! E não me diga “senhora” e muito menos “Henderson”. Faz-me sentir Velha. Chamem-me de Xahian.

-Certo... E que razões têm o ministro pra pensar que é responsável? – perguntou Jill. Xahian não ligou pro comentário e respondeu:

-Estarão mais seguros que em suas próprias casas. E acho que de todo jeito, nelas tem problemas de mais.

-Hum... Aberforth não é nada tonto. E eu acreditei que com o assunto da cabra, o tipo era demente, não?

-Ah, isso foi há muitos anos. Foi um acidente quando era um garoto. É um homem muito competente e será um bom ministro.

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