Expresso



Em um belo dia de verão, as pessoas que passavam pela estação king´s Cross se surpreendiam ao encontrar uma linda moça de cabelos muito longos, louros, cacheados e uma franja que lhe caía sobre o rosto , escondendo olhos muito vermelhos e um rio de lágrimas que corria de dentro deles. Lua chorava desconsoladamente e se deixava escorregar pela parede, de encontro ao chão, o único amparo o qual ela possuía naquele momento.

Cada lágrima que ela repreendeu durante todas férias de verão, tentando se manter forte, agora escapava, pois ela simplesmente não tinha mais forças para segurá-las.

Mas não era só força que lhe faltava. Ela não conseguia encontrar coragem para atravessar a plataforma 91/2 e abandonar a sua casa, sua família, em uma hora daquelas. Não lhe restava um pingo de felicidade no coração, muito menos alguma saudade de Hogwarts. Por que voltaria?

Não queria admitir para si, mas sentia falta sim, daqueles “amigos” com os quais ela brigara no ano anterior e não se recordava o real motivo.

A realidade era que o seu quarto ano em uma das maiores escolas de magia e bruxaria do mundo não havia sido dos melhores. Fora um ano de muitas desilusões e fofocas maldosas, que resultaram em desentendimentos e brigas muito feias, entre amigos de longa data.

Mas, o que só ela sabia era que tudo isso fora planejado por pessoas que sempre invejaram a cumplicidade entre os marotos. Contudo, seu coração amargurado e exausto de tanto sofrer a impedia de se reconciliar com seus amigos. “Amigos” esses que não quiseram ouvir suas explicações ou sequer escreveram para ela durante as férias. E para completar as férias, novamente, não foram das melhores, por motivos muito pessoais.

Estava muito ressentida, principalmente com as meninas, que sabiam das dificuldades pelas quais ela passava e não procuraram saber nem se ela continuava viva, ou simplesmente, se estava bem. Nem a sua prima, Laila, com a qual crescera e sempre depositara sua confiança, quis saber dela.

Então, subitamente se lembrou da única razão pela qual ainda se permitia viver, sua fixação desde quando conseguia se lembrar:

­-Vou encontrar a cura - dizia repetidamente para si.

Luanna fechou os seus lindos olhos azuis, expulsando as últimas lágrimas contidas em seu interior, respirou fundo, pegou suas malas e se levantou com rapidez, encontrando coragem em algum lugar do seu coração partido.

Sem olhar para trás, ela atravessou entre as plataformas nove e dez, com a cabeça levantada, mas de olhos bem fechados, preferindo adiar a cena que veria a seguir. Mas foi forçada a abri-los quando se sentiu trombar com alguém:

-Lua!...Lua?O que houve?-Remo Lupin estava prostrado em sua frente extremamente estarrecido com o estado de Lua. Seu rosto e lábios muito vermelhos lhe entregaram que ela estivera chorando.

-Nada. Não houve nada.- respondeu, ainda um pouco surpresa e com o raciocínio muito lento por estar embebedada pelo delicioso perfume que ele possuía.

Estavam muito próximos um do outro, exatamente no limite entre a parada do trem para Hogwarts e o mundo dos trouxas. Lua sentiu seus olhos pesarem e os fechou por um momento, no qual se permitiu envolver pela respiração de Lupin e ouvir seu coração bater mais forte. Uma fila de bruxos impacientes se formava atrás de Remo, enquanto curiosos se amontoavam atrás de Lua, trouxas que simplesmente não entendiam o que uma pessoa fazia dentro de um pilar.

Lua, que já estava irritada com o ocorrido e com uma insuportável dor de cabeça, não agüentou o falatório atrás de si, girou nos calcanhares e saiu do pilar, seguida por Lupin:

-RRR...ESCUTEM AQUI, TROUXAS. VÃO CUIDAR DE SUAS VIDAS E DEIXEM DE SER INTROMENTIDOS!!!!! AH! E QUANTO AO QUE VIRAM, EU MESMA RESOLVO -tirando a varinha de dentro do bolso - OBLIVI...

-PARE LUA!Você enlouqueceu???(sussurrando)

Você não pode fazer magia fora da escola, lembra?Principalmente na frente de trouxas, pior, contra eles!Me dá aqui essa varinha.(se dirigindo aos trouxas) Bom pessoal, o show acabou, a minha amiga aqui é atriz, um pouco maluquinha. Efeitos especiais, sabem como é, com a tecnologia dos dias atuais se pode fazer muitas coisas, parece até magia!(risadinha cansada e sem graça) Vão cuidar das suas vidas, vão...(empurrando todos para longe da plataforma, mas muitos não obedecem) Olha lá! Um disco voador!!!!(Todos olham)-Ele aproveita, pega Lua pelo braço e atravessa rapidamente a passagem.

-Lua!O que deu em você??Eu nunca tinha te visto agir dessa forma, quero dizer, movida pela raiva, por impulso.

-Olha, por mais que eu seja educada, centrada e correta eu também tenho problemas.Entende o que eu digo?

-Mais do que você imagina. Mas que problema seria tão grande a ponto de sumir com a Lua que eu conheço?Você não está se referindo ao que aconteceu no ano passado, está? ...

Bem, eu sei que não teve nada a ver com você.Acho que estávamos todos com os ânimos exaltados e não queríamos enxergar a realidade. Estávamos brigando por besteiras, motivos bobos a tal ponto de que eu nem me lembro mais quais eram. Se você não quiser me contar por que está assim, eu vou entender. Mas eu quero que saiba que pode sempre contar comigo. Estarei sempre ao seu lado.

Com os olhos cheios de lágrimas e totalmente sem palavras, Lua lhe dá um longo e caloroso abraço. Não era o seu maior problema que se resolvia, mas ela já se sentia muito melhor após descobrir que existia alguém - um alguém muito lindo e perfeito – com quem talvez um dia ela pudesse dividir os seus reais sentimentos e problemas, que pudesse ampará-la, alguém em quem ela pudesse confiar.

Devido à forte emoção, o delicioso perfume de Remo e mais de um dia sem conseguir comer, Lua sentiu mais uma vez os seus olhos pesarem, mas dessa vez ela ficou tonta, suas vistas escureceram e ela se derramou, desacordada, nos braços de Lupin. Remo, sem saber o que fazer, procurou ouvir a respiração frágil e pausada de sua amada, – no que seu estômago deu um solavanco - tomou-a em seus braços e a carregou para dentro do trem. No corredor encontrou com Frank e pediu para que este fosse buscar as malas de Lua.

-Nossa! Como ela é linda - pensava consigo - Vou cuidar de você, minha flor.

Ele procurou uma cabine vazia e a aconchegou, deitada no banco e com a cabeça em seu colo.

-Lua! Por favor, acorde!Lua...- acariciando o seu rosto -Tomara que ela esteja bem... Não, não! Ela está bem, tem que estar... Eu não sobreviveria caso ela adoecesse. Qual será o problema dela? Como eu gostaria de poder ajudá-la... – pensava consigo.

Ela então abriu os olhos, lentamente, como se aquilo lhe custasse cada pingo de energia ainda existente em seu corpo. Lupin então, aliviado, deu lindo sorriso, fazendo com que o coração dela voltasse a bater acelerado.

-Remo? O que aconteceu? O que eu estou fazendo aqui??

-Você desmaiou e, bem, – hesitante – eu achei melhor trazê-la até aqui para que você pudesse descansar.

-Mas e as minhas malas?? – corando – Não precisava ter se incomodado eu...

-Lua, fique tranqüila, você nunca incomoda. Não fiz mais que a minha obrigação trazendo-a aqui... E o Frank foi buscar as suas malas.

-Não, você não entende...(voz muito fraca) não precisava, eu...

Você que não entende. Eu tinha acabado de jurar que nunca te deixaria, que você sempre poderia contar comigo. E aí, na hora em que você mais precisa de mim eu vou embora?

Mas...

Ele encosta levemente o indicador nos lábios dela...

-Foi um prazer.

-Obrigada.

-Agora, descanse. Vou buscar alguma coisa pra você comer.

-Espere! O que foi aquilo tudo que você disse para aqueles trouxas do outro lado da estação?

-Eu andei lendo algumas coisas sobre Estudo dos Trouxas durante as férias. Só tentei usar algumas crendices bobas que eles possuem e repeti algumas coisas que eu li no livro... Pensando bem, nem sei se fez sentido, mas deu para nos livrar deles por alguns instantes...(sorriso maroto).

Obrigada, mais uma vez.(sorrindo)

Não precisa agradecer. Já volto.

Frank Longbotton entrava na cabine carregando as malas de Lua.
-Obrigado, Frank. Vou buscar alguma coisa para a Luanna comer. Por favor, cuide dela enquanto isso.

-OK.

Quando Remo cruzou a porta da cabine e a fechou o trem começava a andar. O laço que unia os dois deixou de ser apenas um amor platônico, a partir desse dia seriam muito mais que grandes amigos.

Naquele momento, Lua percebeu que existia mais de uma razão pela qual ainda se permitia viver.

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