Desculpas



Laila se levantou no domingo no horário do almoço, com uma Lua sorridente.

--Bom dia, Bela Adormecida! –diz a garota alegre.

--Bom dia. Do que você me chamou? –Laila ainda estava tonta de sono, mas se sentou. Sua cabeça latejava. O que tinha feito na noite anterior?

--Bela Adormecida. A Lily me chama assim. Ela diz que é uma história que os pais trouxas contam para os filhos, sobre uma princesa que dormiu durante anos até ser acordada por um príncipe.—Lua se volta para sua mala, procurando um livro. Sua cama ficava de frente para da Laila, ao lado da cama de Alice, que ficava de frente para a de Lílian.

-- Então, onde está meu príncipe? –pergunta Laila risonha. De súbito, tudo que houve na noite passada veio à sua mente, e a garota, que se levantava da cama, deu uma cambaleada para trás e sentou-se, pálida.

--Prima! Está tudo bem? –Lua se preocupa, pois Laila passou de pálida para amarela muito rapidamente.

Laila fitou os olhos azuis brilhantes de Lua, com um grande nó na garganta. Como contaria que ficara com Remo?

O ressentimento foi maior quando viu Lua preocupada com seu estado.

--Sente-se do meu lado, prima.—pediu à Lua, que obedeceu. Laila pegou na mão esquerda da prima. Lágrimas vieram aos seus olhos.—Lua, eu... eu...— sentia um enorme peso em seus lábios, como se não pudesse falar.

--Acho melhor você ir à Ala Hospitalar. Não me parece muito bem. –Lua notava o esforço de Laila, que ficava com uma cor cada vez pior, passando de amarelo para verde.

--Não, estou mesmo.—confirma a garota. O peso nos seus ombros era terrível.

--Eu te levo. –Lua já ia se levanta quando Laila pega seu braço e a força ficar na cama, ao seu lado.

--Escute-me. –seus olhos imploravam –Eu... ontem teve a festa... bebi demais...

--Ah! É ressaca! –Lua sorri aliviada –Ainda bem que não é nada grave. –seus olhos demonstravam bondade.

--NÃO! –Laila grita desesperada e Lua a olha assustada –Não seja gentil comigo! Eu... eu sou horrível! Não mereço...

--Laila! O que há com você? Essa sua baixa alta-estima...—começou Lua, tentando acalmar Laila.

--NÃO É ISSO! SERÁ QUE VOCÊ NÃO PERCEBE?! –Laila estava descontrolada—ONTEM EU FIQUEI COM O REMO!!!

Laila se encontrava de pé, verde de nojo de si mesma. Lua a encarava abobada. Ouvira mesmo aquilo?

--Como assim... ficou? –pergunta com um tom de voz que nem ela mesma sabia que tinha. Um tom frio, que temia a resposta.

--Eu... beijei Remo ontem depois da festa. Se Tiago não tivesse chegado, acho que poderia estar lá até agora. –Laila baixou os olhos, sua cabeça estourando de dor e remorso.

--Beijou...—Lua repetiu, tentando acreditar que era uma palhaçada. Só podia ser! Sua prima, melhor amiga, a tinha traído de tal forma? Por quê?

--Lembra que eu e o Remo ficamos a festa inteira juntos?—Laila se senta, cautelosa, do lado da prima, que a olha de um jeito estranho—Pois bem, nós bebemos um pouco além da conta. Quando nos vimos sozinhos...

--Quando se viram sozinhos, você pensou que seria ótimo dar um beijo nele. –diz Lua tão fria e cortante. Ela não queria saber como tinha sido! Queria que Laila calasse a boca, para que pudesse esganá-la!

--Não! Eu não sei o que me deu! Estava tão carente, tinha acabado de contar a Lisa porque briguei com Sirius, vi Sirius cercado por outras... tudo me subiu a cabeça e...

--E PENSOU QUE SERIA MARAVILHOSO BEIJAR O GAROTO QUE A IDIOTA DA SUA PRIMA AMA?!! –Que ódio! Justo o Remo?!

--LUA, NÃO É NADA DISSO! DEIXE-ME EXPLICAR!

--EXPLICAR O QUÊ? COMO FOI QUE VOCÊS SE APROXIMARAM UM DO OUTRO? COMO SEUS LÁBIOS SE TOCARAM? COMO FOI DIVERTIDO ACABAR COM MINHAS CHANCES DE FICAR COM ELE?

--NÃO!!! LUA! ESTÁVAMOS BÊBADOS, CARENTES, APENAS ISSO! NÃO ERA MINHA INTENÇÃO TIRAR SUAS CHANCES!

--MAS TIROU! ORA, FAÇA-ME O FAVOR! LAILA, VOCÊ SABE QUE É LINDA, QUE TEM GAROTOS E MAIS GAROTOS ATRÁS DE VOCÊ! QUANDO QUE O REMO VAI OLHAR PARA MIM, TENDO UMA MORENA DE ENCHER OS OLHOS SE AGARRANDO COM ELE POR AÍ?!

--NÃO FICO ME AGARRANDO COM ELE! FOI SÓ ONTEM!

--POIS EU APOSTO QUE VOCÊ QUER BEIJÁ-LO NOVAMENTE. AFINAL DE CONTAS, UM HOMEM TÃO MARAVILHOSO QUANTO ELE SERIA UM ÓTIMO RECURSO PARA ESQUECER SIRIUS DE UMA VEZ, NÃO?—Pronto. Lua toca em um ponto sensível de Laila. Sabia que a prima ficava com outros garotos para tirar Sirius da cabeça.

--JAMAIS FARIA ISSO COM REMO!

--QUEM TE GARANTE?! DOU CEM GALEÕES SE VOCÊ ME PROVAR QUE NÃO COMPAROU SEU AMADO CACHORRINHO COM REMO!

Laila olha para Lua. Ambas se encontravam de pé, sozinhas no quarto.

--Comparei sim. E é por isso que sei que não sirvo para Remo. É por isso e pelo fato de você gostar dele que não posso usá-lo, como já fiz com outros. E é por eu te amar, Lua, que estou te contando o que houve, e te prometo que esse deslize não vai mais se repetir. –Laila começou a chorar, e Lua também.

--Diga-me se foi bom beijá-lo.—Lua se acalma. Doía muito saber daquilo.

--Na verdade, foi tão bom que fiz força para não fazê-lo novamente, uma vez que me lembrei que você o amava.—olha para a prima, que mantinha seus olhos nela.

--Será que vou sentir isso quando... eu beijá-lo? –Lua ficou corada. Mesmo que a raiva de saber que aconteceu algo entre ambos continuasse, não poderia culpar a prima nem Remo por estarem carentes e bêbados.

--Não. Acho que será mais emocionante, afinal será seu primeiro beijo, no garoto que ama. –Laila se sentia aliviada de ver Lua sonhadora. Parecia ter entendido que tudo aquilo não passou de um terrível engano.

--É...—a menina continuava corada. Olha para Laila—Tem certeza de que isso foi um engano? Será que você não está gostando dele?

--Impossível. Ainda amo Sirius. –desanimada.

--Ainda bem! Só faltava eu perder o Remo para minha própria prima! –Lua se convence que nada não passou de um efeito da bebida e se levanta da cama—Vamos. O almoço já deve estar sendo servido.

--Certo.—Laila se levanta e segura a prima, olhando fundo nos olhos dela—Me desculpa mesmo!

--Tudo bem. É só você não continuar a me apunhalar desse jeito com ele.

--Se essa é a condição, prometo que nunca mais teremos desavenças assim.

Remo se levanta com Tiago sacudindo-o.

--Levanta, seu lobo safado! Sirius acabou de sair do quarto. Já podemos conversas a sós.—Tiago parecia muito perturbado. Não tinha conseguido entender até agora o que tinha acontecido.

Remo sentou-se na cama, sentindo seu cérebro tostar de tanta dor.

--O que houve, Pontas?—disse massageando a cabeça.

--Eu que pergunto! Lembra-se da Laila? –fala olhando feio para o amigo maroto.

--Sim...—responde devagar, recordando-se do beijo, e ao mesmo tempo de dois olhos azuis brilhantes. Levantou-se, pegou o uniforme e seguiu para o banheiro.

--Remo! Não é hora de tomar banho! Venha conversar comigo. –Tiago esmurrava a porta do banheiro, que logo se abriu, mostrando um Remo pronto para descer para o almoço.

--Não tenho tempo, Pontas. Vou procurar Laila.—diz sério, procurando a capa preta.

--Não vai convidá-la para Hogsmead, vai? –pergunta Tiago aflito. Será que o amigo enlouquecera? Não poderia chamar Laila! Sirius não aceitaria o fato de perder uma fã, a única que ele realmente se importava, para um de seus melhores amigos.

--Claro que não, Pontas! Quero apenas resolver algumas coisas.—falando isso, Remo se retira do quarto, rumando para o Saguão de Entrada.

O Saguão estava cheio de alunos da Grifinória, contando vantagem do jogo de ontem para alunos das outras casas, quando Remo se estreitou por eles.

Avistou uma garota de estatura baixa, e reconheceu Laila acompanhada por... Lua. Ok, era isso o que ele não precisava: ter de ver as duas garotas que balançavam seu coração, juntas. Respirou fundo e...

--Lalita, preciso lhe falar. –Laila se virou e ficou petrificada. Lembrou-se que dissera a Remo que contaria a Lua, como se tivesse decido ficar com ele. Remo reparou que a menina lançou um olhar a Lua, que pareceu meio chateada mas fez que sim com a cabeça.

Laila e Remo passaram de mãos dadas, para não se separarem no meio da multidão, por Sirius que estava acompanhado por Rabicho. Remo fechou a porta da sala de aula depois de Laila passar.

--Ora, ora... essa salinha de novo.—fala Laila recordando que estivera ali ontem, mas com Lisa.

--Lalita... eu...—Remo a olhou, mas não encontrou seu olhar. A garota ficava fitando tudo na sala, menos ele.

--Remo... sinto muito por ontem.—fala a garota sem rodeios, fitando o chão—Não devia tê-lo beijado, porque não é de você que gosto.—olha, pela primeira vez, o menino que ficou de boca aberta.

Depois de alguns instantes, onde Laila voltou a fitar o chão, Remo falou:

--Eu... ia dizer a mesma coisa. –Laila levantou o olhar, mas agora era ele quem fixava seus olhos no chão—Eu gosto de outra. Não que seu beijo tenha sido ruim, muito pelo contrário, jamais beijei ninguém daquele modo, mas é que, não sou igual ao Tiago e ao Sirius, não sou capaz de ficar com alguém sabendo que na realidade gosto de uma outra pessoa.—o menino levanta o olhar e se surpreende com o sorriso de Laila.

--Não sabe o quanto fico aliada em saber disso, Remo, pois é o que sinto. Sinto muito por... bem... ter levado meu extinto ‘animal’ tão a sério.—Laila ri.

--Tudo bem. Digo o mesmo.—risonho.

Remo e Laila vão a direção da porta e, quando Remo a abre, tem uma surpresa: Sirius estava parado do lado de fora, sério.

--Será que eu poderia falar com você, Aluado? –fala o garoto.

--Adeus para os dois.—Diz Laila passando por Sirius, parando no Saguão. Escuta Remo gritando que era para dizer a Lua que elas estava encantadora com os cabelos cacheados presos.

Sirius entra e fecha a porta.

--Bem... o que deseja, Almofadinhas? –Remo olha preocupado para o amigo.

--Escutei direito o que você e Laila estavam conversando? –perguntou se aproximando de Remo, que balança a cabeça negativamente e diz:

--Não lhe ensinaram que não se deve ouvir detrás da porta, Almofada?

--Sabe que não sou de seguir regras, Aluado.—fala o garoto, com um tom como se apressasse o amigo a contar se era verdade ou não.

--Sei... e é verdade sim.—Remo encara os olhos claros, mas perigosos, de Sirius.

--Você beijou mesmo a Lalita?—Sirius não acreditava.

--Sim.—respondeu com simplicidade.

--Mesmo gostando de Lua?—Impossível.

--Sim.

Para a surpresa de Remo, Sirius sorriu e fitou a janela aberta da sala.

--A Lalita é tão linda que faz um santinho virar um bicho.—brinca—E... pelo o que eu pude perceber... vocês não ficar mais juntos, não?

--É... Laila ama outro.

--Sério?—Sirius fica sério novamente.

--Sim. E é um cara meio idiota para não perceber.

--Eu sei que ela gosta de mim.—Remo arregala os olhos. Não esperava que ele soubesse—Apenas quero curtir mais um pouco minha liberdade aqui, sem ter nada sério com ninguém para não machucá-la.

Remo encara Sirius e percebe que ele está sendo sincero.

--Bom...se é assim... acho que vou atrás dela e tentar de novo.—fala Remo—É que eu só desisti por causa disso.

--Olha aqui, seu lobinho sarnento, se você ousar...—começa Sirius, mas Remo solta uma risada.

--Não seja bobo, Almofadinhas. Estava brincando. Mas devo lhe dizer que não acho justa essa sua atitude.

--Qual atitude?

--Você pode ficar com quem quiser, mas ela não. Isso é errado.

--É que eu fico e não me apaixono, já ela ou não sei, então prefiro não arriscar. –sorri enquanto Remo revira os olhos.

Ambos deixam a sala e seguem para a sobremesa, pois o almoço já havia sido retirado. Depois rumaram para a cozinha, para tentar comer alguma coisa dos elfos, encontrando lá Pedro e Tiago, que alegaram que Pedro não tinha comido direito.

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