Diversão?!



Capítulo 7 - Diversão?!


Aquele caminho era, no mínimo, bizarro. Conforme andavam, se embrenhavam em uma espécie de floresta. Aquilo era simplesmente assustador e interessante, ao mesmo tempo. E as duas pessoas que estavam seguindo não pareciam ter notado a presença de Tonks e Lupin logo atrás.
- Tonks, talvez seja melhor você mudar o seu rosto – sussurrou Remus, embora estivessem afastados o suficiente para falarem normalmente.
- É, presumo que sim – ela já ia fechar os olhos, mas desistiu.
- O que foi?
- Estou sem idéia! – respondeu, numa voz suplicante.
- Pense numa... Numa forma que você nunca usaria, e isso não inclui como você é de verdade – acrescentou, já sabendo que a jovem jamais usava sua verdadeira aparência. Ao ver que ela nada disse, opinou: – Fique com os cabelos desse jeito, mas mude o rosto, pelo menos.
- Está bem – falou Tonks, se concentrando. Logo depois, tinha o rosto bem pálido (mais do que o normal, na verdade), e olhos num azul-cinzento. Ela estaria transformada na cópia perfeita de Narcissa Malfoy, se não fossem os cabelos enrolados.
- Você está parecendo a sua tia! – exclamou Remus, com um sorriso. – Embora eu prefira como estava antes. Vamos, melhor não parar mais.
- Calma aí – pediu ela, parando-o e puxando-o para fora da trilha –, não acha que devia se disfarçar também, ou só eu que pago o pato?
- Não sou metamorfomago, e não tenho um frasco de poção polissuco no momento – defendeu Remus. – O que você sugere?
- Só levante o seu capuz, pelo menos – sugeriu Tonks. – Deslocado você não vai ficar.
- Como é que você sabe? – perguntou ele, vendo a anormalidade da informação.
- Se você olhar para trás, certamente que terá sua pergunta respondida.
E assim ele o fez. A trilha que estiveram há poucos instantes agora tinha como passageiros várias pessoas, todas com o rosto coberto pelas sombras. Aquilo só podia significar que haveria uma reunião de Comensais da Morte por ali.
- Melhor não irmos pela trilha – sugeriu ele. – E coloque o seu capuz, por precaução.
Ela obedeceu e eles seguiram as pessoas, de longe. Era realmente incrível como Tonks mudava de acordo com a situação. Em geral, era brincalhona e distraída, mas naquele momento estava decidida.
- O que será que é isso? – sussurrou Tonks, enquanto andavam. – Parece mais a convenção dos rostos tapados.
- Coisa boa não é, isso eu tenho certeza – assegurou Remus.
Continuaram andando, calados. Até que chegaram à uma espécie de campo, onde já não havia tanta vegetação, e as pessoas pararam. Devia haver umas vinte lá. Elas murmuravam umas às outras.
- O lorde virá hoje, então? – perguntou uma voz masculina, aparentemente amedrontada, logo à frente de Lupin e Tonks.
- É o que esperamos, Rabicho – disse uma nova voz, dessa vez feminina, com notável impaciência. – Gostaria que tivéssemos algo mais para fazer do que ficar aqui, esperando.
- Você gostaria, Alecto? – disse a voz de Macnair, com arrogância. – Então eu sugiro que olhe para trás. Você e Amico vêm sido seguidos desde que entraram aqui.
Lupin e Tonks rapidamente trocaram um olhar e apontaram as varinhas.
- C-como? – quis saber Alecto, dessa vez com voz amedrontada.
- É, tenho certeza de que o lorde não ficará muito feliz com isso – continuou Macnair, calmamente. – Você e seu irmão, servos do maior bruxo de todos os tempos, foram seguidos por um casalzinho que provavelmente faz parte da nossa amada Ordem da Fênix. Agora, por que não nos apresentamos?
O Comensal ia vindo em direção à Lupin e Tonks, que se achavam escondidos atrás de uma árvore. Eles trocaram um novo olhar e se viraram.
- ESTUPEFAÇA! – gritaram os dois, ao mesmo tempo.
Os outros Comensais já haviam retirado suas varinhas enquanto Lupin e Tonks corriam à frente.
- Como ele nos notou? – perguntou Tonks. – Cuidado! – ela puxou Lupin pela mão, desviando-o um feitiço.
- Obrigado – disse Remus, puxando-a também, para continuarem a correr. – Não faço idéia. Mas temos de correr, não acho que se possa aparatar aqui.
- É, tá – ela parecia amedrontada. Era a primeira vez que Remo a via assim, tão séria. – Vamos mudar de direção, eles não estão nos vendo agora.
Eles viraram à direita, e continuaram a correr, agora sem noção de onde poderiam estar. A Floresta ia ficando mais densa, e também ficava mais difícil para andar.
- Melhor pararmos um pouco – disse Remus, ofegante.
- Eu concordo – disse ela, também ofegante. – Espere aí, parece que há uma casa lá.
Ela foi andando na frente e, de fato, havia uma casinha de madeira adiante. Parecia um depósito.
- Vamos – chamou Tonks, abrindo a porta da casa.
Não havia muito espaço ali, e parecia um depósito mesmo. Havia algumas poções em um armário e várias vassouras velhas.
- Melhor aqui do que lá fora – falou Tonks, olhando pela janelinha no canto. – Sabe, quando eu disse que queria um pouco de ação, eu não pedi vinte Comensais da Morte nos atacando. Eu me contentava com uma breve luta com um Comensal, mais nada.
- Pelo menos você não está mais com sono – disse Remus, sorrindo.
- É, pelo menos – concordou ela, sentando-se no chão.
- Olha, acho que se andarmos mais um pouco, podemos aparatar ali naquela clareira – falou ele, olhando a janela ao seu lado.
- É – concordou Tonks, olhando também. – Vamos sair, então...
E mal ela havia dito isso, escutaram vozes.
- Eles devem ter entrado aí dentro – disse uma voz desconhecida. – Vamos!
Tonks olhou para a janela.
- São três, mas estão um pouco longe – informou ela, séria. – E agora?
- Eu vou sair – respondeu Remus, se levantando. Ele não sabia exatamente o porquê, mas ele não queria que Tonks se arriscasse.
- Vou junto – disse Tonks, prontamente, se levantando também.
- Não vai, não – negou ele, na frente da porta. – Você vai ficar aqui, eu vou distraí-los e você vai para a clareira, aparatar.
- Mas e você?
- Arranjo um jeito, mas não podem pegar nós dois – respondeu ele.
- Isso é suicídio, Remus – falou Tonks, preocupada. – Eles são três, você apenas um!
- Isso não importa – teimou Remus. – Se eu demorar a voltar para o Largo Grimmauld, chame alguém. Só tome cuidado.
- Mas...
- Fique aqui – disse ele, saindo.

A princípio Remus não vira nada. Com a varinha erguida, não havia nem sinal dos Comensais. Até que um lampejo vermelho por pouco não o atingiu, e os três Comensais o rodearam.
- PROTEGO! – bradou Remus, quando uma chuva de feitiços vinha em sua direção. – ESTUPEFAÇA!
O feitiço atingiu em cheio o Comensal à sua frente, mas o Comensal à sua esquerda lançou um feitiço que atingiu em cheio sua perna esquerda. Agora, além de sozinho, ele estava machucado.
- EXPELLIARMUS! – gritou ele, mas o Comensal desviou. Ele estava perdido. Ou não.
- ESTUPEFAÇA! – bradou uma voz ao seu lado. Era Tonks.
- Eu não disse pra você ficar ali dentro? – perguntou ele, que estava começando a sentir uma tontura, enquanto se protegia de um feitiço e Tonks lançava outro.
- E deixar você se divertir sozinho? Não mesmo! – disse ela, sorrindo, embora parecesse preocupada. – Rictusempra!
O feitiço atingiu o Comensal à direita, que acabou se desequilibrando e batendo no Comensal ao seu lado.
- Vamos, se apóie no meu ombro – disse Tonks. – Eles estão discutindo, acho que dá tempo de irmos até lá aparatar.
Ele obedeceu e seguiram para a clareira mencionada anteriormente por Remus, que estava à uns cem metros adiante.
- Você está bem, Remus? – perguntou Tonks, enquanto ela o conduzia. – Está muito pálido.
- Estou – mentiu ele. Parecia que sua cabeça estava prestes a explodir.
- Não está, não – negou Tonks. – Protego!
Se o feitiço escudo os protegeu, Remus não soube dizer. Tudo ficou escuro e sombrio naquele momento.

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