O Festival do Morango de Hogsm
CAPÍTULO XII. O FESTIVAL DO MORANGO DE HOGSMEADE
Amélia ficou pasma. Por um momento, perdeu o controle da situação... Mas logo se lembrou que era um soldado e que a sua patente era mais importante que a dele.
Sorriu, sarcástica.
- Quem eu fodo ou deixo de foder é um problema inteiramente meu. Não afeta em nada o meu trabalho. Agora me responda, Schwartz, você está me espionando?
- Eu te vi ontem no restaurante com o comensal.
- Você viu Amélia com Severo. Aqui eu sou Lair, a Assassina, não esqueça. Sua superior. Agora saia.
Ele caminhou. Quando já estava para sair, Amélia acrescentou.
- E essa história não deve chegar ao ouvido de ninguém. Isso é uma ordem direta!
Ele bateu a porta quando saiu.
'O que mais falta acontecer?'
Ela tinha certeza que Schwartz não iria obedecer. Que logo a história dela e Severo estaria nos ouvidos de todas as almas, vivas ou não, do Ministério... Talvez até os jornais saberiam!
Ah, mas se isso de fato acontecesse, Schwartz sofreria as conseqüências!
'Como eu pude namorar esse imbecil?'
Pela primeira vez, a poção para curar ressaca não fez efeito.
XxXxXxX
Ela não falou com mais ninguém durante o dia inteiro. Não saiu da sua sala sequer para almoçar: pediu a comida lá mesmo. Passou o dia pensando na melhor forma de abordar os Comensais no festival do morango de Hogsmeade.
Quando o seu expediente já estava acabando, o chão da sua sala já estava cheio de papéis amassados e rabiscados.
O ministro entrou.
- Lair? Já está mais calma?
Ela acenou freneticamente, com uma bituca de cigarro entre os dedos e uma pena na outra.
- Não importa. Minha mente está funcionando à mil, isso é o que interessa.
- Você não parece bem.
- É só uma enxaqueca. Mas não se preocupe: se o meu cérebro tivesse que explodir, ele já teria o feito.
- Eu vi lhe congratular pela missão de ontem, mas os Aurores disseram que você não ficou muito feliz com ela.
Ela parou, olhando para o ministro, finalmente.
- Não mesmo. Eu acho que aquele Auror poderia ter se salvado. Era só ter usado um bruxo qualquer como escudo... Mas eles são nobres demais para isso.
- Isso não é bom?
- Guerras não são nobres.
O ministro considerou, enquanto sentava-se.
- Eu penso assim também. Mas Dumbledore...
Amélia bufou.
- Ele é tão nobre que chega a ser patético! Ele despreza os meus modos, mesmo sendo os mais eficientes. Ele é só um velho tolo. E não manda aqui, pelo que eu sei. Não sei por que o senhor deixa o velho tratar todos daqui como aliados... Acho que ele devia se afastar dos assuntos do Ministério!
- Você tem razão, em parte. Mas Dumbledore tem feito muito nessa guerra... Tudo o que ele quer é que você seja um pouco menos violenta... Ou, pelo menos, não mate. Alguma sugestão que o fizesse mais feliz, para que não se intrometesse tanto?
Amélia pensou um pouco.
- Talvez... Quanto às torturas, não tem jeito, ele vai ter que aceitar... Ele não quer que eu mate os prisioneiros, porém eu não quero que eles usem um possível elo psíquico com o mentor deles... Dementadores pode ser uma solução.
O ministro franziu o cenho.
- Eles ficariam de guarda em Azkaban?
- Exato.
Assentiu.
- Isso pode ser arranjado. Boa idéia!
- E sobre a missão amanha: eu quero usar apenas dez dos meus quatorze aurores. Quero que o senhor diga a Schwartz, Leigh, Forsyth e Taylor que eu desisti da missão e os liberei do trabalho amanhã.
O rosto do ministro, agora, foi de puro desagrado.
- Posso saber por quê?
- Eu não confio neles. Diga ao resto para não comentar nada com nenhum deles e para estarem aqui às três da manhã. Diga à Longbotton que seria bom se ele conseguisse convencer a mulher dele a vir.
- Por que você não faz isso?
- Seria suspeito.
- Forsyth, Taylor, Leigh e Schwartz. Estarão avisados.
- Se o senhor puder estar aqui às três será bom, também.
- Não se preocupe. Algum plano?
Amélia sorriu.
- Ainda não.
XxXxXxX
Já era tarde quando deixou o ministério.
Chegou a sua casa e viu, imediatamente, a correspondência que as corujas haviam tão gentilmente depositado sobre a sua mesa, na sala.
Numa delas, um colorido cartaz dizia.
"FANTASIE-SE E VENHA À FESTA DO MORANGO!
SÁBADO NO CONDADO DE HOGSMEADE"
No cartaz, figuras de casais mascarados dançavam alegremente, enquanto morangos formavam uma nuvem sobre eles...
Foi então que Amélia teve a sua idéia.
XxXxXxX
Ela chegou ao ministério pontualmente às três horas. Não tinha dormido. Passou o resto da noite vendo e revendo os planos, certificando-se que tudo daria certo. Tomou uma dose cavalar de poção revigorante antes de sair.
O ministério estava quase todo vazio. Apenas o salão de entrada estava iluminado. Poucos aurores chegavam, cansados… entre eles Frank e – graças a Merlin – Alice Longbotton. O ministro também já marcava presença.
Um auror, Scrimgeour, disse, sonolento.
- Dá pra dizer o que nós estamos fazendo aqui a essa hora da madrugada?
- Eu vou passar os detalhes da missão de hoje a noite para vocês. Pela manhã, se já estiver tudo certo, nós vamos para Hogsmeade, colocar tudo em prática. Agora vamos esperar os outros.
Não foi preciso esperar muito. Logo todos os aurores designados para missão já estavam lá, esperando uma explicação para a chamada tão repentina. Amélia falou primeiro com o Ministro.
- Sr. Basile, eu quero que você consiga fantasias para todos nós. Faça isso logo. Quero roupas que foram moda entre os trouxas em 1800 e máscaras. Depois quero que o senhor reúna os organizadores da festa. Não diga nada. Apenas reúna-os e certifique-se que nenhum deles carrega a marca negra. Eu disse certifique-se! Isso quer dizer, tenha certeza. Quando eles estiverem reunidos, me chame que eu devo conversar com eles.
Ele assentiu.
- Eu farei isso.
Ele então saiu, para providenciar as fantasias. Alice Longbotton perguntou:
- Nós vamos nos infiltrar na festa? É isso mesmo?
- Exato.
- Se esse é o plano, porque deveríamos estar aqui tão cedo?
Suspirou, sua mente trabalhando freneticamente.
- Primeiramente, porque eu preciso conversar com vocês. Eu tenho o plano perfeito. Não há como não dá certo. Eu espero que nenhum de vocês tenha arroubos de humanismo ou de heroísmo. Matem se precisarem. Tirem vidas de inocentes. Usem escudos humanos. Se atacarem vocês com Avada, devolva um Avada! Quebre as pernas deles. Debilite-os. Enlouqueça-os.
"Eu sei que para muitos pode parecer crueldade. Para mim é praticidade. Mas se vocês são tão bonzinhos, eu vou dar motivos para vocês serem cruéis. Pense nos seus filhos. Sobrinhos. Pai, mãe, avô, periquito, papagaio! Vocês querem que eles vivam num mundo torturado pela guerra?
"Só se pode ser bonzinho quando o seu adversário também é! Isso não acontece no nosso caso. Nós estamos lidando com máquinas de matar. E a única maneira de pará-las é matando. Mais uma vez, vou repetir: isso é uma guerra. Não há nobreza, compaixão ou bondade. Apenas um choque de ideologias. Eu quero que vocês lutem de verdade. Não tolerarei uma morte que não seja estritamente estratégica. Estamos entendidos?”.
- SIM SENHORA!
Dando-se por satisfeita, Amélia se calou. Sentou-se no chão para esperar pelo ministro, que chegou apenas meia-hora depois, com vários elfos domésticos que carregavam trouxas e mais trouxas de roupa.
- Aqui estão as fantasias. Os organizadores já estão todos reunidos. Todos estão limpos.
- Ótimo. Peguem suas fantasias!
Amélia escolheu um majestoso vestido vermelho com detalhes dourados. 'Tão grifinório'. A máscara também trazia essas cores.
Depois que todos escolheram, ela voltou a dar ordens.
- Vamos todos à Hogsmeade agora. Lá eu darei as instruções. Ministro, onde os organizadores estão reunidos?
- No Três Vassouras.
- Ótimo. Se os quatros aurores que eu disse vierem trabalhar, diga que eles foram dispensados, assim como todo o resto.
- Direi.
- Agora eu quero todos vocês aparatando fora do Três Vassouras!
Amélia foi a única que aparatou dentro do bar. Ela chegou numa mesa onde tinham dois homens e três mulheres de meia idade que discutiam baixinho.
- Vamos até um lugar seguro.
- Pode ser a minha casa? – A mulher de cabelos grisalhos e rosto simpático convidou.
- Pode sim.
Os quatros saíram acompanhados de Amélia. Assustaram-se ao ver a quantidade de gente que esperava por eles do lado de fora.
- Não façam perguntas.
Em silêncio, foram.
A casa da senhora não ficava muito longe. Apenas há duas quadras do Três Vassouras. Eles todos entraram e se acomodaram no chão da sala. Amélia preferiu permanecer em pé.
- Vocês sabem por que estamos aqui?
A senhora, dona da casa, disse pesarosamente.
- O ministro não nos explicou nada. Há algo de errado? Eu tenho certeza que a minha festa está na legalidade!
- Está sim, pode ficar relaxada. Mas há uma ameaça de ataque comensal hoje. Devemos tomar as precauções.
O senhor mais gordo protestou:
- Mas aqui é um vilarejo estritamente bruxo! O que eles podem querer aqui?
Amélia deu de ombros.
- Matar, destruir, chocar o mundo. O de sempre, ou seja. Terá muita gente aqui. Fantasiada. Os comensais passariam despercebidos. Se o ataque não fosse quase certo, pode ter certeza que eu estaria na minha casa, dormindo.
A senhora de cabelos azulados falou:
- O que podemos fazer?
- Vocês estão com as chaves de todas as lojas e casas, certo?
- Certo.
- Eu quero transformar cada local em um depósito onde as pessoas ficarão salvas. Varinhas serão repelidas assim que as pessoas entrarem. Dessa forma, estarão todas seguras. Eu quero o mínimo de mortes possíveis.
- Isso vai dar certo?
- Pode apostar.
Relutante, a mulher deu as chaves a Amélia, que a distribuiu entre os aurores. Eles passaram o resto da madrugada e dia fazendo os mais diversos feitiços para cumprir todas as exigências de Amélia, em cada um dos locais. Faltando apenas uma hora para o início da festa, tudo estava pronto: todas as lojas tinham se transformado em espaçosos balcões.
Todos se arrumaram na casa da senhora simpática. Amélia esperou dar uma hora do início da festa e deu o comando.
- Agora coloquem as máscaras e se espalhem. Eu quero um auror em cada canto de Hogsmeade. Quando o ataque começar, gritem com toda a força para que as pessoas entrem nos balcões. Depois, lutaremos.
Amélia ficou esperando o ataque perto da Zonko's. Precisamente às nove horas, uma luz verde no céu formou a marca negra. O pânico e a histeria tomaram conta do local. Amélia jogou a máscara no chão, abriu a porta da Zonko's e gritou.
- AQUI! REFUGIEM-SE! ENTREM LOGO!
A multidão rapidamente foi se dispersando, ficando apenas alguns bêbados infelizes ou velhos que foram pisoteados. Os comensais se surpreenderam... Mas não tanto. Logo o fogo cruzado começou. Maldiçoes eram lançadas e pessoas se jogavam no chão buscando se salvar.
- MIA!
Ela se virou assim que ouviu ser chamada. Viu então uma cena inusitada: No meio do fogo cruzado, Schwartz acenava para ela, um tanto abobado. Atrás dele, um comensal se preparava par diferir uma maldição.
- AVADA KEDAVRA!
Ela gritou. O comensal tombou no chão. Amélia correu até Schwartz.
- Seu imbecil! Será que não vê que estamos ocupados aqui! Se quiser lutar, pegue a varinha e lute! Não fique aqui no meio como um imb...
Mas ela nunca pode completar essa frase, pois uma dor imensurável atingiu o lado esquerdo da sua barriga, bem no baço. Ela suspendeu a respiração. Levou a mão até onde doía... Sentiu sangue e a varinha de Schwartz.
XxXxXxX
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