Novos Libertos



Numa cadeia amontoada de rochas pontiagudas as ondas fragorosas do mar revolto rebentavam contra as paredes gigantes desprendendo no ar um cheiro novo de maresia.O sol queimava de mansinho a superfície da água e uma brisa leve descortinava sob os penhascos escarpados ouriçando punhados de capim.O silêncio nos arredores era monótono e insípido.Só o barulho poderoso do mar incidia sob a imensidão.
No cume do penhasco principal havia uma caverna íngrime fundida na encosta da montanha.De sua entrada vertical,cortada como uma fenda,havia uma luz bruxuleante incidindo lá dentro.A luz provinha de uma pequena fogueira de gravetos fixada no centro da escuridão,o crepitar ecoava por toda caverna úmida.Um homem trajando uma capa preta que lhe descia por todo o corpo magro e esguio caminhou lentamente até a saída da caverna,o sol castigou seu rosto semi oculto por uma cortina de cabelos oleosos,ele protegeu os olhos com a mão livre,pois na outra segurava uma varinha,e comtemplou atencioso a imensidão infinita que se estendia à sua frente.Havia um misto de medo e perspectiva nos olhos latentes de Severo Snape.Desde que ele matara Alvo Dumbledore sua vida declinara num abismo sem fim.
A brisa leve movimentou seus cabelos e ele afastou-os dos olhos displicentemente.Estava sozinho ali naquele lugar inóspito,seu líder o mandara para uma missão especial,convicto de que,depois do que havia feito,essa tarefa não seria nada difícil.Mas Severo Snape não estava confiante de que poderia ajudá-lo em mais alguma coisa,mesmo sua lealdade sendo eterna à pessoa que prometeu lhe honrar.A fogueira rugiu num segundo abrupto,alertando-o.Snape voltou-se para trás com a varinha em punho e viu o fogo lamber o ar magistralmente.Suspirou.A paranóia o açoitava.Um grupo de fragatas passou rasante ao mar,rumando para um destino insólito.Não há o que temer,pensou,existe muita gente para me proteger.
E então,com um CRAC sonoro,uma mulher aparatou bem ao seu lado.Snape apenas virou o rosto para ver a figura de Belatriz Lestrange estacada ao seu lado.
O rosto impertubável de Belatriz era uma máscara de maldade.Por um minuto os dois se encararam,até ela começar,numa voz baixa.
-Severo.Há quanto tempo está aqui?
-Há três dias.-respondeu ele.
-Vim a pedido de milorde.Ele me ordenou que te ajudasse numa tarefa,mas não disse sobre o que era.-contou ela.
-Hmm...Eu não sabia que isso precisaria de mais alguém-disse ele.
-Outros virão para ajudar,é só uma questão de tempo.-tornou Belatriz.
Snape voltou para a entrada da caverna e sentou-se numa pedra.
-O que tem acontecido desde que...Desde aquele dia?-começou ele.
-Muita coisa,Severo.Estamos entrando em guerra.O voto perpétuo,toda essa história,o lorde das...
-O que tem o voto perpétuo?-interrompeu.
-Nada.O lorde reconhece que você agiu muito bem completando a tarefa que foi ordenada a Draco e ele disse que será eternamente grato à você.-respondeu ela.
-Só cumpri por causa do voto,não era uma coisa que eu pretendia fazer.-disse.
-Você não pretendia matar Dumbledore?-ela parecia perplexa.
-Não.Dumbledore foi a única pessoa que confiou em mim em toda a minha vida,eu deveria ser mais agradecido.-soltou ele.
-Mas...
-E não me venha com Dumbledore ser uma pedra no caminho do lorde,pois o que ele queria já está livre para ele acabar,e isso sim eu fico satisfeito de ter conseguido cumprir.
-Harry Potter dependia de Dumbledore e tinha muito poder junto à ele,foi um enorme favor ao lorde o que você fez matando-o.-ponderou Belatriz.
-Eu sei.Fiz por isso também,pra que o lorde acabe de vez com Potter.Agora não tem mais jeito,isso tem que acabar.-disse ele numa voz estranha.
-E vai acabar.A história de Harry Potter virará lenda de uma vez por todas e o lorde das trevas triunfará.-exultou ela.
Silêncio enquanto o barulho do mar e o crepitar das chamas na fogueira se faziam ouvir.
-O que aconteceu com o Draco,onde ele está?-perguntou Snape.
-Draco está em boas mãos,permanece com a Narcisa e Dolohov os está protegendo para eventuais tentativas dos aurores ou do ministério da magia inteiro.-Ele está com muito medo,desde que escapamos de Hogwarts naquela noite o Draco mudou completamente.Foi essa missão que o denegriu,ele é muito novo para realizar um voto perpétuo.-comentou ele.
-Os desejos do lorde das trevas não devem ser contestados,Severo.-interveio ela.-Se o Draco foi fraco em não saber agir como um leal ao lorde pior para ele.
-E se Potter resolver se vingar dele,ir atrás dele?
-Pior para ele também.Estamos mais protegidos do que eles imaginam,Severo.
-Quem virá junto com você para me ajudar?
-Milorde designou Greyback,Mulciber e Aleto.-disse ela.-o resto do grupo está de escolta no esconderijo de milorde.
-Até Pettigrew?
-Sim.Voltou a serví-lo,principalmente com Nagini que está incontrolável.
-Certo.Então temos que começar a designar o plano.-disse Snape.-E não temos muito tempo para isso,milorde exigiu precisão e cautela.
-Sim.Mas o que nós vamos fazer?-perguntou ela encarando-o.
Snape levantou-se e caminhou até a beira do precipício.Nos seus lábios um leve sorriso se transformava num esgar.
-Libertar alguns leais seguidores.-contou comtemplando uma fortaleza de pedra reerguida que surgia do meio do mar.

Isso aconteceu no terceiro dia.

E então,no sétimo dia,quando o grupo de comensais se reunia em torno da fogueira,Snape contou-lhes o plano.
-Invadir Azkaban e libertar os outros leais comensais.-disse Mulciber encarando Snape.-Como faremos isso?
-Milorde não seria imprudente de nos ordenar tal tarefa se não soubesse como iria ser feito.-objetou Snape.-Nós temos uma boa vantagem,temos que agir com cautela pois os dementadores são em maior número.Como não podemos aparatar em Azkaban devemos usar um barco como transporte até a primeira intersecção da fortaleza,em seguida subiremos numa escalada pela lateral do penhasco até atingirmos a costa do muro.-explicou ele.
-Não temos um barco,Severo.-disse Amico.
Belatriz e Snape se entreolharam.
-Consiga um inútil.-reagiu ela.
-Temos um prazo curto para realizar essa missão,milorde exige precisão.Qualquer falha e vocês sabem o que irá acontecer conosco.
Todos concordaram veementemente.

No oitavo dia,quando um vento forte assolava a cadeia de penhascos,Greyback e Amico voltaram com um pequeno barco de madeira,disposto por dois remos.Snape esperou anoitecer para assim descer até a praia,acompanhado por belatriz e os outros,e embarcar.O mar estava manso,mas as ondas balançavam o barco de madeira com força.Snape segurou na borda e fixou seu olhar na fortaleza que se erigia adiante.Era colossal.Como um pequeno castelo medieval Azkaban ficava fixada emcima de um enorme penhasco lascado,exibindo ameias e paredes de pedras gigantescas.O grupo seguia sem desgrudar os olhos da fortaleza.Greyback e Mulciber riscavam os remos na água numa velocidade tentadora.Refugos do mar caíam dentro do barco,enxarcando as vestes dos comensais.
Depois do esforço o barco finalmente encostou sua proa na ponta de pedra.Todos desceram,varinhas em punho,acompanhando a lateral da rocha.
-Vamos subir por aqui,tem um bom declínio.-ordenou Snape que já se pendurava no rochedo mais próximo.
A escalada foi curta mas sufocante.Cada centimetro de pedra pontiaguda cortava mãos e rasgava um pedaço das vestes,o grupo se movimentou separadamente,sem ousar olhar para baixo nem um minuto.Exaustos e ofegantes chegaram no muro lateral da fortaleza,maior do que eles imaginavam.
-O pior já conseguimos.-ofegou Belatriz vermelha.
-Vamos dar a volta.-sussurrou Snape que tinha os cabelos numa posta e suava.
Mas,antes que pudessem se mover,alguém falou:
-Severo.Lá!-disse Amico apontando para o lado leste da fortaleza.
Um punhado de dementadores deslizava no céu pumbléo da noite.Não era hora para se intimidar.
-Vamos.
Snape correu,os outros o acompanharam.Contornaram um trecho livre e saíram num pequeno pátio.Exatamente onde ficava a carceragem.
-Impedimenta!-alguem gritou,Snape voltou-se e viu Mulciber atingindo um dementador desorientado.O resto de dementadores percebeu o alvoroço e se amontoou ao lado deles.
-Encarcereous!-gritou Snape,no que o bando se dissipou como vento.
-Temos que ir por aqui.-Belatriz contornou um portão de ferro e saiu num pátio maior,onde as celas estavam expostas.O ambiente tinha um ar bizarro,demoniaco e sem vida.A escuridão só não era total por causa de alguns archotes que pendiam das paredes.Algumas celas estavam vazias,mas em outras o barulho de correntes ecoava como um maritirio.Ela se aproximou da cela proxima,ergueu a varinha e gritou:
-Bombarda!
Uma explosão e o cadeado se estilhaçou.Ela escancarou a porta.Havia um homem cabisbaixo,jovem e com um rosto fino lá dentro.
-Bartô Crouch Jr.você está livre.-disse Snape.
Crouch Jr. saiu da cela se arrastando e observou o grupo.
-Obrigado,muito obrigado.
-Promete ser fiel ao lorde das trevas de agora em diante? Não falhar,não trair e não desonrar?-disse Belatriz.
-Prometo,prometo.-disse ele desvairado.
-Mostre-me a marca.
Crouch Jr. estendeu o braço e mostrou a tatuagem da serpente saindo da boca de um crânio,a marca dos comensais.Belatriz apontou a varinha para a marca,ela reluziu como nova,Crouch Jr. gemeu baixinho.
-Venha conosco.
Snape saiu na frente,acompanhado por Bella e Crouch Jr.
-Libertem os outros.-ordenou sustentando um frágil Crouch.
-Temos que levá-los a Milorde.-disse Belatriz.
-Sim,quanto antes melhor.
-O que...ele...prentende...fazer?-perguntou Crouch com a voz fraca.
Snape sorriu maliciosamente.
-Pretende formar um exército.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.